domingo, 17 de novembro de 2019

EUROFIGHTER TYPHOON. O feroz defensor dos céus europeus.

FICHA TÉCNICA DE DESEMPENHO
Velocidade de cruzeiro: * Mach 1 (1234 km/h).
Velocidade máxima: Mach 2 (2469 km/h).
Razão de subida: 18900 m/min.
Potencia: 1.12.

Carga de asa: 64 lb/ pé².
Fator de carga: 9 Gs.
Taxa de giro 
instantânea: 31º/s.
Razão de rolamento: 240º/s.
Teto de Serviço: 20000 m.
Raio de ação/ alcance: 1390km/ 2780km
Alcance do radar: Euroradar CAPTOR 185 km.
Empuxo: 2 motores EJ-200 com 9200kgf (pós combustor) cada e 6073 kg de empuxo seco.
DIMENSÕES
Comprimento: 15,96m.
Envergadura: 10,95m.
Altura: 5,28m.
Peso: 11000 kg.

Combustível Interno: 11020 lb.
ARMAMENTO
13 pontos fixos de armamentos podendo transportar até 7500 kg de armas, tanques de combustivel e casulos de reconhecimento e designação de alvos.

Ar Ar: Mísseis AIM-120 Amraam, Meteor, AIM-9 Sidewinder, AIM-132 Asraam, IRIS-T.
Ar terra: Mísseis Storm Shadow, Taurus MAW, Brimstone; mísseis AGM-65 Maverick; mísseis AGM-88E HARM; Bombas Guiadas a laser da família Paveway III e IV; bombas guiadas por GPS como as SDB e JDAM.

Interno: Um canhão Mauser MK 27 de 27 mm.

DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
Os países europeus que participam da OTAN sempre tiveram uma situação delicada com relação a sua defesa. No período da guerra fria, um eventual confronto entre a União Soviética e os Estados Unidos liderando seus aliados europeus, levaria o caos para o território europeu, principal campo de batalha nessa situação. A defesa aérea destas nações representa um aspecto critico para a estratégia de sobrevivência e mesmo, dissuasão contra o poderio representados pelas milhares de aeronaves de combate que a então União Soviética dispunha. A evolução das capacidades dos mais modernos projetos soviéticos, o MIG-29 Fulcum e o Su-27 Flanker obrigaram os europeus, assim como os americanos a correrem atras de projetarem novas aeronaves que fossem capazes de enfrentar as novas ameaças. Os europeus, se juntaram para desenvolver um novo caça que atendesse as necessidades de defesa das nações envolvidas no projeto. 
Inicialmente, os países envolvidos para o desenvolvimento do que era chamado de "FEFA" ou Future European Fighter Aircraft, eram Inglaterra, França, Itália, Alemanha e Espanha. A França tinha intenção de impor alguns de seus requisitos para poder ser o projetista da aeronave, porém, isso causou divergências entre os sócios do programa o que acabou resultando na saída da França deste programa, e  no desenvolvimento  do caça Rafale, já tratado nas paginas desse blog. Os ingleses tinha um protótipo de uma aeronave de demonstração de tecnologia, chamada de EAP (Experimental Aircraft Programme) que se enquadrava na configuração que estava sendo estudada para o novo caça europeu. A partir dai foi criado, em 1986, o consórcio Eurofighter para o desenvolvimento e montagem dos caça que passou a ser chamado de Typhoon, e teria como base o modelo do EAP britânico, para ser o novo caça de superioridade aérea e, posteriormente para missões de ataque também, das quatro nações europeias remanescentes do estudo original: Inglaterra, Alemanha, Itália e Espanha. 
Acima: O protótipo demonstrador de tecnologia EAP foi base para o desenvolvimento do Eurofighter Typhoon. Embora semelhantes deforma geral, o Typhoon tem linhas mais suaves e melhor desempenho.
O Typhoon substituiu vários modelos de aeronaves de combate como por exemplo o Tornado F-3 na Inglaterra, o velho F-104 Starfighter italiano, o clássico F-4F Phanton II alemão, e os Mirage F-1 espanhóis. Todos estes modelos tinham limitação elevada para enfrentar os manobráveis e bem equipados caças russos de 4º geração. Quando se compara os dados e especificações de cada uma destas aeronaves contra os dados do Typhoon, fica claro que a evolução do novo caça foi excepcionalmente grande. 
A propulsão do Typhoon é feita por dois motores Eurojet EJ-200, cujo empuxo máximo é de 9200 kgf, com a pós-combustão, e 6073 kgf com empuxo seco. Este moderno motor, teve seu desenvolvimento feito em paralelo com desenvolvimento do Typhoon. Quando o primeiro protótipo do Typhoon estava pronto, os motores, ainda não tinham sido entregues, sendo que acabaram por instalar a mesma turbina dos Tornados neste protótipo, a RB-199 para iniciar os testes de voo.

