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sábado, 18 de maio de 2024

KAI KF-21 BORAMAE - A gênese do que pode se tornar o primeira caça de 5º geração sul coreano.

 

FICHA TECNICA 
Velocidade de cruzeiro: Mach 0.9 (1111 km/h)
Velocidade máxima: Mach 1.80 (2220 km/h)
Razão de subida: 15240 m/min (estimado).
Potência: 1,1.
Carga de asa: 78,33 lb/ft².
Fator de carga: 8,5 Gs (estimado).
Taxa de giro instantânea: 21º/s (estimado).
Razão de rolamento: *250º/s (estimado).
Teto de Serviço: 16000 m.
Alcance: 2800km.
Alcance do radar: Hanwha Systems KF21AESA - 130 km contra alvos de 1m2 de RCS (estimado).
Empuxo: 2 motores General Electric F414-GE-400K, com 9790 kgf de empuxo máximo, cada um.
DIMENSÕES
Comprimento: 16,9 m.
Envergadura: 12,2 m.
Altura: 4,7 m.
Peso vazio: 11800 kg.
Combustível Interno: 17000 lb
ARMAMENTO
Ar Ar: Míssil de curto alcance IRIS-T, Míssil de longo alcance Meteor, Míssil de médio alcance AIM-120C/D Amraam, AIM9X Sidewinder.
Ar Terra: Míssil de cruzeiro Taurus KEPD 350, Míssil AGM-65 Maverick, Míssil Brimstone, Bombas de queda livre da família MK, Bombas de fragmentação CBU-87, CBU-97, WCMD, Bombas guiadas por GPS da família JDAM, Bomba planadora KGGB.
Interno: 1 canhão General Electric M-61A2 Vulcan  em calibre 20 mm.

DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
A Força Aérea da Coréia do Sul (ROKAF) possui uma grande responsabilidade sobre suas costas: A defesa de um espaço aéreo de um país que, tecnicamente, se encontra em guerra com a Coreia do Norte desde os anos 50 do século passado, uma vez que nunca foi assinado um tratado de paz. Por isso, sua força aérea é tratada com bastante atenção pelas autoridades politicas do país que investem grandes quantias de dinheiro para que a capacidade da aviação de combate do país tenha uma quantidade grande de caças e que estes sejam aeronaves de boa capacidade. No entanto parte de sua capacidade de combate aéreo já tem uma idade avançada. São 19 caças bombardeiros pesados F-4E Phanton II, e 80 caças F-5E Tiger II. Para substituir esses velhos caças, a Coreia poderia encomendar mais caças F-15K e KF-16 (O F-16 fabricado sob licença por eles) ou partir para investir em um desenvolvimento próprio de uma nova aeronave de combate que tivesse recursos mais modernos.
Durante os estudos para encontrar a configuração aerodinâmica que atendesse melhor os requisitos de desempenho que a Força Aérea da Coreia do Sul solicitou, muitos desenhos foram considerados, incluindo a configuração com canards ativos como nesse desenho conceitual.

A opção escolhida foi partir para um desenvolvimento do zero de um caça leve bimotor que tivesse desenho furtivo, mas que inicialmente, em seu primeiro lote transportaria suas cargas de armas externamente, mas com previsão para mudanças nos segundos lotes para a implementação de um compartimento de armas interno, que tornará esse projeto seu primeiro avião de 5º geração quando estiver pronto. O projeto desta aeronave foi chamado de KF-X, e quando o protótipo foi apresentado em 2021, recebeu o nome de KF-21 Boramae. A Coreia do Sul assinou um contrato com a Indonésia que deveria arcar com 20%  do custo de desenvolvimento do projeto, sendo que no entanto, o país deixou de pagar os valores contratados colocando em duvida o futuro da participação da Indonésia no programa. Problemas com espionagem industrial também pesam atualmente na polemica participação da Indonésia no desenvolvimento do KF-21.

O KF-21 Boramae teve sua apresentação publica em 9 de abril de 2021.

O KF-21, em seu primeiro lote, conforme informei anteriormente, transporta suas armas externamente, o que o torna mais fácil de ser detectado pelos radares inimigos. Por isso, ele ainda é considerado uma aeronave de 4,5 geração. Os lotes futuros terão capacidade de transportar armas internamente e isso o tornará um caça furtivo de 5º geração.
Ao todo foram construídos 6 protótipos, sendo que destes, dois são bipostos, porém com capacidade de combate total. O programa de testes de voo está indo perfeitamente bem e sem intercorrências graves, o que mostra um alto grau de competência dos engenheiros da KAI no desenvolvimento do seu novo caça.
Momento do primeiro voo do KF-21 numero 1 em 19 de julho de 2022.

Uma qualidade que considero importante em qualquer caça moderno, é a sua relação empuxo peso. Uma aeronave que tenha uma relação em que o empuxo de seus motor seja próximo do peso da aeronave em condição de combate, ou ainda, melhor, que supere esse valor, vai resultar em um caça que pode manobrar de forma agressiva perdendo menos energia em manobras de combate aéreo ou se recuperando rapidamente, depois de uma manobra de alto G. E é nesse ponto que o projeto do KF-21 surpreendeu positivamente. Quando configurado para missão de combate ar ar, sua relação empuxo peso é 1,1. Isso é melhor do que consegue um caça SAAB JAS-39E Gripen (nosso F-39), e ainda melhor do que o caça F-35 consegue. Para se chegar a esse desempenho, a KAI conseguiu fabricar uma aeronave relativamente leve, e instalou dois confiáveis motores General Electric F-414-GE-400K (uma versão do motor usado no F/A-18E Super Hornet e no nosso F-39 Gripen E). Esses motores, que serão fabricados sob licença pela empresa sul coreana  Hanwha Aerospace, entregam 9790 kgf de empuxo com os pós combustores ligados.
Embora muitos dados oficiais de desempenho ainda não tenham se tornado publico, é notório que o KF-21 é um avião que manobra bem, de forma ágil e que acelera bem também.

Embora a aeronave seja uma novidade e ainda esteja em testes de desenvolvimento, alguns vídeos do KF-21 em voo e executando manobras, já deixou claro que ele é um avião bem ágil o que é uma característica positiva. O que não se sabe, ainda, pois não foi informado, é sua capacidade estrutural para suportar as forças G. Não se sabe qual é o limite G para manobras instantâneas e sustentadas. 
Outro interessante dado é que mesmo sendo um avião com uma boa relação empuxo peso, sua aerodinâmica não foi muito colaborativa para alta velocidade máxima. Isso parece estar se tornando um padrão em novos projetos de aeronaves de combate. O KF-21 atinge a velocidade máxima de mach 1,8 em alta altitude, o que representa cerca de 2220 km/h. Isso é um pouco mais rápido do que consegue entregar um F-35. 
Sua capacidade de transporte de combustível internamente é de 17000 lb, o que permite a aeronave ter um alcance de cerca de 1000 km. Se instalar os tanques externos, esse desempenho aumenta para 2800 km. 
Nessa foto podemos ver um equipamento (rampa de estabilização de rotação) que é empregado para testes de voo em altos ângulos de ataque.

A Coréia do Sul, havia solicitado aos Estados Unidos, uma série de tecnologias chaves para o projeto do KF-21. A maioria delas foi liberadas pelas autoridades norte americanas. Nesse ponto, o leitor mais atento terá percebido que eu escrevi "maioria".  Sim, meus amigos, os Estados Unidos não aceitaram fornecer 4 das tecnologias pedidas, e isso foi um problema sério para o andamento do desenvolvimento do KF-21. As tecnologias negadas foram: O radar AESA, sistema de rastreamento passivo infravermelho (IRST), pod de mira eletro-óptica (EO TGP) e tecnologia de interferência de radiofrequência (RF jammer). Como você, leitor, pode imaginar, essas são, justamente as tecnologias que a Coreia do Sul não tinha e com a recusa dos norte americanos de liberarem, geraram atrasos no programa.
Algumas tecnologias criticas que foram solicitadas pelos sul coreanos aos Estados Unidos para o projeto KF-X (agora KF-21) e que foram negadas, atrasaram bastante o desenvolvimento da aeronave.

Por isso, o radar precisou ser desenvolvido do zero através dos trabalhos de pesquisa e desenvolvimento da empresa Hanwha Systems, porém com suporte da empresa israelense Elta Systems, que já é conhecida no mercado internacional como uma espécie de "plano B" para quando uma nação não consegue adquirir dos fornecedores tradicionais, tecnologia de sensores como radares aerotransportados. Na minha pesquisa para escrever esta matéria, não encontrei uma designação do modelo de radar que foi desenvolvido para o KF-21, por isso, vou me referir a ele como KF21 AESA. Como se pode notar pela nomenclatura que usei, trata-se de um modelo de varredura eletrônica ativa, como os mais modernos encontrados nos caças de 4º e 5º geração em serviço atualmente. As especificações do desempenho deste radar também não foram divulgadas ainda, mas a julgar pelos padrões encontrados em outras aeronaves de mesma categoria, posso estimar que tenha capacidade de engajamento de alvos múltiplos, algo como, pelo menos 6 alvos simultaneamente, capacidade de interferir nos sensores inimigos, através de redirecionamento de sinais (jammer ativo), e que tenha um alcance de detecção na casa dos 120 a 140 km no modo ar ar.
Rara foto do radar  Hanwha Systems KF21 AESA

Para detecção passiva, o KF-21 usa um sensor de buscar e rastreio por infravermelho IRST desenvolvido pela mesma empresa Hanwha Systems que desenvolveu o radar. Porém, para o IRST a Hanwha recebeu ajuda da Leonardo que forneceu a tecnologia para o seu buscador Skyward, também usado pelo caça SAAB JAS-39 Gripen E que a Força Aérea Brasileira está recebendo atualmente. A versão instalada no KF-21 foi designada Skyward-K. Este sistema permite fazer a busca de alvos aéreos de forma passiva, não emitindo assinatura e podendo ser um recurso muito útil contra aeronaves inimigas que usem tecnologia de invisibilidade ao radar. O dado de alcance desse equipamento, também é numa informação classificada. Porém, dados de modelos análogos, como o Pirate, usado no Typhoon e também desenvolvido pela Leonardo, pode se estimar que o alcance esteja na casa dos 40 a 50 km contra o alvo vindo de frente e cerca de 60 a 70 km contra o alvo visto por trás (as saídas de gases do motor ampliam significativamente a assinatura para este tipo de sensor).
O caça recebeu uma suíte de guerra eletrônica com capacidade de bloquear sinais de RF. Porém os dados relacionados aos demais recursos, naturalmente, é informação também classificada.
Um fato interessante sobre o KF-21 é que já tinha uma versão biplace (foto) projetada. Cada vez menos caças de primeira linha tem recebido uma versão biplace. O F-22 e o F-35 dos Estados Unidos, e o Su-57 da Rússia não tem uma versão biplace.

