Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 24 de dezembro de 2021.
O APS (Avtomat Podvodny Spetsialnyy, Fuzil de Assalto Especial Subaquático) é uma arma subaquática projetada pela União Soviética no início dos anos 1970 e adotada em 1975; produzido pela fábrica de Tula.
Embaixo d'água, balas comuns são imprecisas e têm um alcance muito curto. O APS dispara um dardo de aço calibre 5,66mm de 120mm de comprimento, especialmente projetado para esta arma. Seu carregador comporta 26 tiros. O cano do APS não é estriado; o projétil disparado é mantido em linha por efeitos hidrodinâmicos. Por conta disso, o APS é um tanto impreciso quando disparado fora d'água. No entanto, em seu habitat sob as ondas, o APS pode disparar impressionantes 500 tiros por minuto.
Fora da água, o APS pode atirar, mas seu alcance efetivo não ultrapassa 50 metros, e a vida útil do fuzil cai para 180 tiros no ar em oposição aos 2.000 tiros debaixo d'água. Portanto, as Spetsnaz navais carregavam principalmente uma pistola SPP-1 (de quatro canos) para autodefesa debaixo d'água e um AK-74 para lutar em terra.
Mergulhador de combate disparando o fuzil APS em um campo de tiro de tiro subaquático. |
Demonstração em Kaliningrado
Fuzil APS e dardo de 5,56mm. |
O APS tem um alcance maior e mais poder de penetração do que arpões. Isso é útil em situações como atirar em um mergulhador adversário através de uma roupa seca reforçada, um capacete de proteção (com proteção de ar ou não), partes grossas e resistentes de conjuntos de respiração e seus arneses, e os invólucros de plástico e coberturas transparentes de alguns pequenos veículos subaquáticos.
O APS é mais poderoso do que uma pistola, mas é mais volumoso e leva mais tempo para mirar, principalmente manejando seu cano longo e carregador plano e volumoso lateralmente na água. O fuzil logo se tornou a principal arma dos homens-rãs soviéticos e dos homens-rãs da flotilha sérvia. Fabricado pela Fábrica de Armas de Tula, na Rússia, o APS é exportado pela Rosoboronexport, sendo utilizado por países amigos ou ex-integrantes do Pacto de Varsóvia como a Polônia, Vietnã e Cuba.
Desenho do APS. |
Visão explodida das peças. |
Após a anexação da Criméia em 2014 e a subsequente guerra por procuração na região ucraniana do Donbass, as relações entre a Rússia e o Ocidente deterioraram-se. O aumento da mobilização militar da OTAN nas fronteiras da Rússia levou a uma situação tensa na região estrategicamente vital dos países Bálticos, que abraçam o Mar Báltico. A Rússia tem duas enormes bases navais no Báltico: uma no enclave isolado de Kaliningrado e outra na região de São Petesburgo (ex-Leningrado). Um dos efeitos colaterais foi um renovado interesse pelo fuzil APS, em preparação para a defesa de sua Frota do Báltico contra quaisquer adversários possíveis.
No final da década de 1980, os soviéticos desenvolveram o fuzil anfíbio ASM-DT Morskoi Lev ("Leão do Mar"), que pode disparar munição convencional 5,45mm e dardos; tendo um desempenho comparável ao APS debaixo d'água e à carabina AKS-74U em terra firme. Esse fuzil foi adotado no ano 2000, mas por questões orçamentários ou problemas de projeto, esse fuzil foi emitido muito raramente.
Bibliografia recomendada:
Spetsnaz: Russia's Special Forces. Mark Galeotti e Johnny Shumate. |
Leitura recomendada:
FOTO: Mergulhadores de combate gregos, 18 de janeiro de 2020.
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