quinta-feira, 27 de abril de 2023

CLASSE JIANGKAI II TYPE 054A. A fragata mais importante da marinha chinesa.


Fragata multimissão Type 054A
FICHA TÉCNICA
Tipo: Fragata lança mísseis.
Tripulação: 180 tripulantes.
Data do comissionamento: Janeiro de 2008.
Deslocamento: 4053 toneladas (Carregada)
Comprimento: 134 mts.
Boca: 16 mts.
Propulsão: 4 motores a diesel  SEMT Pielstick 16 PA6V –280 STC que produzem 9050 hp de potencia cada.
Velocidade: 28 nós (52 km/h)
Alcance: 7400 Km
Sensores:  Radar de busca aérea H/LJQ-382 3D cujo alcance estimado é de 120 km, Radar busca de superfície H/LJQ-366 com alcance máximo de 250 km, Radar de controle de fogo Type 344 para os mísseis antinavio; Radar de controle de fogo Type 345 para os mísseis SAM; Radar de controle de fogo Type 347G  para o canhão H/PJ26; Radar de controle de fogo H/LJP-349A para os sistema de defesa antiaéreo de ponto CIWS; Sonar de média frequência ativo/ passivo MGK-335; Sonar de casco H/SJD-9 e sonares rebocado H/SJG-206 ou H/SJG-311, dependendo da versão do navio.
Armamento:  1 lançador vertical com 32 células para mísseis HQ-16 (9M317 de fabricação local) e foguetes anti-submarino YU-8 com torpedo leve APR-3E; 2 lançadores quádruplos para mísseis antinavio YJ-83; 1 canhão de fogo rápido H/PJ26 de 76 mm; 2 sistemas CIWS H/PJ-12 com canhão de 7 canos rotativos em calibre 30 mm; 2 lançadores de foguetes anti-submarino Type 87; 2 lançadores triplos para torpedos leves de 324 mm YU-7.
Aeronaves: Um helicóptero Harbin Z-9C.

DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
A China, dentro de seu objetivo em se tornar uma marinha de águas azuis, vem investindo pesado em sua capacidade naval e as modernas fragatas Type-054, construídas a partir de 2002, são um dos mais notáveis resultados desse esforço. Com um desenho visando a diminuição de sua assinatura de radar, pode-se dizer que esse projeto foi a primeira experiência chinesa nesse tipo de desenho.
O modelo original teve apenas duas unidades construídas e entregues à marinha chinesa, porém uma versão melhorada com armamento e sensores incrementados foi lançada em 2005 e passou a ser chamada de Type-054A e essa passou a ser o padrão da classe Type-054 com 30 navios em operação e com mais 50 (sim, cinquenta unidades) a caminho. A maior diferença entre as duas versões está no armamento antiaéreo, que na Type-054A, é capaz de defesa de área enquanto que no navio original, essa capacidade era apenas de ponto com o uso do míssil HQ-7, uma versão chinesa do míssil francês Crotale, cujo alcance máximo está em 8500 metros.
Embora, durante muitas décadas houve forte influencia do design soviético nos navios de guerra chineses, a Type 054A já possui uma influencia mais próxima dos navios europeus.
A fragata Type-054A aproveitou o bom projeto do casco e do sistema de propulsão tipo CODAD (propulsão combinada diesel e diesel) onde quatro motores a diesel trabalham juntos para mover uma única hélice. No caso da Type-054A são quatro motores baseados no modelo francês SEMT Pielstick 16 PA6 –280 STC que produzem 9050 hp de potencia cada, levando a fragata Type-054A a uma velocidade máxima de 28 nós (52 km/h) e com uma autonomia de 7400 km. Com esse desempenho a Type-054A pode escoltar um grupo de batalha para bem além dos mares que banham a China continental.

