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O T-72 venezuelano. |
Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 8 de março de 2025.
Como parte do seu fortalecimento militar, a Venezuela adquiriu 92 tanques do modelo T-72B1, entregues pela Rússia em 2009–2012. Este T-72 venezuelano é também conhecido como T-72V ou T-72B1V, e é atualmente o tanque de combate principal do Exército Bolivariano junto do AMX-30B repotenciado, agora redesignado AMX-30VE.
O T-72 é o tanque de batalha principal mais amplamente usado no mundo. De origem soviética, ele foi fabricado em seis países, está em serviço com os exércitos de 35 nações e lutou em todas as principais guerras dos últimos 20 anos. Está largamente em operação na Ucrânia, sendo empregado pelos dois lados. Acredita-se que a Ucrânia recebeu de seus aliados por volta de 540 unidades do início do conflito até março de 2025.
A Venezuela e o T-72
Em 11 de abril de 2011, o lote de 35 tanques T-72B1 foi entregue, sendo estas unidades o último lote da encomenda inicial de setembro de 2009. Caracas e Moscou teriam concordado com a compra de mais 100 tanques de batalha principais T-72 pela Venezuela, como parte de novo um empréstimo de US$ 4 bilhões em 2011 para comprar armamento russo, conforme foi informado na época pelo jornal russo Kommersant. Além dos T-72B1V modernizados, os sistemas de foguetes de lançamento múltiplo Smersh e outros equipamentos militares foram enviados para a Venezuela sob um empréstimo separado de US$ 2,2 bilhões, concedidos ao governo de Hugo Chávez em 2010.
Este segundo lote de 100 tanques mobiliaria pelo menos dois batalhões de tanques até o final de 2012. O batalhão de tanques venezuelano tem 25 tanques T-72, que são dispersos em três pelotões de tanques (com 8 tanques), além de um tanque do um comandante de batalhão. Os tanques são apoiados por 10 BMP-3 e uma bateria de unidades de artilharia autopropulsadas com quatro ACS 2S23 "Nona".
Os empréstimos russos para a Venezuela são garantidos pela participação da Rússia em uma série de projetos conjuntos de petróleo com Caracas. Em 2012, a gigante petrolífera estatal russa Rosneft ganhou acesso ao bloco Carabobo 2 por US$ 1,2 bilhão pagos adiantado e um empréstimo de US$ 1 bilhão para a empresa estatal venezuelana PDVSA. A Rosneft também é uma das cinco empresas russas em um consórcio trabalhando com a PDVSA para desenvolver o Bloco Junin 6 do cinturão do Orinoco.
O T-72 no mundo
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Uma equipe de T-72 do Exército Venezuelano no biatlo de tanques nos Jogos Internacionais do Exército Russo, 2015. (Evgeny Biyatov/ RIA Novosti) |
O T-72 entrou em produção em 1970, sendo o tanque mais comum usado pelo Exército Vermelho Soviético da década de 1970 até o colapso da União Soviética. Nas últimas décadas, a Rússia tem fornecido o T-72 para seus aliados de modo a padronizar a cadeia logística. Veículos antigos tornam-se um peso na cadeia de suprimento dos exércitos com o tempo, e o fornecimento de peças obsoletas não mais produzidas pelas fábricas, torna-se um estorvo para a indústria. Modelos T-72 foram fornecidos à Sérvia e ao Laos, por exemplo, e mesmo as repúblicas autônomas ao redor da Ucrânia - dependentes de Moscou - receberam o T-72. Este tanque também é o modelo usado pelos competidores do Biatlo de Tanques em Alabino, no Oblast de Moscou.
O T-72 foi um produto de uma rivalidade entre equipes de projeto. Morozov KB foi liderado por Alexander Morozov em Kharkov. Uralvagon KB foi liderado por Leonid Kartsev em Nizhny Tagil. Para melhorar o T-62, dois projetos baseados no tanque foram testados em 1964: o Objeto 167 (T-62B) de Nizhny Tagil e o Objeto 434 de Kharkov. Sua função era ser um tanque de mobilização e não o carro padrão do exército mas, por inúmeros infortúnios, o tanque "tapa-buraco" acabou tornando-se o cavalo de batalha soviético e que povoa boa parte dos campos de batalha do globo.
A característica marcante do T-72 é o perfil baixo, excelente para o terreno plano dos campos de batalha europeus onde se previa a sua utilização. Isso é alcançado por um desenho cuidadoso, mas em particular pela eliminação do tripulante municiador que, por ter que trabalhar em pé, dita em grande parte a altura de um tanque. Ele é substituído neste veículo por um carregador automático, que pode alimentar o canhão em qualquer ângulo com um obus separado e caixa de carga. A munição é organizada ao redor da torre, como o carrossel de um projetor de slides. As suas desvantagens são o armazenamento de munição limitado, os obuses são desprotegidos e, por isso, há um alto risco de incêndio; o equipamento mecânico é propenso a quebrar e a cadência de tiro, devido à ação do carregador automático, é lenta.
Bibliografia recomendada:
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T-72: The Definitive Guide to the Soviet Workhorse, Ryan A. Then. |
Poderia haver uma reinicialização da Guerra Fria na América Latina?, 4 de janeiro de 2020.
Militares da Venezuela: principais questões a saber, 4 de setembro de 2021.
GALERIA: Exercício venezuelano com blindados e infantaria, 31 de agosto de 2022.
FOTO: T-72B3 russo na neve, 17 de setembro de 2021.
FOTO: T-72 ucraniano decapitado, 21 de outubro de 2022.
FOTO: T-72 georgiano decapitado, 23 de setembro de 2020.
FOTO: O jovem cadete Hugo Chávez, 7 de agosto de 2022.
GALERIA: Ativação do Comando de Operações Especiais venezuelano, 30 de agosto de 2020.
Carros de combate principais T-72B1MS no Laos, 22 de setembro de 2020.
A adoção do tanque T-72A "Dolly Parton" do Exército Soviético, 22 de junho de 2021.
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