sábado, 9 de novembro de 2024

COP INTERNACIONAL 2024 - O Warfare Blog visitou a principal evento de segurança pública da América Latina

 

Depois de sua aclamada 3ª Edição em 2023, o COP INTERNACIONAL retornou em 2024 a São Paulo com a mesma missão: integrar Sociedade, Agentes, Autoridades e as principais empresas nacionais e internacionais do setor.

Por Carlos Junior
O Warfare Blog se vez presente na quarta edição da COP (Congresso de Operações Policiais) através do seu editor chefe Carlos Junior, em 18 de outubro ultimo.
O evento organizado de forma perfeita, demonstrando um elevadíssimo nível das empresas responsáveis pelo congresso contou com diversas palestras de autoridades como o secretário de segurança do Estado de São Paulo, Guilherme  Derrite, Delegado Coordenador da CORE-RJ, Fabrício Oliveira, Juiz Alexandre Abrahão, da 3º Vara Especializada em Organizações Criminosas, Delegado Geral da Policia Civil do Estado de São Paulo, Artur José Dian, entre outros. 

As empresas presentes, notadamente as ligadas ao universo da armas de fogo, foco da minha visita ao evento, brilharam com estandes bastante bem montados com um portfólio de amplo de produtos para emprego policial, e por que não mencionar também, militar. Produtos das empresas CZ (Česká zbrojovka), Colt Fireams, Springfield Armory, IWI, Bersa, Glock, Benelli, Canik, Fire Eagle Armory apresentaram suas armas, algumas boas novidades, para o publico, majoritariamente de membros das policias e guardas civis de todo o Brasil. As policias Militar do Estado de São Paulo estava representada pela ROTA  (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), um batalhão de elite da PM de São Paulo, e pelo batalhão de choque. Diversas viaturas da Policia Militar de São Paulo e dos grupos de a Polícia Civil também estavam enriquecendo o evento.
A partir de agora vou apresentar fotos das armas apresentadas no evento.



Fuzil Springfield Hellion, a nova plataforma bullpup em calibre 5,56x45 mm.

Fuzil Springfield SAINT VICTOR, disponível nos calibres 5,56x45 mm, .308 WIN (7,62x51 mm), e sua versão carabina em calibre 9 mm Luger.

Fuzil de ação por ferrolho Springfield Model 2020 Redline em calibre .308 WIN e 6,5 Creedmoore.

A nova pistola Springfield Echelon em calibre 9 mm Luger.

O grande destaque do estande da Springfield foi a novíssima submetralhadora KUNA nos calibres 9 mm Luger e .40 S&W que foi selecionada para equipar a Policia Militar do Estado de São Paulo em um contrato de 4000 submetralhadoras.

Marcações do governo do estado e da Policia Militar de São Paulo na KUNA.

Pistola Springfield 1911DS Progidy, arma de alta capacidade em 9 mm. Com carregadores bifilares, as versões desta pistola tem capacidade de 17 (abaixo)e 20 munições (acima).

 

Pistola Springfield XD-M Elite OSP em calibre 9 mm. O exemplar abaixo tem acabamento em Cerakote FDE (deserto) e está equipado com um supressor de ruído.


Pistola micro-compacta Springfield Hellcat em calibre 9 mm Luger. Em breve esse modelo estará disponível para o publico civil brasileiro no calibre 380 ACP.

Pistola Springfield Hellcat Pro, modelo compacto com alta capacidade de munição em uma armação pequena e fina.




Metralhadora IWI Negev SF em calibre 5,56x45 mm.

Espingarda semiautomática IWI Tavor TS-12, calibre 12.

Fuzil IWI ARAD (plataforma AR) em calibre 5,56x45 mm. Abaixo o mesmo modelo, mas com miras Reddot.


Fuzil IWI ARAD 7 DMR em calibre 7,62x51 mm.

Fuzil IWI Tavor 7, um fuzil bullpup em calibre 7,62x51 mm. No estande, a versão mais popular, em calibre 5,56x45 mm não estava presente, o que me causou estranheza.

Submetralhadora IWI X95-S FLATTOP, modelo que já vem de fábrica com um supressor integral de ruído.

A versão mais moderna de uma das mais famosas submetralhadoras de todos os tempos, a UZI. A IWI trouxe a UZI PRO, em calibre 9 mm Luger para a COP 2024.