O principal sensor da Type-054A é o radar de fabricação chinesa H/LJQ-382 3D cujo alcance é de 120 km.  Este radar pode rastrear 40 alvos simultaneamente. O radar busca de superfície é um H/LJQ-366 com alcance máximo de 120 km. Para guiar os mísseis antiaéreos HQ-16 são usados quatro radares de controle de fogo MR-90 Front Dome capazes de guiar dois mísseis simultaneamente. Para controle dos mísseis antinavio YJ-83 é usado um radar Type 344 Mineral-Me “band Stand” pela nomenclatura da OTAN.
Já a detecção anti-submarino é feita por um sonar de média frequência de fabricação russa MGK-335 que opera ativa e passivamente.; Também são usados os Sonar de casco H/SJD-9 e sonar rebocado H/SJG-206 ou H/SJG-311, dependendo da versão do navio.
As Type-054A possuem uma suíte de comunicação composta por um sistema de intercambio de dados via data link HN-900 e por um sistema SNTI-240 de comunicação via satélite.
O principal sensor dos navios Type 054A é o radar H/LJQ-382 3D cujo alcance é de 120 km. 
O armamento da Type-054A é composto por um lançador vertical de mísseis com 32 células para mísseis HQ-16 (9M317 de fabricação local) Esse míssil é a versão naval do míssil antiaéreo Buk M-2 lançado de terra. Esse lançador está armado, também, com foguetes anti-submarino YJ-8, equipado com torpedo leve APR-3E, com alcance de 40 km.
Para combate de superfície foram instalados dois lançadores quádruplos para mísseis antinavio YJ-83. Este poderoso míssil de origem chinesa voa a uma velocidade de mach 0,9 e que, em sua fase terminal, atinge a velocidade supersônica de mach 1,4 (1650 km/h) nos últimos 15 km antes de impactar o casco do navio inimigo. Durante o voo, este míssil recebe atualizações do posicionamento do alvo através de data link, enquanto que a guiagem final se dá por radar ativo.
O míssil antinavio YJ-83 pode até parecer similar aos mísseis análogos ocidentais como o famoso Exocet, mas não se enganem. O modelo chinês tem um pequeno detalhe na sua performance que faz com que na fase final do ataque do míssil sua velocidade passe de subsônica para supersônica, chegando a mach 1,4 (cerca de 1500 km/h no momento do impacto. Isso torna sua interceptação ou destruição por sistemas antimíssil, bastante dificultadas.
A Type-054A possui um canhão PJ26 de 76 mm. Este canhão dispara granadas de 76 mm a uma cadência de 120 tiros por minuto. O alcance das granadas de 76 mm são de 12 km, aproximadamente e ele pode ser empregado contra alvos de superfície e alvos aéreos. Seu carregador abriga 152 granadas para pronto uso. Para defesa antiaérea de ponto são usados dois canhões CIWS  H/PJ-12 (Type-730) com 7 canos rotativos em calibre 30 mm. Esses canhões proporcionam elevado volume de fogo com uma cadencia de 5800 tiros por minuto. O alcance das granadas chega a 3 km. Esses canhões são controlados por um radar de controle de fogo TR-47C e por um sensor eletro-óptico, ambos montado na parte de cima da torre do canhão.
Para a guerra anti-submarina, existem dois lançadores Type-87 de foguetes anti-submarino com alcance de 1200 metros, além de dois lançadores triplos de torpedos de 324 mm YU-7, que são baseados no projeto do torpedo leve MK-46 dos Estados Unidos, e cujo alcance chega a 7,5 km, sendo sua guiagem por sonar ativo/passivo.
Um helicóptero Harbin Z-9C, uma versão local do helicóptero europeu Dauphin da Eurocopter, ou um helicóptero russo Kamov Ka-28 Helix podem ser operados da Type-054 A, que tem um hangar na popa.
Os navios da classe Type 054A possuem um heliporto e um hangar. Nessa foto, o helicóptero  Harbin Z-9C, uma versão local do europeu AS365 Dauphin.
A fragata Type-054A é um interessante navio de guerra que poderia ser interessante para a marinha brasileira, cujos navios são consideravelmente menos capazes que a Type-054A. Os chineses são conhecidos por praticarem custos menores que os normalmente encontrados no mercado internacional. Já a baixa qualidade que estigmatizou os produtos da industria chinesa já não é uma característica tão comum. Os chineses tiveram um grande aumento da qualidade de seus produtos que já são consumidos, mesmo em mercados mais exigentes como o europeu.
O que falta a indústria chinesa e a seu governo, no que tange a seus produtos bélicos é uma política para exportação que saia do perímetro oriental e africano.


  

 
                        

quarta-feira, 5 de abril de 2023

Ucrânia ágil, Rússia pesada: A promessa e os limites da adaptação militar

Um soldado ucraniano carregando um míssil antitanque perto de Kreminna, na Ucrânia, março de 2023.
(Violeta Santos Moura / Reuters)

Por Margarita Konaev e Owen J. Daniels, Foreign Affairs, 28 de março de 2023.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 5 de abril de 2023.

Durante mais de 13 meses de guerra contra um dos maiores exércitos do mundo, as forças armadas da Ucrânia sempre se destacaram por uma qualidade em particular: sua capacidade de adaptação. Mais e mais, a Ucrânia respondeu com agilidade às mudanças na dinâmica do campo de batalha e explorou tecnologias emergentes para capitalizar os erros da Rússia. Apesar da sua experiência limitada com tecnologia de armas avançadas, os soldados ucranianos passaram rapidamente dos sistemas de mísseis Javelin e Stinger de apontar e disparar para o mais sofisticado Sistema de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade (High Mobility Artillery Rocket SystemHIMARS), que eles usaram para atacar centros de comando russos, recursos logísticos, e depósitos de munição. Eles empregaram drones militares e comerciais de maneiras cada vez mais criativas. E embora esta não seja a primeira guerra nas redes sociais, os ucranianos têm dado ao mundo uma aula magistral em operações de informação eficazes na era digital. Tal é o seu histórico de versatilidade técnica e tática que as forças ucranianas continuam a desfrutar de uma sensação de ímpeto, apesar do fato de que as linhas de frente estão praticamente congeladas há meses.

Em contraste, as forças russas mostraram abertura limitada a novas táticas ou novas tecnologias. Atrapalhados por uma liderança ruim e um moral terrível, os militares russos demoraram a se recuperar de sua tentativa desastrosa de tomar Kyiv em fevereiro de 2022 e têm lutado para ajustar sua estratégia ou aprender com seus erros. Isso apesar de ter demonstrado considerável destreza em seus desdobramentos no leste da Ucrânia em 2014 e na Síria a partir de 2015. Na guerra atual, embora os líderes militares russos tenham feito alguns ajustes para aliviar problemas logísticos e melhorar a coordenação no terreno, a estratégia central do Kremlin continua a depender em grande parte de lançar mais mão-de-obra e poder de fogo contra o inimigo - uma abordagem pesada e de alto custo que dificilmente inspira confiança. Observando esse desempenho, alguns especialistas ocidentais levantaram a possibilidade de cenários extremamente terríveis, incluindo uma condenada ofensiva russa na primavera, um motim em grande escala de tropas ou até mesmo o colapso do regime do presidente russo Vladimir Putin.

