Carros de combate T-72B1MS "Águia Branca" do Exército Popular do Laos durante a parada militar, em Vientiene, de celebração dos 70 anos da criação das Forças Armadas do Laos, 20 de janeiro de 2019. |
The Russian military equipment adopted in #Laos was shown during the military parade dedicated to the 70th anniversary of the People's Army of the Republic https://t.co/5h6jGO486b #RusMoD #RussiaLaos #Parade #MilitaryEquipment #LaoPeoplesArmy #MilitaryCooperation @mfa_russia pic.twitter.com/aosHAmzzfw
— Минобороны России (@mod_russia) January 20, 2019
O interesse do Laos pelos T-72 foi primeiro demonstrado quando suas equipes operaram o novo carro de combate no Biatlo de Tanques 2018, e que, junto dos vietnamitas, iniciaram conversações com a indústria russa. Em dezembro de 2018, o ministro da Defesa do Laos, Tenente-General Sengnuan Xayalat, disse à emissora russa Zvezda (Estrela) que o Exército Popular receberia armamentos e plataformas de fabricação russa, incluindo “novos tanques T-72” e aeronaves Yak-130. Tudo isso fazia parte da nova modernização das forças laocianas, que operavam antigos T-55 e até mesmo 10 veteranos T-34/85 em serviço, com mais 20 em estoque.
Em janeiro de 2019, o Laos entregou à Rússia seus 30 carros de combate T-34/85 como parte desta modernização. Seu estado era lastimável, inclusive com ninhos de pássaros em alguns deles. Estes T-34 veteranos, que foram fabricados na antiga Tchecoslováquia nos anos 1950, viajaram 4,500km por terra do Vietnã e por mar até Vladvostok, de onde foram transportados por ferrovia para Moscou. Sendo reformados por técnicos e engenheiros, eles serão exibidos em desfiles e museus, e usados em filmes. (O blog tratou desse assunto aqui.)
Os T-34 com os cocares do Exército Popular Laociano embarcados em trens com destino a Moscou, janeiro de 2019. |
Primeiro lote embarcado em caminhões e entregue ao exército laociano em 23 de dezembro de 2018. |
T-72B1MS "Águia Branca" no International Forum Engineering Technologies 2012, 29 de junho de 2012. |
Um segundo lote foi entregue em 26 de novembro de 2019, com algumas fotos mostrando o desembarque do navio no porto vietnamita de Tien Sa, para serem enviados em caminhões especiais por rodovia ao Laos - que não possui saída para o mar. Os 30 T-72B1MS laocianos equiparam um batalhão de carros de combate, o que representa um aumento de poder de combate impressionante no contexto laociano, chegando em três lotes de 10 tanques cada. Saindo de uma força blindada de 30 T-55 e 30 T-34/85 para uma de 30 T-72 e 30 T-55.
Com um preço estimado de apenas US$ 1,5-2 milhões por veículo, o T-72B1MS provou ser uma escolha sábia para o Exército Popular Laociano no contexto do seu orçamento de defesa.
No final de janeiro de 2020, o Laos recebeu da Rússia um terceiro lote de carros T-72B1MS “Águia Branca” e de veículos blindados de reconhecimento 4x4 BRDM-2M. Enquanto isso, o Aeroporto de Thongkaihin, atualizado, localizado na província de Xiang Khuang, foi melhorado com a assistência de especialistas russos e concluído a tempo para as celebrações do aniversário.
As entregas teriam sido feitas como parte das comemorações do 71º aniversário das Forças Armadas Populares Laocianas, com o chefe da Direção-Geral de Cooperação Militar Internacional da Rússia, o Tenente-General Alexander Kshimovsky, liderando a delegação da Rússia. Isso faz parte dos esforços entre a Rússia e o Laos para melhorar seus laços de defesa de longa data.
Essa amizade percorreu um longo caminho, no entanto, com o Laos sendo um bastião anti-comunista até 1975. A primeira unidade militar moderna inteiramente laociana foi formada pelos franceses em 1941 e ficou conhecida como o Primeiro Batalhão de Chasseurs Laotiens (infantaria leve), sendo usado para segurança interna e não entrou em ação até depois da invasão japonesa de 9 de março de 1945, quando o Japão ocupou o Laos. A unidade então foi para as montanhas, suprida e comandada por agentes da França Livre, que haviam recebido treinamento especial de selva em bases na Índia e haviam saltado de pára-quedas no Laos a partir de dezembro de 1944 com o objetivo de criar uma rede de resistência.