O arsenal que o KF-21 vai empregar, inicialmente já é bastante variado. O avião conta com 10 estações para cargas externas. São 6 estações fixas nas asas e mais 4 pontos semi-embutidos para mísseis de médio e longo alcance sob a fuselagem.
Para missões de combate ar ar, o KF-21 está equipado com o míssil de curto alcance europeu Iris-T, cujo alcance máximo está em 25 km. O Iris-T é um míssil de 4º geração que opera com seu sensor de busca infravermelha integrado ao capacete HMD do piloto e que pode ser apontado com o movimento do capacete e engajar alvos em alto ângulo fora da visada (90º). O sensor de busca infravermelha somado ao  sistema  de propulsão com vetoração de empuxo, permite ao míssil executar manobras violentas para executar uma curva violenta e correr atrás de seu alvo. Na pratica, trocando em "miúdos", o míssil pode ser lançado contra uma aeronave inimiga que esteja voando ao lado do KF-21 nas posições 3 e 9 horas.
O míssil Iris-T é o armamento de auto defesa padrão que a Coreia do Sul escolheu para ser o armamento padrão do KF-21. 

Para combate além do alcance visual (BVR), o KF-21 usa o moderno míssil Meteor, de longo alcance. Trata-se do míssil mais avançado do mercado no momento. Guiado por radar ativo, permite que o caça  lance o míssil contra um inimigo e, imediatamente, já saia de sua posição para buscar novos alvos ou retornar a base. O Meteor tem alcance estimado em cerca de 200 km. Além desses armamentos europeus, os mísseis norte americanos de médio alcance AIM-120 e o de curto alcance  AIM-9X, também poderão ser empregados no KF-21.
O lote inicial do KF-21 não transporta armas internamente. Os aviões estão sendo entregues com pontos de fixação semi-embutidos para mísseis Meteor (e AIM-120 Amraam) sob a fuselagem e com 6 estações fixas sob as asas

Para missões de ataque conta alvos de superfície, o míssil de cruzeiro Taurus KEPD 350 será usado para destruir alvos de alto valor e reforçados. Este míssil tem alcance aproximadamente de 500 km, transportando uma ogiva penetradora de dois estágios com 480 kg. Seu sistema de guiagem se dá por um complexo sistema que envolve INS, GPS, banco de dados de imagens do terreno e radar altímetro.
Para ataques contra alvos táticos de campo de batalha o míssil norte americano AGM-65 Maverick, amplamente empregado pela força aérea sul coreana em seus F-16, também será empregado pelo KF-21.O Maverick possui versões guiadas por sensor eletro ótico, infravermelho e a laser. Seu alcance está na faixa dos 22 km.
Para as missões antinavio, o míssil AGM-84 Harpoon foi integrado ao KF-21. O míssil, já em uso por outros modelos de caças da aviação de combate sul coreana, possui alcance de 140 km, com guiagem por radar ativo na fase final do engajamento.
Outros armamentos ar superfície estão planejados para serem integrados ao controle de fogo do KF-21. São eles o míssil Brimstone, que pode substituir os Mavericks no futuro. Também o novo míssil SPEAR 3, que pode operar como uma munição vagante e com alcance de 140 km, muito provavelmente será integrado ao caça sul coreano.
As bombas da família MK de queda livre, assim como bombas guiadas da família JDAM e as bombas de fragmentação CBU-87 e 97 estão integradas no modelo. Por ultimo, o KF-21 conta com um armamento orgânico na forma de um canhão de 6 canos rotativos M-61A2 em calibre 20 mm, fabricado pala General Electric e que é amplamente empregado por todos os caças dos Estados Unidos, com exceção do F-35.
Essa ilustração mostra uma configuração para missão de ataque usando duas bombas GBU-32 JDAM, dois mísseis Iris-T na ponta das asas, quatro mísseis Meteor de longo alcance e dois tanques de combustível externos.

O KF-21 foi projetado para entregar um desempenho comparável ao de um caça F-16, no entanto, com tecnologia desenvolvida localmente e com aplicação de soluções de redução de assinatura radar e que, no futuro, terá capacidade de transportar armas internamente, se tornando uma legitima aeronave de 5º geração. A Coreia do Sul vive em constante tensão com seu vizinho comunista, a Coreia do Norte e tem tensões com a China também. Essa situação obrigou o país a investir pesado em tecnologia de defesa, o que resultou em uma das mais completas e bem preparadas forças armadas do mundo.
O KF-21 é o resultado de investimento em pesquisa e desenvolvimento, e de muita coragem da indústria do país em buscar maior autonomia para se defender em um ambiente tão hostil no qual está a Coreia do Sul. O KF-21 terá bom apelo comercial se conseguir ser oferecido com preços menores do que caças como Rafale ou o F-35 tem apresentado. Isso poderá trazer a Coreia do Sul para o disputado mercado de caças de primeira linha dominado por norte americanos, russos e europeus.
As duas versões do KF-21 (monoplace e biplace) voando em formação.

Teste de reabastecimento em voo do KF-21 recebendo combustível de um Airbus A330 MRTT da Força Aérea da Coreia do Sul.

É visível a semelhança do desenho do KF-21 com o F-22 Raptor americano quando visto de alguns ângulos.
           





