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domingo, 14 de junho de 2020

O Galil ARM


Por Seth Cane, Forgotten Weapons, 27 de fevereiro de 2014.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 14 de junho de 2020.

O fuzil Galil começou a vida no final dos anos 1960. A Guerra dos Seis Dias de 1967 tornou aparente a necessidade de um fuzil de serviço mais robusto, versátil e de baixa manutenção para as IDF, depois que as experiências com o FN FAL produzido localmente se mostraram menos do que satisfatórias. Foi solicitado um novo fuzil de serviço que pudesse sobreviver às áridas condições do deserto de Israel.

O projeto inicial do Galil foi reconhecido ao longo dos anos como sendo uma cópia direta da série de fuzis finlandeses Valmet, mas isso não é muito preciso. Os primeiros protótipos do Galil começaram como modificações simples dos AK-47 soviéticos capturados feitas por Yisrael Galili, que incluíam vários recursos posteriormente implementados no projeto final. Apelidado de Balashnikov, eles incluíam um seletor de tiro modificado para uso com o polegar ou os dedos do atirador, enquanto segurava a empunhadura; um bipé montado diretamente no bloco de gás; um guarda-mão modificado/ampliado para acomodar o fogo prolongado e o bipé quando estiver na posição dobrada, e uma coronha dobrável.


Observe o registro de segurança modificado e a empunhadura do FAL.

O modelo mostrado acima é construído sobre um AK-47 do Tipo II ou Tipo III. Uziel Gal (criador da Uzi) projetou seu próprio protótipo de substituição dos fuzis de serviço em 5,56 e 7,62 da OTAN (vista acima do Balashnikov na foto abaixo).

O Balashnikov venceu os americanos M16 e Stoner, o russo AK47 e o alemão HK33. O Balashnikov de Yisrael Galili seria eventualmente alterado ainda mais para o que se tornou o Galil. A versão inicial de produção do Galil utilizou vários recursos de projeto diretamente do Valmet finlandês, sendo os mais notáveis os conjuntos do bloco de gases e da alça de mira, com disposições para visão noturna. O receptor do Galil também foi copiado diretamente do Valmet; há boatos populares de que os primeiros fuzis Galil a deixarem a fábrica da IMI usavam receptores em branco do Valmet antes do início da produção interna, embora ainda não haja evidências para confirmar isso.

Variedades de desenvolvimento do Galil.

Os Galil ARM foram adotados pela primeira vez pelas IDF em 1972, embora poucos tenham sido distribuídos por volta do início da Guerra do Yom Kippur de 1973. O Galil ARM (e todas as outras variações) seria mais utilizado durante o conflito no Líbano de 1982, onde serviu como fuzil de serviço primário ao lado do Galil SAR. Embora tenha adotado completamente a série Galil, as IDF continuariam a suprir fuzis M16 em funções de apoio devido ao seu peso mais leve. No final dos anos 90 e início dos anos 2000, o Galil foi amplamente substituído pelos americanos M16 e Carabinas M4, embora o Galil SAR permaneça popular entre as tripulações de veículos blindados por causa do seu tamanho compacto.

Revista Soldado da Fortuna com um israelense portando um Galil ARM.

Das três variações produzidas inicialmente, o ARM (fuzil de assalto e metralhadora) é sem dúvida o mais conhecido. O ARM foi projetado para atender a todas as necessidades básicas do soldado de infantaria das IDF, capaz de disparar com precisão e também de funcionar bem em situações de combate de curta distância. Cada ARM foi equipado com um bipé dobrável e cortador de arame integrados, um conjunto de alça de transporte com abridor de garrafas integrado e um guarda-mão ampliado capaz de armazenar o bipé quando dobrado. O modelo adotado pelas IDF usava um guarda-mão de madeira de teca (em vez de polímero/plástico, que provavelmente superaqueceria e derreteria mais rapidamente) sem previsão de montar baionetas. Os soldados fornecidos com o ARM costumavam remover a alça de transporte para reduzir o peso e o ruído geral, e também ocasionalmente removiam o conjunto do bipé quando em patrulhas. Os modelos posteriores do ARM removeram completamente a alça de transporte e atualizaram o bipé para um modelo de desmontagem rápida para essa finalidade. Embora inicialmente pretendesse usar os carregadores de aço de 50 tiros para funções de supressão de combate, o ARM costumava usar os carregadores de aço de 35 tiros padrão, pois nunca foi totalmente empregado como metralhadora leve no serviço israelense.

