quinta-feira, 11 de agosto de 2016

KAI/ LOCKHEED MARTIN T/A-50 GOLDEN EAGLE. Um treinador sul coreano de alta performance.

FICHA TÉCNICA 
Velocidade de cruzeiro: Mach 0,8 (985 km/h).
Velocidade máxima: Mach 1,5 (1835 km/h).
Razão de subida: 11880 m/min.
Potência: 0,97
Carga de asa: 74,08 lb/ft²
Fator de carga: +8/-3 Gs
Taxa de giro: 17º/s (instantânea)
Razão de rolamento: *220º/s
Teto de Serviço: 14630 m.
Raio de ação/ alcance:  900 km/ 1981 km
Empuxo: 1 motor turbofan General Electric F-404 GE-102 com 8028 kgf de empuxo com pós combustor.
DIMENSÕES
Comprimento: 13,14 m.
Envergadura: 9,45 m.
Altura: 4,94 m.
Peso: 6470 kg
Combustível Interno: 4607 lb.
ARMAMENTO
3740 kg de cargas externas das quais podem ser:
Ar Ar: Mísseis AIM 9 Sidewinder
Ar Terra: Mísseis AGM-65 maverick, Bombas guiadas a IR e a laser (versão A-50), Bombas Mk82/83/84, e lançadores de foguetes.
Interno: 1 canhão M61 de seis canos calibre 20 mm

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S.Junior
O KAI T-50 é resultado de um programa sul coreano para desenvolver um substituto para seu antigo  treinador T-38 Talon a partir de 1992. Os requisitos para este novo treinador, incluíam a necessidade de que ele fosse supersônico, ágil e que servisse de base para um caça de ataque leve, que posteriormente passou a se chamar FA-50. A KAI recebeu forte apoio da empresa norte americana Lockheed Martin, atual fabricante do F-16, também usado pela Força Aérea Sul Coreana (RoKAF). O primeiro voo do protótipo ocorreu em agosto de 2002, seguido de uma encomenda de 100 aeronaves em versões de treinamento, acrobacia e de ataque leve.
Acima: Uma das antigas aeronaves a reação de treinamento usadas pela Força Aérea Sul Coreana era o Northrop T-38 Talon, claramente não era adequada para fazer a transição dos pilotos novatos para caças de alto desempenho como o KF-16 usados pela RoKAF.
Um observador mais atento pode considerar que o desenho do T-50 lembra sob vários aspectos, o desenho do F-16. Não acredito, no entanto, que isso seja uma mera coincidência. A KAI produz sob licença uma versão local do próprio F-16, chamada de KF-16, desde o final de 1993, e o desenho deste caça possui algumas características que são muito adequadas a qualidade de voo e bom desempenho de curvas. Assim sendo algumas dessas características foram aproveitadas no projeto do T-50, como as LERX (Extensões do Bordo de Ataque), a empenagem de grandes dimensões para melhorar a estabilidade longitudinal da aeronave. Outros pontos que contribuem para a ótima qualidade de voo deste treinador são sua relação empuxo peso de 0,97, que pode ser considerada relativamente alta para esta categoria de aeronave, a baixa carga de asa e a instabilidade natural
que exige um sistema de controle de voo FBW (Fly By Wire) para que a aeronave se mantenha estável em voo. Esse sistema FBW é triplamente redundante para garantir a segurança de voo caso um dos sistemas entre em pane. Esses elementos, fazem com que o T-50 tenha índices de desempenho de voo muito similares aos caças dos quais os pilotos treinados no T-50 são treinados para poder assumir depois de formados.
Acima: O desenho do T-50 lembra um F-16 com dimensões compactadas. os elementos aerodinâmicos do modelo norte americano foram usados no T-50.
A propulsão é feita por um excelente motor norte americano General Electric F-404-GE-102 que fornece 8028 kgf de potência máxima quando fazendo uso do pós combustor. Vale observar que este motor é uma variante do motor usados nos caças F/A-18C Hornets e nos Saab JAS-39C Gripen, ou seja, é praticamente a mesma motorização dos caças de 4º geração. A alimentação de ar é feita por duas entradas de ar posicionadas abaixo das LERX e nas laterais da aeronave, diferentemente da única entrada de ar que fica abaixo da fuselagem do F-16. A celula da aeronave resiste a manobras de 8 Gs positivos ou até 3Gs negativos, e sua taxa de giro instantânea  chega a 17º/ seg a velocidade de Mach 0,7 (864 km/h). Estes números são muito bons para uma aeronave de treinamento permitindo ao piloto em treinamento um contato com um perfil de voo muito próximo do que ele encontrará nas aeronaves de combate de linha de frente. Além disso,  permitem que o pequeno T-50 possa ter versões de ataque leve e mesmo de interceptação de ponto (curto alcance) para defender a própria base aérea, por exemplo.
Acima: O T-50 possui um desempenho de voo bastante competente. Bem pilotado, é capaz de ser uma dor de cabeça para a maioria dos caças de 4º geração em uso atualmente.
Na versão de treinamento "T-50" os sistemas eletrônicos são compostos por um equipamento de GPS H-764G fabricado pela empresa norte americana Honeywell e um radar altímetro HG-9550. No cockpit, há um HUD (Head Up Display ou tela acima da cabeça) de grande campo de visão fornecido pela DoDaaM Systems. Sãos sistema relativamente básicos para uma aeronave de treinamento moderna, porém, a KAI pensou além, e desenvolveu duas versões de combate do T-50, também já encomendadas pela RoKAF, que foram batizadas de TA-50 e FA-50 e que além de serem armadas, ainda por cima recebem um um radar multi-modo israelense  ELTA EL/M-2032 com alcance de 56 km contra um alvo do tamanho de um caça (5m² de RCS), o que, mesmo sendo um equipamento de desempenho pobre frente ao que encontramos nos caças de 4º e 5º geração, ainda dá uma capacidade de emprego em combate aéreo e de designar alvos de superfície ao pequeno jato sul coreano. Existe a possibilidade, caso um cliente deseje, de optar por um radar AN/APG-67, norte americano, no lugar do radar israelense. É interessante mencionar, também, que a versão FA-50, mais sofisticada que a TA-50, conta com um sistema tático de data link integrado que permite a aeronave enviar e receber dados de outras plataformas como aeronaves de alerta aéreo antecipado AEW, sistemas de comando de terra e mesmo outras aeronaves de combate que estejam atuando no campo de batalha, garantindo a o piloto uma consciência situacional muito maior, o que é uma grande vantagem tática.
Acima: O Radar israelense Elta EL/ M-2032 é usado nas versões com capacidade de combate do T-50. Embora seu desempenho seja limitado, ele dá uma capacidade de combate significativa ao pequeno jato sul coreano.