Em resumo, a capacidade de adaptação de cada lado tornou-se um fator-chave para moldar o curso da guerra. Para analistas ocidentais, as táticas ágeis da Ucrânia oferecem informações cruciais sobre o conflito, incluindo como elas podem estimular mudanças futuras na guerra. Mas como as linhas de frente se tornaram cada vez mais endurecidas, também é importante levar em consideração os limites da adaptação. Para os aliados da Ucrânia, será crucial entender as maneiras particulares pelas quais esse processo contribuiu para o notável sucesso da Ucrânia, mas também moderar as expectativas sobre o que ela pode alcançar nos próximos meses.

Os artistas de troca rápida de Kyiv

A capacidade de adaptação da Ucrânia tem sido especialmente impressionante à luz de sua história recente. Subfinanciados, mal treinados e prejudicados pela corrupção, os militares ucranianos não conseguiram repelir os separatistas apoiados pela Rússia no Donbass em 2014 e não conseguiram recuperar o terreno perdido. Desde então, porém, os militares ucranianos passaram por reformas importantes, embora incompletas, para profissionalizar suas forças e modernizar seu equipamento militar. Esses esforços valeram a pena em 2022. Embora a liderança da Ucrânia estivesse inicialmente cética em relação à inteligência dos Estados Unidos e de outros parceiros internacionais, indicando que a Rússia estava planejando um ataque a Kyiv, os militares ucranianos colocaram em prática planos de contingência nos meses que antecederam a invasão, e apesar de terem sido pegos de surpresa pela escala da ofensiva, as forças ucranianas rapidamente se recuperaram da tentativa de campanha russa de “choque e pavor”. Então, em abril de 2022, quando a Rússia transferiu a guerra para o Donbass, onde o terreno aberto e as linhas de reabastecimento mais curtas pareciam mais favoráveis a Moscou, as forças ucranianas conseguiram evoluir, afastando-se das táticas assimétricas de estilo insurgente que as ajudavam a se defender Kyiv e para aqueles adequados para lutar em uma guerra convencional em grande escala. No final do verão, a Ucrânia estava recuperando rapidamente o território perdido.

A rápida capacidade da Ucrânia de integrar novas tecnologias em suas operações também foi impressionante. Como dezenas de países começaram a enviar armas e equipamentos ocidentais de alta tecnologia para a Ucrânia, alguns relatórios das linhas de frente indicaram que os combatentes ucranianos careciam de treinamento e experiência para usá-los e que os militares ucranianos em geral estavam tendo dificuldades com as demandas de logística e manutenção de tão muitos sistemas diferentes. No entanto, apesar desses desafios, os soldados ucranianos se adaptaram rapidamente a sofisticadas armas, munições e materiais estrangeiros. No final de agosto e ao longo de setembro, o uso efetivo de HIMARS pela Ucrânia – os avançados lançadores de foguetes móveis que Washington começou a entregar em junho de 2022 – ajudou a expulsar os russos de Kharkiv e partes de Kherson. As forças ucranianas também se tornaram adeptas do uso de dissimulação para proteger o HIMARS da artilharia russa e dos ataques da força aérea - por exemplo, construindo réplicas de madeira do sistema como iscas e mantendo os papéis e locais dos operadores do HIMARS altamente secretos. Os treinadores militares americanos reconheceram a rapidez com que os soldados ucranianos aprenderam a operar sistemas ocidentais avançados, incluindo os sistemas de mísseis Patriot que os Estados Unidos anunciaram que desdobrariam na Ucrânia.

A Ucrânia usou IA para ajudar a capturar as comunicações russas.

As forças ucranianas também demonstraram seu pensamento inovador e experimental no uso de drones. Como a guerra tem sido cada vez mais dominada por trocas de artilharia e mísseis nos últimos meses, as unidades ucranianas integraram equipes de operação de drones com sua artilharia para melhorar a precisão de ataques de não precisão, bem como para ajudar na segmentação em tempo real e na coleta de alvos para futuros ataques. As forças ucranianas equiparam grandes drones turcos Bayraktar TB2 com mísseis guiados por laser para complementar suas capacidades de reconhecimento. Eles também empregaram pequenos drones de reconhecimento, como os Mavics de fabricação chinesa, e até equiparam alguns deles para lançar pequenas granadas antipessoal.

Embora o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky tenha apelado implacavelmente aos governos ocidentais para fornecer ajuda militar, a liderança ucraniana também reconheceu o valor da assistência direta de fabricantes internacionais de tecnologia avançada. Imediatamente após a invasão russa, por meio de um apelo direto a Elon Musk no Twitter, o governo ucraniano conseguiu garantir o acesso ao sistema e terminais de Internet por satélite Starlink da SpaceX, que mantiveram intactas as redes de comunicações militares, mesmo com a Rússia tendo repetidamente visado a infraestrutura das comunicações do país. Muitas outras empresas, incluindo Microsoft, Palantir, Planet, Capella Space e Maxar Technologies, também trabalharam por meio de intermediários ocidentais ou diretamente com Kyiv para fornecer dados, equipamentos e vários recursos tecnológicos para o esforço de guerra. Em abril de 2022, a Wired informou que a Primer, uma empresa americana especializada no fornecimento de inteligência artificial (IA) para analistas de inteligência, havia compartilhado tecnologia de aprendizado de máquina com a Ucrânia. De acordo com a empresa, seus algoritmos de IA estavam sendo usados pelas forças ucranianas para capturar, transcrever, traduzir e analisar automaticamente comunicações militares russas transmitidas em canais inseguros e interceptadas.

Claro, os relatórios oficiais ucranianos que descrevem o uso de novas tecnologias pelo país devem ser examinados cuidadosamente. Kyiv tem um incentivo claro para enfatizar o efeito dos sistemas ocidentais avançados em seu esforço de guerra, a fim de encorajar os Estados Unidos e seus parceiros europeus a continuar com esse apoio. A partir de relatórios de código aberto, também pode ser difícil avaliar se a Ucrânia desdobrou essas tecnologias inovadoras amplamente ou apenas em algumas ocasiões. No entanto, está claro que, ao contrário de seu inimigo, a Ucrânia foi capaz de aprender e responder às condições inesperadas e mutáveis do campo de batalha.

Inovações perdidas de Moscou

A invasão da Ucrânia pela Rússia no ano passado não foi a primeira vez que Moscou subestimou amplamente as capacidades e a determinação de um adversário. Tanto em sua primeira guerra na Chechênia na década de 1990 quanto na guerra com a Geórgia em 2008, a Rússia foi atormentada por falhas estruturais e organizacionais significativas, inclusive na preparação, planejamento e compartilhamento de informações. Na última década, no entanto, o governo russo empreendeu um extenso e caro esforço de modernização militar. E durante desdobramentos mais recentes na Síria e no leste da Ucrânia, os militares russos pareciam muito mais adeptos da integração de tecnologias emergentes e novos conceitos em suas operações.

De fato, a intervenção brutal da Rússia para apoiar o regime de Assad na Síria foi descrita como um “campo de provas” para as reformas militares da Rússia. De acordo com fontes do governo russo, a Rússia testou cerca de 600 novas armas e outros tipos de equipamentos militares durante sua intervenção na Síria, incluindo 200 que as autoridades descreveram como “próxima geração”. Por exemplo, embora a Rússia tivesse uma frota relativamente limitada de drones de reconhecimento no início de sua campanha na Síria, aumentou a produção e o emprego depois de 2015 e, em 2018, conseguiu empregar cerca de 60 a 70 drones por dia em uma variedade de situações do campo de batalha. Alguns dos drones foram usados para criar uma rede de inteligência, vigilância e reconhecimento em todo o teatro que poderia transmitir informações de direcionamento e ataques aéreos diretos. A intervenção da Rússia na Síria também permitiu que seus militares experimentassem a integração da guerra humana e mecânica, incluindo o uso de robôs e veículos terrestres não tripulados (unmanned ground vehiclesUGV) ao lado de forças regulares. A Rússia testou uma variedade dessas tecnologias, como o pequeno Scarab UGV, que pode ser usado para limpar minas e obter acesso a instalações subterrâneas, e o Uran-6, um veículo maior de controle remoto que também possui recursos de remoção de minas.

Esses experimentos nem sempre foram tranquilos: em seu primeiro teste em uma missão de combate urbano, um UGV maior, o Uran-9, teve sérios problemas de comunicação, navegação e alcance de alvos em movimento. Mas essas incursões forneceram informações valiosas do mundo real sobre como os sistemas autônomos e habilitados para IA poderiam ajudar os soldados no campo de batalha, e muitas vezes foram citados por analistas militares russos como mostrando a promessa da IA.

A Rússia experimentou robôs não-tripulados na Guerra da Síria.

Tanto na Síria quanto no leste da Ucrânia, os militares russos também foram capazes de usar suas capacidades de guerra eletrônica modernizadas para interromper as comunicações inimigas. Tão frequente foi a interferência russa com celulares, comunicações de rádio, drones e sinais de GPS na Síria que o chefe do Comando de Operações Especiais dos EUA descreveu a guerra como “o ambiente de guerra eletrônica mais agressivo do planeta”. E durante a guerra no Donbass em 2015, o general Ben Hodges, então comandante do Exército dos EUA na Europa, descreveu como a guerra eletrônica russa “desligou completamente” as comunicações ucranianas e efetivamente aterrou seus drones. Analistas militares dos EUA também notaram que em pelo menos um incidente durante os combates no Donbass, as forças russas foram capazes de usar sinais de celular interceptados para atingir soldados ucranianos com ataques de artilharia.

No entanto, muito pouco dessa inovação ficou aparente na guerra da Rússia na Ucrânia. No ano passado, Moscou desistiu amplamente da experimentação e aprendizado no campo de batalha que definiu suas campanhas na Síria e no leste da Ucrânia. Apesar de ter uma ampla gama de tecnologias robóticas e autônomas em diferentes estágios de desenvolvimento, os militares russos parecem relutantes ou incapazes de utilizar tais sistemas na guerra atual. Ocasionalmente, analistas de código aberto identificaram novas armas de alta tecnologia sendo empregadas pela Rússia, incluindo a munição rondante KUB-BLA, projetada para usar IA para identificar alvos. Mas há pouca evidência de seu uso, e alguns observadores expressaram dúvidas sobre tais relatos. As forças russas também mostraram pouco sucesso com a guerra eletrônica e operações cibernéticas, áreas nas quais se acreditava terem uma vantagem.

Com o desenrolar da guerra, a Rússia fez alguns ajustes. No início, transferiu seus recursos para o leste da Ucrânia depois de ser rejeitado em Kyiv e se concentrou no objetivo mais limitado de “libertar” o Donbass. Tendo levado uma surra do HIMARS da Ucrânia por meses, as forças russas finalmente começaram a dispersar seus nodos de comando e controle e mover logística e depósitos de armas para fora do alcance de 80 milhas (128km) das armas. Diante da grave escassez de mão de obra e munição, a Rússia também buscou ajuda de parceiros estrangeiros – comprando drones iranianos e chineses e, de acordo com relatórios de inteligência dos EUA, até se preparando para comprar foguetes e projéteis de artilharia da Coreia do Norte. No geral, porém, as forças russas parecem ter perdido totalmente as percepções que obtiveram na Síria sobre o valor da flexibilidade.

Margens de retorno

Há mais de um ano, a extraordinária capacidade de adaptação de Kyiv mantém suas forças armadas na luta. Igualmente importante, o país inspirou confiança entre seus aliados ocidentais de que suas forças podem continuar usando novas armas e tecnologias para tirar vantagem dos erros da Rússia, recuperar território e manter altos níveis de motivação e capacidade. O desempenho militar de Moscou, enquanto isso, não inspirou ninguém. Confrontados com grandes perdas de equipamentos e tropas, as forças armadas russas estão sob enorme pressão para manter qualquer eficácia de combate possível e têm pouca capacidade disponível para experimentar novas tecnologias. Mas quão significativas são essas performances contrastantes para a direção final do próprio conflito?

A dinâmica da guerra nos próximos meses provavelmente dependerá da ofensiva da Rússia na primavera. Especialistas irão debater se a liderança russa está visando um ataque em larga escala para conquistar novos territórios ou uma tentativa mais modesta de consolidar ganhos, e sem dúvida haverá um escrutínio contínuo do baixo moral e da má qualidade das forças russas. Neste ponto, no entanto, com ambos os lados cada vez mais entrincheirados ao longo de linhas de frente bastante estáveis, é improvável que mudanças maiores na guerra ocorram em um ciclo de notícias de 24 horas. Além disso, os militares russos podem continuar lutando mal por muito tempo – na verdade, eles têm uma longa história de fazer exatamente isso. Além disso, o Kremlin, há alguns meses, tem se concentrado em reorientar a economia e a sociedade russas para uma longa guerra e se preparar para sobreviver ao apoio financeiro e material ocidental à Ucrânia. E embora analistas e observadores ocidentais possam ser tentados a concluir que o talento para a adaptação das forças ucranianas lhes dará uma vantagem a longo prazo, é importante reconhecer que eles estão enfrentando um exército muito maior liderado por um regime que demonstrou uma contínua vontade de suportar perdas enormes.

A habilidade dos militares ucranianos em integrar armas avançadas e novas tecnologias surpreende continuamente não apenas seu adversário, mas também os próprios parceiros e aliados da Ucrânia no Ocidente. No entanto, novas tecnologias e armas, por mais sofisticadas que sejam, provavelmente não serão decisivas. Na verdade, é difícil dizer se pode haver um fim decisivo para uma guerra como esta – uma perspectiva que parece improvável em um futuro próximo.

Sobre os autores:

Margarita Konaev é vice-diretora de análise do Center for Security and Emerging Technology.

Owen J. Daniels é bolsista Andrew W. Marshall no Center for Security and Emerging Technology.

Bibliografia recomendada:

Putin's Wars:
From Chechnya to Ukraine,
Mark Galeotti.

Leitura recomendada:

Depois de sua viagem a Moscou, Xi Jinping ainda detém todas as cartas, 23 de março de 2023.

COMENTÁRIO: Putin pode se agarrar ao poder, mas sua lenda está morta28 de novembro de 2022.

COMENTÁRIO: Putin como Líder Supremo da Rússia1º de fevereiro de 2020.

O futuro que a Rússia nos promete, de Olavo de Carvalho24 de fevereiro de 2022.

Alimentando o Urso: Um olhar mais atento sobre a logística do Exército Russo e o Fato Consumado22 de maio de 2022.

Faríamos melhor? Arrogância e validação na Ucrânia10 de junho de 2022.

As primeiras lições da guerra na Ucrânia26 de maio de 2022.

A geopolítica perpétua da Rússia3 de julho de 2022.

quinta-feira, 23 de março de 2023

Depois de sua viagem a Moscou, Xi Jinping ainda detém todas as cartas

O presidente da China, Xi Jinping, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, fazem um brinde após as negociações em Moscou.
(Getty)

Por Mark Galeotti, The Spectator, 22 de março de 2023.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 23 de março de 2023.

Após sua chegada a Moscou na segunda-feira, o presidente Xi Jinping disse que a China está pronta, junto com a Rússia, "para vigiar a ordem mundial com base no direito internacional". Esta declaração chegou mais perto do que nunca de articular sua visão de que uma luta normativa está acontecendo entre uma ordem dominada pelo Ocidente e outra mais adequada aos interesses de Pequim. Ao partir ontem, ele foi mais longe: "Agora há mudanças, como não víamos há 100 anos. E somos nós que conduzimos essas mudanças juntos".

Tendo se posicionado como um pacificador em potencial, Xi acredita claramente que a guerra na Ucrânia apresenta a ele uma situação em que todos saem no win-win (os dois lados ganham) – ou mesmo em que todos saem no win-win-win (ganhando ainda mais). Seu pensamento é que, se Vladimir Putin conseguir algum tipo de vitória, o Ocidente será desacreditado e provavelmente cairá na recriminação e na introspecção. Em outras palavras: uma vitória para Xi.

