sexta-feira, 19 de julho de 2024

BOEING EA-18G GROWLER. O punho eletrônico da US Navy

Boeing E/A-18G Growler

FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: mach 1
Velocidade máxima: mach 1,8
Razão de subida: 13682 m/min.
Potência: 0,93.
Carga de asa: 92,8 lb/pé².
Fator de carga: 7,5 Gs, podendo atingir 10 Gs por pequenos espaços de tempo.
Taxa de giro instantânea: n.d.
Razão de rolamento: n.d.warfare blog
Teto de Serviço: 15940 m. 
Raio de ação/ alcance: 1,574km com dois mísseis AIM-120, três pods ALQ-99, dois mísseis AGM-88 HARM e dois tanques externos de 480 galões/3.330km 
Alcance do radar: Raytheon AN/ APG-79 com 160 km (RCS 5m2).
Empuxo: 2 motores F-414 GE-400 com 10.000kgf de potência com pós combustor.
DIMENSÕES
Comprimento: 18,5 m.
Envergadura: 13,68 m.
Altura: 4,87 m.

DESCRIÇÃO
Por Sergio Santana

AS ORIGENS DO "GROWLER"
O projeto da aeronave que resultou no Northrop Grumman EA-18G “Growler” (“Resmungador”), iniciou-se no final dos anos 1990, culminando com uma demonstração de voo bem sucedida de um F-18F Super Hornet – designado “F-1” – em 15 de novembro de 2001, como prova de conceito para o programa “Airborne Electronic Attack” (Ataque Eletrônico Aerotransportado), que visava a substituir o Grumman EA-6B “Prowler” como futuro vetor de guerra eletrônica a bordo dos porta-aviões da US Navy. 
Dois anos depois, a instituição concedeu um contrato de desenvolvimento do EA-18G para a Boeing, que seria a contratante principal, devendo construir a fuselagem dianteira, as asas e fazer a montagem final, enquanto a Northrop Grumman, como subcontratada, faria as seções central e traseira da fuselagem, bem como os componentes do sistema de combate eletrônico. 
O primeiro exemplar de teste do EA-18G entrou em produção em 22 de outubro de 2004, e a primeira aeronave de teste, conhecida como EA-1, foi lançada em 3 de agosto de 2006, antes de fazer seu voo inaugural em 15 de agosto de 2006.
No mês seguinte foi transportado para a Estação Aeronaval de Patuxent River em 22 de setembro de 2006. O segundo exemplar, EA-2, voou pela primeira vez em 10 de novembro de 2006, e foi entregue à Patuxent River em 29 de novembro de 2006. Ambas as aeronaves foram atribuídas ao VX-23 ‘Salty Dogs’. Os EA-1 e EA-2 eram F/A-18Fs “F-134” e “F-135”, retirados da linha de produção de St. Louis e modificados para a configuração EA-18G. Como não foram construídos inicialmente como Growlers, a Marinha norte-americana designou essas duas aeronaves de teste como NEA-18G. A primeira aeronave operacional foi entregue à Estação Aeronaval de Whidbey Island em junho de 2008 e a avaliação operacional começou em outubro do mesmo ano a bordo do USS John C Stennis.
Baseado na versão F/A-18F Super Hornet, o Growler traz uma capacidade de combate aéreo que o antigo EA-6B Prowler, não tinha.

CARACTERÍSTICAS TECNICAS DO "GROWLER"
Tendo como missões o ataque eletrônico e supressão das defesas aéreas inimigas, especialmente no início e nos estágios iniciais das hostilidades em curso, o Growler é equipado com um conjunto exclusivo de dispositivos projetados para as suas tarefas:

Northrop Grumman AN/ALQ-218(V)2: carregado nas pontas das asas e à frente do cockpit do Growler (onde ficava o canhão M61 Vulcan), é um sistema de sensor receptor de alerta de radar passivo aerotransportado/medidas de apoio à guerra eletrônica/inteligência eletrônica (RWR/ESM/ELINT) projetado para consciência situacional e coleta de inteligência de sinais. O AN/ALQ-218 detecta, identifica, localiza e analisa fontes de emissão de radiofrequência.

EDO Corporation AN/ALQ-99: carregado em até três unidades sob as asas e linha central do Growler, o AN/ALQ-99 foi “herdado” do “Prowler”, sendo formado por um receptor, antenas, transmissores de interferência e equipamento excitador. O sistema é capaz de interceptar, processar automaticamente e bloquear sinais de radiofrequência recebidos Os receptores do sistema também podem ser usados para detectar, identificar e direcionar esses sinais, fornecendo inteligência de sinais (SIGINT) de forma automática ou manual. O AN/ALQ-99 tem uma potência máxima de 10,8 kW em suas versões mais antigas e de 6,8 kW em suas versões mais recentes e usa uma turbina de ar comprimido para fornecer sua própria energia. O AN/ALQ-99 é capaz de bloquear frequências de 64 MHz a 20 GHz. As faixas de frequência de interferência são definidas em 10 bandas: Banda 1: 64 - 150 MHz; Banda 2: 150 - 270 MHz; Banda 3: 270 - 500 MHz; Banda 4: 0,5 - 1 GHz; Banda 5/6: 1 - 1,25 GHz; Banda 7: 2,5 - 4 GHz; Banda 8: 4 - 7,8 GHz; Banda 9: 7,8 - 11 GHz; Banda 10: 11 - 20 GHz.

