Mostrando postagens com marcador FN FAL. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador FN FAL. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

GALERIA: Milícia Bolivariana em ação social em Apure


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 16 de novembro de 2022.

Milicianos da Venezuela, distingüidos pela camuflagem rajada e pelos fuzis FAL, realizando trabalhos de reconhecimento e censo no estado de Apure na operação Escudo Bolivariano 2022 "Vuelvan Caras", em 13 de fevereiro de 2022.

A ação de presença visa procurar por grupos narco-terroristas colombianos, chamados na Venezuela de Tancol. Sob o slogan "Onde o povo pode, o país cresce", os milicianos entraram em contato com a população local. Essas ações de presença são típicas da guerra contra-guerrilha, também conhecida como guerra de contra-insurgência, guerra subversiva ou guerra revolucionária, onde o apoio da população é mais importante do que manobras de forças militares no terreno.




A Milícia Bolivariana, está armada com fuzis FN FAL que atualmente são a primeira linha da milícia. Os regulares da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) foram emitidas o fuzil AK-103, com o FAL passando para a segunda linha. O número oficial de efetivos da Milícia Nacional Bolivariana é de 300 mil homens e mulheres, com uma mão-de-obra potencial de 3.2 milhões de pessoas.

Apesar da baixa qualidade tática desses milicianos, eles fornecem um elemento massa nada desprezível para o comando venezuelano, que pode convocá-los rapidamente. O governo de Caracas faz propaganda constante da Milícia Bolivariana, inclusive armando algumas unidades temporariamente com o mais novo fuzil AK-103 por este ser um símbolo de status, tal como é feito no vídeo abaixo.

Bibliografia recomendada:

Manual de Estratégia Subversiva,
General Vo Nguyen Giap.

Leitura recomendada:

A Venezuela envia mensagens contraditórias aos insurgentes colombianos19 de setembro de 2022.

Biden tira o grupo terrorista marxista FARC da lista de terroristas e abre caminho para o Castrochavismo na Colômbia3 de julho de 2022.

Selva de Aço: A História do AK-103 Venezuelano, 13 de fevereiro de 2021.

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

GALERIA: Posto-rádio da Milícia Bolivariana da Venezuela em Caracas


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 8 de setembro de 2022.

Soldados armados da Milícia Bolivariana da Venezuela estabelecem uma operação de rádio no topo de um arranha-céu durante o exercício "Escudo Bolivariano 2020" em Caracas, Venezuela, em 15 de fevereiro de 2020.

A Venezuela possui vários arranha-céus, com a maioria concentrada na capital Caracas, e essas plataformas elevadas permitem pontos de controle estratégico em uma hipotética defesa da capital bolivariana. A Milícia Bolivariana, identificada pelo camuflado rajado e os gorros de aba larga, está armada com fuzis FN FAL que atualmente são a primeira linha da milícia. Os regulares da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) foram emitidos o fuzil AK-103, com o FAL passando para a segunda linha.





Bibliografia recomendada:

The FN FAL Battle Rifle,
Bob Cashner.

Leitura recomendada:

sexta-feira, 8 de julho de 2022

FOTO: Soldados venezuelanos embarcando equipamento

Soldados venezuelanos embarcando armas e munição em um caminhão, 1962.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 8 de julho de 2022.

Soldados do Exército venezuelano carregando munições e armas em um caminhão em 1962. Observe os fuzis FN FAL, um deles de primeira geração nas costas do soldado no centro, a metralhadora leve FN Modelo D e as granadas de morteiro no chão.

A Venezuela fez uma encomenda de 5.000 fuzis FAL fabricados pela FN em 1954, no calibre 7x49,15mm Optimum 2; este 7x49mm, também conhecido como 7mm Liviano ou 7mm venezuelano, é essencialmente um cartucho 7x57mm encurtado para comprimento intermediário e mais perto de ser uma verdadeira munição intermediária do que o 7,62x51mm OTAN.

Pacote de munição 7mm Liviano.

Este calibre incomum foi desenvolvido em conjunto por engenheiros venezuelanos e belgas motivados por um movimento global em direção aos calibres intermediários. Os venezuelanos, que usavam exclusivamente a munição 7x57mm em suas armas leves e médias desde a virada do século XX, sentiram que era uma plataforma perfeita para basear um calibre feito sob medida para os rigores particulares do terreno venezuelano. Eventualmente, o plano foi abandonado, apesar de ter encomendado milhões de munições e milhares de armas deste calibre.

Com a escalada da Guerra Fria, o comando militar sentiu que era necessário alinhar-se com a OTAN por motivos geopolíticos, apesar de não ser um membro, resultando na adoção do cartucho 7,62x51mm OTAN. Os 5.000 fuzis do primeiro lote foram recalibrados em 7,62x51mm.

O FAL e FAP venezuelanos do modelo 7mm Liviano.

Esse primeiro modelo de FAL venezuelano em 7mm também era equipado com um quebra-chama de três pontas distinto. Em 1961, um segundo lote de fuzis FAL foi encomendado no calibre 7,62mm OTAN, e as armas existentes também foram convertidas para esse calibre, com o FAL de 7mm existindo apenas brevemente, de 1954 a 1961, com a sua única ação real na Venezuela no golpe de 1958.

Um outro exemplo foi na Revolução Cubana. Ao marchar vitoriosamente em Havana em 1959, Fidel Castro carregava um FN FAL venezuelano em 7mm Liviano.

Bibliografia recomendada:

Latin America's Wars:
The Age of the Professional Soldier, 1900-2001.
Robert L. Scheina.

Leitura recomendada:

terça-feira, 7 de junho de 2022

FOTO: Fuzil-metralhador C2, o FAP canadense

Soldado canadense com o fuzil-metralhador C2, a versão canadense do FAP; a versão de cano pesado do FN FAL, 20 de maio de 1983.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 7 de junho de 2022.

O Canadá foi primeiro país a adotar o FAL, antes mesmo da própria Bélgica, em 1956. Dois anos antes, o Canadá fizera com uma encomenda de 2.000 fuzis para testes. O FAL canadense seguiu o padrão imperial ("Inch pattern") e recebeu a designação C1. Sua versão mais utilizada foi o fuzil C1A1. Como todos os fuzis FAL imperiais, o C1 era apenas semiautomático, a única exceção sendo o fuzil C1D da Marinha Real Canadense. Ele tinha a opção totalmente automática para dar mais poder de fogo às equipes de abordagem, que operavam em pequenos grupos, sem a necessidade de uma arma mais pesada. 