No entanto, se a Ucrânia triunfar, a queda da Rússia na vassalagem chinesa será acelerada: outra vitória para a China. A economia da Rússia já está trocando a dependência do dólar pela dependência do yuan: muitos em Moscou temem que onde a economia lidera, a política segue.

Depois, há o terceiro resultado. Se Pequim negocia um acordo de paz com seu plano de 12 pontos (e Putin pode muito bem engolir uma pílula amarga se for apresentado por Pequim), então suas reivindicações de ser uma verdadeira potência global e uma alternativa de princípios ao Ocidente são vindicadas.

No entanto, essa guerra infantil pode não ser necessariamente tão compatível com os interesses chineses quanto Xi acredita. Pela minha própria experiência, enquanto Putin e seus comparsas septuagenários estão obcecados em lutar contra o Ocidente – à custa de tudo o mais – a próxima geração de líderes russos que espera nos bastidores é muito mais cética em relação a Pequim. Eles também estão cientes dos perigos de serem sugados para a órbita da China.

Mercenários Wagner no setor de Bakhmut, março de 2023.

Isso pode ser visto na cobertura da imprensa russa da espionagem chinesa dentro da Rússia (que antes teria sido tratada com uma palavra discreta e um puxão de orelha simbólico). Foi-me explicado que, ao chamar a atenção para o assunto, o Serviço Federal de Segurança – uma das bases do poder de Putin – tentava alertar o Kremlin para uma ameaça crescente.

A relutância da China em transformar sua tão propalada “amizade sem limites” em qualquer tipo de apoio prático também está irritando muitos dentro da elite russa (Putin ainda usa a expressão; Xi não). A guerra está desgastando a legitimidade de Putin e o que quer que ele faça como uma “vitória” será muito menor do que sua grandiosa aspiração de trazer a Ucrânia de volta ao controle de Moscou. Xi expressou confiança de que Putin vencerá a reeleição no ano que vem. Mas, a longo prazo, não é impensável que a guerra acabe trazendo uma transição que verá essa nova geração política de elites céticas em relação à China crescer em Moscou.

"Esta não é tanto uma guerra, mas duas interligadas: uma luta cinética na Ucrânia e uma econômica e política entre a Rússia e o Ocidente."

As dúvidas da elite russa sobre a China não são infundadas. Pequim está permitindo que alguns fuzis de assalto (reticentemente rotulados como 'armas de caça') e peças sobressalentes para drones sejam exportados para a Rússia via Turquia e Emirados Árabes Unidos, mas apenas por dinheiro e com um claro entendimento de que transferências sérias de armas pesadas estão fora de questão. Claramente, a China não está disposta a comprometer o comércio com o Ocidente – avaliado em mais de US$ 1,5 trilhão – pelos US$ 200 bilhões da Rússia. E enquanto a China continua a comprar petróleo e gás russo com desconto, seus bancos se retiraram amplamente do país.

Uma Ucrânia do pós-guerra aceitará qualquer ajuda à reconstrução que puder obter, mas seu foco será em laços mais estreitos com o Ocidente, não com Pequim. Em 2019, a China era o maior parceiro comercial individual de Kiev, principalmente por causa das importações maciças de milho ucraniano. No entanto, a UE como um todo supera isso. Kiev fez pouco segredo de que distribuirá contratos de reconstrução aos países que o ajudaram em seu momento de necessidade. Um funcionário da UE geralmente pessimista me disse: "Depois da guerra, reconstruir a Ucrânia será difícil, mas, uma vez concluída, a Europa estará mais forte do que nunca e menos suscetível a pressões, seja do exército da Rússia ou da economia da China".

Enquanto isso, outra ameaça ao plano de Xi é que, como resultado da guerra, o Ocidente está se armando e se reconectando de uma forma que não se via há 30 anos. Os membros da OTAN estão aumentando seus gastos com defesa; até a UE está começando a levar a segurança a sério. Depois, há o acordo da AUKUS e do Japão para desenvolver seu novo caça a jato com a Grã-Bretanha e a Itália. Todas essas medidas significam que a Europa está cada vez mais conectada com o que a China considera seu quintal.

 Desfile do Dia da Vitória em Pequim, na China, 2015.

A guerra também está forçando Pequim a reavaliar seus próprios estereótipos, incluindo a suposição de que o Ocidente não está disposto a aceitar a dor na guerra econômica (por causa da energia, por exemplo), afetando os cálculos chineses sobre as possíveis consequências de uma jogada para tomar Taiwan.

No entanto, Xi não está sozinho em calcular mal os resultados da guerra. Atualmente, todos os envolvidos parecem, erroneamente, acreditar que o tempo está a seu favor.

Moscou tem certeza de que, eventualmente, a vontade ocidental de apoiar a Ucrânia diminuirá, permitindo que ela force algum tipo de paz ruim sobre Kiev – a qual Putin poderia transformar em uma vitória. O Kremlin se agarra a cada indício de divisão ou exaustão como garantia. Quando o governador da Flórida e potencial candidato presidencial republicano, Ron DeSantis, afirmou recentemente que "enredar-se ainda mais em uma disputa territorial entre a Ucrânia e a Rússia" não era um dos "interesses nacionais vitais" dos EUA, isso foi saudado na TV estatal russa como prova do retorno do isolacionismo americano.

