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sábado, 11 de junho de 2022

Proteja o nosso Estado: A Companhia de Infantaria da Força Móvel de Vanuatu

"Proteja o nosso Estado".

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 11 de junho de 2022.

"Proteja o nosso Estado", o lema da Companhia de Infantaria da Força Móvel de Vanuatu colocado entre dois fuzis FAMAS na sua insígnia. Por sua tradição colonial compartilhada pela França e Grã-Bretanha, os soldados de Vanuatu adotaram o famoso bullpup francês em 2009. A insígnia da Infantaria é composta por dois fuzis FAMAS sobre uma baioneta.

A Força Móvel de Vanuatu (VMF) é um pequeno corpo móvel de 300 voluntários que compõe as forças armadas de Vanuatu, tendo sido criada no ato de independência em 30 de julho de 1980. Sua principal tarefa é apoiar a Força Policial de Vanuatu, mas em caso de ataque, a VMF atuará como a primeira linha de defesa do pequeno país; seu comandante desde 2015 é o Coronel Robson Iavro.

Desfile da tropa com FAMAS numa avenida


Em 1994, a VMF desdobrou 50 homens para a Papua Nova Guiné, realizando assim a sua primeira missão de manutenção da paz.

Sendo uma força pequena e profissional, a VMF tem a tradição de destacar-se em exercícios de tiro, onde seus soldados demonstração excelente proficiência na sua pontaria.

O FAMAS com soldados da FMV durante o exercício Croix du Sud, em 2018.

A VMF foi treinada, no ato da sua criação, pela Força de Defesa da Papua Nova Guiné (Papua New Guinea Defence Force, PNGDF), treinamento este pago pelas forças armadas australianas. Inicialmente armada com o fuzil SLR 1A1 australiano, a versão imperial do venerável FAL, a VMF o substituiu pelo FAMAS F1 em 2009.

A VMF foi particularmente bem no exercício Croix du Sud 2016, com o 2º Tenente Johnny Kakor, comandando um pelotão de 30 homens da Força Móvel e da Ala Marítima, comentando que na segunda semana, o pelotão passou por uma série de exercícios de rebelião e obstáculo que ocorreram em terra e no mar, e estabeleceram um tempo recorde de 1 hora e 24 minutos, atrás do tempo de 1 hora e 15 minutos dos britânicos.

"Tivemos 12km de marcha, que os rapazes concluíram quando se adaptaram bem ao clima e depois tivemos o tiro ao alvo e o ataque. No tiro ao alvo de 100-450 metros (alvo dos atiradores de elite), nosso primeiro grupo derrubou todos os alvos; portanto, tivemos que esperar que os próximos alvos fossem colocados pela segunda vez e nosso último grupo atirou em todos eles, o comandante da companhia que cuidava de nós disse que dos 12 países, Vanuatu foi o melhor [no tiro].”
- 2º Tenente Johnny Kakor.

O Tenente-Coronel Terry Tulang, então comandante da VMF, congratulou as tropas: “Estou muito satisfeito com o desempenho geral do pelotão, eles tiveram um desempenho excelente e lideraram o tiro de fuzil, e sei que os rapazes aprenderam novas habilidades para melhorar e fornecer melhor segurança ao nosso país. Estamos ansiosos por outro Croix du Sud em 2018 ”.

O Coronel Tulang também confirmou que o treinamento foi financiado pelo governo da França, com os custos de viagem e acomodação cobertos pelo país anfitrião, com material de comunicações sendo pego emprestado dos países amigos.

Leitura recomendada:

sábado, 5 de fevereiro de 2022

O Futuro da Marinha Francesa – Conversa do CSIS com o Almirante Vandier

O Chefe do Estado Maior da Marinha Francesa (Marine Nationale) Almirante Pierre Vandier discute o futuro curso das forças navais francesas no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em 31 de janeiro de 2022. (Foto: CSIS)

Por Peter Ong, Naval News, 3 de fevereiro de 2022.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 3 de fevereiro de 2022.

O Almirante Vandier discutiu a cooperação da Marinha Francesa com a Marinha dos Estados Unidos e outros aliados e delineou suas visões e planos para o futuro crescimento e renovação da Marinha Francesa nos próximos anos.

O Almirante Pierre Vandier visitou o Chefe de Operações Navais da Marinha dos EUA (Chief of Naval OperationsCNO) Almirante Michael Gilday na segunda-feira, 31 de janeiro de 2022 e também conversou ao vivo por uma hora no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (Center for Strategic and International StudiesCSIS), respondendo a perguntas do anfitrião e o público espectador.

Naval News enviou perguntas ao CSIS antes da apresentação e também quando a conversa foi transmitida ao vivo.

O status da Marinha Francesa e a Situação Marítima Global

O Almirante Pierre começou com um briefing descrevendo o status da Marinha Francesa:

“Desde o fim da Guerra Fria, a Marinha Francesa, assim como outras frotas ocidentais, sofreu cortes orçamentários até cinco anos atrás. Desde a diminuição, a Marinha Francesa tem estado constantemente sob estresse, o que é um bom treinamento para tempos de guerra. Ela conseguiu manter um espectro completo de recursos, mas alguns deles foram reduzidos a uma escala muito pequena. A decisão de renovar algumas aeronaves e submarinos foi adiada demais no futuro e agora faltarão alguns ativos navais nos próximos anos”.
— Chefe da Marinha Francesa Almirante Pierre Vandier.