A versão fuzil-metralhador, designada C2, usava um sistema sem guarda-mão fixo onde o bipé de ferro incorporava o guarda-mão de madeira. Neste sistema, quando o soldado fosse mudar de lugar, ele dobraria o bipé que então se tornaria o guarda-mão. Uma ideia muito boa dentro de um laboratório, mas que não levava em consideração o estresse do soldado sob fogo durante um tiroteio, e o ato de colocar a mão no cano quente em um momento de distração causaria queimaduras graves no operador do FM. Além disso, o bipé tinha o péssimo hábito de abrir sozinho durante o transporte. Outras modificações no C2 foram o cano, as miras e o carregador de 30 tiros (que causava sobreaquecimento e engripagens). Esse novo modelo FM foi considerado inferior ao equipamento que substituiu, o fuzil-metralhador Bren. Sua segunda versão foi o C2A1.

O C2A1 canadense


O FAL canadense também foi vendido à Austrália antes que a produção local fosse assumida pela Fábrica de Armas Portáteis em Lithgow, na Nova Gales do Sul. Os australianos também produziram a versão fuzil-metralhador C2 canadense sob a designação L2A1. Esse FM foi considerado insatisfatório pelos australianos e eles iniciaram o desenvolvimento duma arma melhorada chamada X2F2A2 foi iniciada usando exemplares L2A1 existentes.

As melhorias incluíram uma nova coronha com uma alavanca de transporte para a mão que não  está atirando e uma soleira de borracha. A combinação de bipé dobrando como guarda-mão foi abandonada e substituída por um bipé ajustável; o carregador de 30 tiros, responsável pela maioria das engripagens, foi abandonado em favor do carregador de 20 tiros. O novo guarda-mão tinha estojos metálicos internos e externos perfurados para resfriamento, com a manga externa protegida por uma empunhadura de liga de borracha. Um retém do conjunto do ferrolho também foi adicionado. A arma se tornou muito precisa, até mesmo podendo ser usada na função sniper com a luneta Leitz do C1 canadense. Mais melhorias levaram à versão final X3F2A2.

O FAP australiano foi cancelado abruptamente quando a Austrália entrou na Guerra do Vietnã ao lado dos Estados Unidos e o seu exército foi totalmente suprido com metralhadoras M60 americanas, tornando desnecessária a produção indígena de uma arma nova.

Bibliografia recomendada:

The FN FAL Battle Rifle.
Bob Cashner.

Leitura recomendada:


O FAL DMR neo-zelandês28 de dezembro de 2021.

domingo, 17 de abril de 2022

FNC: A Carabina Compacta da Bélgica

Por Peter G. Kokalis, Soldier of Fortune, dezembro de 1985.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 9 de março de 2022.

A MATURIDADE de um sistema - como eu disse antes - geralmente determina sua confiabilidade. E se existe um sistema sênior para produzir as ferramentas de guerra, ele está em Liège.

Liège, uma antiga cidade de língua francesa no leste da Bélgica, vende armas para beligerantes estrangeiros desde a Idade Média. Em 1889, um grupo de fabricantes de armas de Liège formou um sindicato chamado Fabrique Nationale d'Armes de Guerre (Fabrica Nacional de Armas de Guerra). Eles imediatamente firmaram um contrato para fornecer ao governo belga 150.000 fuzis Mauser Modelo 1889. Eles estão ocupados exercendo seu ofício desde então. Fiel ao seu chamado, esses mercadores imparciais muitas vezes forneceram armas e/ou projetos para os lados opostos. Um exemplo mais recente foi a briga nas Malvinas: Brits e Argies alegremente se explodiram com as pistolas Browning Hi-Power da FN, fuzis FN FAL e metralhadoras MAG 58.

A princesa Elisabete da Bélgica disparando o seu FN FNC, 2020.

Em 1963, a FN começou o desenvolvimento de um fuzil 5,56x45mm em antecipação à adoção desse calibre pela maioria dos países da OTAN. O fuzil foi introduzido em 1966 como o FN CAL (Carabine Automatique Legere, ou Carabina Automática Leve).

Era operado a gás à maneira do FAL. Uma única rosca duplamente interrompida na cabeça do ferrolho travada atrás de uma rosca semelhante na extensão do cano quando o ferrolho era girado. A mola de recuo foi enrolada em torno do pistão de curso curto para permitir qualquer tipo de configuração de extremidade. O mecanismo de gatilho, padronizado segundo o do M1 Garand, forneceu tanto fogo totalmente automático quanto controle de rajada de três tiros. Os receptores superior e inferior, assim como o antebraço, eram prensados em chapa e havia um dispositivo de retenção aberta. O ferrolho, conjunto do ferrolho e pistão foram usinados a partir de barras de aço. Aparafusado ao receptor superior, o cano era mantido no lugar por uma porca de trava sobre a boca do cano e enfiada em um cone na frente do receptor.

Guardas Nacionais Bolivarianos da Venezuela com fuzis FN FNC.

Em suma, o FN CAL era uma peça de aparência muito sofisticada. Exalava qualidade. Tinha a mística do FN FAL. E foi um fracasso lamentável. Durante os testes realizados na França entre 1971 e 1974, as deficiências do CAL explodiram. Caro para fabricar, difícil de desmontar e manter adequadamente, a expectativa de vida do CAL em combate simulado se mostrou muito curta. O projeto foi abandonado e uma pequena quantidade de amostras semiautomáticas foi vendida nos Estados Unidos.

Em dois anos, os projetistas da FN remendaram outro esforço, chamado FNC (Fabrique Nationale Carabine), bem a tempo de entrar nos testes de armas suecos em 1976. Desta vez, a FN enfatizou a simplicidade e a confiabilidade. E o que melhor para emular esses atributos do que as obras de Mikhail Timofeyevich Kalashnikov? O resultado é muito mais fácil de desmontar e manter, geralmente confiável e muito mais barato de fabricar. Alguns sugeriram que o objetivo da FN era projetar um fuzil que pudesse ser facilmente produzido por países do Terceiro Mundo sob o acordo usual de licença para fabricação. Absurdo. A eficácia de custo do FNC foi alcançada através do uso extensivo de fundições de investimento, máquinas CNC (controle numérico computadorizado), soldagem por robô e canos forjados a martelo. Fazer um FNC leva 421 máquinas e 98 operações manuais. Nenhum desses equipamentos - ou a tecnologia necessária para empregá-los - está disponível para qualquer país do Terceiro Mundo neste planeta. Além disso, a FN e a Colt foram gravemente prejudicadas nos últimos anos por acordos de licença de fabricação com produtores do Extremo Oriente que abusaram gravemente de seu relacionamento.

