domingo, 29 de junho de 2025
CLASSE MOGAMI. O amadurecimento da indústria naval japonesa.
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Classe Mogami |
FICHA TÉCNICA
Tipo: Fragata Multimissão.
Tripulação: 90 tripulantes.
Data do comissionamento: Abril de 2022.
Deslocamento: 5500 toneladas (Carregada)
Comprimento: 132,5 mts.
Boca: 16,3 mts.
Propulsão: CODAG (Combinação diesel e gás) com uma turbina a gás Rolls-Royce MT30 e dois motores a diesel MAN V28/33DD STC que produzem 70000 hps, juntos.
Velocidade: 30 nós (55 km/h)
Alcance: 6000 milhas náuticas (11100 Km)
Sensores: Radar AESA multifunção OPY-2 com 320 km de alcance (contra alvos aéreos), Sistema de busca e vigilância eletro ótico OAX-3(EO/IR), Sonar de profundidade variável OQQ-25 VDS com alcance de detecção máximo de 44,4 km, Sonar rebocado OQQ-25 TASS com alcance de 129 km, Sonar de caça minas OQQ-11.
Armamento: Um canhão MK-45 Mod 4 em calibre 127 mm; 2 lançadores quádruplos para mísseis antinavio Type 17; Um lançador vertical MK-41 para 16 mísseis antiaéreos Type 23 de médio alcance ou RIM-162 ESSM; Um lançador SeaRAM com 11 mísseis antiaéreos RIM-116 de curto alcance para defesa de ponto. Dois lançadores triplos de torpedos leves Type 12
Aeronaves: Um helicóptero SH-60J Seahawk.
DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior com apoio do material do Site Plano Brasil
O Japão possui uma longa tradição de sua marinha, onde numerosos navios, e de grande capacidade, serviram durante sua história. Mesmo sendo um país com um posicionamento pacifico, adotado depois do fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão ainda tem conflitos tensos com sua "vizinhança".
Desde o fim da daquela guerra, as ilhas Curilas do Sul (também conhecidas como Territórios do Norte pelo Japão), foram invadidas pela Rússia que, simplesmente, se recusa a devolver o território ao Japão até os dias atuais. Por outro lado, a China, outra grande potencia militar, reivindica as ilhas de Senkaku, conhecidas na China como Ilhas Diaoyu, levando os chineses a se aproximar com navios de guerra e aeronaves militares de tempos em tempos, gerando reações japonesas que enviam aeronaves de combate e navios de guerra para interceptar estas ações chinesas. Ainda, há o risco de uma guerra na península coreana, com a Coreia do Norte, sempre ameaçando as forças sul coreanas e japonesas na região.
Com essa histórico todo, o Japão mantem uma forte capacidade de combate no ar, em terra e no mar.
Com uma grande frota de navios de guerra de médio e grande porte, sendo que muitos estão envelhecendo e já caindo na obsolescência.
O Ministério da Defesa do Japão (MoD), em 2015, alocou fundos para analisar a construção de um novo navio de guerra que fosse compacto e que fosse equipado com novos sistemas de radar e capacidades multifuncionais adicionais, e que, ainda por cima, fosse de custo mais baixo e de fácil construção. Em agosto de 2017 a empresa Mitsubishi Heavy Industries (MHI), foi contratada para liderar o programa para desenvolvimento e construção de uma moderna fragata, com a subcontratada Mitsui Engineering and Shipbuilding, para fornecer 22 novos navios de guerra que substituirão oito velhos destroieres da classe Asagiri e seis navios da classe Abukuma, ambos projetos da década de 80 do século passado.
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Os destroieres da classe Asagiri (na foto, o Umigiri DD108), devido a sua obsolescência, começaram a ceder lugar para as novas fragatas da classe Mogami. |
O novo navio foi batizado de Classe Mogami, e a partir daqui, vou descrever suas capacidades e características, que estão permitindo à Marinha do Japão, modernizar sua capacidade de combate frente aos enormes avanços tecnológicos que seus adversários, notadamente a China tem colocado em campo.