Raytheon AN/ALQ-227: é um conjunto de contramedidas de comunicação AN/ALQ-227 é um dispositivo instalado internamente no Growler projetado para interceptar, processar e bloquear sinais, e também para determinar onde eles se originaram. 
Aqui, um tripulante verifica um pod AN/ALQ-99: 

Além destes equipamentos específicos, e sendo um derivado do Super Hornet, o Growler possui o radar AESA Raytheon AN/APG-79, com alcance de detecção de 150 km contra um alvo de 1m2, possuindo modos ar-ar (incluindo busca e rastreamento aéreos) e  e ar-superfície (incluindo busca marítima e indicação e rastreamento de alvos móveis no solo). 
Completando o pacote de equipamentos eletrônicos, o Growler possui o sistema de dispensador de contramedida BAe Systems AN/ALE-47, integrado com os receptores de aviso de radar da aeronave, receptores de alerta de mísseis e outros sensores de guerra eletrônica. Quando os sensores da aeronave detectam uma ameaça, o sistema de dispensador de contramedida lança automaticamente contramedidas de chaff e flare, no momento ideal para derrotar os mísseis a caminho da aeronave. O AN/ALE-47 consiste em uma unidade de controle de cockpit, unidades sequenciadoras e os dispensadores de contramedida, As unidades sequenciadoras controlam os dispensadores e são automaticamente capazes de detectar erros de ignição e corrigi-los. Cada dispensador pode conter cinco tipos diferentes de contramedidas para um total de 30. Todo o sistema pode acomodar até 32 dispensadores em aeronaves como o Growler.
O painel do piloto do Growler segue o mesmo padrão do F/A-18F Super Hornet. Já, abaixo, podemos ver o painel do Oficial de Guerra Eletrônica (EWO).

Todos esses sistemas são gerenciados por um segundo tripulante, denominado “EWO”, sigla em inglês para “Oficial de Guerra Eletrônica”, que dispõe de telas LCD e touchscreen de 8x10 polegadas e 5x5 polegadas. Assim como o piloto, o EWO tem um sistema de pontaria montado no capacete, que possibilita a ambos dispararem as armas da aeronave, enquanto executam manobras evasivas de alta aceleração sem receio de ultrapassar os limites da aeronave, cujas superfície de controle são atuadas por FBW. Como é típico da sua geração, os comandos principais para operar a aeronave estão concentrados na coluna de controle e nos manetes de potência, dentro da filosofia HOTAS.   
Por falar em armas, ao contrário do Prowler, o Growler pode ser armado para autodefesa, com mísseis Raytheon AIM-120 AMRAAM, enquanto que para as missões de ataque a aeronave pode ser armada com mísseis anti-radiação Northrop Grumman AGM-88 HARM e mesmo a bomba planadora Raytheon AGM-154 JSOW. 
Nessa foto, é visível um míssil anti-radiação AGM-88E HARM, no cabide externo da asa. Para auto defesa, o Growler, também, é armado com mísseis de médio alcance AIM-120 AMRAAM.

OS "BLOCKS" DO GROWLER
O EA-18G é fabricado em dois “Blocks”: o Block 1 é equipado com até três pods AN/ALQ-99, os dispositivos AN/ALQ-218(V)2 e AN/ALQ-227. O Block 2 Growler está equipado com o radar AN/APG-79, e os dispositivos AN/ALQ-218(V)2 AN/ALE-47. Deve ser lembrado que as aeronaves do Bloco 2 têm a capacidade de transferir dados de alvo para outros meios aéreos, terrestres ou de plataformas de ataque de superfície através do Link 16.

ENTRADA EM SERVIÇO E O CLIENTE ESTRANGEIRO
Em 5 de agosto de 2009, Growlers EA-18G de VAQ-129 e VAQ-132 completaram seu primeiro pouso em porta-aviões a bordo do USS Harry S. Truman. O primeiro esquadrão EA-18G foi o VAQ-132 ‘Scorpions’, que atingiu status operacional em outubro de 2009. O primeiro cruzeiro operacional do Growler foi anunciado em fevereiro de 2011, com ele tendo sido empregado em combate pela primeira vez no mesmo ano durante a Operação ‘Odyssey Dawn’, reforçando a zona de exclusão aérea da ONU sobre a Líbia.  
Até o momento, o único operador do EA-18G Growler é a Real Força Aérea Australiana, que em 2008 anunciou a compraria até seis EA-18Gs (quantidade dobrada em 2013), que integravam o pacote de 24 F/A-18F Super Hornets.
A Austrália recebeu o primeiro de doze Growlers em 29 de julho de 2015, com entrega dos jatos restantes prevista para 2017. Seguindo as missões da Operação ‘Odyssey Dawn’ da Marinha dos EUA em 2011 sobre a Líbia, a Real Força Aérea Australiana decidiu adicionar o pod Raytheon ATFLIR nos seus Growler, melhorando a capacidade de identificação visual dos alvos detectados.
Operados pelo 6º Esquadrão, baseado em Amberley, os Growler australianos também são armados com o míssil  ar-ar de curto alcance Raytheon AIM-9X Sidewinder.
A Real Força Aérea Australiana (RAAF) é o único usuário estrangeiro do EA-18G Growler, com 12 unidades (um esquadrão).