Soldados belgas com o FN FNC com o bocal vermelho de festim.

A maioria de seus componentes é finalizada com esmalte preto semi-brilhante. Esta excelente superfície resistente à ferrugem funciona bem em climas tropicais e também mascara pequenas manchas.

O FNC é operado a gás e dispara de um ferrolho fechado. Montado acima do cano, o cilindro de gás tem seis janelas de 1,5 polegadas (3,8cm) atrás da saída de gás do cano. No final desse curso curto, todos os gases escapam do cilindro quando a cabeça do pistão passa por essas janelas de escape. Uma alça soldada na parte traseira do cilindro de gás gira o cilindro, abrindo e fechando uma pequena janela no bloco de gás. Quando a alavanca de ajuste é girada para a esquerda, esta janela do bloco de gás fica exposta e uma pequena quantidade de gases propulsores escapa antes que o pistão comece seu deslocamento para trás. Esta é a posição de operação "normal". Sob condições adversas, o cilindro de gás pode ser girado para a direita, cobrindo a janela do bloco de gás e redirecionando esse volume extra de gás para a face do pistão: um recurso interessante, mas raramente necessário neste calibre.

A provisão para o lançamento de granadas com munição de balistita (festim) é fornecida na forma combinação de uma mira de granada combinada dobrável feita de chapa de metal, e válvula de gás chamada alidade. A alidade é montada no bloco de gás/montagem da massa de mira. Quando girado para a posição vertical, o eixo de alidade gira para fechar a saída de gás. Então todos os gases impulsionam a granada. (É claro que, quando todos os gases propulsores contornam o sistema de gás, a arma não faz a ciclagem e o ferrolho deve ser retraído manualmente.) Uma vez que este interruptor de chapa de metal é puxado para cima, ele atua como uma visão de entalhe em V grosseira que deve ser alinhada com o nariz da granada de fuzil e o alvo.

Militantes da Frente Democrática para a Libertação da Palestina armados com fuzis FN FNC.

A cabeça do pistão é soldada a uma extensão oca que contém a parte frontal da mola de recuo e conjunto da haste guia. A extensão do pistão é comprimida no centro e perfurada por um orifício que retém um pino rolante na extremidade da haste guia. A cabeça e a extensão do pistão, bem como o bloco da janela de gases, o orifício do cano e a câmara, são cromados por um processo automatizado desenvolvido pela FN. Uma placa traseira de chapa metálica é fixada na parte traseira da haste guia. Três soldas por robô foram usadas para montar o suporte do ferrolho na extensão do pistão.

Outro pino de rolamento mantém o pino percutor no lugar no conjunto do ferrolho e uma mola do percutor de 3 polegadas (7,62cm) se encaixa firmemente sobre o próprio pino. Modelado segundo o sistema Kalashnikov, o ferrolho giratório tem dois terminais de travamento que correm em trilhos guia soldados nas paredes superiores do receptor e o terminal de alimentação na parte inferior da cabeça do ferrolho conduz a munição de cima do carregador para a câmara. O movimento rotativo é iniciado e a extração primária é fornecida por uma pequena saliência na parte superior da cabeça do ferrolho.

Um pino de rolamento duplo retém o extrator na cabeça do ferrolho. Eu não gosto desse recurso. Os extratores sofrem muito estresse em armas de fogo seletivo. Eles quebram - geralmente quando nenhum armeiro está presente. O próprio operador deve poder substituir este componente, sem ferramentas especiais. A FN corrigiu agora esse problema alterando o acessório do extrator para um único pino de rolamento. Isso permite um movimento mais livre do extrator e um reparo mais fácil.

Um pino no corpo do ferrolho se move no trilho de came do transportador e gira o ferrolho nas posições travada e destravada. A alça retrátil se encaixa em um orifício no lado direito do suporte do ferrolho. Tem uma haste fina, e me parece que vários chutes com o salto de uma bota de combate a dobrariam. Inclinada ligeiramente para cima, ela pode ser retraída com a mão esquerda, mas não tão convenientemente quanto o do Galil.

Vickers Tactical disparando o FN FNC

Um ejetor fixo é rebitado no receptor superior acima da parte traseira do compartimento do carregador e causa um baita dum amassão no estojo vazio (sem consequências para os usuários militares). Marcado com o número de série da arma, o corpo superior do receptor é de construção em chapa de metal soldada por robô. Uma janela de ejeção e uma ranhura da alça retrátil são cortadas no lado direito e uma tampa peculiar de seis componentes é montada sobre a parte traseira da ranhura da alavanca de manejo. Carregada por mola, a alavanca permanece sempre fechada. Na minha opinião, sua função principal é hipnotizar os observadores, pois oscila continuamente aberta e fechada em um estranho padrão elíptico durante as sequências de rajadas de fogo. Os estojos sendo ejetados frequentemente voltam para arranhar a tampa e recebem um segundo amassado.

O receptor superior também é soldado ao bloco de extensão do cano. Por sua vez, o cano é rosqueado na extensão e mantido no lugar por uma contra-porca pesada. Dois comprimentos de cano estão disponíveis: 19,1 e 15,8 polegadas (incluindo o quebra-chama). Forjado a martelo, com seis ranhuras, torções à direita de 1:12 ou 1:7 podem ser encomendadas. Doze janelas dispostas em quatro fileiras de três cercam o dispositivo da boca do cano. Tocadas em um ângulo em relação ao eixo da alma, essas janelas lançam gás para a frente para impulsionar granadas de fuzil e também para uma subida do cano ligeiramente moderada. O quebra-chama efetivo do FNC (retirado diretamente da série FN FAL) aceita a atual baioneta FAL de cabo oco. Um adaptador de disparo de festim está disponível, bem como um acessório de alça opcional para levar a baioneta M7 americana. Girando um total de 360 graus, o retém da bandoleira frontal é preso ao cano por dois anéis de retenção.