Ganhando ou perdendo, a guerra é catastrófica para a Rússia. As cicatrizes de sua economia e sociedade levarão anos para cicatrizar. As sanções persistirão enquanto Putin estiver no poder. A recente decisão do Tribunal Penal Internacional de emitir um mandado de prisão contra ele por crimes de guerra ajuda a fixar o status da Rússia como um Estado pária.

Soldado ucraniano em Pripyat no inverno,
3 de fevereiro de 2023.

A Ucrânia está certa de que, com assistência militar contínua, será capaz de se afirmar no campo de batalha, forçando a Rússia a se retirar ou chegar a um acordo. Então, continua a narrativa, o Ocidente ajudará a reconstruir o país destruído (estimativas da UE colocam o custo em US$ 750 bilhões) e a Ucrânia será bem-vinda à UE e à OTAN. Pode ser mais fácil manter o apoio em tempos de guerra do que de paz.

Enquanto isso, o mantra do Ocidente de que “a guerra termina quando Kiev disser que acabou” é uma forma de evitar esse debate. O Ocidente está aumentando o apoio à Ucrânia na esperança de que isso acelere o fim da guerra, mas se isso não acontecer - e pode muito bem não acontecer - será mais difícil manter uma frente unida para apoio contínuo na mesma escala. Um comentarista próximo ao húngaro Viktor Orbán, que se recusou a fornecer ajuda militar à Ucrânia, disse-me com uma expectativa mal disfarçada de que, "quando outro inverno chegar e Kiev ainda não tiver vencido, eles não estarão mais falando sobre nós como o contrários".

Além disso, mesmo que o Ocidente possa financiar uma vitória no campo de batalha, a segurança da Ucrânia não estará necessariamente garantida. Moscou ainda pode encontrar muitas outras maneiras de desestabilizar seu vizinho, desde a corrupção estratégica até o terrorismo absoluto, minando os esforços para ajudar o país a construir uma democracia sustentável e uma economia de mercado.

Claro, esta não é tanto uma guerra, mas duas interligadas: uma luta cinética na Ucrânia e uma econômica e política entre a Rússia e o Ocidente. Com o Ocidente já tendo prometido mais de US$ 150 bilhões em assistência militar, humanitária e econômica (apenas cerca de metade foi realmente fornecida até agora), ele conta não apenas com o sucesso ucraniano no campo de batalha, mas também com as sanções que corroem o apoio doméstico a Putin, e a capacidade de luta da Rússia. Nas palavras de um oficial britânico: "É um jogo longo e, de certa forma, dependemos dos ucranianos para manter o campo de batalha enquanto desgastamos as capacidades da Rússia." À medida que Putin militariza sua economia, porém, isso pode não ser uma tarefa rápida ou fácil.

A Ucrânia não tem escolha a não ser lutar por sua liberdade e soberania. Mas no processo, está sangrando até secar. Uma fonte do Ministério da Defesa britânico aceitou desconfortavelmente que as recentes alegações do Washington Post de que Kiev sofreu 120.000 baixas contra 200.000 de Moscou não estavam "muito longe da verdade", e significam que está sofrendo o dobro das perdas, proporcionalmente à população. Ao mesmo tempo, sua economia está no soro, encolhendo em um terço no ano passado. Grande parte da assistência financeira veio na forma de empréstimos, não de presentes. À medida que a guerra avança, a Ucrânia corre o risco de trocar a liberdade do imperialismo de Moscou pela dependência de credores exigentes.

Depois do que chamou de sua “jornada de amizade, cooperação e paz” para Moscou, Xi não deu a mínima ideia de qualquer mudança séria na política – mas a China ainda tem a maior liberdade de manobra. Poderia exercer pressão sobre a Rússia e ganhar o manto de pacificador. Poderia decidir intensificar o apoio a Moscou em troca de vassalagem. Ou pode continuar a sentar e assistir todo mundo sofrer. Ironicamente, embora não seja ostensivamente um jogador neste jogo, Xi detém todas as cartas.


Sobre o autor:

Mark Galeotti em frente ao Kremlin e à Catedral de São Nicolas.

Mark Galeotti é um estudioso de assuntos de segurança russos com uma carreira que abrange a academia, serviços governamentais e negócios, um autor prolífico e frequente comentarista da mídia. Ele dirige a consultoria Mayak Intelligence e é professor honorário da Escola de Estudos Eslavos e do Leste Europeu da University College London, além de ter bolsas de estudos com a RUSI, o Conselho de Geoestratégia e o Instituto de Relações Internacionais de Praga. Foi Chefe de História na Keele University, Professor de Assuntos Globais na New York University, Pesquisador Sênior no Foreign and Commonwealth Office e Professor Visitante na Rutgers-Newark, Charles University (Praga) e no Moscow State Institute of International Relações. Ele é autor de mais de 25 livros, incluindo A Short History of Russia (Penguin, 2021) e The Great Bear at War: The Russian and Soviet Army, 1917–Present (Osprey Publishing, 2019).

domingo, 19 de março de 2023

3° PELOTÃO ESPECIAL DE FRONTEIRA APREENDE GRANDE QUANTIDADE DE DROGAS NA FRONTEIRA DO BRASIL COM A COLÔMBIA








Vila Bittencourt (AM) – O 3º Pelotão Especial de Fronteira, localizado em Vila Bitencourt (AM), foi palco de uma ação de sucesso na vigilância da fronteira do Brasil com a Colômbia. Na madrugada de 19 de março, quatro cidadãos colombianos foram presos com 2.715 kg de maconha tipo skunk, 3,8 kg de cocaína e 11 Kg de pasta-base, além de armas e munição. Além dos materiais, considerados de grande valor, foram aprendidas três embarcações, que rapidamente foram encaminhadas à Polícia Federal, graças à integração entre o Exército Brasileiro e o Departamento da Polícia Federal. As apreensões decorreram de uma série de operações conduzidas na região do Vale do Rio Japurá.