A Marinha dos Estados Unidos possuem, atualmente, 152 EA-18G Growler em serviço.

Graças a configuração de "caça", o EA-18G pode se defender bem caso precise lutar para voltar para casa.

Esquema em 3 vistas do EA-18G Growler

 
           
Sergio Santana Bacharel em Ciências Aeronáuticas (Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL), pós-graduado em Engenharia de Manutenção Aeronáutica (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC/MG). Colaborador de Conteúdo da Shephard Media. Colaborador das publicações Air Forces Monthly, Combat Aircraft e Aviation News. Autor e co-autor de livros sobre aeronaves de Vigilância/Reconhecimento/Inteligência, navios militares, helicópteros de combate e operações aéreas   


                       


quinta-feira, 27 de junho de 2024

RAYTHEON AIM-9X SIDEWINDER - O herdeiro do mais famoso míssil ar ar da história.


AIM-9X
FICHA TECNICA 
Comprimento: 3,02 m.
Envergadura: 0,45 m.
Peso: 85 kg.
Alcance: 16 km.
Velocidade: mach 2,8
Propulsão: Propelente sólido MK36
Ogiva: Tipo WAU-17/B com 9,4 kg, com explosão de fragmentação anular.
Sistema de guiagem: Buscador Infravermelho com grande ângulo de busca (90º)
Plataformas de lançamento: F-15, F-16, F/A-18, F-22, e F-35.

DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior

Quando se pensa em um míssil ar ar de curto alcance, a primeira imagem que se vem à cabeça (pelo menos para quem conhece um pouquinho de aviação de caça) é o míssil AIM-9 Sidewinder montado na ponta da asa de algum caça como um F-5E Tiger II ou em um cabide sob a asa de um F-15 ou F-16. Trata-se de um projeto desenvolvido no final dos anos 40 e que entrou em serviço na segunda metade da década de 50 do século passado. A saga do Sidewinder já conta com quase 70 anos de desenvolvimento distribuídos em muitas versões com capacidades e funções diferentes. Houve uma versão antiaérea chamada de MIM-72 Chaparral, que era lançada de um veículo blindado. Uma outra versão anti-radar, AGM-122 Sidearm, lançada de de helicópteros de combate Apache, Cobra ou de aeronaves  caça AV-8B Harrier II.
Independente da versatilidade do projeto, as versões que dominam a maior parte da história desse projeto, foram as de combate aéreo.
Míssil AIM-9M Sidewinder. Esta versão foi substituída pelo atual AIM-9C. Alguns componentes do modelo M foram aproveitados no X, sendo o motor foguete e a espoleta de aproximação a laser, alguns destes itens.

Depois da queda da cortina de ferro, com o colapso da União Soviética, em 1989, algumas tecnologias que não eram conhecidas pelo ocidente foram expostas e se descobriu que os mísseis de curto alcance R-73 empregados em aviões de combate soviéticos, tinham capacidades muito (e reforço, muito) superior aos AIM-9L/M usados pelos aviões de combate norte americanos e da OTAN. O R-73 opera com seu sensor de busca integrado a um visor montado no capacete do piloto do caça, e quer podia ser travado no alvo em ângulos elevados (45º) além da linha de visada (capacidade off boresight), o que garantia a possibilidade de ser lançado com alta probabilidade de abate contra um avião inimigo manobrando forte sem que o avião lançador estivesse alinhado com o alvo. Para se ter uma ideia, o AIM-9M, míssil que era operado pelos aviões de combate norte americanos naquela época, tinha um ângulo de rastreio de apenas 27,5º. Para fechar a conta, o R-73 usa vetoração de empuxo, o que permite manobrar violentamente e superar a capacidade de manobra de todos os modelos de aviões de combate. Não importa o quão manobrável seja o caça alvo. Contra o R-73 ele estará em desvantagem, devido a essa alta capacidade de manobra do míssil.
Essa superioridade do R-73 frente ao míssil AIM-9 Sidewinder foi o gatilho para se buscar um novo míssil ar ar, ou integrar todas essas habilidades à uma nova versão do Sidewinder.
A escolha recaiu sobre uma nova versão do Sidewinder, que foi batizado de AIM-9X e em 1994, foi dado a duas empresas, a Hughes Missile Systems Company e a Rayheon, contratos de desenvolvimento para que competissem entre si para que a melhor proposta fosse escolhida e produzida em série.  Esse procedimento de concorrência é uma característica bastante comum nas forças armadas norte americanas.
O vencedor foi a Hughes, porém, a Raytheon acabou adquirindo a Hughes posteriormente e passou a comandar projeto do AIM-9X que foi escolhido e adquirido pela USAF (Força Aérea dos Estados Unidos) e a US Navy (Marinha dos Estados Unidos).
O AIM-9X entrou em serviço na USAF (Força Aérea dos Estados Unidos) e na USN (Marinha dos Estados Unidos). Aqui temos um F/A-18F Super Hornet da USN com um AIM-9X na ponta da asa e um míssil anti-radar AGM-88F HARM no cabide sob a asa.

O míssil AIM-9X difere, externamente, das versões anteriores por usar superfícies de controle bem menores. Seu sensor de busca foi projetado para poder ser acomodado em um bico menor. Os canards do míssil, diferente dos AIM-9 anteriores, são fixos, enquanto as barbatanas traseiras são inteiramente moveis, não dispondo dos rollerons encontrados nos modelos anteriores. Esse conjunto, somando com a vetoração de empuxo do míssil, permite manobrar muito mais rapidamente que as versões anteriores. O míssil possui redução da envergadura total do míssil. Tudo isso visando melhorar muito a aerodinâmica do míssil.
O sensor de busca infravermelha consegue rastrear o alvo em ângulos de 90º fora da linha de visada. Este sensor pode operar de forma integrada ao radar do avião lançador, para se direcionar automaticamente para o contato radar. Também pode ser operado de forma integrada ao capacete JHMCS permitindo que o alvo seja selecionado pelo piloto apenas olhando para o alvo, como no R-73 russo, porém, com considerável maior ângulo de aquisição. Embora tenha sido informado que o buscador infravermelho usado no AIM-9X seja capaz de diferenciar o alvo real de iscas tipo flares, já ocorreram situações de combate reais recentes onde o AIM-9X tenha sido ludibriado por iscas flares de origem russas. Uma teoria sobre isso, diz que o sistema foi testado e calibrado para lidar com as iscas que os americanos usam. 
O sensor infravermelho do AIM-9X é capaz de rastrear um alvo que esteja a 90º de sua frente. Isso garante que ele possa engajar este alvo sem que a aeronave lançadora precise manobrar fortemente para se alinhar com o alvo, como era o caso dos mísseis anteriores

O motor do AIM-9X é o MK-36, mesmo usado no modelo M, porém, com introdução de vetoração de empuxo, como mencionado anteriormente, útil enquanto o motor ainda estiver queimando. Sua capacidade de manobra, graças à essa habilidade de vetorar o fluxo de saída dos gases da queima do motor, é de 60 Gs. A titulo de comparação, o AIM-9M, empregado nos caças norte americanos nos anos 90 do século passado, chegavam à 30 Gs, no máximo.
O alcance do míssil é de cerca de 16 km. Porem, se lançado contra um alvo vindo de frente, somando-se a energia inercial após o término da queima do combustível, pode-se presumir que ele consiga, nessa situação, ser lançado há cerca de 30 km contra seu alvo.
Aqui podemos ver uma foto destacando o sistema de vetoração de empuxo do AIM-9X. Observem, também, que as superfícies de controle traseiro são totalmente moveis.

A ogiva do AIM-9X é do tipo WAU-17/B com 9,4 kg alto explosivo e fragmentação anular, o que aumenta sua letalidade de forma significativa. A ogiva não depende de impacto direto para explodir. Na verdade, a detonação dessa ogiva ocorre através de uma espoleta de aproximação a laser DSU-15B/B.

O sistema de espoleta de aproximação a laser DSU-15B/B

A versão AIM-9X Block II entrou em serviço a partir de 2015 e recebeu a capacidade de travamento do alvo após o lançamento (LOAL) e um sistema de link de dados para receber atualização de dados de posicionamento do alvo. Essa versão é a que é empregada nos caças de 5º geração norte americanos F-22 e F-35. Além disso, o AIM-9X Block II pode ser lançado da superfície, através da bateria antiaérea do sistema NASAMS 3, correspondendo a arma de curto alcance para este sistema multimísseis que, normalmente emprega o AIM-120 AMRAAM  de médio alcance. 
Lançamento de um míssil AIM-9X II de um lançador do sistema NASAMS 3. Este sistema permite empregar, também, o míssil de médio alcance AIM-120 AMRAAM.

Atualmente, todos os caças de primeira linha norte americanos, F-15, F-16, F/A-18C/D/E/F, F-22 e F-35 estão homologados para emprego do AIM-9X. Muitos países, usuários de modelos de aeronaves de combate dos Estados Unidos, notadamente o F-16, F-35 e as variantes do F-18 Hornet, já empregam o AIM-9X em suas aeronaves, podendo ser considerado um sucesso comercial no mercado de exportação.
Caça F-22A Raptor em um lançamento de teste do AIM-9X II. Os caças de 5º geração F-22 e F-35 foram os últimos caças norte americanos a receberem a integração do míssil AIM-9X.

Míssil AIM-9X instalado no cabide externo de um F-35A Lightining II.


                  

sábado, 18 de maio de 2024

KAI KF-21 BORAMAE - A gênese do que pode se tornar o primeira caça de 5º geração sul coreano.

 

FICHA TECNICA 
Velocidade de cruzeiro: Mach 0.9 (1111 km/h)
Velocidade máxima: Mach 1.80 (2220 km/h)
Razão de subida: 15240 m/min (estimado).
Potência: 1,1.
Carga de asa: 78,33 lb/ft².
Fator de carga: 8,5 Gs (estimado).
Taxa de giro instantânea: 21º/s (estimado).
Razão de rolamento: *250º/s (estimado).
Teto de Serviço: 16000 m.
Alcance: 2800km.
Alcance do radar: Hanwha Systems KF21AESA - 130 km contra alvos de 1m2 de RCS (estimado).
Empuxo: 2 motores General Electric F414-GE-400K, com 9790 kgf de empuxo máximo, cada um.
DIMENSÕES
Comprimento: 16,9 m.
Envergadura: 12,2 m.
Altura: 4,7 m.
Peso vazio: 11800 kg.
Combustível Interno: 17000 lb
ARMAMENTO
Ar Ar: Míssil de curto alcance IRIS-T, Míssil de longo alcance Meteor, Míssil de médio alcance AIM-120C/D Amraam, AIM9X Sidewinder.
Ar Terra: Míssil de cruzeiro Taurus KEPD 350, Míssil AGM-65 Maverick, Míssil Brimstone, Bombas de queda livre da família MK, Bombas de fragmentação CBU-87, CBU-97, WCMD, Bombas guiadas por GPS da família JDAM, Bomba planadora KGGB.
Interno: 1 canhão General Electric M-61A2 Vulcan  em calibre 20 mm.

DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
A Força Aérea da Coréia do Sul (ROKAF) possui uma grande responsabilidade sobre suas costas: A defesa de um espaço aéreo de um país que, tecnicamente, se encontra em guerra com a Coreia do Norte desde os anos 50 do século passado, uma vez que nunca foi assinado um tratado de paz. Por isso, sua força aérea é tratada com bastante atenção pelas autoridades politicas do país que investem grandes quantias de dinheiro para que a capacidade da aviação de combate do país tenha uma quantidade grande de caças e que estes sejam aeronaves de boa capacidade. No entanto parte de sua capacidade de combate aéreo já tem uma idade avançada. São 19 caças bombardeiros pesados F-4E Phanton II, e 80 caças F-5E Tiger II. Para substituir esses velhos caças, a Coreia poderia encomendar mais caças F-15K e KF-16 (O F-16 fabricado sob licença por eles) ou partir para investir em um desenvolvimento próprio de uma nova aeronave de combate que tivesse recursos mais modernos.
Durante os estudos para encontrar a configuração aerodinâmica que atendesse melhor os requisitos de desempenho que a Força Aérea da Coreia do Sul solicitou, muitos desenhos foram considerados, incluindo a configuração com canards ativos como nesse desenho conceitual.

A opção escolhida foi partir para um desenvolvimento do zero de um caça leve bimotor que tivesse desenho furtivo, mas que inicialmente, em seu primeiro lote transportaria suas cargas de armas externamente, mas com previsão para mudanças nos segundos lotes para a implementação de um compartimento de armas interno, que tornará esse projeto seu primeiro avião de 5º geração quando estiver pronto. O projeto desta aeronave foi chamado de KF-X, e quando o protótipo foi apresentado em 2021, recebeu o nome de KF-21 Boramae. A Coreia do Sul assinou um contrato com a Indonésia que deveria arcar com 20%  do custo de desenvolvimento do projeto, sendo que no entanto, o país deixou de pagar os valores contratados colocando em duvida o futuro da participação da Indonésia no programa. Problemas com espionagem industrial também pesam atualmente na polemica participação da Indonésia no desenvolvimento do KF-21.

O KF-21 Boramae teve sua apresentação publica em 9 de abril de 2021.

O KF-21, em seu primeiro lote, conforme informei anteriormente, transporta suas armas externamente, o que o torna mais fácil de ser detectado pelos radares inimigos. Por isso, ele ainda é considerado uma aeronave de 4,5 geração. Os lotes futuros terão capacidade de transportar armas internamente e isso o tornará um caça furtivo de 5º geração.
Ao todo foram construídos 6 protótipos, sendo que destes, dois são bipostos, porém com capacidade de combate total. O programa de testes de voo está indo perfeitamente bem e sem intercorrências graves, o que mostra um alto grau de competência dos engenheiros da KAI no desenvolvimento do seu novo caça.
Momento do primeiro voo do KF-21 numero 1 em 19 de julho de 2022.