Quando se vê a Mogami, a primeira coisa que salta à vista é seu desenho limpo e com aplicação de muitas técnicas de redução de sua assinatura de radar. O navio possui um deslocamento máximo de 5500 toneladas, seu comprimento é de quase 133 metros, e a boca (largura máxima) de 16 metros. Esse porte permite que se possa instalar uma razoável quantidade e variedade de tipos de armamentos e sensores, garantindo que a capacidade de combate seja efetiva dentro do cenário em que o Japão precisa empregar esse navio.
Sua propulsão é do tipo CODAG (Combinação diesel e gás), bastante comum e muito eficiente para um navio de guerra desse porte. A configuração do sistema propulsor é composto por uma única turbina a gás Rolls-Royce MT30 e dois motores MAN Diesel V28/33DD STC, movimentando duas hélices que entregam até 70000 hp, levando a Mogami a atingir velocidades superiores a 30 nós (cerca de 55,5 km/h). Seu alcance é de 11100 km (6000 mn), o que também pode ser classificado como ótimo para uma fragata. Esse desempenho a permite participar de grandes grupos de batalha em qualquer ponto do globo.
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A Mogami possui desempenho adequado para emprego em grandes grupos de batalha, podendo acompanhar estes grupos em qualquer ponto do planeta. |
O sensor principal do Mogami é o radar multifuncional OPY-2, de varredura eletrônica ativa (AESA) e que faz uso da tecnologia de construção com nitreto de gálio e que lhe permite um desempenho de busca contra alvos aéreos de até 320 km, (alvos do tamanho de um bombardeiro). Além disso, o radar pode ser empregado em busca de superfície, simultaneamente em quem busca alvos aéreos. Além disso, também tem um modo que permite detectar um mastro de submarino que esteja navegando submerso, próximo da superfície. Complementando essa capacidade, a Mogami conta com o sensor eletro-óptico/infravermelho OAX-3, que oferece maior precisão na identificação de ameaças em diferentes condições climáticas e de luminosidade.
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O equipamento acima é o sensor OAX-3 que fornece busca e vigilância por imageamento eletro-óptico, complementando as capacidade de busca ativa do radar OPY-2. |
Devido à sua finalidade multimissão, as fragatas contam com o sonar de profundidade variável (VDS) sistema de sonar rebocado (TASS) NEC OQQ-25 para guerra antissubmarino (ASW) e um sonar antiminas OQQ-11, fabricado pela Hitachi e que é montado no casco.
As embarcações também contam com o sistema de gerenciamento de combate OYQ-1 e o sistema de exibição/processamento de informações OYX-1-29.
Todos os sistemas de antenas e links de dados táticos são armazenados no mastro de integração UNICORN NORA-50 (UNIted COnbined Radio aNtenna), uma estrutura que centraliza as comunicações e reduz a interferência eletromagnética, contribuindo para a furtividade e eficiência operacional do navio.
As fragatas da classe Mogami estão equipadas com avançados sistemas de guerra eletrônica, incorporando tecnologias de última geração para defesa e operações táticas. Os navios em serviço, bem como aqueles que serão comissionados em breve, contam com o sistema NOLQ-3E, que integra capacidades de guerra eletrônica passiva e ataque eletrônico, permitindo a detecção e interferência em sinais de radar inimigos. Além disso, possuem um lançador de contramedidas do tipo chaff, utilizado para dispersar refletores metálicos e desviar mísseis antinavio guiados por radar, durante ataques.
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Uma das características mais interessantes das fragatas da classe Mogami, é a redução de sua tripulação, conseguida pelo grande nível de automação dos seus sistemas. |
A capacidade de combate da Mogami conta com um canhão MK-45 Mod 4 em calibre 127 mm, armamento comum em navios maiores como destroieres e cruzadores. Este canhão, multipropósito, consegue atingir um alvo à distancia de até 37 km e ainda, tem uma cadencia de 20 tiros por minuto.