Pistola IWI Jericho 941 FS, versão compacta da famosa e robusta pistola israelense em calibre 9 mm Luger.

Pistolas IWI Jericho Enhanced e as modernas Masada em calibre 9 mm Luger.



Glock G34 Gen 5 MOS em calibre 9 mm Luger.

Glock G17 Gen 5 em 9 mm Luger.




Fuzil Colt CM556-11H M5A em calibre 5,56x45 mm.

Fuzil Colt CM-7 em calibre 7,62x51 mm.

Fuzil para atirador designado Colt CM-7 SASS (Semi-Automatic Sniper System) em calibre 7,62x51 mm.

Submetralhadora Colt CM-9-M5A em calibre 9 mm Luger.




Pistola CZ P-10C OR (Optics-Ready) em calibre 9 mm Luger.

A CZ trouxe todos os modelos de pistolas de seu enorme portfólio para a COP Internacional 2024.

Pistola para uso esportivo CZ Shadow 2 em calibre 9 mm Luger.

Pistola de uso tático CZ P09 Duty em calibre 9 mm Luger.

Submetralhadora CZ SCORPION EVO 3 A1 em calibre 9 mm Luger.

Fuzil de assalto CZ BREN 2 BR em calibre 7,62x51 mm.



Bersa B1911 em calibre 45 ACP.


A Bersa ampliou bastante seu portfólio de produtos e está voltando a atender o mercado brasileiro de segurança publica e civil.


Novo modelo Bersa BP Full Size em calibre 9 mm Luger.

Policial civil do Estado de São Paulo conhecendo o modelo Bersa TPR9 FDE em calibre 9 mm Luger. Foto: Bersa




Pistola Canik METE SFX Pro no calibre 9 mm Luger.

Pistola compacta Canik METE MC9 L no calibre 9 mm Luger.

Pistola Canik TTI Combat no calibre 9 mm Luger.



Submetralhadora Fire Eagle FE-908SM em calibre 9 mm Luger.

Novo fuzil Fire Eagle DARK 300 em calibre 300 BLK.

Fuzil Fire Eagle FE-160S em calibre 5,56x45 mm.


Fuzil Fire Eagle FE-200S em calibre 5,56x45 mm.


A Policia Militar do Estado de São Paulo trouxe muitos de seus equipamentos para a COP Internacional 2024. 

Veículo blindado 4x4 Plasan Guarder "Guardião" da tropa de Choque da PM de São Paulo.

Em 2024, a PM de São Paulo começou a receber suas 63 novas viaturas de patrulha Toyota Corolla Cross. Uma delas estava exposta no evento.

Helicóptero Helibras AS350 Esquilo (H-125) conhecidos pela identificação Águia
na PMSP.

Metralhadora IWI Negev NG7 em calibre 7,62x51 mm.

Espingarda Benelle M3 calibre 12 de funcionamento a semi auto e por sistema de bomba (pump Acition).

Fuzil FN SCAR H MK-17 em calibre 7,62x51 mm.

Fuzil Imbel IA-2 em calibre 5,56x45 mm.

 
Nissan Frontier do COE, Comando de Operações Espaciais da PMESP.






Viatura Chevrolet Trailblazer.

Helicóptero Helibras H125 (Airbus Helicopter) Pelicano.


Mercedes Benz 608 D 1985 - Polícia Civil de São Paulo - Viatura P-24113 - DOPE - GARRA - Departamento de Operações Policiais Estratégicas - Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos.


Grupo Especial de Reação - GER - Ações Antibomba da Policia Civil do Estado de São Paulo.


O GER usa um robô antibomba ICOR Caliber T5 para suas operações mais arriscadas.





Helicóptero da Policia Rodoviária Federal Bell 407.

Picape Ford Ranger

Chevrolet Camaro SS 2014, veículo originalmente apreendido com traficantes e que foi incorporado à frota da instituição para operações especiais e eventos.



A Teoria do Combate Híbrido


Por Michel Goya, La Voie de l'Épee, 15 de janeiro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 9 de novembro de 2024.

Défense et sécurité internationale n° 135, maio-junho de 2018.

Em junho de 2006, quando o Coronel Gronski, comandante da 2ª Brigada da 2ª Divisão de Infantaria do Exército dos EUA, deixou a cidade de Ramadi, a sua observação foi clara: a capital da província iraquiana de Anbar e os seus arredores não podem ser controlados sem o presença de pelo menos três brigadas.

Ele então aponta a dificuldade dos exércitos profissionais modernos, poderosos mas pequenos, em ocupar o terreno. Apesar do seu imenso capital tecnológico e do seu poder de fogo, a força expedicionária americana no Iraque não tem o efetivo necessário para controlar Bagdá e as cidades sunitas.

Ramadi, no entanto, tem apenas 400 mil habitantes, mas apesar dos esforços consideráveis ​​e da perda de 148 soldados americanos em três anos, a Al-Qaeda no Iraque (AQI) reina lá. Oito meses mais tarde, a AQI, que desde então se tornou o Estado Islâmico no Iraque (EII), foi efetivamente expulsa da cidade e das áreas circundantes. Como desejava o Coronel Gronski, este resultado foi obtido graças a um reforço significativo, mas não aquele ele esperava.

Apaches, Seções Combinadas e Filhos do Iraque

A guerra entre populações é também uma questão de massa crítica. As 15 a 20 brigadas americanas presentes no Iraque entre 2003 e 2007 eram como peças de xadrez num tabuleiro Go. Sempre foram capazes de esmagar os peões inimigos em qualquer setor do país, mas também incapazes de controlar todos os setores ao mesmo tempo. O novo exército iraquiano representou um reforço apreciável a partir de 2005, mas realmente importante apenas a partir de 2008. Este exército regular também tinha a grande desvantagem de ser esmagadoramente composto por xiitas, muitas vezes relutantes em intervir nas províncias sunitas onde apareciam como ocupantes adicionais.

No final, o reforço mais importante chegou ao local. Em Ramadi, foi de fato a aliança entre as tribos sunitas da região, fartas dos abusos do EII, e a nova brigada americana, a 1ª da 1ª Divisão Blindada, que mudou tudo. Em poucos meses, o novo movimento Despertar (Sahwa), uma coligação de tribos e organizações sunitas formada em setembro de 2006, forneceu 4.000 combatentes como reforços à brigada do Coronel MacFarland.

Graças a este reforço, os americanos conseguiram sair das grandes bases externas onde estavam confinados para criar 24 postos de combate (Combat Outpost, COP), (o equivalente a peças do jogo Go). Estas COP reuniram sistematicamente soldados americanos, iraquianos regulares e auxiliares Sahwa, os primeiros trazendo os seus recursos, os segundos os seus números e, acima de tudo, o seu conhecimento do ambiente.

O estabelecimento gradual destes postos mistos em direção ao centro da cidade, a acumulação de pequenas vitórias contra o inimigo, os benefícios econômicos (remuneração dos milicianos, redução do desemprego, extensão das ações civis-militares, reconstrução) em áreas seguras mudaram a percepção geral da situação. À medida que a parceria com os americanos se tornou visivelmente eficaz e lucrativa, cada vez mais tribos e grupos reuniram-se e o recrutamento aumentou. O sucesso, que parecia impossível alguns meses antes, acelerou até sufocar o inimigo.

Esta experiência repetiu, na verdade, as já realizadas desde 2004 pelo 3º Regimento de Cavalaria em Tal Afar, na fronteira com a Síria, ou por vários batalhões de fuzileiros navais em Anbar. Os cavaleiros, como MacFarland, ou MacMaster em Tal Afar, atualizaram então os métodos do General Crook, conhecido por ter derrotado os índios Apache no Arizona em 1871, integrando os Apaches em suas forças.

Os Fuzileiros Navais, por sua vez, referiram-se, em vez disso, à sua experiência dos Pelotões de Ação Combinada (Combined Action PlatoonsCAP) no Vietnã, ela própria inspirada nas expedições do Corpo de Fuzileiros Navais à América Central entre as guerras. De 1965 a 1971, o Corpo de Fuzileiros Navais tinha de fato enviado grupos de combate de 13 homens, 120 no total no auge do confronto, para aldeias vietnamitas para unir forças com as forças de defesa locais, a fim de criar seções mistas (CAP). A experiência foi um grande sucesso. Nenhum setor controlado por um CAP foi jamais tomado pelo inimigo e cada soldado americano designado para lá era, em média, duas vezes mais eficaz contra o inimigo do que os batalhões nas bases. Mais surpreendentemente, descobriu-se que este mesmo soldado corria estatisticamente menos riscos do que aquele que vivia nas bases e tudo a um custo infinitamente menor. A experiência dos CAP, demasiado contrária à ideia de um exército moderno, móvel e ofensivo multiplicador de “operações de busca e destruição” e sobretudo demasiado à confluência de comandos diferentes e concorrentes (civis e militares, americanos e vietnamitas) no entanto, permaneceu muito limitado.

Em 2007, por outro lado, e em parte graças a oficiais pragmáticos (e com grande cultura histórica) como o General Petraeus, novo comandante-em-chefe no Iraque, a experiência de Ramadi foi estendida a todo o teatro. Em julho de 2007, pelo equivalente a menos de 40 milhões de euros em salários por mês (menos de 1% dos gastos americanos), a Força Multinacional no Iraque conseguiu um reforço de 100.000 combatentes locais (sob o nome geral de “Filhos do Iraque”) integrado no seu sistema. Mais de metade deles estavam envolvidos nos bairros de Bagdá, no âmbito de dez brigadas americanas e ao lado de 80 mil soldados ou policiais iraquianos. Após o fracasso de 2006, foi apenas à custa deste considerável esforço humano que a rede da cidade pôde ser alcançada, que o EII pôde ser expulso em 2007 e o Exército Mahdi contido.

O apelo ao recrutamento local

Fuzileiros navais americanos e policiais iraquianos em patrulhamento de rua.

Esta prática do recrutamento local não é obviamente nova. As grandes e distantes campanhas francesas nunca poderiam ter sido realizadas sem ela. A Guerra da Indochina só foi sustentável durante oito anos porque o Corpo Expedicionário Francês no Extremo Oriente (Corps expéditionnaire français en Extrême-OrientCEFEO) era composto por vários batalhões e comandos autóctones supervisionados pelos franceses, associados a batalhões “franceses” que se misturaram ao longo do tempo. No total, cerca de um máximo de 60.000 franceses continentais, 350.000 autóctones voluntariaram-se para lutar nas fileiras do CEFEO, para não mencionar os tirailleurs africanos e os legionários de todas as origens. Provavelmente nunca um exército promoveu tão longe a fusão com o ambiente local. Tudo isto ocorreu em paralelo com a formação do exército nacional vietnamita (onde serviram 2.500 quadros franceses até serem substituídos por quadros vietnamitas). Se o atual exército francês, com a sua capacidade de desdobramento de 15.000 soldados, recebesse subitamente a missão de recuar no tempo e combater o Viet-Minh no lugar do CEFEO, é pouco provável que pudesse proceder de outra forma, apesar da acusação, que sem dúvida iria surgir, de reformar batalhões coloniais.

No início do século XXI, os exércitos ocidentais profissionais nunca tiveram tão pouca massa. A capacidade real de projeção militar da França é agora da ordem de uma brigada para 20 milhões dos seus habitantes, um ponto baixo histórico. Com estes meios, é sem dúvida possível, em poucas semanas ou meses, derrotar até o equivalente a três brigadas de um grupo armado num espaço bastante aberto, a duas brigadas num espaço urbano denso, a um único grupo finalmente bem armado e treinado (do tipo Hezbollah, Hamas ou mesmo Estado Islâmico) e solidamente entrincheirados.

Se a luta contra um grupo armado deve durar, o equilíbrio de poder também deve ser calculado em função do potencial de recrutamento do inimigo. No Iraque, isto significava muito concretamente a impossibilidade de derrotar o inimigo sem mobilizar pelo menos um soldado para cada 50 habitantes de uma cidade sunita. Nestas condições, a capacidade máxima de controle das forças francesas é, no máximo, inferior a um milhão de habitantes, o dobro da população de Kapisa-Surobi no Afeganistão, ou de Ramadi no Iraque. Sem massa, é inútil esperar controlar um espaço humano significativo. Sem integração no ambiente, também é inútil esperar que este controle seja eficaz.

Em ambos os casos, não há outra solução senão recorrer às forças locais. Isto pode e deve ser feito com as forças regulares locais, desde que elas próprias sejam em número suficiente, minimamente eficazes e consideradas legítimas. Quando não for esse o caso, o que acontece frequentemente, caso contrário não haveria necessidade de recorrer a ajuda externa, deve ser possível reforçar diretamente com recrutas locais. A luta “acoplada” com um ator político autônomo dá lugar então, sem necessariamente estar em competição, à luta “fundida”.

O Sultão de Omã não teria conseguido derrotar a rebelião em Dhofar sem a formação de forças irregulares locais, os firqats, formadas a partir de 1970 pelo Serviço Aéreo Especial britânico (Special Air Service, SAS) com rebeldes anistiados. Quarenta anos depois, as Forças Especiais Americanas também farão o mesmo no Afeganistão com as Operações de Estabilidade de Aldeias (Village Stability Operations), com o mesmo sucesso, mas desta vez numa escala insuficiente para serem decisivas. Limitar a fusão com forças locais às forças especiais, o que não é necessariamente a sua missão principal, também significa limitar a escala da ação.

Helicóptero Sikorsky desembarcando paraquedistas franceses da 6ª CPIMa no Chade, no início da década de 1970.

Durante a campanha do Chade, de 1969 a 1972, uma das raras campanhas de contra-insurgência pós-coloniais bem-sucedidas, a força expedicionária francesa, com 2.500 homens no máximo, constituiu na verdade uma força mista franco-chadiana. Além das milícias de autodefesa, a França formou companhias de infantaria chadianas supervisionadas por um total de 650 franceses e integradas em grupos táticos franceses. Assim como os batalhões do CEFEO, o 6º Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais incluía, por exemplo, duas unidades francesas e uma companhia paraquedista local. Posteriormente, à medida que os executivos locais foram treinados, as unidades chadianas recuperaram a sua autonomia e formaram o exército nacional.

Um recruta local é muitas vezes uma pessoa desempregada a menos, ou mesmo um inimigo potencial a menos. Acima de tudo, é alguém que conhece bem o país, as pessoas, os lugares e fala a língua. É um trunfo tático notável quando associado no terreno a soldados franceses ou americanos, poderosos mas estrangeiros. Em geral, como no Iraque, quanto mais o combate parece dar frutos e realmente garantir a segurança dos entes queridos, mais fácil se torna o recrutamento, especialmente porque o salário é muitas vezes elevado de acordo com critérios locais, e, um elemento essencial, garantido. Por 20% do custo da operação francesa Barkhane no Sahel, seria possível ter pelo menos 40 companhias franco-africanas, sob comando francês ou local. Podemos, portanto, imaginar a integração de soldados locais nas nossas companhias ou, inversamente, a injeção de um grupo de combate de infantaria francês, treinado como os CAP de voluntários, nas companhias.

A principal dificuldade desta fusão reside sobretudo no momento em que é necessário pôr termo à mesma. Com a retirada americana, os Filhos do Iraque seriam normalmente integrados nas forças de segurança regulares ou em empregos públicos. Este foi apenas parcialmente o caso, uma vez que o governo de Bagdá estava extremamente desconfiado destes milicianos sunitas. Houve uma grande frustração no movimento Sahwa que esperava obter mais espaço para a comunidade sunita através do seu compromisso e isso não foi à toa na nova revolta de 2013 e no restabelecimento do Estado Islâmico.

Em 2008, ainda foi uma vitória no Iraque. O problema se agrava ainda mais quando o fim do contrato coincide com a derrota. Tal como os Harkis da Argélia, quando a força expedicionária retira a posição dos seus soldados recrutados localmente que aí permanecem é muito perigoso. Naquele momento, quando não havia inteligência para prever todos os cenários, é à honra das nações que devemos apelar. Não há nada pior para a confiança dos futuros aliados do que a constatação de que os precedentes foram abandonados, mas, lembremo-nos, sem eles nenhuma vitória é possível.

Sobre o autor:


Michel Goya, tenente-coronel e editor do Centro de Doutrina de Emprego de Forças (Exército), é responsável por fornecer feedback das operações francesas e estrangeiras na região da Ásia/Oriente Médio. Ele é o autor de La Chair et l'Acier (Paris, Tallandier, 2004), que se concentra no processo de evolução tática do exército francês durante a Primeira Guerra Mundial. Este livro foi traduzido como A Invenção da Guerra Moderna pela Bibliex. Goya também foi o autor do livro Sous le Feu: La mort comme hypothèse de travail (traduzido no Brasil como Sob Fogo: A morte como hipótese de trabalho).