As nervuras anulares ao redor do cano na parte de trás do retém da bandoleira são usadas para prender um bipé leve de alumínio fundido. Não ajustável, o bipé oferece uma altura máxima de 11 polegadas. É robusto e bastante superior ao frágil bipé fornecido com os fuzis da série M16. No entanto, custa US$ 78,43 e não pode ser dobrado contra o guarda-mão.

O guarda-mão ergonomicamente agradável dissipa efetivamente o calor que irradia do cano durante as sequências de rajadas. Um escudo térmico ventilado de chapa metálica é rebitado em cada guarda-mão de plástico com seis pregos de latão. Uma grande nervura, moldada na extremidade frontal do guarda-mão de plástico, evita que a mão de apoio deslize sobre o protetor térmico. Isso é bem legal. Mas remover esse guarda-mão é apenas um pouco menos irritante do que desmontar o do M16A1. Como eles são retidos na parte traseira por um colar de cano de chapa de metal, você deve forçar o clipe de retenção frontal do guarda-mão para fora de seus entalhes com o polegar. É melhor manter uma lâmina de faca ou chave de fenda à mão para esse propósito.

Orelhas de proteção para a massa de mira foram usinadas no conjunto do bloco de gás. Eles contêm um poste de visão frontal redondo convencional que pode ser ajustado para elevação zero com a mesma ferramenta usada para esse fim na metralhadora M249 (FN Minimi). O conjunto da alça de mira foi soldado na extremidade do corpo superior do receptor. Dentro de suas orelhas protetoras há uma mira do tipo dobrável com duas aberturas marcadas 400 e 250 metros, respectivamente. Pode ser ajustada para ventania zero, mas apenas por meio de uma ferramenta especial ou um alicate. Eu não gosto disso. Suponho que as pessoas que pensam que os soldados são estúpidos demais para zerar seus próprios fuzis gostarão.

Soldados belgas com o FN FNC.

Um entalhe no topo do bloco de extensão do cano e um garfo na frente da alça de mira acomodam uma montagem de luneta de desenho bastante incomum. A montagem, que custa US$ 101,96, aceitará ópticas configuradas de acordo com as especificações da OTAN, como o escopo FN 4x28mm (o preço de varejo sugerido é de US$ 638,92, na verdade fabricado pela extinta empresa Hensoldt). Este excelente pedaço de vidro carrega um retículo usado pelos militares alemães desde a Primeira Guerra Mundial. Embora nunca tenha sido popular nos Estados Unidos, o poste único, grosso e pontiagudo na parte inferior do campo de visão com barras laterais horizontais e linhas de graduação se destaca em luz suave e permite uma aquisição de alvo mais rápida do que a mira padrão. Um trilho especial tipo OTAN fabricado pela Steyr pode ser substituído por anéis SSG para que quase qualquer luneta que você desejar possa ser montada.

O corpo inferior do receptor é fresado a partir da coronha de liga de alumínio por máquinas de controle numérico computadorizado (CNC). Lajeado e feio, há marcas de máquina em toda a sua superfície externa que nenhuma espessura de tinta pode esconder.

Seu compartimento não é nem alargado nem chanfrado. Isso é ruim. Os engenheiros da FN obviamente nunca inseriram um carregador sob estresse. Localizado no lado direito, o botão de liberação da trava do carregador está sob forte pressão da mola, mas pode ser manipulado com o dedo do gatilho. O sistema de travamento é semelhante ao do M16.

Soldado belga com o FN FNC e visores ópticos integrados.

Construído inteiramente em aço, o carregador de 30 tiros do FNC é robusto e confiável - muito mais confiável do que o carregador do M16. Como o FNC não possui um dispositivo de abertura, esses carregadores - embora possam ser usados na série M16 - não retêm aberto o ferrolho do M16 após o último disparo. Quando o ferrolho voa em bateria após o disparo final, o terminal de alimentação em sua parte inferior atinge o seguidor do carregador, arrancando sua superfície de chapa metálica macia. Também desconcertante é a placa de piso do carregador que pode ser girada para dentro de cerca de uma polegada, juntamente com qualquer quantidade de areia e/ou detritos que você queira despejar no carregador. Ambos os carregadores de 20 e 30 tiros do M16 podem ser usados no FNC. Trinta e 45 tiros. Os carregadores de plástico termoplástico, conforme adotado pelas Forças Armadas Canadenses, também funcionarão no FNC, embora não caiam livremente quando liberados. Aqueles de nós acostumados a comprar carregadores de M16 baratos e usados em feiras de armas locais vão estremecer com a cobrança de US$ 37,65 por carregadores de FNC sobressalentes, mas você nunca pode ter carregadores demais.

O mecanismo de disparo permanece o mesmo do CAL antigo. Existem duas travas de armadilha com mola - a trava traseira é secundária. Uma trava de segurança automática na frente segura o cão o tempo todo até que o trancamento seja concluído. Puxar o gatilho libera o cão efetuar um disparo. No fogo semiautomático, o conjunto do ferrolho recuado é retido pela armadilha secundária. Quando o gatilho é liberado, ambas as armadilhas se movem com ele e o cão é mais uma vez pego pela armadilha automática de segurança. Colocar a alavanca seletora no automático trava a armadilha secundária para que ela fique inoperante. Cada vez que o conjunto do ferrolho entra em bateria, a armadilha de segurança automática libera o cão. O ciclo continua até que o gatilho seja liberado e o cão seja novamente capturado pela armadilha primária. A taxa cíclica em fogo totalmente automático é de 625-700 rpm.

Um mecanismo removível de rajada de três tiros é montado dentro do receptor inferior. Uma catraca de três dentes neste mecanismo entra em contato com uma lingueta com mola no eixo do cão. Quando a alavanca seletora é colocada em '3', a trava secundária é retida pela parte traseira do dispositivo de catraca. A catraca gira a cada disparo na rajada e após o terceiro ela desliza para fora da armadilha secundária que se move para frente para segurar o cão. Ao contrário do mecanismo no M16A2, qualquer interrupção no ciclo de rajada ainda resultará em outra rajada de três tiros porque o mecanismo se reinicia toda vez que o gatilho é liberado. Cada rajada de três tiros dura apenas dois décimos de segundo, aumentando significativamente a probabilidade de acerto.