A modernidade e a capacidade tecnológica utilizadas pelas tropas do Comando Militar da Amazônia garantiram a eficiência operacional e a prontidão das equipes em detectar a embarcação suspeita e agir rapidamente. Essa capacidade tecnológica, aliada à capilaridade dos 23 PEF estrategicamente localizados na fronteira, permite ao Exército Brasileiro a dissuasão e a projeção de poder necessárias para cooperar no combate ao tráfico de drogas e aos outros ilícitos na região.

A presença permanente do Exército na região, por meio do 3º Pelotão Especial de Fronteira, do Comando de Fronteira Japurá/ 17º Batalhão de Infantaria de Selva, permite a ação rápida e eficiente no controle de crimes transfronteiriços, como ocorreu nessa operação em Vila Bittencourt. A apreensão é um exemplo da efetividade das ações de vigilância na faixa de fronteira do Exército Brasileiro.

 

                      

sexta-feira, 10 de março de 2023

IRON DOME - O guarda chuva de defesa antiaéreo israelense.

Lançador de mísseis do Iron Dome lançando um míssil Tamir.
FICHA TÉCNICA
Motor: Propelente sólido.
Velocidade: 2700 km/h (mach 2,2).
Alcance: 17 km.
Altitude: 10 km.
Comprimento: 3 m.
Peso: 90 kg.
Ogiva: 11 kg de alto explosivo e fragmentação.
Lançadores: Container rebocável com 20 mísseis.
Guiagem: Comando de radio atualizado por uplink e um radar ativo para a fase terminal do engajamento.

DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
O tumultuado relacionamento de Israel com seus vizinhos, gerou inúmeros combates que, muito infelizmente, transbordam para além das áreas fronteiriças levando um elevado risco a integridade física e mesmo de morte para o povo judeu em suas cidades. O grupo extremista Hezbollah, com apoio do governo iranianos, utiliza artilharia de foguetes, principalmente do tipo Katyusha-122 , desenvolvido pela União Soviética, e que tem um alcance de quase 30 km, permitindo que cidades ao norte de Israel estejam dentro de seu raio de ação. 
Para lidar com esse sério problema, a partir de 2005, a Rafael Advanced Defense Systems, junto com a Israel Aerospace Industries ou IAI começaram a projetar um sistema de defesa para interceptar e destruir foguetes de artilharia como os  Katyusha e granadas de artilharia de 155 mm usados pelo grupo Hezbollah e também por eventuais inimigos de Israel. 
Batizado de Iron Dome, o sistema foi colocado em serviço operacional em 2011,e já vendo ação quase que imediata, defendendo a cidade de Beersheba, próxima com a Cisjordânia e da Faixa de Gaza. 
Trailer do sistema Battle Management & Control (BMC) que é, falando a grosso modo, o "cérebro" do sistema Iron Dome
 
O sistema Iron Dome usa o míssil interceptador Tamir, desenvolvido pela Rafael, foi projetado para máxima eficiência para destruir granadas de artilharia e foguetes a uma distancia de até 17 km. 
O sistema de guiagem é composto por um radar  Elta EL/M-2084 de varredura eletrônica ativa, capaz de detectar um alvo do tamanho de uma granada de artilharia de 155 mm à uma distancia de 100 km. Uma vez detectado, os dados são enviados para um computador de controle de fogo que avalia se áreas povoadas ou algum estrutura estratégica está em risco. Se for confirmado que essas áreas estão em risco, o sistema faz o calculo do ponto de impacto e lança de um míssil Tamir contra a granada ou foguete inimigo. O míssil é guiado por comando de radio recebendo atualizações de meio curso até o ponto onde o próprio radar do míssil é ativado para a fase terminal. A ogiva é detonada por uma espoleta  a laser de proximidade. A probabilidade de destruição do alvo está em 90 %, baseado no histórico de combate desse sistema de defesa antiaéreo.
Radar Elta EL/M-2084 usado para aquisição de alvo e rastreio do sistema Iron Dome.

Uma bateria do sistema Iron Dome é composta, tipicamente, por um radar  EL/M-2084  para busca e rastreio desenvolvido pela empresa Elta, um sistema de gerenciamento de batalha e controle de armas desenvolvido pela  empresa israelense mPrest Systems, especializada em softwares, e por ultimo,  unidades de lançamento, normalmente composto por 3 ou 4 lançadores com 20 mísseis cada.
As baterias são transportadas por veículos 6X6 que permitem posicionar, rapidamente, a bateria em pontos estratégicos a serem defendidos.
Além de Israel, os Estados Unidos e a Romênia são usuários deste moderno sistema de defesa antiaérea. Outros países tem demonstrado interesse em sua aquisição também, como a Índia e o Azerbaijão.
Os Estados Unidos usam seus sistemas Iron Dome em cima de caminhões Heavy Expanded Mobility Tactical Truck (HEMTT).