Acima: O Cockpit do T-50 tem o mesmo layout que encontramos em caças de 4º geração e mesmo em um caça de 5º geração como o F-22 Raptor. Embora esse padrão não seja a ultima palavra em painéis de controle, ele ainda é perfeitamente adequado a instrução.
A versão de treinamento básico do T-50 não opera armamentos, porém sua versão TA-50 e a FA-50 podem ser armados com os seguintes armamentos: Mísseis ar ar de curto alcance AIM-9 L/M guiados por infravermelho e com alcance de 18 km, que são lançados de trilhos na ponta das asas. O FA-50 pode receber mísseis ar ar de médio alcance AIM-120 Amraam. O AIM-120 é guiado por radar ativo e tem alcance máximo de 70 km na versão A e B, e 105 km na versão C. Para ataques contra alvos de superfície, podem ser empregados bombas de queda livre MK-82 de 227 kg, MK-83 de 460 kg; bombas de fragmentação CBU-97; Bombas guiadas por GPS e sensor infravermelho Spice e JDAM (somente GPS) também fazem parte do arsenal do FA-50.
Também podem ser empregados mísseis AGM-65 Maverick que podem ser guiados por TV, CCD, infravermelho ou a laser, dependendo da versão. O Maverick é particularmente efetivo contra alvos duros reforçados ou blindados e seu alcance chega a 22 km. Os tradicionais lançadores de foguetes de 70 mm não guiados   podem ser usados também. Internamente o FA-50 e o TA-50 possuem um canhão automático  General Dynamics A-50  com 3 canos rotativos em calibre 20 mm com cadência de 4000 tiros por minuto e alcance efetivo de 1500 metros.
Acima: A Filipinas é um dos países a encomendarem o FA-50PH, versão de combate produzido especificamente para aquela força aérea. Observe que além do míssil ar ar de curto alcance AIM-9M Sidewinder, na ponta das asas, há ainda mísseis de médio alcance AIM-120 nos cabides sob a asa.
A força aérea dos Estados Unidos se encontra com uma concorrência chamada de "T-X" aberta oficialmente desde 2015 para substituir 350 jatos de treinamento T-38 Talon, que estão em uso desde 1961 e cujos sistemas não mais se adéquam a preparar o futuro piloto de combate para operar as modernas aeronaves de 4º e 5º  geração. A Lockheed Martin , que deu forte suporte para o desenvolvimento do KAI T-50, está oferecendo uma variante do T-50 para o programa TX. De todos os concorrentes, dos quais fazem parte o moderno M-346/ T-100 italiano, o inglês Hawk T-2 e um modelo ainda não apresentado da Saab/ Boeing, o T-50 é o único com desempenho supersônico, o que corresponde sim, a uma vantagem técnica. Vale lembrar que o próprio T-38 é uma aeronave supersônica. O potencial dessa concorrência é de levar a uma encomenda de 350 aviões para assumirem o lugar dos cansados T-38 Talon.
Além da Coreia do Sul e o programa T-X dos Estados Unidos, o T-50 foi adquirido pelo Iraque, Indonésia, Filipinas e Tailândia, mostrando claramente o forte potencial de exportação desse modelo de aeronave.
Acima:  O primeiro protótipo do T-50A é a versão que a Lockheed Martin, em associação com a KAI está sendo proposto para a concorrência T-X da USAF (Força Aérea dos Estados Unidos) para fornecer 350 aeronaves de treinamento avançado em substituição aos T-38 Talon em uso a mais de 50 anos.