Uma qualidade que considero importante em qualquer caça moderno, é a sua relação empuxo peso. Uma aeronave que tenha uma relação em que o empuxo de seus motor seja próximo do peso da aeronave em condição de combate, ou ainda, melhor, que supere esse valor, vai resultar em um caça que pode manobrar de forma agressiva perdendo menos energia em manobras de combate aéreo ou se recuperando rapidamente, depois de uma manobra de alto G. E é nesse ponto que o projeto do KF-21 surpreendeu positivamente. Quando configurado para missão de combate ar ar, sua relação empuxo peso é 1,1. Isso é melhor do que consegue um caça SAAB JAS-39E Gripen (nosso F-39), e ainda melhor do que o caça F-35 consegue. Para se chegar a esse desempenho, a KAI conseguiu fabricar uma aeronave relativamente leve, e instalou dois confiáveis motores General Electric F-414-GE-400K (uma versão do motor usado no F/A-18E Super Hornet e no nosso F-39 Gripen E). Esses motores, que serão fabricados sob licença pela empresa sul coreana  Hanwha Aerospace, entregam 9790 kgf de empuxo com os pós combustores ligados.
Embora muitos dados oficiais de desempenho ainda não tenham se tornado publico, é notório que o KF-21 é um avião que manobra bem, de forma ágil e que acelera bem também.

Embora a aeronave seja uma novidade e ainda esteja em testes de desenvolvimento, alguns vídeos do KF-21 em voo e executando manobras, já deixou claro que ele é um avião bem ágil o que é uma característica positiva. O que não se sabe, ainda, pois não foi informado, é sua capacidade estrutural para suportar as forças G. Não se sabe qual é o limite G para manobras instantâneas e sustentadas. 
Outro interessante dado é que mesmo sendo um avião com uma boa relação empuxo peso, sua aerodinâmica não foi muito colaborativa para alta velocidade máxima. Isso parece estar se tornando um padrão em novos projetos de aeronaves de combate. O KF-21 atinge a velocidade máxima de mach 1,8 em alta altitude, o que representa cerca de 2220 km/h. Isso é um pouco mais rápido do que consegue entregar um F-35. 
Sua capacidade de transporte de combustível internamente é de 17000 lb, o que permite a aeronave ter um alcance de cerca de 1000 km. Se instalar os tanques externos, esse desempenho aumenta para 2800 km. 
Nessa foto podemos ver um equipamento (rampa de estabilização de rotação) que é empregado para testes de voo em altos ângulos de ataque.

A Coréia do Sul, havia solicitado aos Estados Unidos, uma série de tecnologias chaves para o projeto do KF-21. A maioria delas foi liberadas pelas autoridades norte americanas. Nesse ponto, o leitor mais atento terá percebido que eu escrevi "maioria".  Sim, meus amigos, os Estados Unidos não aceitaram fornecer 4 das tecnologias pedidas, e isso foi um problema sério para o andamento do desenvolvimento do KF-21. As tecnologias negadas foram: O radar AESA, sistema de rastreamento passivo infravermelho (IRST), pod de mira eletro-óptica (EO TGP) e tecnologia de interferência de radiofrequência (RF jammer). Como você, leitor, pode imaginar, essas são, justamente as tecnologias que a Coreia do Sul não tinha e com a recusa dos norte americanos de liberarem, geraram atrasos no programa.
Algumas tecnologias criticas que foram solicitadas pelos sul coreanos aos Estados Unidos para o projeto KF-X (agora KF-21) e que foram negadas, atrasaram bastante o desenvolvimento da aeronave.

Por isso, o radar precisou ser desenvolvido do zero através dos trabalhos de pesquisa e desenvolvimento da empresa Hanwha Systems, porém com suporte da empresa israelense Elta Systems, que já é conhecida no mercado internacional como uma espécie de "plano B" para quando uma nação não consegue adquirir dos fornecedores tradicionais, tecnologia de sensores como radares aerotransportados. Na minha pesquisa para escrever esta matéria, não encontrei uma designação do modelo de radar que foi desenvolvido para o KF-21, por isso, vou me referir a ele como KF21 AESA. Como se pode notar pela nomenclatura que usei, trata-se de um modelo de varredura eletrônica ativa, como os mais modernos encontrados nos caças de 4º e 5º geração em serviço atualmente. As especificações do desempenho deste radar também não foram divulgadas ainda, mas a julgar pelos padrões encontrados em outras aeronaves de mesma categoria, posso estimar que tenha capacidade de engajamento de alvos múltiplos, algo como, pelo menos 6 alvos simultaneamente, capacidade de interferir nos sensores inimigos, através de redirecionamento de sinais (jammer ativo), e que tenha um alcance de detecção na casa dos 120 a 140 km no modo ar ar.
Rara foto do radar  Hanwha Systems KF21 AESA