                  

sexta-feira, 12 de abril de 2024

DRONE MQ-25 STINGRAY PODERÁ TRANSPORTAR MÍSSEIS ANTINAVIO. UMA ANÁLISE DO QUE PODEMOS ESPERAR.

Armar os MQ-25 com armas isoladas se ajusta à visão futura da ala aérea da Marinha e forneceria capacidades únicas adequadas para um combate no Pacífico.

Por Thomas Newdick e Tyler Rogoway para The Drive - Tradução Carlos Junior

A Boeing exibiu um modelo de seu drone de reabastecimento em voo baseado em porta-aviões MQ-25 Stingray, armado com um par de mísseis anti-superfície de longo alcance Lockheed Martin AGM-158C (LRASM). Embora o MQ-25 ainda não tenha alcançado a capacidade operacional inicial em sua função básica de reabastecimento aéreo, a aparência do modelo é significativa, à medida que a Marinha dos EUA começa a olhar novamente para missões expandidas para o drone .
Míssil AGM-158C LRASM

O modelo chamou nossa atenção na exposição Sea Air Space da Navy League em Maryland esta semana. Os LRASMs parecem estar montados nos mesmos cabides que normalmente seriam equipados com cápsulas de reabastecimento na versão tanque do drone.

O MQ-25 surgiu originalmente do abortado  programa Unmanned Carrier-Launched Airborne Surveillance and Strike  (UCLASS), que envolveria um drone de combate multifuncional. Isso foi controversamente considerado muito ambicioso e foi substituído pela iniciativa Carrier-Based Aerial Refuel System (CBARS) que deu origem ao MQ-25 como o conhecemos hoje. No passado, analisamos as implicações dessa redução de escala, desde a plataforma original de ataque/reconhecimento furtivo UCLASS até um drone-tanque menos capaz.
Northrop Grumman X-47B estava sendo desenvolvido como um demonstrador para o mais arrojado e desafiador programa UCLASS para uma aeronave não tripulada de combate. Mas o programa foi cancelado devido a receio com custo e risco do programa.

No entanto, houve sugestões no passado de que a plataforma MQ-25 ainda está a ser considerada para uma gama mais ampla de missões, incluindo as cinéticas. Antes de a Boeing ganhar o contrato para construir o MQ-25, a licitante rival Lockheed Martin estava lançando uma futura missão de ataque para sua própria oferta MQ-25, de alguma forma restaurando pelo menos alguns aspectos do esforço UCLASS cancelado.

Por enquanto, porém, a Marinha está focada na introdução do MQ-25 como um avião de reabastecimento em voo para ajudar a ampliar o alcance efetivo da ala aérea do porta-aviões e eliminar a necessidade de alguns dos  Super Hornets F/A-18E/F  nos  porta-aviões existentes que tem desempenhado esta função de reabastecedor, reduzindo a capacidade de combate do navio.
Além disso, a Marinha identificou uma missão secundária de inteligência, vigilância e reconhecimento  para o MQ-25. Isso inclui uma torre de sensor eletro-óptico, mas sistemas de sensores agrupados também poderão ser adicionados no futuro.
Algumas pessoas desconhecem, mas a Marinha dos Estados Unidos usa algumas unidades dos caças F/A-18E/F Super Hornets embarcados como reabastecedores aéreos, o que reduz a capacidade combate dos esquadrões. O MQ-25 vem substituir esses Super Hornets nessa atividade para liberar eles para funções de combate.

Dar ao MQ-25 a capacidade de lançar LRASM, e potencialmente outras armas, seria um novo desenvolvimento significativo. 
Atualmente, o Super Hornet é a única aeronave da Marinha capaz de empregar LRASM. A Marinha está trabalhando para integrar o míssil em sua aeronave de patrulha e vigilância marítima P-8A Poseidon  e há planos para adicioná-lo a  pelo menos algumas variantes do F-35 Lightning II, mas apenas para transporte externo. Os bombardeiros B-1B da Força Aérea dos EUA  também podem empregar LRASM.

A versão AGM-158C-1 do LRASM agora em serviço tem um alcance máximo relatado  entre 370 e  550 km. No futuro, o AGM-158C-2 deverá estender o alcance do míssil para cerca de 1100 km.

O LRASM usa um sistema de orientação de sistema de navegação inercial (INS) assistido por GPS, bem como um sensor infravermelho de imagem passivo para a fase terminal do voo, que seleciona autonomamente o local ideal para atingir o alvo. O míssil inclui muitos outros truques sofisticados, incluindo um datalink e uma capacidade de planejamento de rotas altamente autônoma, combinada com um pacote de medidas de suporte eletrônico (ESM) a bordo que permite evitar ameaças e detectar melhor alvos potenciais. O míssil também foi projetado para trabalhar cooperativamente com outros LRASMs durante ataques coordenados, característica testada com sucesso recentemente.
Um MQ-25 reabastece um caça F-35C Lightning II em testes.

Dito isto, seria de esperar que o LRASM desempenhasse um papel fundamental num futuro conflito marítimo de alto nível, do tipo que poderia ser travado com a China. Neste cenário, os militares dos EUA teriam de confrontar a Marinha do Exército de Libertação Popular, que continua a crescer rapidamente em tamanho, bem como acrescentar novas e poderosas capacidades às suas  frotas de superfície .