ABAIXO TEMOS UM VÍDEO DE DEMONSTRAÇÃO DO T-50 GOLDEN EAGLE .



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9 comentários:

  1. "mini-f16" oootimo artigo como sempre aq do warfare que sempre sempre acompanho. na competição T-X, excluindo o T-100 pq de sua irmandade com o Yak-130, a disputa está mesmo entre o T-50 e o modelo saab/boing

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  2. bom . pelo menos nossa encomenda do gripen ng esta feita , caso contrario seria uma das alternativas para o brasil . gostei da matéria .

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  3. Carlos, vc pretende fazer aqueles posts que vc nos diz a quantidade de cada equipamento/ veículos que as FFAA deveriam ter ?

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  4. Olá Felipe.
    Eu recebe frequentemente esse pedido de matéria em especial. Eu deverei fazer uma matéria assim, mas não será tão em breve. Estou ainda em faze de recuperação e estruturação do acervo do WARFARE para deixar ele com as matérias do antigo campo de Batalha , além de atualizar com novos dados as matérias que lá estavam.

    Abraços

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  5. O campo de batalha tinha muito material. Eu leio o blog desde 2008~2009. Quando ele teve o problema, eu deixei de ver por muito tempo, nem sabia que existia. Ai o site plano brasil fez aquela matéria dos tanques e eu redescobri o blog. Desejo bastante sucesso no seu trabalho.

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    1. Obrigado Felipe! Embora tenha bastante matéria no WARFARE que não havia sido publicado no Campo de Batalha, eu tenho postados as antigas matérias com as devidas atualizações. É um trabalho de formiguinha, mas certamente tudo que lá estava será novamente republicado.
      Abraços

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  6. Os sul-coreanos podiam ter feito mais, fazendo logo um caça, mas enfim, é um aprendizado, para um treinador está razoável, bom apenas para a era dos caças de 4ª geração. Já que se inspiraram no F-16 podiam ter feito uma versão com asas em delta(Existiu um F-16 em delta, um protótipo.) + canards, com opção de instalação do GE F414 também, este motor permitiria uma velocidade supercruise. O radar israelense Elta EL/ M-2032 é um radar meia boca para quem quer atualizar um caça antigo como os nossos F-5 BR. Podia se instalar um painel WAD(Wide Área Display), como se fará no GRIPEN E/F BR, ao modo de um caça de 5ª geração, afinal é para treinar um piloto com esse propósito, os caças de 4ª geração como o F-16 estão recebendo radares de leitura passiva(AESA), e até AESA com swashplate, como é o caso do GRIPEN E/F e GRIPEN E/F BR.

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  7. Olá Pedro.
    Quando tratamos de uma aeronave de treinamento, um dos principais aspectos a serem buscados é o custo de aquisição e de operação. Além disso, o T-50 é um jato de treinamento cujo desempenho superior a outros jatos de treinamento lhe garante uma boa margem de desempenho para ir um pouco além da missão de treinar, sendo que pode participar de missões de combate de baixa intensidade. Não faz nenhum sentido equipar um jato de treinamento com motoros potentes, e sistemas eletrônicos no estado da arte para ensinar um jovem cadete a pilotar. Jatos de treinamento modernos como o T-50 permitem um nível de agilidade e manobrabilidade, além de velocidade supersônica (ele é o único te atinge esse desempenho) perfeitamente adequado a futuros pilotos de caças de combate de linha de frente sem onerar, demasiadamente, a instituição que o operará.
    Abraços

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