Enquanto isso, aproveitando a ausência temporária da autoridade francesa nas cidades, o governo Lao Issara, nacionalista e não-comunista liderado pelo príncipe Phetsarath Ratanavongsa, armou-se para defender a independência do Laos que reivindicou em nome do povo durante o vácuo de poder causado pela derrota do Japão. Em sua maior parte, os componentes efetivos das forças armadas de Lao Issara consistiam de residentes vietnamitas das cidades do Laos, que receberam armas dadas pelas tropas japonesas que se rendiam - vendidas pelos soldados nacionalistas chineses que ocuparam o norte do Laos em 1945 Acordos da Conferência de Potsdam - ou saqueados de arsenais franceses. Na Batalha de Thakhek (Khammouane) em março de 1946, o Lao Issara usou morteiros e metralhadoras leves contra veículos blindados e aviões franceses em uma batalha que decidiu a questão da soberania no Laos em favor da França; com os líderes do movimento Lao Issara se exilando em Bangkok entre 1946 e 1949, tentando adquirir armas para uma revanche.
O exército laociano nasceu em sua forma moderna como o Exército Real Laociano, em 20 de janeiro de 1949, como parte da União Francesa. Os esforços franceses para treinar e expandir o Exército Real Laociano continuaram durante a Primeira Guerra da Indochina (1946–54), época em que o Laos tinha um exército permanente de 15.000 soldados.
Em 1953, o reino do Laos tornou-se independente de fato e os franceses escolheram originalmente Dien Bien Phu como o local de um grande ponto forte porque bloqueava uma rota principal de invasão ao Laos, que eles sentiram que deveriam defender a todo custo para preservar sua credibilidade com o rei de Louangfrabang, que havia buscado a proteção da França.
O Exército Real Laociano lutaria contra o movimento comunista Pathet Lao até 1975, quando os Estados Unidos abandonaram a Indochina para os comunistas. Em combates na primavera de 1975, o Pathet Lao finalmente quebrou a resistência dos Hmong de Vang Pao, bloqueando o entroncamento rodoviário que ligava Vientiane, Louangphrabang e a Planície dos Jarros. Assistidos por dois batalhões de tropas do Pathet Lao, que haviam voado para Vientiane e Louangphrabang em aviões soviéticos e chineses para neutralizar essas cidades sob o acordo de cessar-fogo, os comunistas organizaram manifestações para apoiar suas demandas políticas e militares, levando à final tomada de poder nas cidades que o governo real ainda mantinha, proclamando a República Popular do Laos.
Os novos T-72 seguindo os antigos T-55. |
Servindo um dos países comunistas menos desenvolvidos do mundo, as Forças Armadas Populares Laocianas são pequenas, mal-financiadas e sem recursos eficazes. O foco da sua missão é a segurança interna e de fronteira, principalmente na repressão interna de dissidentes e grupos de oposição laocianos.
Isso inclui o esmagamento brutal das manifestações pacíficas do Movimento de Estudantes da Democracia do Laos em 1999 em Vientiane, e no combate a grupos insurgentes étnicos Hmong e outros grupos de pessoas do laocianas e hmong que se opõem ao governo de partido único marxista Pathet Lao e ao apoio que recebe da República Socialista do Vietnã.
Atualmente o Laos faz uma aliança tríplice com o Vietnã e a Rússia, participando de exercícios conjuntos e nos jogos militares na Rússia, como o Biatlo de Tanques.
Bibliografia recomendada:
Leitura recomendada:
Rússia restaura tanques T-34 soviéticos recuperados no Laos, 1º de março de 2020.
Tanked Up: Carros de combate principais na Ásia, 12 de agosto de 2020.
Viva Laos Vegas - O Sudeste Asiático está germinando enclaves chineses, 13 de maio de 2020.
DOCUMENTÁRIO: O massacre da Praça da Paz Celestial (Praça de Tiananmen), 1989, 13 de agosto de 2020.
GALERIA: Bawouans em combate no Laos, 28 de março de 2020.
"Tanque!!": A presença duradoura dos carros de combate na Ásia, 6 de setembro de 2020.
FOTO: Um M24 Chaffee no Tonquim, 9 de julho de 2020.
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