Versões semiautomáticas do FNC são distribuídas como "modelos policiais" em todo o mundo. As importadas para os EUA estão marcadas com "CAL. 223 REM. SPORTER", já que a Lei de Controle de Armas de 1968 proíbe a importação de armas portáteis militares (a emenda Dole recentemente aprovada se aplica apenas a armas de fogo fabricadas antes de 1946). Além da exclusão dos modos automático e rajada de três tiros, e suas respectivas marcações de seletor, os FNC trazidos para os EUA têm outras modificações no mecanismo de disparo (incluindo a ausência da armadilha de segurança automática) para inibir sua conversão para fogo seletivo. Em todos os outros aspectos, elas são inalteradas; por exemplo, esses modelos "esportistas" podem lançar granadas.

As armas "pretas" não são conhecidas por gatilhos nítidos e leves. No entanto, a maioria dos M16 ou AR15 da série de produção acionarão de forma limpa em 6-7,5 libras. Isso é mais do que aceitável em um fuzil militar. Os pesos de gatilho de 10,5 libras mais comumente encontrados em fuzis FNC não são - por nenhum padrão razoável. Eu não acho que sou particularmente sensível ao gatilho, mas é muito difícil me concentrar na imagem da visão e na respiração enquanto puxa o gatilho contra um objeto imóvel.

A alavanca seletora está localizada no lado esquerdo logo acima do punho da pistola. É exatamente onde está na série FAL e, como o FAL, apenas o Homem de Plástico poderá manipulá-lo com o polegar da mão de disparo. Descer de 'S' (seguro) para 'I' (semiautomático) não é muito difícil. Mas quanto a continuar para '3' (rajada de três tiros, é claro) e 'A' (automático), ou voltar para 'S' - esqueça. Você deve usar a mão de apoio para isso.

Polenar Tactical disparando o FN FNC

O punho de pistola de plástico é da série FAL, por isso aceita o kit de limpeza do FAL que consiste em uma garrafa de óleo e pontas de limpeza de latão com nylon de empurrão. Você obtém tudo isso por modestos US$ 26,35. Bom pela aparência, mas muito mais útil - e caro - é o conjunto de ferramentas FNC por US$ 43,56. Este dispositivo inteligente valão pode ser usado para raspar o interior do bloco de gás, ventilação de gás, cabeça do pistão e ranhura. É muito mais rápido que um canivete suíço, mas não se pode descascar mangas com ele no mato salvadorenho.

Qualquer uma das duas coronhas da série FAL está disponível para o FNC. A excelente coronha rígida fornece uma plataforma de disparo superior, mas um pouco mais popular é a coronha dobrável apresentada nos chamados modelos "para". Colapsando para a direita, a coronha FN paraquedista é a coronha dobrável mais estável já projetada. A desvantagem é que uma trava de mola no bloco de suporte deve ser movida para a esquerda enquanto a coronha é simultaneamente empurrada para fora do bloco de suporte e dobrada contra o receptor.

O mesmo processo deve ser repetido para re-estender a coronha e alguns podem achar isso confuso. Dois tubos de liga leve são montados em uma placa de topo de liga mais pesada. O tubo superior é revestido de plástico para conforto em ambientes árticos e tropicais. É tudo um pouco curto demais para mim.

Soldado vietnamita disparando o FN FNC.

Ilhós para fixação da bandoleira aos modelos para são fornecidos na parte superior da placa de apoio (uma excelente localização) e no lado esquerdo do bloco de suporte, presumivelmente para uso de uma bandoleira com a coronha dobrada. Na extremidade da coronha de teia há um mosquetão com mola para fixação rápida em uma posição ou outra. Na coronha rígida padrão, o retém de giro da bandoleira está localizado na posição inferior convencional, mas menos útil.

Então, no que tudo isso se soma? Com o cano de 19,1 polegadas, todos os 121 componentes do modelo para pesam 8,4 libras, sem o carregador. Pesado, para os padrões de hoje. O comprimento total desta versão é de 38,9 polegadas com a bandoleira estendida e 29,9 polegadas dobrada.

O FNC é um executor robusto e confiável. Disparei milhares de tiros através de dois espécimes de fogo seletivo e dois "sporters" semiautomáticos sem uma única engripagem sempre que os carregadores FN eram usados. Embora robusto, suas características de manuseio são excelentes. O recuo sentido é muito baixo. Seu guarda-mão é o melhor de qualquer fuzil de assalto e contribui significativamente para a habilidade do operador em adquirir alvos rapidamente. O padrão de ejeção é bastante errático e varia de três pés (91cm) para a direita a 90 graus a 50 pés (15m) a 30 graus à direita da boca do cano.

Soldados belgas marchando com o FN FNC.

Os canos FN exibem um excelente potencial de precisão. Recentemente, tive três canos FN Minimi M249 calibrados a ar e eles estavam muito próximos do grau de correspondência. Infelizmente, esse atributo é silenciado no FNC pelo acionamento extremamente pesado do gatilho. Por causa disso, nunca disparei um grupo menor que seis MOA com qualquer um desses fuzis. No entanto, o potencial de acerto permanece acima da média quando o dispositivo de rajada de três tiros é empregado em exercícios de tiro instantâneo.

A facilidade de manutenção foi melhorada em uma margem considerável em relação ao FN CAL anterior. Para desmontar o FNC, primeiro remova o carregador e limpe a arma. Empurre o pino de retenção traseiro da esquerda para a direita o máximo possível. Afaste o receptor superior do grupo inferior. Empurre o pino de retenção frontal e separe os receptores superior e inferior. Ambos os pinos são cativos e são mantidos no corpo inferior do receptor por uma mola de pressão. Puxe a alça retrátil para trás, levante a tampa contra poeira e puxe a alça: O conjunto do ferrolho pode então ser retirado da parte traseira do receptor superior. Pressione a placa traseira da mola recuperadora e gire-a 90 graus para a direita ou esquerda. Puxe a mola e a haste guia para fora da cavidade da extensão do pistão. Gire o corpo do ferrolho até que seu came libere o trilho do transportador e remova-o. As molas dos percutores atuais têm uma extremidade ondulada para evitar sua perda inadvertida. Remova o guarda-mão da maneira descrita anteriormente. Gire o cilindro de gás para a esquerda até que a peça do polegar esteja além da configuração normal e perpendicular ao bloco defletor do receptor superior. Empurre o cilindro de gás para trás e retire-o do bloco de gás. Sugiro que nenhuma desmontagem adicional seja tentada.

