quarta-feira, 5 de julho de 2017

CLASSE SEJONG (KDX III). Reinando sobre o Mar Amarelo.

FICHA TÉCNICA
Tipo: Destróier.
Tripulação: 350 tripulantes.
Data do comissionamento: Dezembro de 2008.
Deslocamento: 11000 toneladas (totalmente carregado).
Comprimento: 165 mts.
Calado: 6.25 mts.
Boca: 21 mts.
Propulsão: 4 turbinas a gás GE LM 2500 de 25000 Hp cada.
Velocidade máxima: 30 nós (56 km/h).
Alcance: 10200 Km.
Sensores: Radar multifuncional SPY-1D  (V) AEGIS, Sistema de controle de fogo AN/SPG-62. Sonar Atlas Elektronik DSQS-21BZ, Sonar rebocado Sagem MTeQ e um sistema de detecção passiva infravermelha Sagem IRST.
Armamento: 2 lançadores verticais MK-41 (um de 48 celulas e outro com 32 celulas) totalizando 80 celulas para mísseis SM-2 Block IIIB/IV Standard,  1 Lançador vertical K-VLS para 16 mísseis K-Asroc Red Shark; 1 Lançador vertical K-VLS para 32 mísseis Hyummoo III C, 4 lançadores quádruplos para 16 mísseis antinavio SSM-700K Hae Sung; 1 lançador para 21 mísseis antiaéreos RIM-116 RAM; 1 canhão MK-45 Mod 4 de 127 mm; 1 canhão Goalkeeper  CIWS de 30 mm; 2 lançadores triplos para torpedos leves K-745 Blue Shark.
Aeronaves: 2 helicópteros Agusta/ Westland Super Linx MK-99.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E. S. Junior
A Coreia do Sul tem sua defesa intimamente ligada a influencia militar e industrial dos Estados Unidos. Todos os meios de combate, das três forças principais de defesa da Coreia do Sul são fabricados sob licença ou tem importante participação da indústria bélica norte americana.
O navio de guerra que é foco deste artigo representa um exemplo claro dessa influência. O destróier KDX III ou, classe Sejong, como é conhecido, é o mais poderoso navio de guerra no mar amarelo e mar do Japão, onde, pode-se dizer que esse status é dividido com o destróier japonês da classe Atago, que também recebeu pesado suporte norte americano em sua concepção e construção.
Acima: O projeto da classe Sejong é baseado no destróier norte americano da classe Arleigh Burke. O navio sul coreano, no entanto, é maior e mais pesadamente armado.
O Sejong começou a ser idealizado no ano 2000 e depois de escolhido o projeto, o navio foi construído durante os anos seguintes vindo a ser lançado em maio de 2007 pela Hyundai Heavy Industries. Seu desenho é baseado no destróier norte-americano classe Arleigh Burke, na sua versão conhecida como Flight II A, cujo principal diferencial é a existência de um hangar para operar dois helicópteros de tamanho médio.  O Sejong, porém, é mais de 11 metros mais comprido, chegando aos 165 metros além e tem uma boca de 21 m. Naturalmente seu deslocamento é maior que o navio norte americano, chegando a  11000 toneladas quando totalmente carregado. Mesmo com essas dimensões maiores, o desempenho do navio no mar é ligeiramente melhor que o seu "pai ocidental".
Sua propulsão é configurada como COGAG (Combinação gás com gás), contando com 4 turbinas General Eléctric LM-2500 que produzem 25000 Hp cada permitindo ao Sejong navega a velocidade máxima de 30 nós (56 km/h), a mesma do Arleigh Burke, porém, sua autonomia é maior, chegando a 10200 km, o que lhe dá capacidade de escoltar grupos de batalha por qualquer lugar do mundo.
Acima: Embora os navios da classe Sejong sejam maiores que os seus primos da classe Arleigh Burke, seu desempenho de velocidade é o mesmo, e o navio sul coreano ainda tem maior alcance.
Sendo um navio com forte ênfase na guerra antiaérea, sua capacidade de detecção e controle do espaço aéreo é dada pelo mais capaz sistema de radar atual, o sistema AEGIS , desenvolvido nos Estados Unidos, composto pelo moderno radar SPY-1D (V). Este radar possui 4 antenas cuja disposição cobrem 360º em volta do navio permanentemente permitindo rastrear mais de 100 alvos a 450 Km de distancia de forma ininterrupta, além de ser muito mais resistente a contramedidas eletrônicas impostas pelos sistemas de guerra eletrônica inimigos. 
O radar de controle de fogo para alvos aéreos é o Mk 99 Missile Fire Control System (MFCS) que trabalha integrado com o radar AN/SPG-62 que faz a iluminação dos alvos aéreos detectados pelo radar SPY-1D para que os mísseis de defesa anti-aérea SM-2 atinjam seu alvo. Desta forma, pode-se ver que os sistemas operam de forma integrada otimizando a capacidade de resposta do navio a ameaças aéreas.
Para guerra anti-submarina, o Sejong faz uso de um sonar de casco DSQS-21BZ fornecido pela Atlas Elektronik que tem capacidade de detectar um submarino inimigo a 29,7 km. Um segundo modelo de sonar chamado MteQ, do tipo rebocado, também é empregado nesta classe.
A suíte de guerra eletrônica foi privilegiada também com o sistema SLQ-200(V) 1K conhecido, também como “Sonata” que faz a identificação de sinais de radio, radares e mísseis, identificando a ameaça e gerando uma contramedidas ativa que interfira nos equipamentos inimigos.
Acima: O sistema AEGIS composto pelas 4 antenas fixas SPY-1D (V) caracterizam o desenho do destróier da classe Sejong. Este sistema está entre os 3 mais modernos sistemas do mundo para defesa antiaérea.
O armamento da Sejong é mais pesado do que a média dos navios de guerra de sua categoria. Mesmo sendo um destróier, suas capacidades se igualam ao do cruzador classe Ticonderoga, da marinha dos Estados Unidos.