Acima: Os dois motores turbofan Eurojet EJ-200 garante um desempenho de voo muito bom para o Typhoon. 
O Typhoon foi desenvolvido para ter um desempenho de curva muito elevado, e por isso a escolha pela configuração delta com canards ativos foi natural, pois ela permite taxas de giro instantâneas e sustentada bem altas. No caso do Typhoon, sua taxa de giro instantânea é de 31º/ seg a uma velocidade de mach 0,7, índice muito melhor do que se consegue com um F-16 e mesmo que um Su-27 Flanker. Só os caças JAS-39 Gripen e Rafale, da França, conseguem igualar essa marca em desempenho de curva, justamente devido a suas configurações delta canards. Outro ponto a favor do Typhoon é sua elevada relação empuxo peso, de 1,15 e sua baixa carga de asa de 63,9 lb/ pé², que beneficiam sua agilidade e manobrabilidade. A estrutura do avião suporta acelerações de gravidade da ordem dos 9 G positivos e 3 G negativos. Como se pode ver, o Typhoon seria um adversário indigesto em combate de curto alcance ou dogfight, como é chamado no meio aeronáutico esse tipo de batalha.

Acima: Um dos pontos em que o Typhoon é mais forte quando se compara com outros caças é sua agilidade e manobrabilidade. Aqui podemos ver um Typhoon T1 (versão biplace) entra em uma curva em alta velocidade.
Porém, na atualidade, as chances de um combate aéreo evoluir para o doghfight estão bastante diminuídas devido a evolução da eficiência dos sensores como radares, dos sistemas de detecção passivos como o IRST e dos mísseis de médio e longo alcance, que permitem destruir os inimigos a distancias que excedem o campo visual. Aqui o Typhoon tem uma característica positiva e outra nem tanto. O ponto positivo é que ele tem um bom radar de varredura mecânica Euroradar CAPTOR, capaz de detectar um caça inimigo com 5 m2 de RCS (um MIG-29 por exemplo) a 185 km. Muito em breve, um novo radar de varredura eletrônica ativa (AESA) chamado CAPTOR-E desenvolvido no programa CAPTOR Active Electronically Scanned Array Radar (CAESAR), que além de poder lidar com um numero muito maior de alvos simultâneos e também terá seu alcance aumentado para 278 km contra alvos de 5m2 de RCS. Estima-se que uma aeronave de baixa detecção como o F-35 poderia ser detectado a 60 km com este moderno radar que deve entrar em serviço até o final de 2014. Outro sensor é o sistema IRST PIRATE que faz a busca passiva do dos alvos através da busca de radiação infravermelho (calor) a distancias de 55 km aproximadamente. O ponto negativo é que o Typhoon não é furtivo aos radares inimigos embora seu RCS seja pequeno (0,75 m²), ele pode ser engajado por um inimigo a longas distancias ainda. Assim, a tática e os sistemas de guerra eletrônica como o sistema DASS (defensive aids sub-system) constituído de um sistema de alerta de aproximação de mísseis, um sistema de contra medidas eletrônicas de proteção, um sistema de isca rebocado para desviar mísseis guiados por radar, lançadores de chaff e flares da Saab Tech Eletronics e um interferidor (jammer) montado num pod a bombordo da aeronave que permite iludir os sensores de radar inimigos sobre a real posição do Typhoon.
O piloto do Typhoon usa um capacete do tipo HMS (Helmet Monted Sight) que opera totalmente integrado ao sensor PIRATE e ao radar da aeronave, mostrando os dados coletados diretamente na viseira do capacete, sendo que ainda, as armas do Typhoon também podem ser apontadas pelo capacete simplesmente olhando para o alvo. Esse recurso é, particularmente bom em combate de curta distancia onde os mísseis guiados pelo calor podem ser lançados fora da linha de visada da aeronave (capacidade off boresight).