Soldado israelense com o Galil ARM.

Embora o ARM não tenha encontrado um afeto generalizado dos israelenses, ele se tornaria popular entre países como Guatemala e Colômbia que compraram muitos deles juntamente com os modelos AR e SAR, e a África do Sul que compraria e mais tarde produziria um Galil ARM modificado chamado R4. O uso do ARM tanto como metralhadora leve (com carregadores de 50 tiros) quanto como DMR era mais comum no exterior, na América Latina e na África. A Estônia também empregaria o ARM em várias funções de infantaria ao lado do AR e SAR, enquanto Portugal compraria um pequeno número de ARM para uso com seus paraquedistas.

Soldado sul-africano com o R4.

Bibliografia recomendada:

A Guerra do Sinai.
Moshe Dayan.

Seis Dias de Guerra: Junho de 1967 e a Formação do Moderno Oriente Médio.
Michael B. Oren.

A Guerra do Yom Kippur.
General Chaim Herzog.

Leitura recomendada:


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Esse fuzil militar dos anos 70 realmente veio com um abridor de garrafas embutido (sério!)


Por Jon Guttman, Military Times, 15 de fevereiro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 20 de fevereiro de 2020.

Enfrentando ameaças de todos os lados, o Estado de Israel teve que se defender desde o início e teve que estabelecer sua própria indústria de armas para compensar as incertezas de depender de fornecedores estrangeiros.

Foi nessas circunstâncias hostis que as Indústrias Militares de Israel (IMI), mais tarde renomeadas Indústrias de Armas de Israel, produziram duas armas de fogo icônicas, a submetralhadora Uzi e a família de fuzis Galil. Enquanto a Uzi é conhecida pela compacidade de seu poder de fogo, o Galil é amplamente considerado a arma longa mais confiável do mundo, construída para um exército que não pode arcar com falhas em campanha.

Um soldado israelense pendura seu fuzil de assalto Galil na porta traseira de uma peça de artilharia auto-propulsada de 155mm, enquanto uma bateria de obuseiros pesados de Israel é desdobrada em 11 de agosto de 2003 nos campos do Kibutz Yiftah na fronteira entre Israel e Líbano.

A despeito de seus impressionantes sucessos táticos na Guerra dos Seis Dias de junho de 1967, as Forças de Defesa de Israel encontraram espaço para melhorias, começando com seu esteio de infantaria, o Fabrique Nationale Fusil Automatique Léger, a arma longa produzida pela Bélgica da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Embora o FN FAL fosse bom, era necessário cuidado para evitar obstruções devido à areia e poeira endêmicas em todo o Oriente Médio.

IMI Romat, o FAL israelense.

A IMI começou a trabalhar em um projeto local com a ajuda de Yisrael Balashnikov (sem relação com Mikhail Kalashnikov) e Yaacov Lior. De fato, os engenheiros da IMI ficaram impressionados com a confiabilidade do fuzil AK-47 de Kalashnikov, do qual os israelenses haviam capturado grandes números durante a breve guerra, mas, no coração de seu novo projeto, eles se voltaram para a caixa da culatra melhorada que os finlandeses incorporaram em sua cópia melhorada do AK-47, o Valmet Rk 62 (na verdade, o primeiro lote de produção de fuzis IMI usava caixas da culatra de fuzis RK 62 importados antes de obter o item produzido em casa).

Valmet Rk 62.

Embora tenha sido projetado para funcionar de maneira semelhante ao AK-47 com um sistema de pistão acionado a gás e um ferrolho com dois terminais de trancamento, o projeto israelense diferia mais fundamentalmente em sua construção. Embora o protótipo tenha uma caixa da culatra de chapa de aço estampado e rebitada, os engenheiros a abandonaram em favor do forjamento fresado pesado para essa e para a maioria dos outros componentes, com a maioria das superfícies metálicas externas fosfatadas para resistirem à corrosão e com um revestimento de esmalte preto.

Desmontagem em primeiro escalão do Galil AR.

