domingo, 10 de janeiro de 2021

Descrição da conversão alemã do canhão 75 francês em função anti-carro

Um Pak 97/38 sendo rebocado por um trator Vickers Utility B belga capturado.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 10 de janeiro de 2021.

O seguinte relatório militar americano sobre a conversão alemã foi publicado em Tactical and Technical Trends, Nº 34, 23 de setembro de 1943. O Tactical and Technical Trends (Tendências Táticas e Técnicas) era um periódico do serviço de inteligência americano (U.S. Military Intelligence Service), inicialmente bi-semanal e depois mensal, que foi publicado de junho de 1942 a junho de 1945.

Os canhões franceses de 75mm, os famosos "soixante-quinze" que lutaram das guerras coloniais da era "Beau Geste" às Guerras Mundiais e além, e que até mesmo foram o pivô do Caso Dreyfus. O 75 era uma arma de tiro tenso, ou seja, fogo direto. Após a Batalha do Marne (1914), as armas de tiro direto foram ultrapassadas pela artilharia de fogo indireto para a guerra de trincheiras, com o 75 sendo usado em funções secundárias (como tiro anti-aéreo) e na Segunda Guerra Mundial como arma anti-carro (Canon de 75 Mle 1897/33).

"Honra ao nosso glorioso 75", cartão postal francês do anos 1910.

Canhões 75 Mle 1897/33 capturados em 1940.

Apesar da obsolescência provocada por novos desenvolvimentos nos projetos da artilharia, um grande número de 75 ainda estava em uso em 1939 em vários países, com 4.500 canhões apenas no exército francês e com 1.374 canhões no exército polonês, tornando-se de longe a peça de artilharia mais numerosa em serviço polonês.

A conversão alemã para a função anti-carro recebeu a designação Pak 97/38 (7.5 cm Panzerabwehrkanone 97/38), combinando o 75 com o reparo e escudo do Pak 38 alemão. Ele pesava 1.190kg em ordem de tiro e 1.246kg em ordem de marcha. Em 1942, a Wehrmacht recebeu 2.854 dessas peças.

Um Pak 97/38 exposto no Museu de Artilharia de Hämeenlinna, na Finlândia.

Retaguarda do mesmo canhão, mostrando a culatra.

Segue abaixo o relatório.

A conversão alemã dos 75 franceses para canhões anti-carro

A conversão pelos alemães dos 75 M1897 franceses para torná-los adequados para uso como armas anti-carro é descrita na tradução de um artigo em uma edição recente de uma publicação francesa livre [o texto original usa o termo "francesa combatente", criado para não antagonizar Vichy]. O autor do artigo comenta que a artilharia francesa capturada, conforme convertida, pode servir como armas móveis e de forte poder de fogo em operações anti-invasão. Afirma-se que a Alemanha provavelmente tem "alguns milhares" dos 75 franceses que foram capturados na Polônia e na França antes de 1941.

Equipe da peça Pak 97/38 em Scheveningen, na Holanda.

As principais características da conversão dos 75 franceses são descritas a seguir:

O cano parece ter sofrido apenas duas modificações externas:

(1) A adição de um freio de boca. Este freio, que é do tipo Bofors, parece ser excepcionalmente grande. Se for comparado a um freio do mesmo tipo montado no Bofors 75 de alta potência, pode-se estimar que ele absorve pelo menos 33 1/3 por cento do recuo.

Com toda a probabilidade, a velocidade inicial é aumentada. (A velocidade inicial regulamentar do 75, modelo 97, disparando munição perfurante modelo 10, era de cerca de 1.800f/s (548.64m/s). Antes da guerra, era possível obter uma velocidade inicial de cerca de 2.000f/s (610m/s) com o projétil Gabaud modelo 36 pesando 13,23 libras (600kg). Pode-se presumir que a velocidade inicial do canhão convertido será ligeiramente superior a 2.000f/s.

(2) A adição de uma caixa de luz na parte superior do cano um pouco à frente dos suportes do clinômetro. Sua função não é conhecida, mas pode ser o dispositivo para ajustar a mira sobre um alvo móvel.

Não parece que a posição dos munhões foi alterada. O desequilíbrio gerado pela adição do freio de boca foi compensado pela adição de um equilibrador único, de baixa potência e vertical, atuando no munhão direito do cilindro oscilante.

Um Pak 97/38 rebocado por tankette Renault UE francês na União Soviética.

Os alemães montaram a arma em um reparo Pak 38 de 5cm conhecido como Pak 97/38 ou em um reparo Pak 40 de 7,5cm, ficando conhecido como Pak 97/40.

Embora uma peça de campanha não possa ser julgada apenas pela aparência, a conversão descrita acima parece ser particularmente boa. As únicas melhorias que não foram efetuadas são a abertura automática da culatra e a ação de disparo da arma pelo artilheiro.

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