A Marinha Francesa baseia-se no apoio ao grupo de ataque do porta-aviões Charles de Gaulle que acabou de ser desdobrado no Mar Mediterrâneo nesta semana.

O porta-aviões francês Charles de Gaulle durante o exercício de pré-desdobramento FANAL19.
(Foto da Marinha Francesa)

O Almirante Vandier acredita que mar, espaço e ciberespaço estão ligados (via satélites e cabos de dados) e que os adversários usarão a violência para controlar esses domínios. O almirante gosta de pensar na guerra naval verticalmente do fundo do mar ao espaço, enquanto costumava ser o pensamento horizontal do mar à costa. A Marinha Francesa também está vendo uma proliferação de armas de superfície, submarinos e navais em todo o mundo devido à competição global, e isso ele acredita que fornece o maior risco de erro de cálculo (decisões equivocadas de “ordem para atirar”) que podem inadvertidamente utilizar esses armas.

Devido às demandas globais e ameaças estratégicas aos interesses nacionais franceses, a Marinha Francesa está desdobrada em muito mais lugares do que foi projetada no último Livro Branco de Defesa escrito em 2013. “Apesar desses cortes orçamentários, nunca perdemos nosso status de marinha ou nossa capacidade de agir em qualquer lugar e a qualquer hora, graças ao nosso compromisso permanente com a dissuasão no mar e os benefícios de um grupo de ataque do porta-aviões Charles de Gaulle de prontidão em alto mar”, disse o almirante Vandier, indicando que a Marinha Francesa participou de todos os grandes conflitos ocidentais nos últimos 30 anos.

O Almirante Vandier disse que a Marinha Francesa envia um navio de guerra quatro a cinco vezes por ano ao Mar Negro para mostrar o compromisso da França com a aplicação da OTAN naquela região.

Em relação às “atividades e fiscalização da Zona Cinza”, o almirante disse que a Marinha Francesa tem conhecimento de drogas e armas na parte ocidental do Oceano Índico e na parte oriental da África. Assim, a Marinha Francesa verifica essas regiões, rastreia-as e pressiona-as para impedir que essas atividades comecem outra coisa.

Quando o anfitrião do CSIS perguntou o quão grande é a preocupação com os sistemas aéreos não-tripulados (unmanned aerial vehiclesUAS) para a Marinha Francesa, o almirante respondeu que depende se o UAS é encontrado em operações costeiras ou em mar aberto, porque se for costeiro, as chances são de que o UAS seja menor do que um drone que pode viajar para mar aberto. Pode-se bloquear, ofuscar os sensores do UAS ou usar lasers para destruir o drone, e é uma guerra financeira não usar o caro míssil antiaéreo de um navio de guerra para abater um drone tão pequeno e barato, disse o almirante, que mencionou que a Marinha Francesa está trabalhando em tais sistemas contra-drones.

O anfitrião do CSIS perguntou como os sistemas não-tripulados podem ajudar a Marinha Francesa, ao que o almirante Vandier respondeu que os veículos aéreos não-tripulados (unmanned aerial vehiclesUAVs) podem ajudar a manter a bolha de consciência situacional noturna de inteligência, vigilância e reconhecimento (intelligence, surveillance, and reconnaissanceISR) em torno do grupo de ataque do porta-aviões (carrier strike groupCSG) que se encolhe à noite, quando os pilotos do porta-aviões precisam dormir e descansar. Os UAVs ajudarão a expandir essa bolha protetora CSG novamente à noite com ISR aéreo a longas distâncias. Veículos submarinos não-tripulados (unmanned underwater vehiclesUUVs) podem monitorar o fundo do mar em busca de invasões anfíbias.

A Marinha Francesa na Região Indo-Pacífico

Águas de Guam (11 de dezembro de 2020): O submarino de ataque rápido da classe Los Angeles USS Asheville (SSN 758), à direita, e o submarino de propulsão nuclear da classe Rubis da Marinha Francesa (SSN) Émeraude navegam em formação na costa de Guam durante um exercício fotográfico. O Asheville e Émeraude praticaram habilidades marítimas de ponta em uma infinidade de disciplinas projetadas para melhorar a interoperabilidade entre as forças marítimas. O Asheville é um dos quatro submarinos em prontidão avançada atribuídos ao Comandante, Esquadrão de Submarinos nº 15. (Foto da Marinha dos EUA pelo Especialista em Comunicação de Massa de 2ª Classe Kelsey J. Hockenberger)

A Marinha Francesa tem grandes interesses no Indo-Pacífico porque os franceses herdaram enormes territórios no Oceano Índico e no Pacífico e a França detém o segundo maior domínio marítimo do mundo com 11 milhões de quilômetros quadrados e sessenta por cento dele está no Indo-Pacífico, disse o Almirante Vander. Há 1,6 milhão de franceses vivendo em ilhas da Nova Zelândia, Nova Caledônia e ilhas do Pacífico, e a Marinha Francesa está comprometida em proteger seus cidadãos no exterior e está estruturada em torno dessa missão. A Marinha Francesa viu a ascensão de outras marinhas, como a Marinha Chinesa, e a Marinha Francesa está comprometida com a região da Orla das Nações do Pacífico Asiático (Rim of the Pacific Asian ExerciseRIMPAC) porque os franceses são vizinhos do RIMPAC.

A Marinha Francesa é uma mistura de guarda costeira e embarcações navais, onde as missões são combinadas, o que significa que uma fragata francesa pode realizar interdições de contrabando de drogas e rastrear e relatar a pesca ilegal, enquanto outras marinhas separam essas funções em navios letais da marinha militar cinza e navios da guarda costeira menos armados e de casco branco para aplicação da lei marítima. Essa combinação de missões letais de marinha  e de aplicação da lei marítima dá à Marinha Francesa um amplo espectro de missões e também determina a composição da Marinha Francesa de porta-aviões movido a energia nuclear a fragatas armadas a navios de patrulha offshore menores e menos armados para proteger os territórios insulares no oceano Pacífico. O almirante acrescentou que a Marinha francesa está combatendo a pesca ilegal usando satélites e permitindo que seus navios rastreiem e registrem a pesca ilegal.

Em relação à cooperação conjunta com a Marinha dos EUA e seus aliados, a Marinha dos EUA e a Marinha da França cooperaram muito no Golfo Pérsico. Em 2021, a Marinha Francesa enviou um submarino movido a energia nuclear para Guam e realizou exercícios com a Marinha dos EUA na área do Indo-Pacífico. A Marinha dos EUA e a Marinha da França assinaram recentemente uma Estrutura de Interoperabilidade Estratégica em 17 de dezembro de 2021.

A Marinha Francesa no Futuro

Grupo de ataque do porta-aviões PANG no mar.
(Imagem do Grupo Naval)

O almirante disse que o presidente Macron aumentou o orçamento da Defesa francesa com aumentos no financiamento plurianual, mas os resultados para as forças não ocorrerão antes de 2024 e que as lacunas militares não serão preenchidas antes de 2029.

“Nos próximos 20 anos, renovaremos novos recursos, como componentes marítimos para dissuasão nuclear, aeronaves marítimas, submarinos de ataque rápido, navios de patrulha offshore, ativos de controle de minas e navios de apoio.”
— Chefe da Marinha Francesa Almirante Pierre Vandier.

O Almirante Vandier estava muito interessado no plano do Chefe de Operações Navais (Chief of Naval OperationsCNO) da Marinha dos EUA Almirante Michael Gilday em 2021, antes que o Almirante Vandier lançasse seu plano estratégico chamado “Mercator 2021 Acceleration” e descobriu que muitos dos problemas são semelhantes aos do CNO da Marinha dos EUA.

Uma nova classe de navios patrulha para territórios ultramarinos está em construção e o primeiro de seis navios foi lançado ao mar em 2022, com o primeiro navio indo para a Nova Caledônia. Novas aeronaves ALBATROS Falcon 2000 chegarão em 2025 e haverá novos satélites para operações navais.

O Naval News perguntou ao Almirante Vandier: Que futuras grandes aquisições de capital (novos navios, submarinos, aviões de guerra) você prevê para a Marinha Francesa? O almirante respondeu que o próximo porta-aviões estará no mar por volta de 2037 e terá deslocamento de 80.000 toneladas com catapultas EMALS e dois reatores nucleares. Novos submarinos serão adquiridos até 2037, portanto, em meados da década de 2030, a Marinha Francesa será completamente renovada. No futuro, o Almirante Vandier prevê que a Marinha Francesa terá mais drones e uma variedade maior e melhor de armas para escolher. Além disso, as comunicações navais serão melhores, aprimoradas e mais vinculadas a satélites e recursos de comunicação mais novos.

Sobre o autor:

Peter Ong é um escritor freelancer com credenciais de mídia dos Estados Unidos e da Federação Internacional de Jornalistas (IFJ) e mora na Califórnia. Peter tem um Bacharelado em Redação Técnica/Design Gráfico e um Mestrado em Negócios. Escreve artigos para publicações de veículos de defesa, marítimos e de emergência.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

MODELISMO: SAS australiano no Vietnã

SAS australiano no Vietnã, 1970.
(Tony Dawe)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 5 de janeiro de 2022.

Busto de um soldado australiano do Special Air Service Regiment (SASR), o SAS australiano, pintado pelo modelista Tony Dawe. O trooper - designação dos operadores do SAS - está usando a configuração típica das tropas no Vietnã, com uma faixa na cabeça, camuflagem facial, mosquiteiro como echarpe e o confiável fuzil FAL (chamado SLR L1A1), neste caso usando o carregador de 30 tiros.

O mosquiteiro e a bandana servem para absorver o constante suor produzido no ambiente tropical da selva. O FAL tem armação de madeira e uma banda na coronha com kit de primeiros socorros. O carregador mais longo permite o "despejo" de alto volume de fogo para suprimir o adversário e forçá-lo a abaixar a cabeça e ficar na defensiva. Dessa forma, o SAS poderia manobrar e destruir o inimigo, ou simplesmente romper contato e ir embora conforme a necessidade.

Durante seu tempo no Vietnã, o SAS australiano e neo-zelandês (NZ SAS) realizou diversas modificações no fuzil FAL, usualmente apelidando-o de "The Bitch" ("A Megera") ou "The Beast" ("A Besta"). O blog tratou desse assunto aqui.

Comando SASR com um FAL encurtado conhecido como "The Bitch".
(Kevin Lyles/ Vietnam ANZACs Elite 103 da Osprey Publishing).

SASR com fuzis FAL modificados.
(Vietnam ANZACs)

Durante o período de pouco mais de cinco anos, cerca de 580 soldados do SAS serviram no Vietnã. Eles conduziram 1175 patrulhas (não incluindo 130 do NZ SAS), a maioria sendo patrulhas de reconhecimento, emboscada de reconhecimento e emboscada. Seu serviço no Vietnã reforçou sua reputação como uma unidade de elite do Exército australiano.

O SAS australiano infligiu pesadas baixas ao vietcongue, incluindo 492 mortos, 106 possivelmente mortos, 47 feridos, 10 possivelmente feridos e 11 prisioneiros capturados. Suas próprias perdas totalizaram um morto em combate, um morreu de ferimentos, três mortos acidentalmente, um desaparecido e uma morte por doença. Vinte e oito homens ficaram feridos. Os restos mortais do último soldado australiano que desapareceu em combate em 1969, após cair na selva durante uma extração de corda suspensa, foram encontrados em agosto de 2008.

Trooper do 1º Squadrão (1SAS) com um SLR L1A1 e o carregador de 30 tiros em Bien Hoa, fevereiro de 1968.

Com base em Nui Dat, que ficou conhecida como "SAS Hill" ("Colina SAS"), o SASR foi responsável por fornecer inteligência para a 1ª Força Tarefa Australiana (1 ATF) e as forças americanas, operando em toda a província de Phuoc Tuy, bem como nas províncias de Bien Hoa, Long Khanh e Binh Tuy. A partir de 1966, os esquadrões SASR rotacionaram pelo Vietnã em desdobramentos de um ano, com cada um dos três esquadrões Sabre completando duas turnês antes que o último esquadrão fosse retirado em 1971. As missões incluíram patrulhas de reconhecimento de médio alcance, observação de movimentos de tropas inimigas e operações ofensivas de longo alcance e emboscada em território dominado pelo inimigo.

Operando em pequenos grupos de quatro a seis homens, eles se moviam mais lentamente do que a infantaria convencional pela selva ou mato e estavam fortemente armados, empregando uma alta taxa de fogo para simular uma força maior em contato e para apoiar sua retirada. O principal método de inserção foi por helicóptero, com o SASR trabalhando em estreita colaboração com o Esquadrão No. 9 RAAF, que regularmente fornecia inserção e extração rápidas e precisas de patrulhas em zonas de pouso na selva na altura do topo das árvores. Ocasionalmente, patrulhas SASR também foram inseridas por transportes blindados M-113 com um método desenvolvido para enganar os vietcongues quanto à sua inserção e localização de seu ponto de desembarque, apesar do barulho que os veículos faziam ao se moverem pela selva. Um salto operacional de paraquedas também foi realizado: O 3º Esquadrão (3 Squadron) realizou um salto operacional de paraquedas 5 quilômetros a noroeste de Xuyen Moc na noite de 15 para 16 de dezembro de 1969, com o codinome Operação Stirling.

Troopers do SASR no Vietnã.

Um quarto esquadrão foi criado em meados de 1966, mas foi posteriormente dissolvido em abril de 1967. Concluindo sua turnê final em outubro de 1971, o 2º Esquadrão foi dissolvido no retorno à Austrália, com o Esquadrão de Treinamento criado em seu lugar. O SASR operou em estreita colaboração com o SAS da Nova Zelândia, com um pelotão (troop) sendo anexado a cada esquadrão australiano a partir do final de 1968. Quando em modo tático, os dois SAS eram idênticos, com a única diferença visível sendo a boina vermelha bordô usada pelos neo-zelandeses em uniforme de passeio, seguindo o padrão da Segunda Guerra Mundial, em oposição à boina cor de areia dos australianos.

Durante seu tempo no Vietnã, o SASR provou ser muito bem-sucedido, com os militares do regimento sendo conhecidos pelos vietcongues como Ma Rung ou "fantasmas da selva" devido à sua discrição e furtividade.

Bibliografia recomendada:

On Patrol with the SAS: Sleeping with your ears open,
Gary McKay.

The FN FAL Battle Rifle.
Bob Cashner.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

A arma excepcional da ação: O FAL em Long Tan no Vietnã

Batalha de Long Tan, 1966.
O relatório oficial pós-ação do exército australiano chamou o FAL de "a arma excepcional da ação".
Ilustração de Steve Noon.

Por Bob Cashner, The FN FAL Battle Rifle, 2013.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 16 de julho de 2019.

As unidades australianas e neozelandesas que lutando ao lado de forças dos EUA, do Vietnã do Sul e outras no Vietnã durante as décadas de 1960 e 1970 foram armadas com o fuzil SLR L1A1 semi-automático feito pela Lithgow; eles o consideraram uma arma confiável para a luta na selva. Apesar da mão-de-obra e artilharia e apoio aéreo muito limitados quando comparados com seus aliados americanos, os australianos e neozelandeses, recebendo treinamento especial na selva, derivado das lições aprendidas nas selvas da Malásia e Bornéu, operaram de uma maneira que o Viet Cong e o NVA chegaram a temer. Pequenas patrulhas australianas e neo-zelandesas movimentavam-se como fantasmas e muitas vezes provavam ser superiores ao inimigo quando se tratava de furtividade e habilidades de campanha. Apesar do desprezo geral dos australianos pela “contagem de corpos” como uma medida de sucesso, as estatísticas fornecem uma considerável defesa dos métodos não convencionais que eles usaram.

SLR L1A1, o FAL australiano e neo-zelandês.

Algumas estimativas afirmam que as tropas americanas gastaram cerca de 200.000 cartuchos de munição de armas portáteis por baixa inimiga; para os australianos e neozelandeses armados com o L1A1, 275 tiros foram gastos por baixa inimiga (Hall & Ross 2009). As razões para isso foram muitas. Primeiro, os soldados australianos e neozelandeses foram treinados em um padrão de pontaria muito acima e além daquele do soldado de infantaria americano. Em segundo lugar, muitos veteranos da 1ª Força-Tarefa Australiana eram veteranos de Bornéu e da Malásia, reforçando o treinamento na selva que as forças australianas e neozelandesas receberam antes de serem desdobradas para o Vietnã. Em terceiro lugar, os australianos e neozelandeses freqüentemente operavam em patrulhas pequenas, silenciosas e furtivas, em vez de em enormes varreduras do tamanho de um batalhão (ou maiores).

O método australiano foi recompensado ao infligir baixas inimigas sem a necessidade de dezenas de aeronaves e milhares de granadas de artilharia por engajamento. Por exemplo, mais de um terço dos contatos inimigos dos australianos foram emboscadas. Em 34% dos casos, os Aussies e os Kiwis emboscaram o Viet Cong/Exército Norte-Vietnamita (VC/NVA), enquanto que em apenas 2% dos contatos o inimigo conseguiu surpreender os ANZACs em suas próprias emboscadas. Um estudo do SAS sobre as ações australianas no Vietnã afirmou que, apesar dos ataques aéreos e de artilharia normalmente bastante oportunos e relativamente pesados que a infantaria ocidental desfrutou na guerra, cerca de 70% das baixas inimigas foram infligidas com armas portáteis de infantaria. Os métodos táticos dos ANZAC também mantiveram o inimigo respondendo a eles em vez de vice-versa, um elemento crítico na guerra de contra-insurgência.

O Soldado Bill Stallan do 6º Batalhão, do Regimento Real Australiano, em patrulha de selva em Phuoc Tuy, 1971.
Embora os fuzis L1A1 australianos fabricados pela Lithgow fossem soberbamente confiáveis e poderosos, os soldados foram inicialmente fornecidos apenas cinco carregadores, os quais deveriam ser recarregados de bandoleiras.
(Imperial War Museum, MH 16767)

Apesar de seu comprimento de 1.143 mm (45 polegadas) dificilmente ser ideal na selva, o SLR obteve notas muito altas por sua robustez e confiabilidade. A batalha de Long Tan em agosto de 1966 ocorreu sob uma forte chuva de monções e lama viscosa, condições que causaram mais do que alguns problemas para as metralhadoras M60 e suas cintas de munição expostas, bem como o punhado dos novos fuzis americanos Armalite M16 usados pelos australianos. O L1A1 resistiu ao teste com notação perfeita; o relatório oficial pós-ação do exército australiano chamou-lhe "a arma excepcional da ação". (Australian Army 1967: 26)

Tal como acontece com o L1A1 britânico, o SLR australiano ofereceu apenas fogo semi-automático. A conservação da munição fornecida pelo modo semi-automático fez uma diferença real em Long Tan. A maioria dos soldados recebia, na melhor das hipóteses, um carregador cheio no fuzil e quatro carregadores sobressalentes em seu equipamento de lona; um total de 100 tiros ou menos não dura muito em um tiroteio de longa duração, mesmo em modo semi-automático. Ainda assim, na selva, geralmente era um procedimento operacional padrão "despejar" o primeiro carregador o mais rápido possível para estabelecer a superioridade de fogo e, em seguida, alternar para o "double-tap" ("tiro duplo") mirado.

Militares da Companhia B do 2º Batalhão do Regimento Real Australiano, avançam com cuidado após desembarcarem de helicóptero, julho de 1967.
Os ANZACs no Vietnã freqüentemente removiam as alças de transporte dos seus SLR para diminuir o peso, e os quebra-chamas para diminuir a extensão.
(Bettmann/Corbis)

Mesmo assim, uma das maiores lições de Long Tan foi a emissão de muito mais munições e carregadores para o soldado de infantaria. O fornecimento de apenas cinco carregadores, os quais deveriam ser recarregados de bandoleiras, era obviamente insuficiente para um soldado engajado em um tiroteio.

Tal como acontece com os combatentes em todo o mundo, os australianos e os neozelandeses rapidamente também fizeram uso do poder de penetração da munição de 7,62x51mm OTAN. Mais de um soldado inimigo escondido atrás do tronco de uma seringueira encontrou seu abrigo transformado em mera coberta por tiros de 7,62x51mm explodindo através dela.

Soldados do 7 RAR, armados de SLR/FAL, aguardam transporte para Phuoc Hai, em 26 de agosto de 1967.

Uma modificação semioficial do L1A1 no Vietnã, que começou no SAS australiano, foi apelidada de "The Beast" ("A Besta") ou, às vezes, de "The Bitch" ("A Megera"). Este era um L1A1 convertido para fogo totalmente automático com peças do FM L2A1 e o cano, menos o quebra-chama, cortado logo adiante do conjunto do obturador de gás. Com um carregador de 30 tiros, o qual poderia esvaziar em menos de três segundos, era uma arma de curto alcance temível. Um número nada insignificante de soldados de ambos os lados pensaram que a enorme explosão "d'A Besta" parecia uma metralhadora pesada .50, proporcionando um poderoso efeito psicológico junto com poder de fogo extra. O veterano australiano de reconhecimento, Peter Haran, descreveu suas modificações na zona de combate em seu SLR:

No Recce [reconhecimento] tínhamos escolha de arma e voltei para o SLR [ao invés do Armalite], mas fiz alguns ajustes. Substituí a trava de segurança por uma de um SLR de cano pesado L2A1 e limei a armadilha do gatilho e o pino projetado para impedir que a trava de segurança ficasse em "automático". Com uma carregador de 30 tiros em vez de um de 20 tiros, eu agora tinha a arma que queria no mato - um "Slaughtermatic", como eu a chamei: em essência, uma metralhadora totalmente automática de 7,62 mm sem alimentador de cinta, um fuzil leve com soco máximo quando em fogo automático. Considerei que carregadores demais passando sem uma pausa provavelmente derreteriam o cano, mas se algum dia acontecesse esse tipo de luta, eu provavelmente não voltaria para casa de qualquer maneira. (Crossfire: An Australian Reconnaissance Unit in Vietnam, Haran & Kearney 2001: 32)

- Bob Cashner, The FN FAL Battle Rifle, pg. 52-54.

The FN FAL Battle Rifle,
Bob Cashner.

Bibliografia recomendada:

Vietnam ANZACs:
Australian & New Zealand Troops in Vietnam 1962-72.
Kevin Lyles.

Leitura recomendada:

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Helicópteros de ataque australianos resgatam náufragos em uma ilha deserta no Pacífico


Por Jamie (The Drive)The Warzone, 3 de agosto de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 4 de agosto de 2020.

Com um SOS feito na areia, o navio de assalto HMAS Canberra agiu com seus helicópteros Tigre para salvar marinheiros isolados.

O ARH Tigre da Airbus Helicopters pode não ter recebido muito amor do exército australiano ultimamente, mas o helicóptero de ataque foi uma visão muito bem-vinda no fim de semana para um grupo de marinheiros que ficaram isolados em uma pequena ilha da Micronésia por quase três dias. Em uma cena digna de Hollywood, uma mensagem SOS soletrada na praia foi avistada por tripulações australianas e americanas, antes que um helicóptero voando de um navio de guerra australiano prestasse em socorro.

Quatro ARH Tigres e um único helicóptero de transporte MRH90 Taipan da Airbus Helicopters estavam a bordo do navio anfíbio HMAS Canberra da Marinha Real Australiana (Royal Australian NavyRAN) e entraram em ação para ajudar a encontrar os três marinheiros.

Depois de partirem no seu barco de 23 pés em 30 de julho de 2020, os marinheiros saíram do curso e ficaram sem combustível. Eles foram encontrados desaparecidos em 1º de agosto e foram localizados no dia seguinte na Ilha Pikelot, a quase 320 quilômetros de seu ponto de partida em Pulawat, na Micronésia. O destino planejado deles era os atóis de Pulap, uma jornada de 23 milhas náuticas.

Os três náufragos na praia, junto com o barco e o SOS.

Indo para a área de busca, o Canberra se uniu a aeronaves dos EUA para localizar os marinheiros. Um ARH Tigre embarcado do 1º Regimento de Aviação do Exército Australiano entregou comida e água diretamente à praia, antes de realizar exames de saúde nos náufragos.

O Canberra recentemente atuou na região como parte do Grupo-Tarefas 635.3, que realiza um Desdobramento de Presença Regional, sobre o qual você pode ler mais neste relatório anterior do Zona de Guerra. Quando o navio de assalto foi chamado para ajudar na busca e salvamento, ele estava realmente voltando para a Austrália, enquanto outros navios do grupo-tarefa se preparavam para participar do Exercício Orla do Pacífico (Exercise Rim of the Pacific, RIMPAC), próximo ao Havaí.


"A companhia do navio respondeu à chamada e preparou o navio rapidamente para apoiar a busca e salvamento", disse o capitão Terry Morrison, comandante do Canberra. “Em particular, nosso helicóptero MRH90 embarcado no esquadrão nº 808 e os quatro helicópteros de reconhecimento armado do 1º Regimento de Aviação foram fundamentais na busca matinal que ajudou a localizar os homens e a entregar suprimentos e confirmar seu bem-estar”.

"Estou orgulhoso da resposta e profissionalismo de todos a bordo, pois cumprimos nossa obrigação de contribuir para a segurança da vida no mar, onde quer que estejamos no mundo", continuou ele.

Os marinheiros deveriam ser apanhados por um navio de patrulha da Micronésia, o FSS Independence, um barco de patrulha do Pacífico entregue e apoiado pelo governo australiano.

Tigre pousando no HMAS Canberra durante o show aéreo Biennial IMDEX em Cingapura, 16 de maio de 2019.

Enquanto o ARH Tigre e o MRH90 desempenharam seu papel nesse resgate dramático, é justo dizer que os dois tipos tiveram fortunas mistas no serviço australiano. A Austrália encomendou 47 MRH90 Taipan MRH para substituir os helicópteros Black Army Hawk e RAN Sea King Mk 50A/B do Exército Australiano. O exército e a marinha mantêm os MRH90 como uma base comum, mas seis aeronaves são atribuídas ao esquadrão nº 808 da RAN, com sede em Nowra, Nova Gales do Sul. Problemas técnicos e de confiabilidade viram o Taipan ser adicionado à lista de "Projetos de preocupação" do governo australiano.

A Austrália escolheu o Tigre para cumprir seu requisito de helicóptero de reconhecimento armado em 2001, adquirindo 22 exemplares. Enquanto os dois primeiros foram entregues em dezembro de 2004, a capacidade operacional final (final operational capabilityFOC) foi alcançada apenas em abril de 2016. O Tigre australiano participou de uma missão no exterior pela primeira vez no ano passado, quando quatro exemplares foram levados de avião para Subang, na Malásia, em um C-17A da Força Aérea Real Australiana, antes de embarcar em exercícios de treinamento a bordo do Canberra.

Tigres do exército australiano a bordo do HMAS Canberra.

No ano passado, o Departamento de Defesa Australiano emitiu um pedido de informações (request for information, RFI) para uma substituição do ARH Tigre no âmbito do programa Land 4503. Isso exige capacidade operacional inicial (initial operational capability, IOC) em 2026 com 12 estruturas aéreas e capacidade operacional total dois anos depois com 29 helicópteros. Os principais candidatos para o Land 4503 são o Bell AH-1Z Viper, o Boeing AH-64E Apache e os Airbus Helicopters Tigre Mk III aprimorados.

Enquanto isso, provavelmente veremos o ARH Tigre continuar operando a partir dos navios de assalto da classe Canberra em seu papel de ataque tradicional - além de outras missões, quando necessário. Os Tigres australianos também pousaram no porta-aviões USS Ronald Reagan durante exercícios recentes, sobre os quais você pode ler mais aqui.


O último episódio na Micronésia não foi a primeira vez que helicópteros de ataque apoiaram operações de resgate de maneiras não-tradicionais. Em junho deste ano, surgiu o vídeo de um Tigre do Exército Francês que foi usado para evacuar dois soldados gravemente feridos quando o helicóptero Gazelle foi abatido por insurgentes em 14 de junho do ano passado, perto da fronteira entre Mali e Níger.

Embora o Tigre tenha falhado em se tornar uma história de sucesso nas forças armadas australianas, sem dúvida se tornou o favorito de três marinheiros em particular, cujas emoções só podem ser imaginadas quando os helicópteros de ataque apareceram à vista.

Bibliografia recomendada:

Flying Tiger:
International Relations Theory and the Politics of Advanced Weapons.
Ulrich Krotz.

Leitura recomendada:

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Como ir além da abordagem do Exército de "culto à carga" para o comando da missão


Por John Bolton, Task&Purpose, 10 de janeiro de 2019.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 22 de maio de 2020.

Entre as ilhas da Micronésia, um fenômeno estranho ocorreu após a chegada dos primeiros ocidentais. Sem entender como a industrialização havia criado navios, armas e canhões, os ilhéus assumiram uma resposta surpreendentemente semelhante: presumindo que magia deu aos brancos "Carga". Logo, emergentes "cultos à carga"* pregaram uma doutrina de abundância futura, acreditando que, se construíssem os artifícios da "carga", como docas de madeira, estradas de bambu e aeródromos, os produtos retornariam.

*Nota do Tradutor: O culto à carga é um movimento religioso descrito pela primeira vez na Melanésia, que engloba uma série de práticas que ocorrem após o contato de sociedades simples com civilizações tecnologicamente mais avançadas. O nome deriva da crença que começou entre os melanésios no final do século XIX e início do século XX de que vários atos ritualísticos, como a construção de uma pista de pouso, resultariam no aparecimento de riqueza material, particularmente nas tão desejadas mercadorias ocidentais (ou seja, a "carga"), que eram enviadas através de aviões. Hoje, John Frum é uma religião e um partido político com um membro no Parlamento de Vanuatu.

Exemplos de material criado.

Se, a princípio, tendemos a zombar da ignorância da idade da pedra, devemos considerar que a implementação do Comando da Missão pelo Exército segue um padrão semelhante. Os nativos confundiram os artefatos da "Carga" com o apoio dos seus fatores, processos e sistemas, assim como o Exército dos EUA confunde ordens de missão e iniciativa disciplinada como as ferramentas do Comando da Missão, em vez de uma Cultura alterada.

Conseqüentemente, os Cultistas da Carga fornecem um exemplo de como não implementar mudanças - uma que o Exército deve considerar enquanto luta para tornar o Comando da Missão uma realidade.


Um exército "que opera de acordo com os princípios do Comando da Missão não aparece naturalmente, especialmente em tempos de paz", independentemente das verdades históricas consagradas na Doutrina do Comando da Missão. Somente as mudanças doutrinais são insuficientes para criar as organizações flexíveis e capacitadas que o Comando da Missão prevê. A cultura organizacional do exército também deve sofrer uma transformação - mais do que apenas "declarar isso". Como John Kotter afirmou em Leading Change (Liderando Mudanças, 2011), os resultados "vêm por último, não primeiro". Atualmente, o Exército não fez ajustes sistemáticos necessários em seus programas de desenvolvimento de pessoal e de líderes, enquanto permanece apaixonado pela, e imune às limitações da, tecnologia.


Sistema de Pessoal

O Comando da Missão exige confiança e tempo, dois fatores quase impossíveis pelo Sistema de Pessoal do Exército, que promove uma rotatividade superior a 30% a cada seis meses. Para os oficiais, os cargos rápidos e obrigatórios na KD promovem o carreirismo, mesmo quando a Cultura/Doutrina do Exército o condena. Para os oficiais, a passagem pelo sistema tornou-se um cursus honorum, movendo-se rapidamente através de empregos para atender aos portões de promoção.


A rotatividade é duplamente perniciosa porque gera o inimigo do Comando da Missão: microgerenciamento. Os líderes de curto prazo inevitavelmente se concentram em objetivos de curto prazo, envolvidos em "combate a incêndios", um ciclo de execução de ações triviais e demoradas, em última análise, não-relacionadas ao sucesso da unidade (pense na maioria das métricas associadas ao Sistema de Viagens de Defesa). As práticas de pessoal de curto prazo também criaram uma situação em que o Exército pode inadvertidamente incentivar e sancionar a dissimulação institucional.

Tecnologia

Os Sistemas de Comando de Missão Digitais do Exército (Army Digital Mission Command Systems, DMCS) supostamente criam uma imagem operacional comum (common operational pictureCOP) perfeita. O problema é que essa COP é frequentemente fictícia; o nevoeiro e o atrito não podem ser eliminados, propor o contrário é falácia. Consequentemente, os DMCS inibem a prática do Comando da Missão, porque produzem uma imagem falsa que inibe agudamente a iniciativa subordinada à medida que nos fixamos nos sistemas, e não nas operações. Problematicamente, a COP digital é autorizada de maneiras que um mapa analógico não é. Consequentemente, a disciplina necessária para discordar da COP digital muitas vezes não é realista.

Qualquer domínio tecnológico será passageiro; os adversários procurarão mitigar nossa vantagem por meio de manobras ou incêndios, ou simplesmente operar de maneira a mitigar nossa força. O especialista em gerenciamento Peter Drucker afirmou que "a cultura come estratégia no café da manhã". Isso significa que ethos, valores e ética compartilhados refletem mais as prioridades organizacionais do que documentos oficiais - os economistas chamam isso de preferência revelada. O primado da cultura sobre a tecnologia é precisamente o motivo pelo qual o Exército precisa do Comando da Missão. As práticas de Comando da Missão são mais eficazes que os sistemas de alta tecnologia.

Conclusão: Comando da Missão é o caminho a seguir

A abordagem típica do Exército para gerar mudanças - designar uma prioridade, criar "instrutores-mestres" e adicionar novos requisitos - é "desgastada pelo tempo, simples, previsível" e, por fim, ineficaz. Falhar aqui leva ao Comando da Missão sendo "perdido na transmissão". A mudança organizacional duradoura requer mais do que os PowerPoints, que são "Band-Aids para problemas organizacionais sistemáticos".

"Powerpoint Ranger".

A mudança cultural exige uma séria adesão dos líderes e uma mudança proporcional em tudo, desde o recrutamento até a educação, o treinamento em gerenciamento e a condução de exercícios. O Exército deve procurar implementar treinamentos que promovam a iniciativa por meio de cenários desafiadores, focados em decisões, que exigem criticamente que os líderes desobedeçam às ordens. Além disso, o treinamento deve puxar o plugue da tecnologia até mesmo de exercícios em larga escala. Caso contrário, continuará a tendência de centralização e presunção de domínio da informação, ambas perniciosas.

O Exército fez um progresso genuíno na implementação do Comando da Missão - modificar a doutrina é um bom primeiro passo. Mas mudanças marginais são insuficientes. O Exército deve reformular o treinamento de oficiais subalternos para apoiar cenários desafiadores que exijam iniciativa disciplinada com informações incertas, em vez de depender de superiores de longe.

Simultaneamente, o Exército seria sábio em reequipar seu sistema de pessoal para inculcar a iniciativa, reduzindo movimentos e trajetórias de mão única na carreira. Fazer isso engendra líderes comprometidos com o sucesso organizacional e o desenvolvimento de capacidades - o tipo de líder que aproveita a tecnologia, em vez de confiar na tecnologia.

Deixar de fazer as principais mudanças estruturais, organizacionais e de treinamento garantirá que o Comando da Missão continue sendo uma meta e não a realidade, e que o Comando da Missão continue sendo um "Culto à Carga", refletindo simplesmente o artifício, mas não a realidade da iniciativa disciplinada, ordens da missão e execução descentralizada.

John Bolton é o diretor executivo do 2-25 Batalhão de Helicóptero de Assalto. Ele é formado pelo Programa de Acadêmicos da Arte da Guerra da Escola de Comando e Estado-Maior e possui diplomas da West Point e da American Military University. Suas atribuições incluem o 1º Batalhão de Engenheiros, o 1-1 Batalhão de Reconhecimento de Ataque e o IBCT 4/25 (Aerotransportado) com várias missões no Iraque e Afeganistão.

Leitura recomendada:

GALERIA: O FAMAS em Vanuatu22 de abril de 2020.