Acima: O novo radar CAPTOR-E, mostrado nessa foto dará, maiores capacidades de combate para o Typhoon.

Acima: O cockpit do Typhoon não é o mais moderno do mundo, mas mesmo assim, permite uma pilotagem com reduzido estresse de trabalho.
O Typhoon pode ser armado com um grande leque de armamentos de muitas origens, o que facilita muito sua adaptação por novos clientes. O avião pode operar em missões de combate aéreo e de ataque a superfície, porém, inicialmente, os primeiros exemplares, identificados como "Tranche 1" eram limitados a missões ar ar, como patrulha aérea de combate, interceptação e escolta. Já a versão Trenche 2 já tem uma capacidade de ataque a alvos terrestres, e a versão Trenche 3 terá total capacidade multimissão. 
Para combate aéreo, o Typhoon pode ser armado com mísseis norte americanos AIM-9M Sidewinder (sendo substituído atualmente por armas mais modernas e capazes) guiado por infravermelho (IR), e com alcance de 18 km aproximadamente. 
Os mísseis de curto alcance, guiados a calor de 4º geração como o britânico AIM-132 Asraam, são capazes de atacar um alvo posicionado a 90º em relação ao avião (isso é o que se conceitua como capacidade off boresight, e é nessa situação onde o capacete HMS opera integrado ao sensor de busca do próprio míssil para designar o alvo). O alcance dele chega a 15 km. Outro ótimo armamento disponível é o míssil IRIS-T, de projeto alemão, e fabricação multinacional, tem a mesma capacidade de adquirir alvos off boresight a 90º, e um alcance de 12 km. Para combate aéreo além do alance visual, o armamento usado nesse momento é o AIM-120 Amraam, guiado por radar ativo e com alcance de 105 km contra um alvo em rota de colisão. Porém, mesmo sendo um ótimo míssil, o Amraam deverá ser substituido em breve pelo moderníssimo míssil Meteor, fabricado pela MBDA propulsado por um motor RAMJET, consegue alcance de cerca de 140 km, sendo guiado por radar ativo também.

Acima: O novo míssil MBDA Meteor vai dar ao Typhoon uma das melhores capacidade de engajamento de médio e longo alcance. Este míssil será o mais avançado do mundo quando entrar em serviço nos próximos anos.
Para atacar alvos terrestres, a gama de armas disponíveis é, igualmente variada. Além de bombas guiadas a laser Paveway III GBU-24 de 907 kg e as modernas Paveway IV, de guiagem dual, sendo usado um sistema laser semi ativo e GPS. As novas bombas GBU-39 SDB, assim como suas irmãs maiores JDAM, ambas guiadas por GPS, também podem ser usadas nas versões mais recentes do Typhoon. 
Também estão integrados mísseis AGM-65 Maverick para serem usados contra alvos terrestres moveis  (tanques), ou fixos, mísseis de cruzeiro Storm Shadow, com alcance de 250 km, transportando uma ogiva de penetração anti bunker de 450 kg de explosivos. O sistema de guiagem desta arma é feito por GPS, TERPROM (segue o terreno em voo de baixa altitude evitando ser detectado por radares) e com guiagem terminal por infravermelho. O míssil de cruzeiro Taurus KEDP-350, com alcance que excede os 500 km com uma grande ogiva de 480 kg também estará disponivel quando entrar em serviço em 2018. Os pequenos e altamente capazes misseis BRIMSTONE, podem ser transportados em cachos triplos, o que permite o Typhoon operar em apoio aéreo aproximado de forma eficaz. Este míssil tem alcance de 20 km, sendo guiado por radar de ondas milimétricas, e laser. Para atacara antenas de radares inimigos, o Typhoon pode operar o mísi AGM-88 HARM, de fabricação norte americana, podendo ser lançado a 150 km (alta altitude) e ele voa direto para o emissor de ondas de radar inimigos. 
O armamento orgânico é composto por um canhão Mauser BK-27 em calibre 27 mm com cadência de 1700 tiros por minuto, com uma capacidade de armazenar 150 munições.
Acima: Nesse desenho podemos ver o arsenal que os Typhoons da força aérea inglesa (RAF) usam.
Embora de uma forma geral, os países europeus sempre foram relativamente bem equipados em todos as suas forças armadas, um olhar mais atento para os equipamentos usados pelas principais nações europeias da OTAN, justamente os países que se juntaram para desenvolver o Typhoon , se perceberá que os caças usados nas décadas de 70 e 80 eram tinham bom desempenho de velocidade, e alguns deles tinha uma respeitável capacidade de combate fora do alcance visual (BVR), porém, nenhuma era ágil o suficiente para enfrentar um combate de curta distancia tão formidavelmente quanto o Typhoon é capaz. Fora isso, a aeronave é muito eficaz em combate BVR por ser adequadamente equipada com sensores e armamentos modernos, além de ter um baixo índice de reflexão de radar (o RCS do Typhoon é de cerca de 0,75 m² de RCS) o que, embora no o coloque na classificação de "aeronave furtiva" ou "invisivel" como gosta de mencionar a media leiga, no minimo o coloca como uma aeronave particularmente "chata" do radar inimigo encontrar a longas distancias. O Typhoon, uma aeronave de 4º geração, poderá, devido a suas ótimas qualidades, se manter em serviço além de 2030, quando poderemos ter o primeiro projeto de 6º geração a entrar em serviço.

Acima: Um Typhoon se aproxima para aterrissagem. Notem os mísseis AIM-132 Asraam nos cabides externos das asas.






8 comentários:

  1. Muito bom o Typhoon, um caça multi funcional que tem um grande leque de armamentos já integrados e o torna uma plataforma eficaz para missões de apoio aéreo aproximado, bombardeio, supressão de defesas, interceptação e defesa aérea, superioridade aérea, interdição, etc... pois tem muitas armas especializadas para as diferentes missões. Pena não terem feito uma versão naval pois o Typhoon seria um caça multirole completo, como o Rafale...
    Carlos, o radar Captor-E do Typhoon pode ser considerado superior ao Raven ES-05 que equipará os novos Gripen da FAB ?

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  2. Olá Topol. Sem duvidas. O Captor E tem muito maior alcance, e maior capacidade de processamento. O Typhoon, de uma forma geral é um caça bem superior ao Gripen.E.
    Abraços

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  3. Carlos o RCS de 0,75 m2 ,do typhoon é em configuraçao limpa( sem armamentos)?

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  4. Olá Fernando. Sim. Esse dado, quando comentado, sempre usa de referência a aeronave limpa. Por isso que aeronaves stealths usam armamentos internamente em suas missões nos primeiros dias de guerra. Assim elas podem ficar mais difíceis de serem detectadas. Porém, depois que a supremacia aérea for atingida, os aviões começam a operar com cargas externas por não precisarem mais se esconder de radares e misseis inimigos que, estariam destruídos.

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  5. Carlos o typhoon poderia ser uma opção de caça para formar um mix com o nosso gripen?

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  6. Olá Carlos, acompanho seu trabalho desde o blog Campo de Batalha.
    Quero saber se você fará um artigo atualizado sobre o Gripen E.

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    1. Olá Anselmo. O artigo sobre o Gripen E deverá ser atualizado, logo que haja algo diferente do que já foi estabelecido. Todas as matérias estão sujeitas a receber atualização. Obrigado pela sua audiência a este trabalho! Abraços

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  7. Já existem dois projetos para substituir Eurofighter Typhoon.
    Um que tem o Reino Unido, Itália e Suécia como sócios, e o projeto Tempest.
    O outro e o da França e Alemanha, que eu acho que não vai dar certo.
    Na França vai substituir o Rafale e na Alemanha Typhoon.

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