domingo, 21 de março de 2021

IVECO VBTP-MR GUARANI. O futuro da mobilidade do exército brasileiro

VBTP-MR GUARANI

FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: 110 Km/h.
Alcance Máximo: 600 Km (em rodovia).
Motor: Motor Iveco Cursor 9 com 383 hp movido a diesel.
Peso: 16,7 toneladas.
Altura: 2,34 m.
Comprimento: 6,9 m.
Largura: 2,7 m
Tripulação: 3 + 8 soldados equipados.
Armamento: Metralhadora FN Mag cal 7,62X51 mm ou uma metralhadora M-2HB cal .50 (12,7 mm) ambas montadas em uma torre remotamente controlada Ares REMAX.
Trincheira: 1,3 m
Inclinação frontal: 60º
Inclinação lateral: 30º
Obstáculo vertical: 0,50 m
Passagem de vau: Anfíbio.

DESCRIÇÃO:
Por Carlos Junior
O Exército Brasileiro, como todas as forças armadas do Brasil, carece de modernos meios de combate para suas atribuições. Esta afirmativa não é nenhuma novidade para os poucos patriotas que acompanham a agonia em que se encontrava nossa força terrestre no final da década de 90, quando tratamos de seus meios de combate. A situação chegou a ser tão explicita que o governo brasileiro acabou sendo forçado (digo forçado, pois é claro e flagrante a total falta de sensibilidade dos péssimos políticos brasileiros diante da grave situação militar brasileira) a tomar alguma providência para amenizar este quadro. Um dos muitos equipamentos do Exército Brasileiro, que estava em péssima situação devido a seu alto grau de obsolescência, era o famoso veículo blindado de transporte de tropas EE-11 Urutu, cuja empresa fabricante, a Engesa, faliu em outubro de 1993, causando alguma dificuldade para executar a manutenção dos velhos blindados sobre rodas. Além disso, a blindagem do Urutu se mostrou vulnerável quando esteve em ação no Haiti onde se experimentou algumas ocorrências em que tiros em calibre 7,62X51 mm perfurantes de blindagem conseguiram superar a proteção de sua blindagem, como foi demonstrado na missão brasileira no pequeno país caribenho. Assim, estava claro que era fundamental ao Exército Brasileiro adquirir um novo blindado de transporte de tropas que pudesse dar a mobilidade e segurança aos soldados no campo de batalha moderno. Aproveitando o momento de se adquirir este novo veículo, o exercito determinou alguns outros requisitos que tornaria o novo blindado, um produto que pudesse ter sucesso no mercado internacional também.
Projetado pela Iveco e pelo Exército Brasileiro, o Guarani é pouco maior que o Urutu, veículo que ele substitui.

Por tudo isso, a empresa escolhida pelo Exercito para fornecer este novo blindado foi a Iveco Veículos de Defesa, uma empresa do grupo Fiat e o veiculo passou a se chamar VBTP-MR (Veículo Blindado de Transporte de Pessoal. Media Sobre Rodas) e foi nomeada “Guarani” em uma votação aberta ao publico para se escolher o nome da viatura. A encomenda feita pelo governo brasileiro foi de 2044 veículos Guarani em varias versões que devem ser entregues em vários lotes até 2030. 
O Guarani é, evidentemente, fortemente baseado em um outro produto da Iveco, o SuperAV, um blindado 8X8 desenvolvido antes do programa brasileiro. Esse é um dos principais motivos da rapidez com que este programa foi levado a cabo. 
O Guarani possui a mesma configuração do Urutu, ou seja 6X6 e seu motor, é o Iveco Cursor 9 turbo diesel, que fornece 383 Hp de força ao veículo. Assim, o Guarani, poderá rodar a uma velocidade máxima de 105 km/h em estradas. Sua suspensão hidropneumática garante conforto aos tripulantes e a tropa (quando comparado ao Urutu). O Guarani é totalmente anfíbio e quando na água, pode navegar a 9 km/h.
O Guarani já vem com capacidade anfíbia como padrão, sem necessidade de adaptações.

O Guarani está equipado com uma blindagem leve, capaz de proteger ele contra disparos de todos os tipos de projéteis em calibre 7,62X51 mm, inclusive AP (perfurantes de blindagem) e fragmentos de granadas. Seu assoalho foi projetado com forma em “V” para dissipar detonações de minas terrestres e IEDs (explosivos improvisados) que já causaram centenas de mortes e muita destruição em blindados convencionais no Iraque e Afeganistão. A capacidade de proteção NBC (nuclear, bacteriológico e químico) é um opcional e não vem de série.
Como o projeto do Guarani seguiu a tendência de praticamente todos os novos projetos em blindados, ele tem uma modularidade que lhe é muito útil para adaptação de placas de blindagem extra, reforçando sua capacidade a níveis bem mais resistentes, caso seja necessário, além de se poder integrar diversos armamentos de vários tipos.
A proteção blindada do Guarani permite suportar disparos de armas leves e de estilhaços de granadas. O assoalho construído em V, protege a tripulação de detonação de explosivos tipo IED.

O armamento da versão básica será uma metralhadora M-2 em calibre.50 (12,7 mm), porém diversas torres controladas remotamente e armadas com metralhadoras 7,62X51 mm, lança granadas de 40 mm, e metralhadora pesada em calibre 12,7 mm, também podem ser instaladas facilmente no Guarani. Algumas unidades dele foram armadas, porém, com uma torre UT-30BR, desenvolvida pela Elbit System, de Israel, que possui um canhão de ATK de 30 mm, uma metralhadora coaxial de 7,62X51 mm e  um sensor óptico para uso do comandante do veículo e outro para o artilheiro. Além disso, há sistemas de defesas como um alerta de laser LWS que avisa o comandante quando o veiculo estiver sendo iluminado por um designador de alvos a laser. 
Esta torre tem proteção blindada padrão STANAG 4569 nível 2, capaz de proteção contra disparos de projéteis em calibre 7,62X39 mm (como dos AK-47), porém esta proteção pode ser ampliada para nível 4 e “segurar” impactos de projéteis de metralhadoras pesadas em calibre 14,5X114 mm.
Poucas unidades do Grarani receberam uma torre israelense UT-30BR, com um potente canhão automático norte americano da ATK em calibre 30 mm. A maioria das viaturas estão armadas com metralhadoras M-2 em calibre 12,7x99 mm (.50BMG)

O Guarani básico, para transporte de tropas, tem capacidade de transporte de 3 tripulantes mais 8 soldados totalmente equipados dispostos numa cabine, relativamente, mais espaçosa que a do Urutu, dando melhor conforto para os militares.
Uma das versões que chegou a ser considerada para o Guarani foi a de um veículo de reconhecimento, que substituiria os atuais veículos Cascavel, e seria armado com um canhão de 105 mm, porém, depois de várias mudanças e atrasos, há forte indicação que o projeto de obtenção da Viatura Blindada de combate de Cavalaria (VBC-Cav), que responde por essa necessidade de um sucessor do já cansado Cascavel, pode não ser baseado no Guarani.
O compartimento da tripulação comporta 8 soldados equipados dispostos em 4 de cada lado e sentados de frente um para o outro. A saída da viatura se dá exclusivamente pela parte traseira.

O Guarani é uma solução para substituir o velho Urutu e, eventualmente o Cascavel, que já passaram da hora de serem aposentados devido a obsolescência destes antigos projetos. Hoje, ambos os veículos só servem para desfilar em festas de 7 de setembro, pois na prática são fracos e mal equipados. A quantidade de 2044 unidades adquiridas é um excelente numero para um exército com a grande responsabilidade de defender este território gigante que é o Brasil.

 





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