Chasseurs Ardennais belgas com fuzis FN FNC.

A extensão do cano é difícil de alcançar e limpar, mas não mais do que o M16. Após a limpeza, lubrifique os trilhos guia do receptor, as alças de trancamento dos do ferrolho, os recessos de trancamento da extensão do cano e a mola recuperadora com LSA, graxa de lítio branca ou PARR All Weather Weapons Lube (A.R.M.S., Dept. SOF, 230 W. Center Street, W. Bridgewater, MA 02379). O G96 em spray aerossol fará o resto. Não lubrifique o pistão, o interior do cilindro de gás ou o bloco de gás. Volte a montar na ordem inversa. Certifique-se de que a mira de lançamento de granadas esteja na vertical ao reinstalar o guarda-mão.

Versões semiautomáticas do FNC são distribuídas nos EUA pela Gun South, Inc. (Dept. SOF, P.O. Box 129, Trussville, AL 35173). A cobrança do dólar americano e a queda nas vendas nos EUA reduziram o preço de varejo sugerido desses fuzis em US$ 335 nos últimos três anos. O modelo padrão com coronha rígida agora é vendido por US$ 729 e o para por US$ 760. Este preço os coloca em linha com o Colt AR15A2, mas a arma em si não é tão boa quanto o Colt.

Apenas a Indonésia e a Suécia adotaram o FNC. Os membros do Clube do Fuzil-de-Assalto-do-Mês (como eu) terão que colocar um FNC em seus cabides de armas. Mas não é minha escolha para progredir no mato. Muito pesado e não está de acordo com os padrões usuais da FN de excelência orientada ao usuário.

Soldado da Fortuna,
edição de dezembro de 1985.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

ARTE MILITAR: O FAL na Batalha de Long Tan no Vietnã


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 3 de janeiro de 2022.

Cena da famosa Batalha de Long Tan em 1966, de status legendário na História Militar da Austrália, e da sua participação na Guerra do Vietnã. A ilustração de Steve Noon faz parte do livro The FAL Battle Rifle, de Bob Cashner para a série Weapon da Osprey Publishing. O capítulo foi traduzido no blog aqui.

A batalha evidenciou a confiabilidade do FAL em situações adversas, funcionando com água e lama sob pesada chuva de monção. A versão australiana do FAL, fabricada em Lithgow, seguia o padrão britânico de medidas no sistema imperial e era designado Self-Loading Rifle 1A1 - literalmente Fuzil Auto-Carregável L1A1 - com o acrônimo SLR. A versão fuzil-metralhador (FM) do L1A1, de cano pesado para tiro contínuo, foi designada L2A2 e é semelhante ao FAP, mas com um sistema de bipé dobrando como guarda-mão. O fuzil automático L1A1 foi chamado pelo relatório oficial australiano de "arma excepcional da ação".

Descrição da ilustração:

O FAL no Vietnã

Em 18 de agosto de 1966, em Long Tan, no Vietnã do Sul, elementos da Companhia D, 6º Batalhão, O Regimento Real Australiano, fizeram contato com o que viria a ser um regimento vietcongue apoiado por pelo menos um batalhão das forças do exército norte-vietnamita. Os australianos foram logo detidos aferrados ao terreno em uma plantação de borracha, assim que as chuvas de monção começaram a cair. Apesar do mar de lama e água, os fuzis de carregamento automático L1A1 dos australianos deram um desempenho extremamente confiável, o relatório oficial pós-ação chamando o SLR de "arma excepcional da ação".

O soldado mostrado aqui trocando o carregador não poderia fazê-lo tão frequentemente; a carga básica oficial na época era de um carregador de 20 tiros na arma e quatro suplementares, para um total de 100 tiros de munição. Carregadores vazios deveriam ser recarregadas de bandoleiras.

Este sistema, é claro, provou-se inadequado para o combate. Apenas um ousado lançamento de pára-quedas de reabastecimento de um helicóptero em baixa altitude impediu a Companhia D de ficar totalmente sem munição durante o combate. O comandante da companhia recomendou oito carregadores por homem após a batalha.

Embora o Exército Australiano tenha adotado a versão FM L2A2 de cano pesado do FAL e tenha começado a fazer melhorias muito promissoras na arma, a adoção da metralhadora americana M60 em 7,62 mm OTAN, vista aqui, levou ao fim do L2A2.

- Bob Cashner, The FN FAL Battle Rifle, pg. 54.

Recentemente, a batalha foi imortalizada no filme australiano Danger Close: The Battle of Long Tan (2019).

Trailer do filme Danger Close


Bibliografia recomendada:

The FN FAL Battle Rifle.
Bob Cashner.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

O FAL DMR neo-zelandês

SAS neo-zelandês com o FAL DMR no Afeganistão, 2002.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 28 de dezembro de 2021.

Ao serem desdobrados no Afeganistão em 2001, os neo-zelandeses do Special Air Service (SAS) rapidamente notaram a inadequação do calibre 5,56mm no ambiente de grandes distâncias em terreno de montanha no Afeganistão. Estes fuzis FAL do padrão imperial L1A1 foram retirados de estoques da marinha da Nova Zelândia e adaptados para a função de Fuzil de Atirador Designado (Designated Marksman Rifle, DMR); que é o sniper incorporado em um pelotão ou grupo de combate.

Os fuzis foram modificados com guarda-mão e tampa da culatra da DSA Arms, além de silenciador personalizado, alavanca de manejo modificada, bipé e lunetas ACOG. O fuzil adaptado foi usado na missão tradicional de sniper de seção engajando alvos além do alcance do fuzil de serviço padrão, no caso calibrado em 5,56mm (geralmente modelos do sistema AR-15/M16), em distâncias até 800 metros.




Vídeo recomendado:


Bibliografia recomendada:

The FN FAL Battle Rifle.
Bob Cashner.

Leitura recomendada:


quarta-feira, 22 de setembro de 2021

A Venezuela acusou a Colômbia de intrusão em seu espaço aéreo com um drone Hermes


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 22 de setembro de 2021.

