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domingo, 26 de abril de 2020

O EF88 versus o M4/AR-15: uma perspectiva de um operador especial

EF88 Austeyr, a versão australiana do Steyr AUG.

Por WO1 W*, Australian Strategic Policy Institute, 25 de setembro de 2015.

Tradução Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 26 de abril de 2020.

*Pseudônimo, WO1 é a abreviatura da graduação Warrant Officer 1, sem equivalente no Brasil.

Sou um Warrant Officer superior que teve a sorte de servir em uma unidade das Forças Especiais australianas por mais de 25 anos, incluindo mais de 13 anos em funções de combate e, mais recentemente, como chefe do programa de treinamento de combate e armas de fogo da minha unidade. Estou escrevendo isso porque discordo respeitosamente da recente avaliação de John Coyne de que o EF88 (a designação do fuzil no serviço do Exército Australiano, não "F90" que se refere à versão de exportação da Thales) "parece fazer todo o sentido", quando comparado com o M4/AR-15.

Tive a oportunidade de disparar o EF88 e, embora seja uma melhoria sobre o atual Steyr, definitivamente não é uma boa arma de combate. O Steyr tem muitos aspectos que são menos do que desejáveis - alguns discutirei abaixo -, mas reconheço que, para a maioria da Força de Defesa Australiana, é adequado para defesa pessoal. No entanto, para nossos soldados de combate (não apenas Forças Especiais), poderíamos fazer muito, muito melhor.

EF88/F90 da Thales com o cano de 40cm.

Como John, também não estou defendendo nenhum sistema de armas em particular, mas dizer que a plataforma AR está chegando ao fim do serviço é impreciso. O setor em torno da plataforma baseada no AR é um gigante de vários bilhões de dólares e o nível de inovação e refinamento que continua a entrar nessa plataforma é sem precedentes. Apenas um exemplo será suficiente: A Sig Sauer lançou recentemente seu fuzil MCX, uma arma excepcional que está na vanguarda do desenho dos fuzis de combate, mas ainda é baseado no projeto AR-15 original de Eugene Stoner.

Por outro lado, além dos nossos próprios esforços com o EF88, não há investimento significativo no desenvolvimento da plataforma Steyr, e a lista de países que estão abandonando esta arma e escolhendo armas baseadas no AR cresce mais a cada dia, Nova Zelândia e Malásia para nomear dois. Acredito que, onde pudermos, devemos produzir ou fabricar itens militares na Austrália - mas não à custa da capacidade do soldado. Se dermos o passo positivo da diversificação, tenho certeza de que a Austrália poderá produzir mais de um fuzil de assalto e possivelmente criar mais empregos. Dessa forma, poderíamos fornecer aos nossos soldados de combate - Infantaria e Forças Especiais - um melhor sistema de armas de combate.


O que antes se pensava ser a melhor maneira de fazer negócios - idéias refletidas na artigo do John - não está, em muitos aspectos, em consonância com o treinamento atual em tiro de combate. Nosso treinamento atual, baseado nas lições das operações de combate recentes, expõe uma série de deficiências significativas no projeto do Steyr. Mencionarei apenas três: coronha/soleira de comprimento fixo, o desenho bullpup e pouca capacidade de disparar instintivamente de forma eficaz. (Não tenho espaço para cobrir a alavanca de manejo, gatilho, altura da visada, falta de um carregador de soltura rápida e a trava de segurança.)

Minha função atual me permite realizar treinamento com soldados de todo o exército e um grande problema é a soleira de comprimento fixo, que afeta soldados menores ou mais altos que a altura média. É difícil para eles obter um alívio ocular correto (mesmo com o novo trilho Picatinny estendido usado no EF88), o posicionamento correto da arma no ombro também é difícil e a posição da empunhadura frontal é abaixo do ideal, o que leva à aplicação ineficaz do fogo.

EF88/F90 da Thales com o cano de 50cm e um lança-granadas Madritsch Weapon Technology ML40AUS 40x46.

Outro problema com o Steyr é que ele é um sistema bullpup. Embora isso resulte em um menor comprimento total da arma, essa vantagem cria uma série de problemas. Por um lado, a colocação do carregador na traseira do Steyr significa que, ao contrário do M4 que empregamos nas forças especiais, os soldados devem olhar para baixo ao realizar exercícios de incidente de tiro. Isso é problemático, pois envolve uma perda de consciência situacional do espaço de batalha - uma preocupação muito mais significativa do que a preocupação de John sobre a necessidade de apertar dispositivo de assistência de avanço (forward assist device, FAD) no M4/AR-15 ao abordar um incidente de tiro.