É evidente que quanto mais plataformas puderem fornecer LRASM neste tipo de cenário, melhores serão as probabilidades de sucesso dos militares dos EUA. Ter os mísseis nos MQ-25 melhoraria isso. Mas o MQ-25 na verdade oferece alguns recursos exclusivos como lançador do LRASM que realmente fazem muito sentido.

A oferta MQ-25 da Boeing foi adaptada de um projeto anterior de drone de combate, portanto, possui um projeto de aeronave tática-tanque híbrido 'DNA' que serviria para missões fora do tanque e do ISR básico. Também tem claramente muitas características de redução de reflexão de radar, o que ajudaria na capacidade de sobrevivência. Estes foram em grande parte herdados de suas origens como veículo aéreo de combate não tripulado. Mas acima de tudo isso, o MQ-25 possuirá o maior raio de combate de qualquer “plataforma lançadora” potencial na ala aérea do porta-aviões. É uma lata de gás voador que pode chegar longe do grupo de porta-aviões para fornecer combustível, especialmente para caças sedentos. Sem nada para reabastecer, ele pode usar todo esse gás para ir mais longe, dando à ala aérea uma nova alavanca de alcance sem reabastecimento. Isto poderia colocá-lo em posição de lançar LRASMs no limite de um território fortemente disputado. Considerando os riscos para os grupos de ataque de porta-aviões provenientes do arsenal anti-acesso/negação de área da China, isto pode ser crítico, uma vez que apenas chegar perto o suficiente para colocar navios inimigos, ou mesmo outros alvos, em risco será um grande desafio. Esta é a principal razão pela qual o MQ-25 está sendo adquirido para começar, para aumentar o alcance dos caças existentes para que possam ser relevantes em um conflito entre pares.
MQ-25 com as asas dobradas para estocagem

Aproveitando o conjunto avançado de comunicações do MQ-25, dados de segmentação de terceiros podem ser fornecidos ao LRASM antes do lançamento, caso contrário, os mísseis podem ser programados para procurar certos alvos em áreas geográficas definidas antes do MQ-25 ser enviado em seu caminho.

Finalmente, sem humanos a bordo, o MQ-25, pelo menos em algumas circunstâncias, oferece menor risco em comparação com os seus homólogos tripulados. Não se pode comparara o custo de se perder vidas humanas em plataformas tripuladas com a perda de um drone. Além disso, se um fosse abatido, não seria necessário um esforço de busca e salvamento em combate extremamente arriscado para tentar recuperar uma tripulação aérea, uma missão que poderia custar muito mais vidas e peças de equipamento precioso.

Então, sim, o MQ-25 como caminhão de entrega de armas faz muito sentido e exigiria integração limitada para que isso acontecesse. Poderíamos até postular que a razão pela qual a Marinha não fala sobre o armamento do MQ-25 é por razões culturais e orçamentais internas, e não porque não seja relevante. Isso provavelmente mudará assim que entrar em serviço e o programa estiver em terreno estável. Na verdade, as versões da aeronave poderiam ser otimizadas para a função UCAV, permitindo uniformidade em futuras cabines de comando.

Finalmente, e de forma mais geral, ter versões do MQ-25 armadas com LRASM, e provavelmente outras armas de combate guiadas com precisão, enquadrar-se-ia nas aspirações mais amplas da Marinha de ter 60 por cento  das alas aéreas dos seus porta-aviões não tripuladas  até 2040.

Como o primeiro veículo aéreo não tripulado baseado em porta-aviões da sua classe, o reabastecedor MQ-25 já está desempenhando um papel importante no trabalho nesse sentido. Adicionar potenciais novos recursos à plataforma, e seus derivados, apenas ajudaria a atingir esse objetivo.

Como discutimos no passado, no entanto, mesmo colocar o MQ-25 básico em asas aéreas de porta-aviões em sua função inicial de avião-tanque ainda pode apresentar alguns desafios significativos.

No final do ano passado, a Marinha alertou que os trabalhos estavam avançando rápido demais em seus planos para o MQ-25, acrescentando novos riscos ao programa no processo. Ao mesmo tempo, os militares dos EUA anunciaram que a Boeing estava recebendo US$ 36 milhões adicionais para apoiar o desenvolvimento do MQ-25, especificamente para ajudar a “mitigar a obsolescência de componentes” em seis subsistemas diferentes.

O MQ-25 da Boeing foi selecionado como vencedor do CBARS em 2018 e a Marinha posteriormente traçou planos para comprar 76 exemplares. Este total compreende sete exemplos representativos da produção, 12 modelos de produção inicial de baixa taxa (LRIP) e mais 57 de produção de taxa plena.

Até agora, ao longo do programa, registaram-se vários atrasos, bem como custos crescentes. Em 2018, previa-se que o MQ-25 atingiria a capacidade operacional inicial (COI) em 2024. Esse cronograma atrasou primeiro para 2025 e depois para 2026.
MQ-25 armado com dois misseis AGM-158C LRASM.

Falando na exposição Sea Air Space esta semana, Stephen Tedford, oficial executivo do programa da Marinha para aviação não tripulada e armas de ataque, confirmou que ainda estava planejado alcançar o COI no ano fiscal de 26. Antes disso, o drone iniciará seu teste de voo da Marinha. programa na Naval Air Station Patuxent River em Maryland, programado para começar por volta de abril de 2025.

Tedford descreveu o MQ-25 como “nosso primeiro passo para a ala aérea do futuro” e que assumiria o fardo do reabastecimento aéreo em voo do Super Hornet e devolveria os F/A-18 “a serem caças táticos.” Tedford acrescentou: “É disso que se trata o MQ-25”.

O modelo recente da Boeing sugere que, além deste papel vital de reabastecimento aéreo, e potencialmente ISR, o ataque, especificamente o ataque antinavio poderia ser a próxima missão na fila para o MQ-25.

             

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Drone de combate XQ-67A da General Atomics finalmente é revelado

XQ-67A

O programa secreto Off-Board Sensing Station (OBSS) agora tem uma aeronave real e é provavelmente um vislumbre de muito mais por vir.

POR JAMIE HUNTER, JOSEPH TREVITHICK, TYLER ROGOWAY
ADAPTAÇÃO E TRADUÇÃO: CARLOS JUNIOR

A General Atomics Aeronautical Systems (GA-ASI) divulgou imagens de um novo drone de combate aéreo avançado, chamado XQ-67A. A empresa o construiu como parte de um contrato para apoiar o programa secreto Off-Board Sensing Station (OBSS) da Força Aérea dos EUA . Embora uma conexão explícita não tenha sido feita, houve indicações no passado de que este projeto aproveita o trabalho que a empresa está fazendo no Gambit, uma nova família de drones avançados que envolve diferentes fuselagens que podem ser acopladas a um chassi modular de “núcleo" comum.

As fotos do XQ-67A mostradas nesta matéria foram tiradas em local não revelado. A General Atomics, assim como Kratos , receberam pela primeira vez um contrato sob o programa OBSS em outubro de 2021. A Força Aérea posteriormente escolheu apenas a General Atomics para prosseguir com a construção e teste de voo de seu projeto.

“A General Atomics Aeronautical está muito entusiasmada em apresentar ao mundo o Off-Board Sensing Station (OBSS) XQ-67A pela primeira vez. Achamos que você está olhando para o futuro dos veículos aéreos de combate não tripulados”, disse C. Mark Brinkley, porta-voz da General Atomics. “Fala-se muito sobre UCAVs [Veículos Aéreos de Combate Não Tripulados] e o que o futuro pode reservar. Mas à medida que as pessoas aprendem mais sobre o XQ-67A OBSS e como o Laboratório de Pesquisa da Força Aérea e a General Atomics abordaram este projeto, descobrirão que é realmente diferente de tudo que já viram até agora.”

“Especificamente, o XQ-67A é um programa do AFRL [Laboratório de Pesquisa da Força Aérea dos EUA], e o GA-ASI foi selecionado para projetar, construir e pilotar essa nova aeronave”, acrescentou Brinkley. “Sem entrar em detalhes, posso dizer que estamos a avançar metodicamente nesse programa e a trabalhar em estreita colaboração com os nossos parceiros governamentais para atingir todos os objetivos do projeto e cumprir as nossas promessas. Estamos focados na velocidade de aceleração, processos de design acelerados e em trazer capacidade real para a o combate.”

As imagens que temos agora do XQ-67A, que carrega as marcações General Atomics e AFRL, mostram que ele possui trem de pouso triciclo retrátil, cauda em V amplamente aberta e asa principal com pouco enflechamento. Ele também possui uma entrada de motor dorsal montada na parte superior e uma linha furtiva que envolve a fuselagem. O design é amplamente semelhante em configuração básica ao Avenger da General Atomics , bem como ao avião-tanque MQ-25 Stingray da Boeing e ao XQ-58 Valkyrie de Kratos.

O XQ-67A possui um par de sondas de dados aéreos instaladas no nariz e marcas laranja de alta visibilidade em suas asas e cauda, ​​que são indicativas de uma aeronave destinada a testes de voo. As marcações gerais do XQ-67A são muito semelhantes àquelas aplicadas ao XQ-58As da Força Aérea , bem como os exemplares que agora são operados pelo Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA.

Mesmo depois de mais de dois anos, os detalhes sobre o programa OBSS em si permanecem muito limitados. A partir das informações disponíveis, parece estar vinculado aos esforços para estender o alcance do sensor de aeronaves de combate tripuladas, com pelo menos um possível foco no papel ar-ar e na busca infravermelha. e sistemas de rastreamento (IRST).

A General Atomics vem demonstrando há anos capacidades usando seus drones furtivos Avenger que podem ser relevantes para o OBSS. Os Avenger voam regularmente com sensores IRST e trabalham em conjunto com outras plataformas reais e simuladas durante eventos de testes complexos. Alguns desses testes foram vinculados à autonomia e às operações de drones habilitadas artificialmente para cenários de combate ar-ar.

Os IRSTs são imunes ao bloqueio de radiofrequência e podem detectar alvos furtivos que os radares podem não conseguir “ver”. Isto está a tornar-se especialmente crítico à medida que aeronaves furtivas tripuladas e não tripuladas, bem como mísseis de cruzeiro, estão agora proliferando em todo o mundo.

Embora não saibamos ao certo se também estamos vendo o primeiro vislumbre do Gambit na forma da aeronave OBSS, o que sabemos é que a General Atomics construiu um XQ-67A pronto para voo, e é provável que em breve. estar envolvido em um importante cronograma de testes que levará o obscuro programa OBSS ao próximo estágio de realização.

domingo, 11 de junho de 2023

ÍNDICE DE AERONAVES MILITARES - WARFARE Blog


TUPOLEV TU-22 M3 BACKFIRE C. A Fúria branca da força aérea russa.