Para detecção passiva, o KF-21 usa um sensor de buscar e rastreio por infravermelho IRST desenvolvido pela mesma empresa Hanwha Systems que desenvolveu o radar. Porém, para o IRST a Hanwha recebeu ajuda da Leonardo que forneceu a tecnologia para o seu buscador Skyward, também usado pelo caça SAAB JAS-39 Gripen E que a Força Aérea Brasileira está recebendo atualmente. A versão instalada no KF-21 foi designada Skyward-K. Este sistema permite fazer a busca de alvos aéreos de forma passiva, não emitindo assinatura e podendo ser um recurso muito útil contra aeronaves inimigas que usem tecnologia de invisibilidade ao radar. O dado de alcance desse equipamento, também é numa informação classificada. Porém, dados de modelos análogos, como o Pirate, usado no Typhoon e também desenvolvido pela Leonardo, pode se estimar que o alcance esteja na casa dos 40 a 50 km contra o alvo vindo de frente e cerca de 60 a 70 km contra o alvo visto por trás (as saídas de gases do motor ampliam significativamente a assinatura para este tipo de sensor).
O caça recebeu uma suíte de guerra eletrônica com capacidade de bloquear sinais de RF. Porém os dados relacionados aos demais recursos, naturalmente, é informação também classificada.
Um fato interessante sobre o KF-21 é que já tinha uma versão biplace (foto) projetada. Cada vez menos caças de primeira linha tem recebido uma versão biplace. O F-22 e o F-35 dos Estados Unidos, e o Su-57 da Rússia não tem uma versão biplace.

O arsenal que o KF-21 vai empregar, inicialmente já é bastante variado. O avião conta com 10 estações para cargas externas. São 6 estações fixas nas asas e mais 4 pontos semi-embutidos para mísseis de médio e longo alcance sob a fuselagem.
Para missões de combate ar ar, o KF-21 está equipado com o míssil de curto alcance europeu Iris-T, cujo alcance máximo está em 25 km. O Iris-T é um míssil de 4º geração que opera com seu sensor de busca infravermelha integrado ao capacete HMD do piloto e que pode ser apontado com o movimento do capacete e engajar alvos em alto ângulo fora da visada (90º). O sensor de busca infravermelha somado ao  sistema  de propulsão com vetoração de empuxo, permite ao míssil executar manobras violentas para executar uma curva violenta e correr atrás de seu alvo. Na pratica, trocando em "miúdos", o míssil pode ser lançado contra uma aeronave inimiga que esteja voando ao lado do KF-21 nas posições 3 e 9 horas.
O míssil Iris-T é o armamento de auto defesa padrão que a Coreia do Sul escolheu para ser o armamento padrão do KF-21. 

Para combate além do alcance visual (BVR), o KF-21 usa o moderno míssil Meteor, de longo alcance. Trata-se do míssil mais avançado do mercado no momento. Guiado por radar ativo, permite que o caça  lance o míssil contra um inimigo e, imediatamente, já saia de sua posição para buscar novos alvos ou retornar a base. O Meteor tem alcance estimado em cerca de 200 km. Além desses armamentos europeus, os mísseis norte americanos de médio alcance AIM-120 e o de curto alcance  AIM-9X, também poderão ser empregados no KF-21.
O lote inicial do KF-21 não transporta armas internamente. Os aviões estão sendo entregues com pontos de fixação semi-embutidos para mísseis Meteor (e AIM-120 Amraam) sob a fuselagem e com 6 estações fixas sob as asas

Para missões de ataque conta alvos de superfície, o míssil de cruzeiro Taurus KEPD 350 será usado para destruir alvos de alto valor e reforçados. Este míssil tem alcance aproximadamente de 500 km, transportando uma ogiva penetradora de dois estágios com 480 kg. Seu sistema de guiagem se dá por um complexo sistema que envolve INS, GPS, banco de dados de imagens do terreno e radar altímetro.
Para ataques contra alvos táticos de campo de batalha o míssil norte americano AGM-65 Maverick, amplamente empregado pela força aérea sul coreana em seus F-16, também será empregado pelo KF-21.O Maverick possui versões guiadas por sensor eletro ótico, infravermelho e a laser. Seu alcance está na faixa dos 22 km.
Para as missões antinavio, o míssil AGM-84 Harpoon foi integrado ao KF-21. O míssil, já em uso por outros modelos de caças da aviação de combate sul coreana, possui alcance de 140 km, com guiagem por radar ativo na fase final do engajamento.
Outros armamentos ar superfície estão planejados para serem integrados ao controle de fogo do KF-21. São eles o míssil Brimstone, que pode substituir os Mavericks no futuro. Também o novo míssil SPEAR 3, que pode operar como uma munição vagante e com alcance de 140 km, muito provavelmente será integrado ao caça sul coreano.
As bombas da família MK de queda livre, assim como bombas guiadas da família JDAM e as bombas de fragmentação CBU-87 e 97 estão integradas no modelo. Por ultimo, o KF-21 conta com um armamento orgânico na forma de um canhão de 6 canos rotativos M-61A2 em calibre 20 mm, fabricado pala General Electric e que é amplamente empregado por todos os caças dos Estados Unidos, com exceção do F-35.
Essa ilustração mostra uma configuração para missão de ataque usando duas bombas GBU-32 JDAM, dois mísseis Iris-T na ponta das asas, quatro mísseis Meteor de longo alcance e dois tanques de combustível externos.