Hoje, 22 de setembro, as forças armadas da Venezuela (oficialmente Fuerza Armada Nacional Bolivariana, FANB) afirmaram que ontem (21/09) um drone Hermes da Colômbia violou o espaço aéreo venezuelano na província de Zula. 



Comunicado oficial da Força Armada Nacional Bolivariana

A Força Armada Nacional Bolivariana denuncia a flagrante violação do espaço aéreo venezuelano por uma aeronave remotamente tripulada (drone), tipo Hermes, pertencente à Força Aérea Colombiana, fato ocorrido ontem, segunda-feira, 20 de setembro, às 16:48 horário legal da Venezuela.

A referida aeronave foi detectada pelos sistemas de exploração do nosso Comando Integral de Defesa Aeroespacial, sobrevoando o território do município de Jesús María Semprúm, estado de Zulia, na Região de Informação de Vôo Maiquetía (FIR) nas coordenadas 09º04'50″N - 72º53'52″O, 64 milhas náuticas a noroeste do aeroporto “Francisco García de Hevia” localizado em La Fría, estado de Táchira, a 8 mil pés de altitude, velocidade de 90 nós e rumo 318, vindo da FIR de Bogotá sem a devida autorização de sobrevôo ou apresentar o plano correspondente para entrar na República Bolivariana da Venezuela.

Este acontecimento constitui uma gritante ameaça à segurança do país por se tratar de um sistema militar utilizado para missões de reconhecimento aéreo, que com toda certeza não foi involuntário ou acidental, já que coincide com a presença na Colômbia do Almirante Crayg Faller, chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, em sua segunda visita este ano ao território neo-granadino, supostamente para discutir assuntos de "cooperação em questões de segurança".

Sem dúvida, estamos dando claros indícios de um estratagema do império norte-americano e do governo colombiano, seu indigno e incondicional aliado na região, para construir alguns de seus conhecidos falsos positivos ou qualquer tipo de incidente que permita continuar gerando instabilidade , e de maneira particular, torpedear o processo de diálogo que está ocorrendo atualmente no México, em busca de soluções para os problemas do país, da paz e da unidade de todo o povo venezuelano.

Não cairemos nas repetidas e grosseiras provocações de uma oligarquia criminosa e do decadente império que a patrocina, que se tornaram um anacronismo sem a mínima credibilidade no contexto das nações. Mas em estrito cumprimento das diretrizes estratégicas ensinadas pelo cidadão Nicolás Maduro Moros, Presidente Constitucional da República Bolivariana da Venezuela, nosso Comandante-em-Chefe, permaneceremos vigilantes, monitorando constantemente todo o espaço geográfico venezuelano, a fim de garantir sua integridade , bem como nossa liberdade, soberania e independência.

Chávez vive... a Pátria continua!

Independência e Pátria Socialista... Vamos viver e vencer!

Independência ou nada!

Sempre leais... Nunca traidores!

Nasce o Sol da Venezuela no Essequibo!

Caracas, 21 de setembro de 2021

VLADIMIR PADRINO LÓPEZ

General-em-Chefe

Comando Sul dos Estados Unidos (United States Southern Command, US SOUTHCOM) referido pelo comunicado venezuelano é o comando americano responsável pela América Latina. Seu quartel-general está localizado em Doral, na Flórida. O governo venezuelano frequentemente usa o fantasma do "imperialismo estadunidense" como ferramenta de união popular ao redor do regime. A Colômbia, além de um adversário tradicional de Caracas, é também o maior aliado americano no continente sul-americano, o que mata dois coelhos com uma cajadada só. Um dos exemplos dessa amizade é justamente que o governo colombiano condecorou o Comando Sul dos EUA com a Ordem de San Carlos, uma alta comenda por serviço excepcional à Colômbia.

 Almirante Crayg Faller e o distintivo do Comando Sul dos Estados Unidos.

Com uma tal amizade aberta, o governo bolivariano pode simplesmente ocupar a mídia nacional (controlada pelo governo) com ataques aos colombianos, alegando que o governo de Bogotá está iniciando uma agressão imperialista retrógrada contra o progresso da revolução socialista bolivariana da Venezuela. Dessa forma, o governo bolivariano justifica a escassez de bens, o fracasso econômico do país, a violência e criminalidade etc.

O diálogo no México mencionado pelo comunicado é uma sessão de reuniões na Cidade do México incluindo a oposição venezuelana. Em agosto, o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, libertou Freddy Guevara, um líder da oposição que estava preso há mais de um mês, para que ele possa atuar como um negociador nas negociações políticas programadas para começar em setembro desse ano na capital mexicana. Um importante aliado de Juan Guaido, Guevara foi libertado na noite de domingo da sede da unidade de inteligência policial conhecida como Sebin em Caracas. Ele deve representar Guaido quando delegados do governo e da oposição se reunirem na Cidade do México.

Freddy Guevara fala durante uma sessão da Assembleia Nacional em Caracas, em 19 de novembro de 2020.

Os militares colombianos, por sua vez, lançaram uma nota dizendo que estavam operando na área, mas que seu drone operava dentro do espaço aéreo colombiano. Esse último incidente na fronteira entre os dois países aumenta a suspeita de que há uma base das FARC em Zula, e tanto a operação quanto a acusação venezuelana podem indicar que realmente há uma base narco-guerrilheira ali. Assim como no comunicado venezuelano, os colombianos também providenciaram as coordenadas da ação, dado que a região selvática é de difícil navegação de outra forma.

Comunicado da Força Aérea Colombiana.

Comunicado Nº 007

Em referência à declaração hoje emitida pelo Ministro da Defesa da Venezuela, a Força Aérea Colombiana está autorizada a informar ao público que, no exercício legítimo de suas funções, na segunda-feira, 20 de setembro de 2021, às 16:48 horas, realizou missão de reconhecimento aéreo com aeronave não-tripulada, sobrevoando o espaço aéreo colombiano na área do município de Tibú, Norte de Santander.

De fato, as coordenadas 09º04'50”N - 72º53'52”O referidas no comunicado venezuelano, correspondem ao território colombiano.