Tupolev Tu-22M3 Backfire C

FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: Mach 0,82 (1008 km/h)
Velocidade máxima: Mach 1,63 (2000 km/h)
Alcance: 2000 km. em velocidade supersônica ou 6800 km em velocidade subsônica.  
Teto de serviço: 14000 m.
Propulsão: 2 motores Kuznetsov NK-25 com 24520 kg de empuxo máximo.
DIMENSÕES
Comprimento: 42,46 m
Envergadura: 34,28 m
Altura: 11,5 m
Peso: 54000 kg.
ARMAMENTO
1 canhão de canos duplos GSh-23M de 23 mm com 750 munições. A capacidade de carga é de 24000 kg e que compreende: Bombas FAB-100/ 250/ 500/ 1500/ 3000 de queda livre, Minas navais de 500 e 1500 kg; mísseis Kh-22 (AS-4 Kitchen),  Kh-15 (AS-16 Kickback), e o novo míssil hipersônico Kh-47M2 Kinzhal. 

DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
O fantástico Tupolev Tu-22M3 Backfire C é um bombardeiro único em seu gênero devido a suas dimensões e desempenho diferenciados. Ele não é um bombardeiro de longo alcance, uma vez que seu raio de ação é de pouco mais de 2400 km e seu armamento, também não iguala o transportado pelos grandes bombardeiros estratégico como o Tu-95 Bear ou o Tu-160 Blackjack, porém, sua elevada velocidade que chega a 2000 km/h o coloca como um dos mais velozes bombardeiros dedicado do mundo ao lado do seu irmão maior Blackjack. Devido a suas características diferenciadas, o Tu-22M3 pode ser classificado como um bombardeiro estratégico intermediário.
O velho bombardeiro Tu-22 Blinder apresentou desempenho muito abaixo do que era requisitado.

O desenvolvimento do Tu-22M teve inicio nos anos 60 visando substituir o bombardeiro Tu-22 Blinder cujo desempenho não estava sendo satisfatório. Para resolver essa necessidade da força aérea russa, os engenheiros da Tupolev projetaram um grande avião com asas de geometria variável, recurso este que estava sendo amplamente usado em diversos projetos soviéticos de aeronaves de combate como o Mig-23, Su-17 Fitter e Su-24 Fencer, e que solucionava algumas das deficiências de desempenho em voo de baixa velocidade, aterrissagem e decolagem que ocorria com o antigo Tu-22 Blinder. O primeiro Tu-22M voou no final de agosto de 1969 e apenas nove unidades desse modelo foram construídos para efeito de desenvolvimento do projeto. Mais nove outros Tu-22M1, versão de pré-produção, foram construídas para seguir com os estudos de aperfeiçoamento do modelo.
Tu-22M3 em aproximação para pouso.

O modelo de produção, já com varias melhorias aplicadas foi chamado de Tu-22M2 e entrou em serviço em 1972 e a maior modificação estava em sua entrada de ar para os motores que apresentava uma semelhança com a encontrada no caça norte-americano F-4 Phanton II. Porém a versão definitiva deste bombardeiro só apareceu em 1983. Chamado de Tu-22M3 Backfire C, esta versão apresentava entradas de ar muito semelhantes ao encontrado no grande interceptador MIG-25 Foxbat, além de ter recebido novos motores Kuznetsov NK-25, mais potentes, produzindo 24520 kg de empuxo cada. Com uma potencia total de 49040 kg de empuxo, o Tu-22M3 demonstrou um desempenho melhor chegando a velocidade máxima de 2000 km/h, contra 1750 km/h atingidos pelo Tu-22M2. O alcance do novo Tu-22M3 foi melhorado em 33% em relação a versão anterior chegando a um raio de ação de 2410 km voando em velocidade supersônica, ou, 6800 km em voo econômico, (velocidade subsônica). O peso foi outra mudança entre o Tu-22M3 e seu antecessor. O novo Backfire é três toneladas mais leve que o Tu-22M2, devido as mudanças de desenho e estruturas aplicadas ao modelo.
Cada motor Kuznetsov NK-25 entregam quase 25 mil quilogramas de empuxo cada um. Isso, somado a ao baixo coeficiente aerodinâmico, permite ao Backfire atingir velocidade máxima de 2000 km/h. 

O armamento foi diversificado também. O Tu-22M3 tem capacidade de transportar até 24000 kg de armamento que pode ser composto por 69 bombas de queda livre FAB-250 ou até oito bombas FAB-1500. O Backfire pode transportar também, duas bombas FAB-3000, extremamente potentes, ideais para uso contra alvos reforçados. Os números que constam no nome dessas bombas dão conta do peso delas em quilogramas. Outra carga pouco comentada nos artigos que tratam do Backfire  são as minas navais que são lançadas para interdição naval. Podem ser transportados dois tipos de minas navais sendo que a configuração de transporte delas pode ser de 42 minas de 500 kg ou oito grandes minas de 1500 kg. O arsenal do Backfire, conta com uma variedade de mísseis de precisão como o Raduga Kh-22, mais conhecido no ocidente pela denominação dada pela OTAN “AS-4 Kitchen”, um míssil antinavio extremamente potente cujo alcance pode chegar a 500 km dependendo da versão e condições do lançamento. Este míssil é guiado por INS e por radar ativo, na fase final do ataque, tem uma velocidade de 4300 km/h e sua pesada ogiva de 900 kg de carga moldada revela o principal alvo do Kh-22; os grandes porta-aviões da marinha dos Estados Unidos. Essa ogiva representa mais que dobro do tamanho da de um míssil antinavio convencional. Consta, ainda, que existe uma versão deste míssil equipada com uma ogiva nuclear de 1 megaton (Mt). Essa versão, especificamente, poderia incinerar todo um grupo de batalha norte americano em um só golpe.
O enorme míssil antinavio Kh-22 (AS-4 Kitchen) é o armamento que fez o Backfire se tornar uma grande dor de cabaça para os grandes porta aviões norte americanos.

Outro míssil que faz parte do arsenal do Backfire é o Kh-15 (AS-16 Kickback) um míssil nuclear tático para interdição do campo de batalha, usando uma ogiva nuclear de 350 Kt. O Kh-15 é lançado de um sistema rotatório interno do Tu-22M3 com capacidade de abrigar seis mísseis. O alcance deste míssil é de 280 km, dependendo dos parâmetros de lançamento e seu sistema de guiagem se dá por INS, na versão nuclear. Existe a versão antinavio, chamada Kh-15S, com alcance reduzido para 150 km e equipada com uma ogiva de 150 kg convencional. A sua forma de guiamento se dá por radar ativo.
Mais recentemente, juntou-se ao arsenal de armas que podem ser empregadas no Backfire C, o míssil hipersônico Kh-47M2 Kinzhal. Ao todo, podem ser transportados 4 unidades dessa arma. O Kinzhal pode atingir alvos à distancia máxima de 2000 km e sua velocidade pode chegar a mach 10 (12350 km/h aproximadamente) na fase alta do voo (cerca de 20 km de altitude). Sua ogiva pode ser convencional de alto explosivo ou nuclear com rendimento entre 5 e 50 kt. O sistema de guiagem do Kinzhal é um dado classificado, porém acredita-se que seja uma combinação de um sistema INS que é imune a interferências externas, e por sistema GLONASS. Mesmo assim, algumas fontes chegam a informar que, ainda, há um radar ativo que é usado na fase terminal do ataque.
O Tupolev Tu-22M3 transporta armas externamente em cabides sobre as asas e em um compartimento interno de armas cujo tamanho, relativamente limitado, permite transportar mísseis Hh-15 ou bombas de queda livre.

Para auto defesa, o Backfire, conta ainda, com um canhão de cano duplo em calibre 23 mm GSh-23M que é controlado pelo radar de ré PRS-4KM montado acima do canhão, na base da superfície vertical de controle. Esse canhão tem uma cadencia de tiro na ordem de 2600 a 3000 tiros por minuto e sua capacidade é de 750 projéteis. Além de munição comum, o GSh-23M pode disparar projéteis especiais que agem como iscas flares e chaffs, atrapalhando o sensor de mísseis guiados por calor ou por radar que sejam lançados contra o Backfire pelo quadrante traseiro.
Com um canhão GSh-23 em calibre 23 mm, controlado remotamente, se aproximar pelo quadrante traseiro do Backfire é uma conduta bastante perigosa. 

O radar de ataque usado no Tu-22M3 é o Leninets PNA-D, Este radar funciona com apoio de um sistema de navegação e ataque NK-45. Abaixo do cone do radar existe um sensor óptico OBP-15T usado para mira de bombardeiro com bombas não guiadas (bombas burras).  Como não se pode prescindir nesse tipo de aeronave de combate a suíte de guerra eletrônica do Backfire é bastante completa. O sistema interferidor GERAN SPS-171/ 172 sobrecarrega os radares inimigos com sinais eletrônicos que impedem a determinação da posição correta do Backfire pelos radares inimigos. Além disso, existe um sistema de alerta de aproximação  de mísseis infravermelhos L-082 MAK-UT fornecido pela Ural. Este sistema, operado de forma integrada com o sistema de lançamento de Chaffs (iscas de radar) e flares (iscas infravermelha) APP-50. Para alertar o piloto sobre emissões de radar inimigas que estejam rastreando o Backfire, é usado um sistema RWR Avtomat-3 fornecido pela Ural, também. Como os sistemas de guerra eletrônica apresentada aqui fazem parte de uma mesma suíte fornecida pela Ural, o sistema opera de forma automática quando uma ameaça é detectada, maximizando a eficiência da resposta em caso de ataque.
Devido ao grande tamanho, é possível transporta uma grande variedade de dispositivos eletrônicos para defesa EW (Electronic Warfare -  Guerra Eletrônica).

O Tu-22M3 é um bombardeiro extremamente perigoso, com forte capacidade de infringir severos estragos em um grupo de batalha naval, com suas armas antinavio. Seu armamento e sistema de navegação permitem atacar, de forma muito eficiente, alvos em terra, como bases aéreas ou centro de radares inimigos. Ataques com armas nucleares sobre o campo de batalha ou mesmo contra alvos estratégicos, também fazem parte do “itinerário” do Backfire. Embora o avião apresenta um projeto antigo, para os padrões atuais, ele é, ainda, muito eficiente e digno de respeito pelas forças inimigas. Esse artigo tem por objetivo apresentar apenas a versão Tu-22M3. 
Uma versão atualizada, conhecida como Tu-22M3M está em testes de desenvolvimento nesse momento e quando estiver operacional, trarei os detalhes aqui no WARFARE Blog.
Tupolev Tu-22M3 Backfire C em 3 vistas