Embora alguns navios da classe Mogami, ainda não tenham recebido seus lançadores verticais MK-41 para mísseis (as primeiras embarcações da classe), o armamento está para ser instalado. Trata-se de uma versão com 16 células de lançamento que podem receber diversos tipos de mísseis, sendo mais provável que receba misseis anti aéreos de médio alcance RIM-162 ESSM ou, mesmo, o novo míssil antiaéreo Type 23, versão navalisada do míssil de médio alcance japonês Chu SAM Kai, baseado em laçadores moveis terrestres. O ESSM é um míssil antiaéreo cuja capacidade de interceptar até mesmo, mísseis antinavio supersônicos é bastante importante, considerando os prováveis adversários do Japão, como China, Rússia ou Coreia do Norte. O alcance do ESSM é de 50 km e seu guiamento se dá por radar semiativo na versão Block 1 e radar atyivoi na versão Block 2. Já o míssil Type 23, tem o sistema de guiagem por radar ativo, e seu alcance está na mesma faixa dos 50 km do modelo ESSM. É interessante observar que o Type 23 é um míssil um pouco mais largo que o ESSM, e por isso, só pode ser instalado um em cada célula do sistema MK-41, enquanto que o ESSM são 4 unidades por cada célula do lançador.
Para atacar navios inimigos, foi instalado dois lançadores quádruplos para mísseis Type-17, com alcance de 400 km. Este míssil usa um radar de varredura eletrônica ativa AESA miniaturizado como seu sistema de guiagem terminal. A guiagem inicial se dá por sistema INS e GPS, e na fase final, o radar a bordo do míssil é ativado e faz a busca pelo alvo.
Para atacar submarinos, há dois tubos triplos HOS-303 para torpedos leves Type 97, que são otimizados para lidar contra submarinos que estejam submersos em profundidades elevadas.
Já, para defesa antiaérea de ponto (e anti míssil), é empregado um lançador SeaRAM com 11 mísseis antiaéreos RIM-116 de curto alcance. Estes mísseis são guiados por infravermelho, por radio frequência, de forma passiva, ou uma combinação dos dois sistemas quando operando em modo dual de busca. O alcance máximo do míssil RIM-116 é de 9 km.
Também foi instalado duas metralhadoras pesadas M-2HB calibre 12,7x99 mm (.50 BMG) em estações de operação remota.
Por ultimo, foi construído um hangar para operação de um helicóptero anti submarino e de busca SH-60L Sea Hawk, capaz de fazer busca por submarinos com sonares e atacá-los com torpedos leves Type-57 ou MK-46.
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Os navios da classe Mogami possuem um heliponto e um hangar na popa para operar e manutenir um helicópteros antissubmarino SH-60L Sea Hawk. |
O Mogami foi projetado com uma configuração abrangente de sistemas autônomos com objetivo de reduzir sua tripulação para 90 marinheiros, em comparação a um numero que varia de cerca de 130 até 190 tripulantes em navios desse porte e tipo. Isso é particularmente importante para o Japão que tem experimentado uma significativa dificuldade de recrutar novos marinheiros devido a sua baixa taxa de natalidade que se arrasta há décadas.
Esses navios, trazem uma capacidade equilibrada para lidar com ameaças antiaéreas, antinavio e antissubmarino, à um custo operacional bem menor que os custos dos grandes destroieres japoneses, permitindo aumentar a quantidades de meios de combate de superfície de forma eficiente com um navio moderno.
Uma versão bastante melhorada do Mogami, hora identificada como "Upgraded Mogami", com maior deslocamento, e dimensões está em construção, com duas unidades encomendadas e que devem ser comissionadas por volta de 2028, vai aumentar, bem, a capacidade de combate da classe e poderá, dependendo da disponibilidade de recursos, se tornar a versão definitiva, com novos lotes encomendados para a próxima década.
sábado, 28 de junho de 2025
DICA DE LIVRO! BOEING E-3 SENTRY - AUTOR: SERGIO SANTANA - EDITORA CRÉCY PUBLISHING
O escritor Sérgio Santana, escreveu um novo livro sobre o o famoso avião de alerta aéreo antecipado Boeing E-3 Sentry para a série "Famous American Aircraft", da editora britânica Crécy Publishing.
Seus conhecimentos e pesquisa, trazem detalhes da história de serviço, assim como a origem desta icônica aeronave.
Pré venda já aberta no site da editora: https://crecy.co.uk/product/boeing-e-3-sentry
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