As exceções incluíam a empunhadura de plástico de alto impacto e a proteção do guarda-mão, enquanto o alumínio era usado para a coronha esquelética tubular, com base naquelas do FN FAL, que se dobravam ordenadamente no lado direito da caixa da culatra.

Testada contra uma variedade de projetos estrangeiros em 1972, a arma da IMI se mostrou superior em praticamente todos os aspectos e ainda é considerada o fuzil mais confiável do tipo. Naquele momento, Balashnikov havia mudado seu sobrenome para algo menos russo e mais hebraico, Yisrael Galili, e, consequentemente, sua ideia foi batizada de fuzil Galil.

Um fuzileiro naval americano testa um fuzil israelense Galil ARM durante um tiro de familiarização com armas estrangeiras. (Foto do USMC)

Em 1973, Galili recebeu o Prêmio de Defesa de Israel por sua criação.

A produção começou com três versões: o padrão fuzil-metralhador (automatic rifle machine gunARM), um fuzil automático (automatic rifleAR) para tropas de apoio e polícia militar, e um fuzil automático curto (short automatic rifleSAR) para tripulações de veículos, estado-maior e tropas especializadas. O ARM foi distinguido por sua alça de transporte e um bipé que poderia ser girado contra uma extensão adjacente para servir como cortador de arame. Em resposta à tendência do pessoal da IDF de abrir garrafas no lábio frontal dos carregadores de munição, eventualmente dobrando-os, o Galil também incorporou uma extensão sob a proteção frontal que servia como abridor de garrafas.

Galil ARM.

Outro toque previdente foi a alavanca de manejo, projetando-se verticalmente da área superior da caixa da culatra, de modo a ser acessível a ambos atiradores destros ou canhotos.

A massa de mira em forma de L do Galil poderia ser invertida aplicando-se tanto para o combate corpo-a-corpo quanto de 0 a 300 metros ou em um cenário de longo alcance de 300 a 500 metros. O poste frontal estava coberto e podia ser ajustado para vento e elevação zero. Nas batalhas noturnas, a alça de mira e a massa de mira tinham cápsulas de trítio calibradas para 100 metros.

Galil AR.

Originalmente construído para usar a munição da OTAN de 5,56x45mm, o Galil também foi construído para balas de 7,62x51mm, as quais foram alojadas em carregadores arredondados e curvos de 35 ou 50 tiros. Além dos ARMs e SARs de 7,62mm, o Galil desenvolveu um fuzil sniper de 7,62mm especializado, estritamente semi-automático, com mira telescópica e um carregador de 25 tiros. Embora mais pesados que muitos contemporâneos - de 8,7 libras para o SAR de 5,56mm a 14 libras para o fuzil sniper de 7,62mm - os soldados israelenses aceitaram esse fardo por sua sólida estabilidade, excelente precisão e confiabilidade em todos os tipos de ambientes problemáticos.

Mas as armas perfeitas não saem baratas nem rapidamente da linha de montagem, e isso provou ser o calcanhar de Aquiles que impediu o Galil de se tornar o esteio do exército para o qual foi concebido.

A produção havia acabado de começar quando a Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão) de 1973 ocorreu, interrompendo a expedição de Galils. O ARM foi declarado o fuzil de serviço padrão das IDF depois, mas em 1975 o Programa de Ajuda Militar dos Estados Unidos começou a exportar o primeiro lote dos 60.000 fuzis de assalto M16A1 para os israelenses - gratuitamente.

Kaibiles guatemaltecos com o Galil AR.

Com os piores defeitos originais do M16 da Guerra do Vietnã corrigidos, o M16A1 ofereceu uma arma eficaz e mais leve, cujos números e disponibilidade condenaram o Galil ARM à marginalidade até 2000, quando o desenvolvimento do fuzil de assalto IWI Tavor 5.56x45mm se tornou o fuzil padrão das IDF.

Em retrospecto, pode-se considerar a carreira truncada do Galil a consequência de começar sendo muito bom para o seu próprio bem. Em uma nota mais irônica, no entanto, embora nunca tenha alcançado seu objetivo original como arma longa principal das IDF, o Galil e as muitas variantes derivadas dele chegaram a 25 outros exércitos e numerosas forças policiais em todo o mundo. Muitos ainda estão em uso e ainda são populares entre seus usuários.