Autor

Imprensa da Força Aérea Colombiana

O recente incidente vem na rabeira de mais um outro escândalo venezuelano, com uma lista de oficiais da inteligência naval da Armada Bolivariana sendo vazada na internet dez dias atrás (12/09). Foram 262 arquivos pessoais da marinha e, conforme foi noticiado, era pessoal de contra-inteligência visando a Colômbia - o que novamente levou às acusações de costume. 

Em 17 de agosto desse ano, Jorge Nobrega, um empresário americano foi acusado de violações de sanções e lavagem de dinheiro por ajudar em reparos de aeronaves militares da Venezuela, de acordo com uma queixa apresentada ao Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Sul da Flórida. Nobrega, presidente-executivo da Achabal Technologies Inc, com sede em Miami, foi então preso e compareceu ao tribunal de Miami na semana seguinte. O regime adquiriu um vasto arsenal comprado da Rússia e da China, e vem tendo problemas em manter a frota funcionando. O Irã vem fornecendo petróleo, mas a China está tomando caminhos contrários aos interesses da indústria petrolífera da Venezuela.

Recentemente, o governo da Espanha repotencializou a frota de carros de combate AMX-30B2, de procedência francesa, apesar das sanções impostas a Caracas. Os tanques desfilaram na celebração da Batalha de Carabobo em 5 de julho desse ano.

Um caça à jato Sukhoi Su-30MKV, de fabricação russa da Força Aérea da Venezuela, voa sobre uma bandeira venezuelana amarrada a lançadores de mísseis, durante o exercício militar "Escudo Soberano 2015" em San Carlos del Meta, no estado de Apure, em 15 de abril de 2015.

A morte de um mito: O General en jefe Jacinto Perez Arcay

O General-em-chefe Jacinto Perez Arcay sendo cumprimentado pelo presidente Nicolás Maduro.

Entre os vários tropeços do regime, há também a ação do mero acaso: nesta segunda-feira, dia 20 de setembro de 2021, faleceu o General en jefe Jacinto Perez Arcay, um conselheiro de longa data do presidente Maduro. Este último repetiu o grito de Che Guevara na sua mensagem de despedida ao Gal. Perez Arcay - ¡Hasta la Victoria Siempre!

Com 86 anos, o velho general era o militar da ativa com maior antiguidade na FANB, e sua convalescência foi um evento nacional na Venezuela. Outros generais famosos também morreram de COVID-19, como o General Pacepa, famoso por seus escritos sobre a espionagem soviética e romena, e o General Lam Quang Thi, famoso por seus escritos sobre a Guerra da Indochina e sobre o Exército da República do Vietnã (Vietnã do Sul).

No sistema venezuelano, os oficiais-generais do exército são General en jefe (G/J, 4 estrelas), Mayor general (M/G, 3 estrelas), General de division (G/D, 2 estrelas) e General de brigada (G/B, 1 estrela). O General-em-Chefe Jacinto Perez Arcay foi velado em uma procissão fúnebre, carregado por cadetes em uniformes tradicionais, incluindo o famoso Pickelhaube prussiano.



A morte do general é um verdadeiro caso de luto nacional, pois a militarização da Venezuela segue o típico padrão de engajamento total dos governos socialistas. O Gal. Jacinto Perez Arcay era basicamente onipresente nas várias manifestações públicas cívico-militares e era visto como um símbolo nacional e revolucionário. Em 2016, ele foi entrevistado pela jornalista Érika Ortega Sanoja para o jornal Actualidad RT.

Na entrevista, o velho general defende o socialismo cristão e menciona as figuras históricas venezuelanas Simón Bolívar e General Marcos Pérez Jiménez, além de elogiar o ex-ditador Coronel Hugo Chavez - de quem o General Arcay também foi mentor: “Amei Hugo Chávez como um filho e sinto que, em termos geopolíticos, sou o primeiro responsável por sua vida e sua morte” (5:32).


Arcay se formou na Academia Militar em 1956, com especialização na arma de artilharia. Formou-se em história e geografia pela Universidade Católica Andrés Bello. Ele participou do levante do Coronel Enrique Hugo Trejo em 1º de janeiro de 1958 contra o presidente-ditador General Pérez Jiménez. Ficou conhecido por dar aulas ao ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na Academia Militar, onde lhe incutiu os pensamentos de Ezequiel Zamora e Simón Bolívar. Arcay foi reconvocado ao serviço ativo em 2007.

Em 15 de fevereiro de 2012, foi promovido por Chávez de General de Divisão do Exército a Major-General da FANB. Ele foi considerado um assessor de Chávez em questões históricas, políticas e militares. Em 2016 foi premiado com a distinção "El Gran Cordón de Caracas", e foi Chefe do Estado-Maior Geral do Comandante-em-Chefe da FANB, o mais alto general venezuelano, designado como tal pelo Presidente Nicolás Maduro em 11 de julho de 2019.

Exemplar do livro "La Guerra Federal" com dedicatória do G/J Arcay a José Sant Roz, autor do livro "Bolívar y Santander - dos visiones contrapuestas".

O General Jacinto Perez Arcay escreveu os livros El Fuego Sagrado, Bolívar hoy (O Fogo Sagrado, Bolívar hoje, 1974), La Guerra Federal: Consecuencias (A Guerra Federal: Consequências, 1974) e Hugo Chávez, alma de la revolución en Cristo y en Bolívar (Hugo Chávez, alma da revolução em Cristo e em Bolívar, 2013).

Funeral na Academia Militar.

Os ritos fúnebres foram televisionados para todo o país em sua integralidade pelos canais estatais venezuelanos, ocorridos na Academia Militar em meio aos cadetes e ao presidente Maduro.


A perda de um tal símbolo revolucionário, ainda mais mediante tamanhos óbices e fracassos da revolução bolivariana, acabaria por levar o governo de Caracas a tentar mostrar firmeza e começar a criar pretextos para demonstrações de força. A ideia de uma Venezuela progressista, permanecendo unida sob o cerco "imperialista ianque", já é uma situação normal na rotina política da república bolivariana. A desastrada aventura de forças especiais americanas e mercenários em agosto do ano passado já deram voz à propaganda (além de legitimidade aos olhos da população comum). Agora, diante de negociações no México com a presença da oposição e sob pesado escrutínio internacional, a tendência é uma vocalização cada vez mais alta da Venezuela.

Milicianos bolivarianos com o fuzil FAL.
O grande número de paramilitares é uma forma de engajar a população na luta ideológica.

Leitura recomendada: