Um soldado australiano dispara seu fuzil EF88 Austeyr no Iraque. O F90 é padronizado na plataforma F88. (Foto do Exército dos EUA por Spc. Audrey Ward) |
Por Ian D'Costa, Military Times, 26 de abril de 2019.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 24 de fevereiro de 2020.
Desde 1989, o Exército Australiano usa uma versão produzida internamente do Armee-Universal-Gewehr da Steyr Arms (Fuzil Universal do Exército, ou AUG), oficialmente conhecido como F88 Austeyr, como sua arma de serviço padrão.
Uma parceria conjunta entre a Thales Australia e o Kalyani Group agora planeja oferecer às forças armadas indianas uma versão de exportação do F88 para a nova exigência de carabina do país.
Atualmente, a Índia está no meio de um grande programa de rearmamento que fará com que seu exército elimine as armas mais antigas em favor de uma combinação de hardware ocidental mais recente, popular entre os estados membros da OTAN, além de armas e kits projetados e produzidos pela Índia.
A Gear Scout informou anteriormente que a Índia compraria 72.400 fuzil de batalha SIG716 e um número desconhecido de carabinas Caracal CAR816 como parte de um contrato de US$ 503 milhões. Mais tarde, o The Firearms Blog informou que a contagem esperada de CAR816s era de cerca de 95.000.
A variante de exportação do F88, apelidada de F90, foi originalmente oferecida como concorrente do CAR816, mas agora entrará em uma competição separada, voltada para o fornecimento ao Exército Indiano de uma nova carabina de combate aproximado em compartimento (closer quarters battle, CQB).
O F90 com um lançador de granadas SL40 de 40 mm opcional (Foto Lithgow Arms) |
De acordo com a solicitação enviada pelo Ministério da Defesa da Índia, a carabina CQB precisa ser calibrada no 5,56x45mm OTAN, deve possuir um alcance efetivo mínimo de 200 metros (218 jardas) e ter uma precisão de 5 minutos de ângulo ou melhor, e novo em folha.
A Thales Australia e o Grupo Kalyani esperam que o F90 seja exatamente o que as forças armas indianas estão procurando. Construído sob licença da Steyr pela Lithgow Arms, o F90 foi projetado para ser altamente modular e pode colocar um lança-granadas SL40 de 40mm sob o cano, bem como uma série de outros acessórios e ópticas em seus trilhos Picatinny.
O F90 vem com três comprimentos de cano - 360mm, 407mm e 508mm. Graças ao seu traçado bullpup, o comprimento máximo da arma com seu cano mais longo é de 802mm. Para comparação, a carabina M4 chega a 840mm com seu cano padrão de 370mm. Um gatilho de dois estágios dá ao operador a capacidade de disparar no modo semiautomático com o primeiro estágio do puxão, ou em uma rajada de três tiros no segundo estágio.
O F90 pode acomodar várias ópticas em seu trilho superior, incluindo miras holográficas e ampliadas (Foto Lithgow Arms) |
Uma parte considerável da decisão australiana de comprar e colocar em campo o Steyr AUG original como o F88 foi o fato de ser um fuzil bullpup, o que significa que o receptor (caixa da culatra), o mecanismo de disparo e o carregador estavam localizados atrás da empunhadura de pistola e do gatilho. Isso permite que um cano mais longo seja usado em uma armação mais compacta, tornando a arma muito mais manobrável e precisa.
Por mais revolucionário que o F88 possa ter sido no momento de sua adoção pelo exército australiano, ele não passou exatamente sem críticas, especialmente das unidades de operações especiais australianas.
De fato, o fuzil foi tão mal recebido pelo Regimento de Serviço Aéreo Especial (Special Air Service Regiment, SASR) de elite do país, modelado com base no SAS de primeira linha do Reino Unido, que a unidade optou por comprar mais carabinas M4 e limitar o uso do F88.
Operadores especiais se viram emaranhados com um fuzil que não era ergonomicamente adequada para ser confortavelmente manejada por um usuário final equipado com uma armadura corporal, graças ao tamanho exagerado da soleira da coronha do F88.
Além disso, as trocas de carregador frequentemente afastavam os olhos do usuário da luta devido ao posicionamento desajeitado do depósito do carregador.
Essas questões podem representar uma ameaça à candidatura do F90. No entanto, se o F90 for bem-sucedido, o governo indiano planeja comprar mais de 360.000 fuzis, os quais seriam hipoteticamente produzidos em fábricas indianas.
Ian D’Costa é um correspondente da Gear Scout, cujo trabalho foi apresentado nos sites We Are The Mighty, The Aviationist e Business Insider. Um homem ávido ao ar livre, Ian também é um entusiasta de armas e equipamentos.
Post-Script: Críticas do SASR sobre o F88.
Suboficial (WO) do SASR critica o Austeyr F88
Foto: DoD australiano |
Em uma edição recente da revista australiana “Contact: Air, Land & Sea”, um suboficial (Warrant Officer, sem equivalente no Brasil) do Regimento de Serviço Aéreo Especial australiano criticou a adoção do fuzil de assalto F88. Baseado no Steyr AUG de projeto austríaco, o F88 é produzido domesticamente na Austrália. Especificamente, o autor anônimo, escreve que a arma deve ser retirada de uso.
Especificamente, ele menciona:
"O Steyr exige uma mudança de carregador mais difícil sob estresse, além de desviar os olhos do operador por um longo período enquanto recarrega, tirando uma valiosa consciência do que está acontecendo ao seu redor.
O tamanho da coronha no Steyr não é propício para uma boa colocação da arma no ombro, especialmente com o colete. Isso afeta o alinhamento da visão, o alívio dos olhos, o apoio da bochecha e uma posição de tiro estável com a arma no ombro.
Há uma série de outras razões, no entanto, não entrarei nesse mérito. Mas nossos soldados, particularmente nossa infantaria, poderiam ser muito mais bem servidos com um novo e melhorado sistema de armas pessoais primárias."
(Foto: DoD australiano) |
Isso não é realmente uma grande novidade. O SASR adotou o M4 pela primeira vez em 1998, depois que seus F88s não atingiram as expectativas no desdobramento do 1º esquadrão no Kuwait em apoio à Operação Desert Thunder (novembro-dezembro de 1998). No entanto, antes disso, a unidade estava modificando os M16 restantes do serviço no Vietnã para servirem como carabinas. Infelizmente, as armas eram antigas e não se destinavam realmente às modificações autônomas da unidade e não eram tão confiáveis quanto às armas propriamente fabricadas. As queixas do Esquadrão chegaram ao Departamento de Defesa (DoD) australiano, que enviou uma equipe de oficiais de requerimento de infantaria. Na época, eles pensaram que talvez pudessem modificar o F88 para ter um desempenho tão bom quanto o M4A1 SOPMOD sendo usado pelos colegas americanos do contingente australiano. Não muito tempo depois, surgiram os extras da seção de trilhos Picatinny para o Austeyr. Mas, finalmente, os operadores especiais australianos conseguiram seus M4 e o restante das ADF manteve o F88. Desde então, a questão se deteriorou.
Independentemente disso, é sempre interessante quando um membro de serviço do SASR fala sobre recursos operacionais ou a falta deles.
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