O KF-21 foi projetado para entregar um desempenho comparável ao de um caça F-16, no entanto, com tecnologia desenvolvida localmente e com aplicação de soluções de redução de assinatura radar e que, no futuro, terá capacidade de transportar armas internamente, se tornando uma legitima aeronave de 5º geração. A Coreia do Sul vive em constante tensão com seu vizinho comunista, a Coreia do Norte e tem tensões com a China também. Essa situação obrigou o país a investir pesado em tecnologia de defesa, o que resultou em uma das mais completas e bem preparadas forças armadas do mundo.
O KF-21 é o resultado de investimento em pesquisa e desenvolvimento, e de muita coragem da indústria do país em buscar maior autonomia para se defender em um ambiente tão hostil no qual está a Coreia do Sul. O KF-21 terá bom apelo comercial se conseguir ser oferecido com preços menores do que caças como Rafale ou o F-35 tem apresentado. Isso poderá trazer a Coreia do Sul para o disputado mercado de caças de primeira linha dominado por norte americanos, russos e europeus.
As duas versões do KF-21 (monoplace e biplace) voando em formação.

Teste de reabastecimento em voo do KF-21 recebendo combustível de um Airbus A330 MRTT da Força Aérea da Coreia do Sul.

É visível a semelhança do desenho do KF-21 com o F-22 Raptor americano quando visto de alguns ângulos.
           





                  

quarta-feira, 15 de maio de 2024

A Heckler & Koch está considerando produzir seus novos fuzis, também em calibres soviéticos

HK-132E projetado para usar a munição soviética 7,62x39 mm

A guerra na Ucrânia está a ajudar a aumentar o interesse de HK em armas que disparam munições soviéticas, mas poderá abrir portas a muitos outros mercados.

Por Joseph Trevithck - Tradução Carlos Junior
A Heckler & Koch da Alemanha está pensando em produzir novas versões de armas de fogo em seu catálogo em calibres de design soviético, como o cartucho 7,62x39mm que ficou famoso pelo rifle AK-47. Um importante fator impulsionador tem sido a guerra em curso na Ucrânia, onde as forças armadas daquele país continuam a fazer uso intenso de armas de fogo da era da Guerra Fria e seus derivados. Ao mesmo tempo, as armas que disparam tipos de munições soviéticas continuam a ser amplamente utilizadas em todo o mundo e o famoso fabricante de armas alemão tem tido um interesse intermitente em tentar entrar nesses mercados há décadas.

O jornal Welt publicou em 14 de maio de 2024, uma história abordando os planos de produtos futuros da Heckler & Koch (H&K) como parte de um esforço mais amplo da empresa para aumentar as vendas.

“A H&K está planejando expandir sua gama de produtos para incluir fuzis de assalto e metralhadoras para munições da Kalashnikov e outros calibres do antigo Pacto de Varsóvia”, de acordo com uma tradução automática do artigo em alemão do Welt . "'Existem necessidades correspondentes, portanto os estudos conceituais já começaram', disse o porta-voz da H&K. Existem projetos de desenvolvimento, mas nenhuma produção ainda."

Nessa foto podemos ver o fuzil matriz embaixo. o HK-433 configurado para munição 5,56x45 mm e em cima a versão configurada para usar a munição soviética 7,62x39 mm.

O Welt não mencionou os cartuchos que a H&K está considerando agora empregar em algumas de suas armas existentes. Os tipos mais prolíficos desenvolvidos na União Soviética durante a Guerra Fria para fuzis e metralhadoras foram os cartuchos 7,62x39mm e 5,56x39mm.

O jornal Welt observou que em dezembro passado, a H&K revelou o HK-132E, uma versão 7,62x39mm de seu rifle de assalto HK-433, cuja versão básica é compartimentada para disparar o cartucho 5,56x45mm padrão da OTAN. Pelo que foi visto até o momento, o HK-132E parece praticamente inalterado em relação à sua arma original, exceto no calibre do cano, compartimento do carregador e carregador. O cartucho de 7,62x39mm possui um estojo cônico que requer carregadores com curvaturas mais pronunciadas para serem alimentados de forma confiável em comparação com os cartuchos de munição de 5,56x45mm.

O HK-433 foi projetado desde o início como uma plataforma altamente modular com cano e outros componentes facilmente intercambiáveis . A H&K já ofereceu outras opções de calibre para a série HK-433. As forças armadas alemãs estão notavelmente na linha de se tornarem o primeiro usuário militar de uma arma desta família com a adoção supostamente iminente da versão compacta HK-437 (G-39)  configurado para o cartucho 300 Blackout projetado nos EUA.

O fuzil HK-437 (G-39) no calibre 300 Blackout é um exemplo de modificação da plataforma HK-433 para um novo calibre. Esse modelo está sendo entregue a forças especiais do Exército Alemão.

Outras armas H&K também poderiam ser potencialmente configuradas para disparar  a munição 7,62x39mm. Isso pode incluir versões dos populares padrões de rifle 5,56x45mm HK-416 ou 7,62x51mm HK-417 da empresa, bem como suas metralhadoras alimentadas por cinto MG-4 e MG-5 nesses mesmos calibres. Além disso, em 2022, os militares alemães escolheram uma versão do HK-416, que tem crescido em popularidade internacionalmente.