Finalmente, para o soldado de combate moderno de hoje, é fundamental ter a capacidade de se esconder o máximo possível, enquanto ainda é capaz de ripostar um tiro eficaz ao inimigo. É realmente muito simples treinar tiros instintivos se a arma é capaz de fazer isso com eficiência - o que o Steyr, incluindo o novo EF88, não é. Após menos de um dia de treinamento com o M4, nossos soldados disparam o LF6 (sistema australiano de treinamento de tiro) tanto de forma mirada quanto em tiro instintivo e todos os soldados podem conseguir isso em duas ou três tentativas.

Em resumo, existem sistemas de armas de combate mais adequados do que o Steyr disponível para nossos soldados de combate, armas que proporcionarão maior letalidade e capacidade de sobrevivência. Onde vidas estão em risco, a Defesa deve manter a integridade e o foco na aptidão acima de tudo.

O WO1 W serve com as Forças Especiais do Exército Australiano. O autor forneceu seus detalhes à equipe editorial do The Strategist. A equipe reteve seu nome de acordo com a política das Forças Especiais. Imagem cortesia do Departamento de Defesa.

Leitura recomendada:



LAPA FA Modelo 03 Brasileiro9 de setembro de 2019.

O FAMAS no mercado de exportação4 de novembro de 2019.

GALERIA: O FAMAS em Vanuatu22 de abril de 2020.


quinta-feira, 16 de abril de 2020

Quando o suprimento padrão não era suficiente: a variante australiana "Bitch" do SLR

Helicóptero da Real Força Aérea Australiana desembarcando dois operadores do Regimento SAS no Vietnã, 1969. (Australian Associated Press/AAP)

Por Miles, The Firearms Blog, 16 de outubro de 2018.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 16 de abril de 2020.

Embora o fuzil de serviço L1A1 SLR (FN FAL)* tenha servido fielmente o “Digger”** australiano por um período extremamente longo, os soldados de infantaria na Guerra do Vietnã perceberam que o fuzil poderia ser “ajustado” para se adequar ao combate no qual soldados tinham que lutar dia após dia. Passando por modificações de campo que seriam contrárias às regulamentações de qualquer lugar do mundo, as tropas fizeram isso de qualquer maneira porque se encaixavam em um requisito de campo necessário.

*Nota do Tradutor: SLR significa Self-Load Rifle, literalmente Fuzil Auto-Carregável, e é a versão Imperial do FAL medida em polegados, e o seletor de tiro contendo apenas duas opções ao invés das três contidas no FAL métrico: S para Safe (Seguro) e R para Repetition (Repetição, mas na verdade semi-automático).

**NT: Digger, cavador, é o apelido do soldado australiano.


O que aconteceu foi que um armeiro de nível de unidade pegaria um SLR padrão e cortaria o cano na altura da massa de mira. Em alguns casos, um quebra-chama em forma de cone poderia ter sido adicionado ao cano exposto e, com uma coronha reduzida, aparentemente seria o L1A1-F1. Em seguida, a armadilha do gatilho seria modificado para que a arma pudesse disparar apenas de forma totalmente automática. Um carregador L2A1 de 30 tiros seria montado na arma, além de às vezes uma empunhadura frontal e até um lança-granadas XM-148. Essencialmente, o que você tinha era um fuzil unicamente automático, que criava uma enorme bola de fogo na boca do cano sempre que um carregador era gasto. Ele foi chamado, "The Bitch"*.

*NT: The Bitch pode ser traduzido como "A Megera".

Lança-granadas XM148. (Alan W.)

Lança-granadas XM148. (Alan W.)

"O pessoal do Serviço Aéreo Especial da Austrália modificou seus fuzis, cortando o cano imediatamente em frente ao bloco de gás e montando um lança-granadas XM148 de 40mm fornecido pelos EUA. Eles também limavam os seletores de tiro em seus fuzis SLR para torná-los totalmente automáticos. Essa versão automática modificada foi chamada oficialmente de "The Bitch", porque o movimento de torção do ferrolho e o peso leve do cano tornavam praticamente impossível segurar a arma no alvo. Por fim, a Austrália produziu uma versão encurtada para a guerra na selva denominada L1A1-F1. O F1 usou a menor coronha disponível e um quebra-chama encurtado, reduzindo o comprimento total do fuzil em 2,75 polegadas (6,9cm)."

Inovação e Improvisação: "A "bitch" era um SLR automático que foi construída por um dos armeiros e fazia o barulho de uma metralhadora .50... Ela era ótima porque o inimigo pensava que eles foram atingidos por uma companhia de petrechos pesados... não uma pequena patrulha". - Trooper Michael Malone, Special Air Service Regiment. (Museu Memorial de Guerra Australiano)

Museu Memorial de Guerra Australiano.

Além disso, também temos essas fotografias postadas no fórum The FAL Files, em 2014, de uma empunhadura frontal que flutuava por aí na Austrália e foi comprada no Ebay. Realmente, esta é simplesmente uma empunhadura original que foi reaproveitada com uma haste que se encaixa no cano de um L1A1.

Esta imagem é alegadamente proveniente do final do envolvimento no Vietnã, mas a fonte original não é conhecida.




Estas são algumas imagens que circulam pela Internet e são compartilhadas entre vários sites que apresentam fuzis L1A1 em diferentes estágios de modificação. Observe que a empunhadura de acima é realmente inclinada em algumas das imagens.

Special Air Service Regiment (SASR).

A fotografia acima vem de outra descrição das modificações, mas é de uma página do Facebook chamada All Things Military

"Quando desdobrados, os Troopers do SAS estavam armados com fuzis L1A1 fabricados pela RSAF em Lithgow, que são comparáveis em tamanho ao fuzil M14 americano e não são adequados para operações na selva…

Para superar isso, esses fuzis foram modificados em campo, geralmente a partir de fuzis-metralhadores L2A1 de cano pesado, com seus canos cortados imediatamente em frente ao bloco de gás e, freqüentemente, com os bipés L2A1 removidos e um lança-granadas XM148 de 40mm montado abaixo do cano. Os lança-granadas XM148 de 40mm foram obtidos das forças americanas. Para o L1A1, a falta de opção totalmente automática resultou na conversão não-oficial do L1A1 para capacidade totalmente automática, mediante simples preenchimento do seletor de tiro ou pela inserção de um 'corpo estranho' para bloquear a armadilha do gatilho.

Eles normalmente seriam equipados com carregadores de 30 tiros, tanto a versão reta feita especificamente para o L2A1 quanto a ligeiramente curva usada na conversão L4 Bren. (Como esse carregador foi projetado para alimentar para baixo, muitas vezes havia uma mola extra inserida para ajudar a alimentar para cima corretamente).

Os canos eram cortados para facilitar o manuseio no mato e para aumentar a assinatura do som e da chama quando a arma era disparada. Quando um contato era iniciado, a patrulha típica de 5 homens do SASR disparava grandes quantidades de fogo, o som e a chama dos canos cortados aumentando o efeito de 'choque e pavor', desorientando o VC ou o NVA e dando-lhes a impressão de que eles estavam em contato com uma força muito maior.

Para os Troopers, este L1A1 modificado era simplesmente chamado de "The Bitch"..."


Imagem do Memorial de Guerra Australiano em Camberra.

Observe a grande variedade de modificações em todos esses fuzis, não apenas nos L1A1. Mas particularmente predominantes são as empunhaduras frontais ligadas às coronhas.


Ainda outra referência de um resumo de um livro (Sleeping With Your Ears Open-Patrolling With The Australian SASDormindo com os ouvidos abertos - patrulhando com o SAS australiano) sobre o SASR durante a Guerra do Vietnã pode ser encontrada aqui -

"Alguns comentários feitos sobre o SLR (ou L1A1) foram bastante esclarecedores. Uma questão comum era que eles teriam seus armeiros de esquadrão reinstalando o ferrolho mantido aberto e convertendo-os em modo totalmente automático. Eles também gostavam de encurtar o cano e remover o quebra-chama. O raciocínio deles era que, como a maioria de suas patrulhas era para fins de reconhecimento, eles tentavam evitar o contato com as forças inimigas, especialmente porque geralmente operavam apenas como uma patrulha de quatro ou cinco homens. No caso de serem "esbarrados", para usar seu termo, eles abririam fogo totalmente automático, esvaziariam um carregador e tentariam romper o contato enquanto o inimigo ainda estava atordoado. A combinação de fogo totalmente automático, grandes chamas na boca do cano e relatos de abafamento de ouvidos muitas vezes fazia o inimigo pensar que havia tropeçado em um pelotão completo ou possivelmente uma companhia. Um homem fez o comentário de que, sem o quebra-chama, a chama da boca do cano cauterizaria a ferida a 15 polegadas (38cm)."

A razão para toda essa engenhoca era que os Diggers forneceriam aos homens-ponto esse fuzil modificado, de modo que, quando uma patrulha entrasse em contato na cerrada selva vietnamita, se esse homem ainda não tivesse sido morto, seu trabalho era disparar o seu carregador inteiro da sua "Bitch", levando assim os vietcongues a pensarem que a patrulha australiana tinha muito mais poder de fogo ou pelo menos mais soldados do que o inicialmente plotado.

On Patrol with the SAS: Sleeping with your ears open,
Gary McKay.

Absurdo talvez? Ao visitar o Museu Memorial de Guerra Australiano em Camberra e o Museu de Armas Portáteis de Lithgow em Lithgow, temos pelo menos dois depoimentos separados de veteranos australianos falando sobre as modificações em detalhes. E, aparentemente, a partir desses relatos, a “Bitch” realmente funcionou, e fez uma diferença tangível no campo de batalha para os soldados que a usavam.

Miles é um Fuzileiro Naval de Infantaria, interessado especificamente na história, desenvolvimento e uso de armas portáteis na região do Oriente Médio e África do Norte (Middle East and North Africa, MENA), e na Ásia Central. Ele é o administrador do site Silah Report, um site dedicado a analisar a história e as notícias sobre armas portáteis do MENA e da Ásia Central.

Leitura recomendada:

Tiro em Cobertura Rodesiano15 de abril de 2020.

FN FAL: “O Braço Direito do Mundo Livre”14 de janeiro de 2020.

Um breve comentário sobre o FN FAL21 de fevereiro de 2020.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

A Austrália quer vender à Índia seu próximo fuzil CQB - eis o que eles estão oferecendo

Um soldado australiano dispara seu fuzil EF88 Austeyr no Iraque. O F90 é padronizado na plataforma F88.
(Foto do Exército dos EUA por Spc. Audrey Ward)

Por Ian D'Costa, Military Times, 26 de abril de 2019.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 24 de fevereiro de 2020.

Desde 1989, o Exército Australiano usa uma versão produzida internamente do Armee-Universal-Gewehr da Steyr Arms (Fuzil Universal do Exército, ou AUG), oficialmente conhecido como F88 Austeyr, como sua arma de serviço padrão.

Uma parceria conjunta entre a Thales Australia e o Kalyani Group agora planeja oferecer às forças armadas indianas uma versão de exportação do F88 para a nova exigência de carabina do país.

Atualmente, a Índia está no meio de um grande programa de rearmamento que fará com que seu exército elimine as armas mais antigas em favor de uma combinação de hardware ocidental mais recente, popular entre os estados membros da OTAN, além de armas e kits projetados e produzidos pela Índia.

A Gear Scout informou anteriormente que a Índia compraria 72.400 fuzil de batalha SIG716 e um número desconhecido de carabinas Caracal CAR816 como parte de um contrato de US$ 503 milhões. Mais tarde, o The Firearms Blog informou que a contagem esperada de CAR816s era de cerca de 95.000.

A variante de exportação do F88, apelidada de F90, foi originalmente oferecida como concorrente do CAR816, mas agora entrará em uma competição separada, voltada para o fornecimento ao Exército Indiano de uma nova carabina de combate aproximado em compartimento (closer quarters battleCQB).

O F90 com um lançador de granadas SL40 de 40 mm opcional (Foto Lithgow Arms)

De acordo com a solicitação enviada pelo Ministério da Defesa da Índia, a carabina CQB precisa ser calibrada no 5,56x45mm OTAN, deve possuir um alcance efetivo mínimo de 200 metros (218 jardas) e ter uma precisão de 5 minutos de ângulo ou melhor, e novo em folha.

A Thales Australia e o Grupo Kalyani esperam que o F90 seja exatamente o que as forças armas indianas estão procurando. Construído sob licença da Steyr pela Lithgow Arms, o F90 foi projetado para ser altamente modular e pode colocar um lança-granadas SL40 de 40mm sob o cano, bem como uma série de outros acessórios e ópticas em seus trilhos Picatinny.

O F90 vem com três comprimentos de cano - 360mm, 407mm e 508mm. Graças ao seu traçado bullpup, o comprimento máximo da arma com seu cano mais longo é de 802mm. Para comparação, a carabina M4 chega a 840mm com seu cano padrão de 370mm. Um gatilho de dois estágios dá ao operador a capacidade de disparar no modo semiautomático com o primeiro estágio do puxão, ou em uma rajada de três tiros no segundo estágio.

O F90 pode acomodar várias ópticas em seu trilho superior, incluindo miras holográficas e ampliadas (Foto Lithgow Arms)

Uma parte considerável da decisão australiana de comprar e colocar em campo o Steyr AUG original como o F88 foi o fato de ser um fuzil bullpup, o que significa que o receptor (caixa da culatra), o mecanismo de disparo e o carregador estavam localizados atrás da empunhadura de pistola e do gatilho. Isso permite que um cano mais longo seja usado em uma armação mais compacta, tornando a arma muito mais manobrável e precisa.

Por mais revolucionário que o F88 possa ter sido no momento de sua adoção pelo exército australiano, ele não passou exatamente sem críticas, especialmente das unidades de operações especiais australianas.

De fato, o fuzil foi tão mal recebido pelo Regimento de Serviço Aéreo Especial (Special Air Service Regiment, SASR) de elite do país, modelado com base no SAS de primeira linha do Reino Unido, que a unidade optou por comprar mais carabinas M4 e limitar o uso do F88.

Operadores especiais se viram emaranhados com um fuzil que não era ergonomicamente adequada para ser confortavelmente manejada por um usuário final equipado com uma armadura corporal, graças ao tamanho exagerado da soleira da coronha do F88.

Além disso, as trocas de carregador frequentemente afastavam os olhos do usuário da luta devido ao posicionamento desajeitado do depósito do carregador.

Essas questões podem representar uma ameaça à candidatura do F90. No entanto, se o F90 for bem-sucedido, o governo indiano planeja comprar mais de 360.000 fuzis, os quais seriam hipoteticamente produzidos em fábricas indianas.

Ian D’Costa é um correspondente da Gear Scout, cujo trabalho foi apresentado nos sites We Are The Mighty, The Aviationist e Business Insider. Um homem ávido ao ar livre, Ian também é um entusiasta de armas e equipamentos.

Post-Script: Críticas do SASR sobre o F88.

Suboficial (WO) do SASR critica o Austeyr F88

Foto: DoD australiano

Em uma edição recente da revista australiana Contact: Air, Land & Sea, um suboficial (Warrant Officer, sem equivalente no Brasil) do Regimento de Serviço Aéreo Especial australiano criticou a adoção do fuzil de assalto F88. Baseado no Steyr AUG de projeto austríaco, o F88 é produzido domesticamente na Austrália. Especificamente, o autor anônimo, escreve que a arma deve ser retirada de uso.

Especificamente, ele menciona:

"O Steyr exige uma mudança de carregador mais difícil sob estresse, além de desviar os olhos do operador por um longo período enquanto recarrega, tirando uma valiosa consciência do que está acontecendo ao seu redor.

O tamanho da coronha no Steyr não é propício para uma boa colocação da arma no ombro, especialmente com o colete. Isso afeta o alinhamento da visão, o alívio dos olhos, o apoio da bochecha e uma posição de tiro estável com a arma no ombro.

Há uma série de outras razões, no entanto, não entrarei nesse mérito. Mas nossos soldados, particularmente nossa infantaria, poderiam ser muito mais bem servidos com um novo e melhorado sistema de armas pessoais primárias."

(Foto: DoD australiano)

Isso não é realmente uma grande novidade. O SASR adotou o M4 pela primeira vez em 1998, depois que seus F88s não atingiram as expectativas no desdobramento do 1º esquadrão no Kuwait em apoio à Operação Desert Thunder (novembro-dezembro de 1998). No entanto, antes disso, a unidade estava modificando os M16 restantes do serviço no Vietnã para servirem como carabinas. Infelizmente, as armas eram antigas e não se destinavam realmente às modificações autônomas da unidade e não eram tão confiáveis quanto às armas propriamente fabricadas. As queixas do Esquadrão chegaram ao Departamento de Defesa (DoD) australiano, que enviou uma equipe de oficiais de requerimento de infantaria. Na época, eles pensaram que talvez pudessem modificar o F88 para ter um desempenho tão bom quanto o M4A1 SOPMOD sendo usado pelos colegas americanos do contingente australiano. Não muito tempo depois, surgiram os extras da seção de trilhos Picatinny para o Austeyr. Mas, finalmente, os operadores especiais australianos conseguiram seus M4 e o restante das ADF manteve o F88. Desde então, a questão se deteriorou.

Independentemente disso, é sempre interessante quando um membro de serviço do SASR fala sobre recursos operacionais ou a falta deles.