A capacidade antiaérea é garantida por 2 lançadores verticais MK-41 para mísseis Raytheon SM-2 Block IIIB/IV Standard. Um dos lançadores tem 48 células e o outro tem 32 células. O míssil SM-2 Block IIIB possui um alcance máximo de 74 km e e seu sistema de guiagem é do tipo dual, ou seja, usa dois tipos distintos de guiagem, sendo uma por radar semi ativo e a fase terminal usa um sensor infravermelho. A grande vantagem desse sistema de guiagem é a capacidade de superar eventuais contramedidas evasivas que venham a ser usadas pelo alvo. Esta versão é particularmente eficaz contra alvos em voo em baixa altitude e com RCS pequeno (alvos furtivos).
Ainda, para defesa antiaérea, há um pequeno lançador de mísseis RIM-116 RAM, com 21 mísseis. Estes pequenos mísseis são usados para defesa aproximada contra mísseis anti-navio, e projeteis guiados que penetrem na defesa externa do navio.
Acima: Os destróieres da classe Sejong são pesadamente armados e contam com a capacidade de pronto emprego de nada mais, nada menos, que 128 mísseis divididos entre mísseis antiaéreos SM-2 Block IIIB/IV Standard, mísseis anti submarino K-Asroc Red Shark e mísseis de cruzeiro Hyummoo III C. Caso colocarmos nessa conta os outros 16 mísseis anti-navio SSM-700K Hae Sung, a conta vai parar nos incríveis 144 mísseis para pronto emprego!
Um sistema de lançamento vertical para mísseis projetado na própria Coreia do Sul foi instalado e está equipado com 48 celulas divididas em 16 células para mísseis anti-submarino K-ASROC Red Shark. Este míssil tem um alcance de 19 km e está equipado com um torpedo K-745 Blue Shark que é lançado na água, na área onde o contato submarino inimigo tiver sido detectado pelos sistemas de sonares do Sejong. A partir deste momento o torpedo inicia o ataque ao submarino detectado. O alcance do torpedo K-745 Blue Shark  é de 12 km e seu sistema de guiagem se dá por sonar ativo/ passivo com alcance de 1,9 km e é equipado com uma espoleta de detonação por contato que detona sua ogiva permitindo penetrar 1,5 metros de aço.
As outras 32 células deste lançador, estão armadas com 32 mísseis de ataque terrestre Hyummoo III C, similar ao Tomahawk. Este poderoso míssil de cruzeiro é guiado por GPS e possui um alcance de 1500 km, sendo, portanto, capaz de infringir sérios danos contra alvos estratégicos inimigos bem dentro de seu território.
Voltando a tratar da capacidade de ataque anti-submarino do Segong, foram instalados dois lançadores triplos de torpedos K-745 Blue Shark, mesmo modelo usado no míssil K-ASROC.
Para guerra anti-navio, o Sejong está armado com 4 lançadores quádruplos para mísseis SSM-700K Hae Sung, cujo alcance é de 250 km e guiados por INS/GPS com radar ativo na fase terminal.
Acima: Operando de forma similar ao famoso míssil de cruzeiro norte americano BGM-109 Tomahawk, o míssil de cruzeiro Hyummoo III C, possui um alcance de 1500 km.
O armamento de tubo é composto por um canhão norte americano MK-45 Mod-4 de 127 mm instalado a frente do navio e pode ser usado tanto contra alvos de superfície, como contra alvos aéreos e seu alcance é de 24 Km. Um sistema antiaéreo tipo CIWS Goalkeeper, contendo com um canhão em calibre 30 mm é usado para defesa antiaérea de ponto.  O canhão usado no sistema é o poderoso GAU-8 da General Electric, famoso por ser usado no avião de combate A-10 Thunderbolt II contra veículos blindados. Sua cadencia é de 4200 tiros por minuto e seu alcance efetivo é de 2000 metros. O destróier Sejong opera dois helicópteros anti-submarino Agusta/ Westland Super Linx MK-99, porém pode-se operar outros modelos de dimensões similares como o Sikorsky SH-60 Seahawk.
Acima: O sistema de defesa de ponto CIWS Goalkeeper é armado com um potentíssimo canhão de 7 canos rotativos GAU-8/A Avenger em calibre 30 mm,  o mesmo usado no jato de apoio aéreo aproximado A-10C Thunderbolt II da força aérea dos Estados Unidos. São 4200 tiros por minuto capazes de destruir aeronaves e mísseis anti-navio que se aproximem do navio a uma distancia de até 2000 metros.
Os dados apresentados aqui deixam claro que a classe Sejong representa um dos mais poderosos destróieres no mundo. É certo que a estratégia de defesa da Coreia do Sul recebe influencia pesada do governo dos Estados Unidos e muito provavelmente os norte americanos até tem poder de decisão sobre o que vai ou não ser adquirido pelas forças armadas sul coreanas. Por isso, é interessante observar que o Sejong é mais bem armado que os navios da classe Arleigh Burke da marinha dos Estados Unidos e isso evidencia a importância que a capacidade antiaérea e de ataque contra alvos terrestres tem na marinha sul-coreana e na estratégia norte americana de atuação naquela região do globo. A Coreia do Norte, o inimigo numero um da Coreia do Sul, não tem, absolutamente, nada equivalente em tecnologia, poder de fogo e desempenho ao que o destróier da classe Sejong é capaz de prover e a marinha sul coreana possui, atualmente, 3 navios desta classe, com mais 3 encomendados e a serem integrados a moderna marinha da Coreia do Sul até 2022.
Acima: Na popa do Sejong podemos ver os dois hangares para operações de dois helicópteros médios, normalmente do modelo Westland Mk.99A Super Lynx. Porém o modelo norte americano SH-60 Seahawk também pode ser empregado.

VÍDEO


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sexta-feira, 23 de junho de 2017

AS 6 MAIORES AMEAÇAS AOS PORTA AVIÕES DOS ESTADOS UNIDOS.

Esta matéria foi publicada pelo site parceiro PLANO BRASIL (PB) como as "5" maiores ameaças aos porta aviões dos Estados Unidos, baseando-se no artigo National Interest by Robert Farley: Could Hypersonic Weapons Make America’s Aircraft Carriers Obsolete?. Porém, conversando com o editor chefe do site PB, solicitei a permissão de publicar a matéria no WARFARE com item que notei estar faltando na lista de ameaças além da conclusão que traz este artigo. Agradeço publicamente ao Edilson Pinto pela parceria!

Por Konner e Carlos E.S. Junior
1º - VEÍCULOS SUBMARINOS NÃO TRIPULADOS
Durante muitos anos, os submarinos representaram a ameaça mais mortífera para os porta-aviões. A vantagem dos submersíveis não tripulados consiste em que eles podem esperar durante períodos de tempo muito longos debaixo de água e se moverem quando detectem os alvos para os atacar posteriormente.
Equipados com poucas armas e capazes de operar sob condições pré-estabelecidas, os veículos submarinos não tripulados podem se tornar uma séria dor de cabeça para os porta-aviões modernos no futuro, escreve o jornalista Robert Farley na  National Interest.
Acima: O veículo autônomo submarino (UUV) Manta, é um conceito estudado pela marinha dos Estados Unidos, porém, outras nações estão estudando sistemas similares para atacar alvos no mar de forma segura  sem ser detectado como este UUV.

2º - ATAQUES CIBERNÉTICOS

Os ataques cibernéticos podem causar muitos problemas à tripulação de um porta-aviões. No mínimo, os hackers podem “cegar” o porta-aviões, o que impedirá a realização da sua missão. Além disso, os piratas informáticos são capazes de revelar a localização do navio, o que o tornará vulnerável a ataques de mísseis ou a submarinos do inimigo. Um ataque cibernético pode danificar os principais sistemas do navio, que assim ficará desarmado e indefeso.
Acima: A integração dos sistemas eletrônicos pela internet é um dos recursos para um ataque cibernético que poderia comprometer a capacidade de combate e mesmo de sobrevivência de um porta aviões em um ambiente hostil.

3º - VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS
Os veículos aéreos não tripulados podem lançar projéteis a diferentes distâncias. Além disso, estes aparelhos são capazes de se aproximarem do alvo e causar danos fatais aos porta-aviões sem se preocuparem com a vida de seus pilotos. “Não há nada mais perigoso no mundo do que um robô que não tem nada a perder”, escreve o analista.

Acima: Aeronaves de combate sem piloto como o Northrop Grumman X-47B visto nessa foto são outra das ameaças que o futuro a curto prazo aguarda para os porta aviões.


4º - ARMAS HIPERSÔNICAS

A China, a Rússia e os EUA prestam muita atenção ao desenvolvimento de armas hipersônicas, que representam uma séria ameaça para porta-aviões, em muitos aspectos a ameaça é comparável com a dos mísseis balísticos. No entanto, as armas hipersônicas, em comparação com os mísseis balísticos, podem se aproximar de um alvo usando diferentes trajetórias, se tornando difícil neutralizá-las usando armas de defesa. Tal como os mísseis balísticos e de cruzeiro, as armas hipersônicas podem causar danos sérios a um porta-aviões. Isso pode arruinar sua missão, ou mesmo afundar o navio.
Acima: A ilustração acima mostra um míssil hipersônico em desenvolvimento na Rússia chamado 3M22 Zircon que promete voar a velocidades de mach 5. Atualmente, tanto a Rússia quanto a China possuem mísseis anti navio com velocidades supersônicas que praticamente impossibilitam  qualquer medida defensiva por parte do navio alvo. Imagine, então, um míssil com o dobro de velocidade!!!!

5º - BOMBARDEIO ORBITAL

Satélites equipados com barras de volfrâmio (Tungstênio) ou outros tipos de armas cinéticas são capazes de identificar e simultaneamente atacar os porta-aviões sem problemas graças às comunicações em rede.Usando energia cinética, essas armas podem realizar um ataque muito forte a um alvo de superfície e também causar o seu afundamento.
Acima: Um satélite armado com projéteis de Tungstênio poderia, atualmente, lançar estas armas que entrariam em velocidade hipersônica que lhe permitiria causar danos sérios a um porta aviões.

6º - MÍSSIL BALÍSTICO DF-21D

Embora a maioria dos entusiastas por sistemas de armas esteja acostumado a pensar no míssil balístico como um a arma superfície superfície que é empregada contra alvos estáticos, a verdade é que a tecnologia evoluiu muito em relação aos anos 50, quando os primeiros mísseis Scud A soviéticos, simplesmente não tinham precisão maior que a de uma granada de obuseiro (muitas vezes até precisão bem menor até, que tais granadas). Hoje, existem ogivas manobráveis, e justamente uma ogiva deste tipo que equipa o moderno míssil chines DF-21D, um míssil balístico anti navio (ASBM), derivado da família DF-21 de mísseis balísticos de médio alcance  (MRBM), desenvolvido especificamente para ser empregado contra navios de grande porte como um porta aviões. Embora, mesmo estando operacional à alguns anos, os dados deste míssil ainda não inspiram muita confiança devido a forte restrição de liberdade a acesso a este tipo de informação imposta pelo regime chinês, é notório que o departamento de defesa dos Estados Unidos, se preocupa bastante com esta arma. Com um alcance estimado em torno de 1450 a 1550 km, dependendo da fonte pesquisada, o DF-21D é considerado capaz de destruir um porta aviões em um único golpe. Para tanto, é presumível que a ogiva seja nuclear, embora não haja certeza sobre isto. A margem de erro, também conhecida como CEP (Circular Error Probability) é de apenas 20. Embora não seja um desempenho "cirúrgico", temos que considerar que é um míssil balístico que é lançado contra um alvo em movimento.
Acima: Os mísseis balísticos anti navio DF-21D já está operacionais e sua capacidade é levada bastante a sério pelo Pentágono. 

CONCLUSÃO
Este artigo revela como o desenvolvimento tecnológico militar tem transformado uma das mais proeminentes armas de guerra, o porta aviões, em um vulnerável e caro alvo. Algumas das armas mencionadas neste artigo não podem ser anuladas ou interceptadas com os sistemas de defesa atuais e muito provavelmente ainda vai demorar até o desenvolvimento destes sistemas de defesa poderem ser eficazes contra, por exemplo as armas hipersônicas, o bombardeio orbital, ou o míssil chines DF-21D. Assim é fácil chegar a conclusão que em um teatro operacional de alta intensidade, um super porta aviões poderá ser destruído levando a baixas humanas altíssimas e uma perda material estratosférica.

VÍDEO COM O DF-21D EM AÇÃO

Artigo base – National Interest by Robert Farley: Could Hypersonic Weapons Make America’s Aircraft Carriers Obsolete?

