Por Laurent Lagneau, Zone Militaire OPEX360, 28 de março de 2021.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 28 de março de 2021.
Em fevereiro, o Presidente Macron e seu homólogo do Djibuti, Ismaël Omar Guelleh, concordaram com a "necessidade de consolidar sua parceria" no campo militar, por meio de uma declaração de intenções "sobre os princípios que enquadram a próxima renegociação do Tratado de Cooperação de defesa entre França e Djibouti, que já tinha sido revista em 2011.
Além disso, foram assinados diversos acordos de cooperação na área econômica. Eles "concretizam o aumento dos investimentos franceses no Djibuti, como o apoio ao projeto de um segundo aeroporto no país e os investimentos de grupos privados franceses nas áreas de energia e turismo", indicou então a presidência francesa.
No entanto, esses projetos estão sob a ameaça dos jihadistas somalianos "shebab", ligados à al-Qaeda. De fato, em 27 de março, seu líder, Abou Obaida Ahmad Omar, publicou um vídeo no qual ataca diretamente o presidente Guelleh, que buscará um novo mandato em 9 de abril, acusando-o de ter “transformado Djibouti em base militar de onde todas as guerras contra os muçulmanos na África Oriental são planejadas e executadas".
E apelando a seus apoiadores para "fazer dos interesses americanos e franceses no Djibouti a principal prioridade de [seus] alvos".
Desde 2002, os Estados Unidos têm uma grande base no Djibouti (o campo Lemonnier). Base que serve de ponto central para suas operações no Chifre da África e também no Iêmen. Além disso, em 2013, foi decidido transferir as atividades dos drones americanos para o aeródromo de Chabelley, localizado a cerca de dez quilômetros de distância.
Quanto à França, ela mantém uma presença militar no Djibouti desde a independência, concedida em 1977. Atualmente, e mesmo que tenha sido reduzido nos últimos anos, o contingente aí alocado é a maior de forças de presença francesas na África, com o 5º Regimento Interarmas do Ultramar (5e Régiment Interarmes d'Outre-Mer, RIAOM), um destacamento da Aviação Leve do Exército (Aviation légère de l’armée de Terre, DETALAT) com 4 helicópteros Puma e 3 Gazelle, a base aérea 188 (com 4 Mirage 2000-5, 3 Puma e uma aeronave de transporte CN-235), uma base naval e o Centro de treinamento de combate e endurecimento no deserto do Djibouti (Centre d’entraînement au combat et d’aguerrissement au désert de Djibouti, CECAD).
Recorde-se que, dada a posição estratégica ocupada pelo Djibouti (perto, em particular, do Estreito de Bab el Mandeb), o país acolhe outros contingentes estrangeiros. Assim, a China inaugurou uma base militar e um porto lá em 2017.
No entanto, os interesses franceses no Djibouti já foram alvejados em 2014, com um atentado suicida contra o restaurante "La Chaumière"; o saldo foi de um morto (cidadão turco) e cerca de vinte feridos (incluindo 7 franceses, 4 alemães, 6 holandeses e 3 espanhóis). O ataque foi posteriormente reivindicado pelos shebabs somalianos, que alegaram ter visado os franceses por "seu papel ativo no treinamento e equipamento das tropas djibutianas na Somália, bem como sua crescente intervenção nos assuntos [de] terras muçulmanas".
Bibliografia recomendada:
Estado Islâmico: Desvendando o exército do terror. Michael Weiss e Hassan Hassan. |
Legião Estrangeira: Um brasileiro em suas fileiras. Luís Bouchardet. |
Djibuti: O que a Europa deve entender sobre a abordagem da China à expansão militar, 19 de junho de 2020.
FOTO: O 14 de Julho no Djibouti, 14 de junho de 2020.
A China está preenchendo a lacuna do tamanho da África na estratégia dos EUA, 14 de março de 2020.
SFAB do Exército enfrentará condições difíceis durante a missão na África, 27 de fevereiro de 2020.
Como a China viu a intervenção da França no Mali: Uma análise, 14 de março de 2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário