sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

FOTO: Soldados das estepes na ocupação nazista da França

Soldados do Turquestão no norte da França, outubro de 1943.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 17 de dezembro de 2021.

A Legião do Turquestão (Turkistanische Legion) era o nome das unidades militares compostas pelos povos turcos que lutaram na Wehrmacht durante a Segunda Guerra Mundial. A maioria dessas tropas eram prisioneiros de guerra do Exército Vermelho que formaram uma causa comum com os alemães. Seu estabelecimento foi liderado por Nuri Killigil, um teórico turco do pan-turquismo, que buscava separar os territórios habitados pelos povos turcos de seus países e, eventualmente, uni-los sob o domínio turco.

Essa tropa fez parte das unidades de povos orientais incorporados pelos nazistas: 

  • Ostlegionen ("legiões orientais"),
  • Ost-Bataillone ("batalhões orientais"),
  • Osttruppen ("tropas orientais"),
  • Osteinheiten ("unidades orientais").

Embora os povos turcos fossem percebidos inicialmente como "racialmente inferiores" pelos nazistas, essa atitude oficialmente já mudara no outono de 1941, quando, em vista das perdas enormes sofridas durante a invasão da União Soviética, os nazistas tentaram canalizar o sentimento nacionalista dos povos turcos na União Soviética para ganhos políticos.

Voluntários túrcicos jogando xadrez sob as vistas de dois oficiais alemães, Normandia, 1943.
O oficial e um dos soldados têm um dos modelos de distintivo da legião.

A primeira Legião do Turquestão foi mobilizada em maio de 1942, originalmente consistindo de apenas um batalhão, mas se expandiu para 16 batalhões e 16.000 soldados em 1943. Sob o comando da Wehrmacht, essas unidades foram empregadas exclusivamente na Frente Ocidental na França e Itália, isolando-as do Exército Vermelho.

Os batalhões da Legião do Turquestão faziam parte da 162ª Divisão de Infantaria do Turquestão (162. Turkestan-Divisione participaram de intensas operações anti-partisan na Iugoslávia - especialmente na atual Croácia - e depois na Itália. A divisão foi formada em maio de 1943 e treinada em Neuhammer. Ela foi composta por cinco unidades de azerbaijanos e seis unidades de artilharia e infantaria de túrcicos. A unidade também manteve muitos graduados alemães e também continha a Ost-legion georgiana e armênia, embora fossem chamados coletivamente de “turcos”.

Um membro notável da legião foi Baymirza Hayit, um turcoólogo que depois da guerra se estabeleceu na Alemanha Ocidental e se tornou um defensor das causas políticas pan-turquistas.

Memorabilia da Legião do Turquestão.
O distintivo do colarinho, as duas insígnias, uma faixa de punho da SS e uma Medalha dos Povos Orientais.

No início de 1944, a divisão foi designada para guardar a costa da Ligúria. Em junho de 1944, a divisão foi designada para o combate na Itália, mas foi retirada devido ao fraco desempenho. Pelo resto da guerra, a divisão lutou contra o movimento de resistência italiano perto de Spezia e do Val di Taro na Itália. Após fracassos iniciais, a divisão eventualmente provou ser bastante eficaz no combate anti-partisan. A divisão esteve implicada em uma série de crimes de guerra na Itália entre dezembro de 1943 e maio de 1945, dois deles, em janeiro de 1945 na Emilia-Romagna, resultaram na execução de pelo menos 20 civis cada.

O corpo principal da divisão rendeu-se perto de Pádua em maio de 1945 aos aliados ocidentais, a maior parte para os britânicos, e foi despachado para Taranto. De acordo com os acordos assinados pelos britânicos e americanos na Conferência de Yalta, os soldados foram repatriados à força para a União Soviética; onde enfrentariam a execução ou encarceramento pelo governo soviético por terem colaborado com os nazistas. De acordo com Nikolai Tolstoy, eles receberam uma sentença de vinte anos de trabalho corretivo.

Bibliografia recomendada:

Hitler's Russian & Cossack Allies 1941-45.
Nigel Thomas PhD e Johnny Shumate.

Leitura recomendada:

Nenhum comentário:

Postar um comentário