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quinta-feira, 15 de junho de 2017

PRIMEIRO VOO DO JAS-39 GRIPEN E. Uma critica a menos.


Hoje, 15 de junho de 2017, a mais moderna versão do caça sueco Saab JAS-39 Gripen fez seu primeiro voo. O Gripen E, como é chamado pelo fabricante, e F-39, como será conhecido no Brasil, o primeiro cliente da nova aeronave, sempre recebe muitas criticas, mas uma que considero particularmente desprezível era a que o modelo não tinha voado ainda e que por isso era um avião de papel. Hoje marca o fim dessa argumentação irrelevante, uma vez que a Saab não tem em seu currículo um histórico de "fracassos". Na verdade a empresa desenvolveu aeronaves muito sofisticadas para seus respectivos momentos. Embora o Gripen E não seja, como alguns canais da imprensa nacional "o caça no estado da arte", ele é, efetivamente uma aeronave moderna e elevará, em muito, a capacidade de combate da Força Aérea Brasileira. e é isso o que, de fato, devemos nos apegar quando formos tratar se é bom ou mau o país ter adquirido este caça.
Para conhecer melhor os detalhes do caça Gripen E que deve ter as suas primeiras entregas para nossa Força Aérea em 2019, cliquem na foto abaixo.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

BOEING 737 AEW&C WEDGETAIL. A visão de águia da Boeing


FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: 759 km/h.
Velocidade máxima: 955 km/h.
Autonomia: 9 horas.
Teto operacional: 12500 m.
Alcance de travessia: 5632 km.
Empuxo: 2 turbofans CFM International CFM56-7B24, gerando unitariamente 912247 kgf de empuxo.
Radar: Northrop Grumman Electronic Systems Multi-role Electronically Scanned Array (MESA) com 350 km de alcance (alvo com 5m² de RCS).
DIMENSÕES
Comprimento: 33,06 m.
Envergadura: 35,08 m.
Altura: 12,5 m.
Peso: 46606 kg (vazio).

DESCRIÇÃO
Por Carlos E. S. Junior (Agradeço a Sérgio Santana por ter dado suporte a concepção deste texto) 
Com o despertar sobre a necessidade de aumentar a consciência situacional sobre o campo de batalha para poder ser mais efetivo sendo percebida e valorizada por, cada vez, mais forças aéreas, o nicho de mercado para aeronaves de alerta aéreo antecipado começou a se tornar mais atraente para a industria aeronáutica. Uma vez refletido sobre isso, vamos a mais uma matéria no WARFARE blog. A Austrália, uma nação com laços de amizade (interesse estratégico, na verdade) muito fortes com os Estados Unidos, tem em seu parceiro, o principal fornecedor de suas forças armadas, e na ultima década do século XX decidiu que precisava adquirir para sua força aérea uma aeronave de alerta aéreo antecipado e comando AEW&C (Airborne Early Warning and Control) e lançou uma requisição de propostas para o mercado, onde as empresas qualificadas a fornecer este tipo especializado de aeronave fizessem suas ofertas. Este programa de aquisição passou a ser conhecido pelo nome de Projeto Wedgetail.
Acima: A Boeing teve um senso de oportunidade sensacional em aproveitar como plataforma o seu extremamente bem sucedido modelo 737 como uma aeronave de alerta aéreo avançado e comando.
A empresa norte americana Boeing, projetista de um dos mais bem sucedidos projetos de aeronave AEW do mercado, o E-3 Sentry (AWACS), já descrito no WARFARE (clique no nome da aeronave para ler a matéria) apresentou uma proposta muito interessante de uma plataforma de alerta aéreo antecipado baseada na excelente aeronave de transporte regional Boeing 737-700 Next Generation, que por sua vez acabou sendo selecionada pela Real Força Aérea Australiana (RAAF). A aeronave é chamada pela Boeing como 737 AEW&C e de E-7A Wedgetail, pela RAAF, logo em seguida mais duas forças aéreas alinhadas com os Estados Unidos também encomendaram o modelo: A Coreia do Sul e a Turquia, porém, os exemplares adquiridos por estes países possuem algumas características técnicas especificas para irem de encontro aos requisitos específicos de cada força aérea.
Acima: A Austrália é um leal aliado dos Estados Unidos na Oceania e possui conflito de interesses com potências regionais como a China e Rússia. O E-7A Wedgetail é parte fundamental da capacidade de defesa daquela nação.
Por ser uma versão de uma aeronave de transporte de passageiros Boeing 737-700 ER, da família Next Generation, a propulsão usada também acabou sendo derivada da usada no modelo civil. A propulsão do Wedgtail fica por conta de dois turbofans CFM International CFM56-7B24 que produzem 12247 kgf de empuxo cada, permitindo a esta aeronave voar a uma velocidade máxima de 955 km/h e uma velocidade de cruzeiro de 759 km/h. O alcance máximo do Wedgtail é de 7040 km, porém, quando a aeronave está em missão, fazendo o rastreio do espaço aéreo a sua volta, ela opera em velocidades bem mais baixas. A autonomia do Wedgtail quando em patrulha, é de cerca de 9 horas de voo, graças a seu tamanho que lhe permite uma boa quantidade de combustível e seus eficientes motores. Além disso, a aeronave pode ser reabastecida em voo através do sistema lança e receptáculo (o mesmo usado pelo caça F-16).
Acima: O E-7A Wedgetail é propulsado por dois confiáveis turbofans CFM International CFM56-7B24. A ideia da Boeing de adaptar a plataforma do Boeing 737 para missões AEW&C foi bastante sábia.
O principal sensor do Wedgtail é o moderno radar de varredura eletrônica ativa (AESA), desenvolvido pela Northrop Grumman  batizado de MESA (Multi-role Electronically Scanned Array) que opera de modo multifuncional, rastreando os alvos e já fazendo a identificação se é amigo ou inimigo através de um sistema IFF (identification friend or foe) integrado à antena. Este radar tem alcance de 350 km, e consegue detectar, simultaneamente, 3000 alvos em terra, mar e ar, rastreando 180 deles e guiando 24 interceptações. O alcance para o recurso de IFF chega a 555 km. O sistema de comunicação é composto por 10 rádios VHF/UHF fabricados pela Rockwell Collins  do modelo AN/ARC-210 e 3 rádios que operam em HF modelo AN/ARC-220 do mesmo fabricante. O Wedgtail recebeu 4 equipamentos MAWS (Missile Approach Warning System) Northrop Grumman AN/AAR-54 que alerta a tripulação quando um míssil estiver se aproximando da aeronave. A aeronave está equipada com o sistema de intercambio de dados baseado no sistema de distribuição de dados AN/URC-138 compatível com link 11, JTIDS e link 16 (padrão OTAN) permitindo a operação em rede com as diversas aeronaves aliadas dentro do campo de batalha.
Acima: 10 operadores nos consoles de missão são necessários para operar esta poderosa aeronave de alerta aéreo antecipado.
O Boeing 737 AEW&C Wedgtail não ficou sendo uma exclusividade australiana. Embora a Força Aérea Australiana seja o primeiro cliente, outros países também adquiririam esta moderna plataforma de alerta aéreo avançado. A Turquia e a Coreia do Sul, conforme comentado no início deste artigo, também acabaram comprando o Wedgatial para compor as robustas capacidades das suas respectivas forças aéreas. Porém cada nação solicitou que alguns equipamentos fossem modificados em relação ao modelo australiano. Esta matéria focou, especificamente no modelo australiano E-7A Wedgtail, devido a Austrália ter sido a primeira nação a adquirir o modelo e de certa forma, ter dado um forte apoio ao projeto. O custo de aeronaves desse tipo, naturalmente, é alto devido a tecnologia sofisticada e devido a baixa escala de produção de aeronaves desse tipo. O custo unitário de um Wedgtail  é de cerca de USD$ 200 milhões, porém esse valor pode variar dependendo dos equipamentos que cada cliente possa solicitar para preencher seus requisitos.

Acima: A força Aérea da Coreia do Sul utiliza 4 aeronaves Boeing 737 AEW&C sob o nome Peace Eye. Aqui podemos ver um caça bombardeiro pesado Boeing F-15K escoltando um Peace Eye.

Acima: A Turquia, também opera 4 4 aeronaves desse tipo, sendo que lá, o nome dado ao modelo é de Peace Eagle.

VÍDEO


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sexta-feira, 19 de maio de 2017

Atualização no FMJ. Fuzil MSR MK-21 da Remington


Para ler sobre o fuzil Remington MSR clica na foto acima para ser direcionado para a materia no blog FMJ (Full Metal Jacket)

sexta-feira, 5 de maio de 2017

NASAMS. Racionalizando a defesa anti aérea.

FICHA TÉCNICA
Motor: Propelente sólido Hercules/Aerojet.
Velocidade: 4300 km/h
Alcance: 33 Km.
Altitude: 15000 metros..
Comprimento: 3,65 m.
Peso: 157 kg.
Ogiva: 23 kg de fragmentação e alto explosivo.
Lançadores: Veículos blindado HMMWV, Lançador universal do sistema HAWK, Contêiner, caminhão Scania 113H 6x6, e outros de varias procedências.
Guiagem: Radar ativo.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S Junior
A origem do sistema de defesa antiaérea de médio alcance conhecido como NASAMS (Norwegian Advanced Surface to Air Missile System) traduzido para Avançado sistema de míssil superfície ar norueguês, remonta do fim dos anos 80 do século passado quando a Real Força Aérea Norueguesa (RNoAF) que estava equipada com sistemas de defesa antiaérea de baixa altitude e curto alcance  como os canhões Bofors L-70  de 40 mm (usado pelo Brasil) e pelos mísseis antiaéreos de curto alcance portáteis (MANPADS) RBS-70, também operado pelo Brasil atualmente, e precisava melhorar a capacidade de sua defesa antiaérea para lidar contra alvos de alto desempenho a medias distancias e média altitude. A empresa norueguesa Kongsberg Defence & Aerospace e a poderosa empresa de defesa norte americana Rayhteon se juntaram para criar um moderno sistema de mísseis antiaéreos baseado em um antigo sistema de defesa antiaérea HAWK com novos hardwares para se conseguir otimizar a eficiência a um custo reduzido. A chave do sistema é o uso de mísseis AIM-120 Amraam, conhecidos pelo seu emprego extremamente bem sucedido na arena de combate ar ar de médio alcance, porém, modificado para ser lançado de um lançador terrestre.
Acima: A grande sacada do sistema NASAMS é usar mísseis projetados para emprego ar ar em caças (aqui um caça F-35A no momento do lançamento de um míssil AIM-120C7 AMRAAM) em um sistema de defesa antiaérea.
O sistema NASAMS tem em seu núcleo operacional um sistema FDC que faz o gerenciamento de integração de todos os componentes do sistema que inclui um radar tridimensional de aquisição de alvo AN/ MPQ-64F1 Sentinel fabricado pela joint venture Thales Raytheon Systems, um sistema de comunicação múltipla por intercambio de dados (data Link) compatível com link 16, JRE (Joint-Range Extension), Link 11, Link 11B, ATDL-1(Advanced Tactical Data Link) e LLAPI com o lançador dos mísseis. O radar MPQ-64F1 Sentinel tem alcance de detecção contra um alvo do tamanho de um caça (5m² de RCS) de 75 km e opera na banda X, podendo rastrear 54 alvos simultaneamente. Esse radar pode ser transportado em um veículo tático leve Mercedes benz classe G 4X4 o que contribui para a excelente mobilidade de todo o sistema. Além do radar, o sistema NASAMS conta com um sensor passivo composto por uma câmera eletro-óptica e um sensor infravermelho (IR) que presta apoio a aquisição do alvo.
Acima: Este é o moderno radar AN/ MPQ-64F1 Sentinel que faz a detecção e fornce dados de posicionamento dos alvos para os mísseis do sistema NASAMS. Este sistema pode rastrear até 54 alvos a uma distancia máxima de 75 km.
A mobilidade é uma vantagem tática de qualquer sistema de armas. O sistema NASAMS tem opções de emprego com grande mobilidade podendo ser instalado em uma enorme variedade de veículos de diferentes tipos. O mais comum é ver um veículo tático leve HMMWV com um lançador para 4 mísseis AIM-120 Amraam. Porém o lançador pode ser fixo como no caso do sistema LCHR composto 6 contêiner fechados, cada um com um míssil AIM-120, e que são abertos somente no momento do lançamento. Esse lançador LCHR pode ser empregado em veículos também como o caminhão Scania 113H 6x6, o Iveco ou o Sisu E13TP usado na Finlândia. Na pratica o sistema permite uma alta facilidade de integração em diversos tipos e modelos de veículos de diversas procedências o que lhe garante um grande apelo comercial de mercado para qualquer nação aliada dos Estados Unidos que tenha interesse em um sistema de defesa antiaérea de médio alcance altamente móvel.
Acima: O caminhão finlandês Sisu E13TP é um dos muitos veículos que pode transportar e operar um lançador tipo contêiner com 6 mísseis que podem ser o AIM-120 AMRAAM, o AIM-9X Sidewinder, ou o RIM-162 ESSM. Este lançador pode ser empregado em uma posição fixa no solo também. Nos veículos mais leves o lançador é do tipo trilho, mais simples.
