Ajuda do padre, 1962. |
Do site Rare Historical Photos, 24 de novembro de 2021.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 13 de julho de 2022.
O capelão da Marinha, Luis Padilla, dá os últimos ritos a um soldado ferido por um tiro de franco-atirador durante uma revolta na Venezuela. Desafiando as ruas em meio a tiros de snipers, para oferecer os últimos ritos aos moribundos, o padre encontrou um soldado ferido, que se ergueu agarrado à batina do padre, enquanto as balas mastigavam o concreto ao redor deles.
O fotógrafo Hector Rondón Lovera, que teve que ficar deitado para evitar ser baleado, disse mais tarde que não tinha certeza de como conseguiu tirar essa foto:
"Encontrei-me em meio a sólido chumbo por quarenta e cinco minutos... Estive achatado contra a parede enquanto balas voavam quando o padre apareceu. A verdade é que não sei como tirei aquelas fotos, deitado no chão.Rondón fotografou o soldado do governo rastejando até o manto do capelão da Marinha Luis Padilla enquanto Padilla olha na direção do tiroteio rebelde.As forças do governo rapidamente assumiram o controle da cidade e, durante dois dias, macetaram [com artilharia] os rebeldes restantes, que se esconderam no Castelo de Solano, até a submissão. Um punhado que não foi capturado ou morto conseguiu escapar para a selva.”
Além da bravura do padre, ele também sabe que o inimigo vai pensar muito antes de atirar nele (apenas imagine a propaganda) e os soldados inimigos são católicos e recusariam essa ordem.
A revolta contra o governo venezuelano de Rómulo Betancourt foi rapidamente esmagada, mas não antes de Hector Rondón conseguir capturar essas fotos icônicas. |
Prêmio Pulitzer de Fotografia de 1963. |
Ainda mais intenso nessa foto é o cenário, ao fundo está uma carnicería (um açougue). Em espanhol, carnicería significa tanto “açougue” quanto “abate, carnificina”.
A frase “fue una carnicería” (“foi uma carnificina”) é muito comum na língua espanhola. O paralelo realmente chama a atenção e aumenta ainda mais o horror da cena.
A foto foi tirada em 4 de junho (1962) por Hector Rondón Lovera, fotógrafo de Caracas, para o jornal venezuelano “La Republica”. Ganhou o World Press Photo of the Year e o Prêmio Pulitzer de Fotografia de 1963. O título original da obra é “Aid From The Padre”.
Em 2 de junho de 1962, unidades lideradas pelos capitães da marinha Manuel Ponte Rodríguez, Pedro Medina Silva e Víctor Hugo Morales entraram em rebelião. |
Diferentes histórias que recontam o evento lamentaram pela Venezuela, tomando a rebelião como um ato de guerra injusto e desnecessário. |
Apesar do perigo que o cercava, Luis Padilla andava dando os últimos ritos aos soldados moribundos. |
El Porteñazo (2 de junho de 1962 - 6 de junho de 1962) foi uma rebelião militar de curta duração contra o governo de Rómulo Betancourt na Venezuela, na qual os rebeldes tentaram tomar a cidade de Puerto Cabello e seu Castelo Solano. A constituição da Venezuela tinha apenas um ano em 1962, mas já houvera duas tentativas de derrubar o governo.
A luta sangrenta entre as forças do governo e os rebeldes guerrilheiros na base naval que contou com o apoio dos moradores de Puerto Cabello foi agressiva. A rebelião foi esmagada em 3 de junho, deixando mais de 400 mortos e 700 feridos, e em 6 de junho a fortaleza dos rebeldes no Castelo de Solano havia caído.
Bibliografia recomendada:
Latin America's Wars: The Age of the Professional Soldier, 1900-2001. Robert L. Scheina. |
Leitura recomendada:
GALERIA: Desfile da Independência da Venezuela, 28 de dezembro de 2021.
GALERIA: Armas do golpe militar na Venezuela em 1958, 11 de fevereiro de 2021.
GALERIA: Ativação do Comando de Operações Especiais venezuelano, 30 de agosto de 2020.
FOTO: Paraquedistas venezuelanos marchando com a sub Hotchkiss, 14 de fevereiro de 2021.
FOTO: Soldados venezuelanos embarcando equipamento, 8 de julho de 2022.
FOTO: Rara submetralhadora tcheca na Venezuela, 28 de março de 2021.
Militares da Venezuela: principais questões a saber, 3 de setembro de 2021.
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