O armamento principal do sistema NASAMS é o míssil de médio alcance AIM-120 AMRAAM, originalmente usado para combate BVR (além do alcance visual) em combates ar ar. Logicamente que devido ao fato de ele ser  lançado da superfície ele não pode contar com a inércia da velocidade e menor resistência aerodinâmica do ar em altas altitudes, seu alcance não é o mesmo de quando lançado de um caça. Assim, o alcance do AIM-120 AMRAAM laçado do sistema NASAMS é de 33 km contra alvos que podem estar até a altitudes de 15000 metros. Quem já é familiarizado com esta arma, sabe que a  versão mais antiga e de pior desempenho do modelo atinge 60 km fácil quando lançado de um caça. De qualquer forma, os 33 km representa um desempenho de respeito para um armamento de defesa antiaérea que o posiciona dentro da classificação de sistemas de médio alcance. O sistema de guiagem do AIM-120 lançado do sistema NASAMS é por radar ativo, recebendo atualizações de posicionamento do alvo pelo radar de controle de fogo. O sistema NASAMS recebeu melhorias no decorrer do tempo e foi atualizado para poder operar outros mísseis como o AIM-9X Sidewinder, guiado por infravermelho de menor alcance (cerca de 12 km, mas de alta agilidade) ou o míssil RIM-162 Evolved Sea Sparrow Missile (ESSM), usado para defesa antiaérea de navios de guerra, com guiagem semi ativa. Este ultimo míssil, em especial está sendo integrado ao sistema NASAMS de forma que deverá estar operacional em meados de 2019 e elevará bastante o desempenho do sistema pois é um míssil com maior alcance, superando os 50 km e podendo engajar alvos a altitudes maiores e com alta agilidade pois faz uso de vetoração de empuxo (como o AIM-9X Sidewinder). Os NASAMS que receberam essas melhorias são chamados NASAMS 2
Acima: Nesta interessante fotografia podemos ver os 3 mísseis usados pelo sistema NASAMS. Da esquerda para direita temos um AIM-120 AMRAAM, um RIM-162 ESSM e o da direita é um AIM-9X Sidewinder. A recarga dos lançadores tipo contêiner se faz pela parte traseira como nessa foto.
Embora não seja um sistema de defesa antiaéreo tão popular em termos de ser reconhecido pelo público, na verdade, ele é usada por vários países alinhados com os Estados Unidos (até porque os principais componentes do sistema são de origem norte americana). A versão mais usada é a NASAMS 2 que recebeu aperfeiçoamentos em seu sistema de gerenciamento de combate e uma câmera eletro-ótica MSP-500 que possui um telêmetro a laser para aferir a visada e garantir maior precisão nos dados de posicionamento do alvo, além de poder usar outros mísseis como explicado mais acima no texto.
Hoje o sistema é usado pelos Estados Unidos, Noruega, Chile, Holanda, Espanha, Finlândia e Lituânia. A ideia de poder usar os mesmos armamentos usados em caças e navios em um sistema terrestre traz vantagens na economia da escala para seus operadores que podem adquirir unidades para seus sistemas aéreos e terrestres (versão especifica), com custos mais baixos.
Acima: O lançador do antigo sistema HAWK foi adaptado para operar os mísseis AIM-120 AMRAAM como mostrado acima.



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sábado, 1 de abril de 2017

MITSUBISHI F-2. Em defesa da nação do sol nascente.

FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: Mach 0,9 (1190 km/h).
Velocidade máxima: Mach 2,0 (2448 km/h).
Razão de subida: 14630 m/min.
Potencia: 0,95 (somente com combustível interno).
Carga de asa: 78,58 lb/ft².
Fator de carga: 9 Gs; -3Gs.
Taxa de giro instantânea: 24º/s.
Razão de rolamento: 270º/s.
Teto de serviço: 18000 m.
Raio de ação/ alcance: 850 km/ 4000 km.
Alcance do Radar: J/APG-2 com 189 km de alcance.
Empuxo: Um motor General Electric F110-IHI-129 com 13335 kgf com pós-combustão.
DIMENSÕES
Comprimento: 15,52 m.
Envergadura: 11,13 m.
Altura: 4,96 m.
Peso vazio: 9527 Kg.
Combustível interno: 8470 lb.
ARMAMENTO
Ar Ar: Míssil AIM-9L Sidewinder, AAM-3,  AAM-4, AIM-7 F/M Sparrow.
Ar Terra: Mísseis ASM-1, ASM-2, Bombas Mk-82/83/84, Bombas CBU-87 de fragmentação e lançadores de foguetes.
Interno: 1 canhão M61 A1 de seis canos calibre 20 mm
Carga externa máxima: 7711 Kg.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S. Junior
A força aérea japonesa é um operador de vários modelos de aeronaves  militares de origem norte americana. Mesmo com uma industria aeroespacial relativamente desenvolvida, a dependência dos Estados Unidos para adquirir aeronaves foi, e ainda é, um fato incontestável. O primeiro avião de combate desenvolvido no Japão, após a segunda grande guerra, foi o Mitsubishi F-1, que se tratava de um avião de ataque supersônico com limitadíssima capacidade de combate ar ar. Porém, os japoneses precisavam de uma aeronave de desempenho superior e que pudesse ser mais útil em missões ar ar, também, mesmo que esse perfil de missão fosse secundário dentro de seus requisitos. Os japoneses decidiram iniciar estudos das opções que tinham em 1982 e poderiam comprar uma aeronave de prateleira, desenvolver um caça do zero (muito mais caro e demorado), ou partir para uma aeronave que já existisse e que fosse modificada para poder suprir as necessidades das forças de auto defesa do Japão.
Acima: O primeiro avião de combate japonês a jato depois da segunda guerra mundial, o Mitsubishi F-1, não tinha  um desempenho satisfatório que permitisse ao modelo operar em missões ar ar com chances boas de vencer. O Japão precisava de uma aeronave com muito mais desempenho e o F-2 trouxe isso às forças de defesa japonesas.
Em 1985 o Japão contatou três fabricante para que respondesse se suas aeronaves poderiam cumprir os requisitos que eles estabeleceram. As empresas que receberam esse documento foram a General Dynamics para seu caça F-16, a McDonnell Douglas com seu caça F/A-18 Hornet, e a Panavia com seu caça bombardeiro pesado Tornado. Nenhum dos três modelos satisfez as expectativas japonesas, e acabou ficando claro que o Japão deveria partir para o desenvolvimento de uma aeronave própria. Nesse ponto dos acontecimentos, os Estados Unidos fizeram muita pressão encima do governo japonês para que ele usasse um modelo de caça americano modificado para suprir os requisitos japoneses, e foi exatamente isso que acabou ocorrendo.

Acima: O F-2 é baseado no extremamente bem sucedido projeto F-16 Fighting Falcon dos Estados Unidos. Porém, os requisitos dos militares japoneses impôs a necessidade de modificações importantes no modelo de forma que o F-2 acabou se tornando uma aeronave maior e mais pesada que o F-16 original.
O Japão escolheu, em 1987, o modelo do caça F-16 para ser base para sua futura aeronave de combate, cujo programa foi chamado de FS-X. A Mitsubishi Heavy Industries foi contratada para levar adiante o projeto e o novo caça passou a se chamar F-2. As diferenças entre os F-16 original e o F-2 são bastante elevadas e mesmo uma pessoa não muito familiarizada com aeronaves de combate conseguiria perceber elas sem muito esforço. As asas tem desenho diferentes, com bordo de fuga com enflechamento negativo, e com maiores dimensões em cerca de 25% quando comparado a um F-16 original levando a um aumento na envergadura de 1,68 m em relação ao modelo norte americano. O F-2 também tem maior comprimento em cerca de 50 cm. Os tailerons tem um bordo de fuga chanfrado lembrando técnicas de desenho de aeronaves stealth, embora o F-2 não seja uma aeronave desse tipo. Nesse aspecto é importante observar que a Mitsubishi faz uso pesado de materiais absorventes de radar RAM na estrutura do F-2 com o objetivo de diminuir sua reflexão do eco radar para as antenas inimigas. Outro ponto de diferença é que o F-2 pesa quase uma tonelada a mais que um F-16, considerando as aeronaves vazias.
Acima: O F-2 possui mais capacidade de combustível e consequentemente maior alcance que os caças F-16 norte americanos..
O F-2 aproveita seu maior tamanho para transportar mais combustível internamente que o F-16 em pouco mais de 1000 lb o que permite um aumento do alcance da aeronave sem tanques externos. A motorização usada pelo F-2 é o potente General Electric F110-IHI-129 que produz de empuxo máximo de 13335 kgf com pós-combustão. A relação empuxo peso é de 0,95 quando a aeronave estiver operando exclusivamente com seu combustível interno e dois mísseis ar ar de curto alcance. Embora esse valor não seja espetacular, a aeronave consegue bom desempenho de aceleração e de velocidade máxima que chega a mach 2 (2448 km/h) em altas altitudes. No que tange a manobrabilidade, o F-2 é ligeiramente menos acrobático que o F-16 e sua taxa de giro instantânea, também é um pouco menor (24º/seg), porém, deve-se reforçar que o F-2 é um avião que se deve respeitar na arena de curto alcance, pois pode ser considerado, ainda uma aeronave ágil de uma forma geral. Como poderia se esperar, a estabilidade aerodinâmica do F-2 é relaxada, o que o obriga a usar um sistema de controle de voo computadorizado FBW (Fly By Wire) desenvolvido localmente, uma vez que os Estados Unidos se recusaram a fornecer os códigos fontes do sistema FBW do F-16 para esse programa. Este sistema FBW é triplamente redundante, o que garante a segurança em caso de falha de um ou mesmo de dois destes sistemas de controle de voo.
Acima: Embora seja um caça ágil sob qualquer ponto de vista, o F-2 ainda tem um desempenho acrobático levemente inferior ao do F-16C.
O F-2 foi equipado, inicialmente com um radar J/APG-1 AESA  (varredura eletrônica ativa), e este foi o primeiro avião de combate fabricado em série a entrar em serviço com um radar desse tipo. O radar, no entanto tinha um alcance relativamente modesto, chegando a apenas 100 km. Recentemente os caças F-2 receberam um radar aperfeiçoado J/APG-2 cujo alcance foi aumentado para cerca de 189 km, o que o torna comparável em capacidade ao de um radar AN/APG-79 usado no caça norte americano F/A-18E Super Hornet.
O sistema de comunicação abrange um radio V/UHF modelo AN/ARC-164 que opera com alta confiabilidade e grande imunidade a interferência e um interrogador IFF (identificação amigo inimigo) da Hazeltine. O sistema Head Up Display (HUD) é fornecido pela Shimadzu. Pode se perceber  que muitos dos equipamentos eletrônicos foram desenvolvidos pelo Japãomesmo, para esta aeronave.
O F-2 recebeu a integração do casulo designador de alvos Lockheed Martin Sniper que fornece coordenadas de localização para as armas guiadas a GPS e iluminação a laser para bombas guiadas por este sistema, produção de imagens da área alvo para reconhecimento, mesmo em baixa visibilidade, além de transmissão por data link em tempo real. O casulo Sniper permite um aumento da eficiência tática do F-2, e consequentemente, seu valor militar sobre o campo de batalha
Acima: Inicialmente, os F-2A foram colocados em serviço com o primeiro radar de varredura eletrônica ativa AESA em um caça. Aqui este radar, J/APG-1 tinha um desempenho de alcance limitado frente aos radares de maior alcance, mas de varredura mecânica dos caças usados pelos adversários japoneses. O novo radar J/APG-2 resolveu essa desvantagem.
Acima: O radio norte americano Raytheon AN/ARC-164 é o principal equipamento de comunicação do caça F-2A.
O armamento transportado pelo F-2 é particularmente variado, e com um forte foco em missões anti-navio. Só nesse segmento de guerra anti-navio são 3 tipos de mísseis. O míssil Type 80, que entrou em serviço em 1980, possuindo um alcance bastante restrito, atingindo alvos a apenas 50 km. Sua guiagem é feita por radar ativo e sua ogiva tem 150 kg de alto explosivo. No fundo, essa arma é pouco inferior ao velho míssil MBDA AM-39 Exocet, que já pode ser considerado um armamento relativamente obsoleto. O segundo míssil anti-navio integrado ao F-2 é o Type 93, um míssil derivado do Type 80, porém com um significativo aumento de desempenho. Seu alcance é de 170 km e sua ogiva foi aumentada para 250 kg. O sistema de guiagem é feito por um sistema inercial e com engajamento final por um sensor infravermelho (IR). O mais moderno míssil anti-navio que o F-2 usa é o avançado XASM-3 que faz uso de propulsão Ramjet que proporciona uma velocidade supersônica alta (3500 km/h) e um alcance de cerca de 200 km, tornando este míssil, praticamente imune a defesas anti-míssil dos navios. O sistema de guiagem é por radar ativo ou passivo, dando alta capacidade de precisão para este armamento.
Acima: O míssil XASM-3 é uma poderosa arma antinavio que possui um regime de voo supersônico o que praticamente inviabiliza qualquer tentativa de interceptar o míssil durante seu ataque.
O F-2 é um caça multifuncional, por tanto é qualificado para operar em missões de combate aéreo, também. Para isto, o seu arsenal é composto por misseis ar ar de fabricação norte americana AIM-9L Sidewinder, de curto alcance e os mísseis de médio alcance  AIM-7M  Sparrow guiados por radar semi ativo (exige que o radar do F-2 mantenha-se iluminando o alvo durante todo o percurso do míssil até o alvo). O míssil Sidewinder, é um armamento praticamente onipresente na guerra moderna. A absoluta maioria dos países do mundo usa alguma versão desta arma, e o modelo L, usado no F-2 já é considerado um míssil com algum nível de obsolescência uma vez que ele é incapaz de manobrar tão bem quanto os mísseis com vetoração de empuxo e capacidade de engajamento off boresight atuais. O Sidewinder "L" tem alcance cinético quando lançado de altas altitudes de até 33 km. Na pratica, porém, esse desempenho nunca é atingido, e a arma é empregada a distancias que variam de 10 a 15 km. Seu sistema de guiagem é por infravermelho e com capacidade all Aspect (podem ser lançados de qualquer angulo, mesmo de frente da aeronave inimiga). Já o AIM-7M Sparrow, é um míssil de médio alcance que tem um histórico relativamente pobre em termos de resultados de combate. A versão em uso, chamada de AIM-7M, com alcance de cerca de 50 km, tem melhores índices de precisão, porém, por se tratar de uma arma semi ativa, ele traz problemas táticos pois obriga o caça lançador a se manter com seu radar apontado para o alvo até ele ser destruído pelo míssil que segue o reflexo da iluminação do radar do lançador.
Acima: Em uma missão de patrulha aérea de combate,o F-2 pode receber até 8 mísseis ar ar, sendo 4 de curto alcance e 4 de médio alcance.
A industria de defesa japonesa desenvolveu, também, mísseis ar ar próprios para armar os seus caças. O míssil de curto alcance desenvolvido pelos japoneses é conhecido como AAM-3 e está substituindo os mísseis AIM-9 Sidewinder remanescentes no inventário japonês. , Também conhecido como Type-90, o AAM-3 tem um sensor de busca infravermelha com capacidade de engajar alvos off boresight (fora da linha de visada), e com alcance de 35 km. Para combates fora do alcance visual, o moderno míssil AAM-4 (Type-99), possui um sistema de guiamento por radar ativo, como o eficiente míssil AIM-120 Amraam, norte americano, porém, com alcance que pode chegar a 100 km.
A Mitsubishi Heavy Industries desenvolveu um moderníssimo míssil de curto alcance de 4º geração conhecido como Type 04 ou AAM-5. Este míssil, cujo desenho lembra levemente o do míssil Iris-T europeu, possui vetoração de empuxo para permitir altíssima agilidade e um sensor de busca infravermelha com elevado angulo de campo de busca para garantir uma capacidade de engajamento off boresight  (cerca de 60º do angulo de visão da aeronave). Seu alcance cinético é de 35 km, o que o torna quase um míssil BVR.
Para bombardeio de alvos em terra, o F-2 recebeu bombas guiadas a GPS GBU-31 JDAM, bombas guiadas por infravermelho bombas de queda libre da série MK-80 e bombas de fragmentação GBU-87. E por ultimo, o F-2 usa um canhão de canos rotativos General Electric M-61A1 Vulcan em calibre 20 mm com uma cadência de 6600 tiros por minuto. Ao todo, o F-2 transporta uma carga de armas de 8085 kg.
Acima: Nessa foto podemos ver com clareza o desenho dos estabilizadores tailerons com a borda de uga chanfrado. No F-16, esta peça tem um essa característica muito menor.
O caça F-2 é um tipico caça de 4º geração, onde temos agilidade e capacidade multifunção presentes no projeto. O Japão conseguiu alguma transferência de tecnologia para sua industria além de um bom incentivo para pesquisar alguns itens que os norte americanos se recusaram a passar, durante o programa de desenvolvimento. Porém, trata-se de um avião de combate que apresenta um desempenho que não permitiria impor superioridade aérea contra as forças aéreas dos países que possuem conflitos pendentes com o Japão. A China e Rússia usam pesadamente aeronaves de combate da extremamente bem sucedida família Flanker, uma aeronave com desempenho muito superior ao F-2. Por isso, o Japão entende e trabalha pelo desenvolvimento de um novo caça de 5º geração que possa permitir uma condição de enfrentamento com seus adversários de forma mais párea. O F-2 deverá se manter em serviço por pelo menos mais 15 anos, porém, focando mais em missões anti superfície e de interdição naval.

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