sexta-feira, 10 de março de 2023

IRON DOME - O guarda chuva de defesa antiaéreo israelense.

Lançador de mísseis do Iron Dome lançando um míssil Tamir.
FICHA TÉCNICA
Motor: Propelente sólido.
Velocidade: 2700 km/h (mach 2,2).
Alcance: 17 km.
Altitude: 10 km.
Comprimento: 3 m.
Peso: 90 kg.
Ogiva: 11 kg de alto explosivo e fragmentação.
Lançadores: Container rebocável com 20 mísseis.
Guiagem: Comando de radio atualizado por uplink e um radar ativo para a fase terminal do engajamento.

DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
O tumultuado relacionamento de Israel com seus vizinhos, gerou inúmeros combates que, muito infelizmente, transbordam para além das áreas fronteiriças levando um elevado risco a integridade física e mesmo de morte para o povo judeu em suas cidades. O grupo extremista Hezbollah, com apoio do governo iranianos, utiliza artilharia de foguetes, principalmente do tipo Katyusha-122 , desenvolvido pela União Soviética, e que tem um alcance de quase 30 km, permitindo que cidades ao norte de Israel estejam dentro de seu raio de ação. 
Para lidar com esse sério problema, a partir de 2005, a Rafael Advanced Defense Systems, junto com a Israel Aerospace Industries ou IAI começaram a projetar um sistema de defesa para interceptar e destruir foguetes de artilharia como os  Katyusha e granadas de artilharia de 155 mm usados pelo grupo Hezbollah e também por eventuais inimigos de Israel. 
Batizado de Iron Dome, o sistema foi colocado em serviço operacional em 2011,e já vendo ação quase que imediata, defendendo a cidade de Beersheba, próxima com a Cisjordânia e da Faixa de Gaza. 
Trailer do sistema Battle Management & Control (BMC) que é, falando a grosso modo, o "cérebro" do sistema Iron Dome
 
O sistema Iron Dome usa o míssil interceptador Tamir, desenvolvido pela Rafael, foi projetado para máxima eficiência para destruir granadas de artilharia e foguetes a uma distancia de até 17 km. 
O sistema de guiagem é composto por um radar  Elta EL/M-2084 de varredura eletrônica ativa, capaz de detectar um alvo do tamanho de uma granada de artilharia de 155 mm à uma distancia de 100 km. Uma vez detectado, os dados são enviados para um computador de controle de fogo que avalia se áreas povoadas ou algum estrutura estratégica está em risco. Se for confirmado que essas áreas estão em risco, o sistema faz o calculo do ponto de impacto e lança de um míssil Tamir contra a granada ou foguete inimigo. O míssil é guiado por comando de radio recebendo atualizações de meio curso até o ponto onde o próprio radar do míssil é ativado para a fase terminal. A ogiva é detonada por uma espoleta  a laser de proximidade. A probabilidade de destruição do alvo está em 90 %, baseado no histórico de combate desse sistema de defesa antiaéreo.
Radar Elta EL/M-2084 usado para aquisição de alvo e rastreio do sistema Iron Dome.

Uma bateria do sistema Iron Dome é composta, tipicamente, por um radar  EL/M-2084  para busca e rastreio desenvolvido pela empresa Elta, um sistema de gerenciamento de batalha e controle de armas desenvolvido pela  empresa israelense mPrest Systems, especializada em softwares, e por ultimo,  unidades de lançamento, normalmente composto por 3 ou 4 lançadores com 20 mísseis cada.
As baterias são transportadas por veículos 6X6 que permitem posicionar, rapidamente, a bateria em pontos estratégicos a serem defendidos.
Além de Israel, os Estados Unidos e a Romênia são usuários deste moderno sistema de defesa antiaérea. Outros países tem demonstrado interesse em sua aquisição também, como a Índia e o Azerbaijão.
Os Estados Unidos usam seus sistemas Iron Dome em cima de caminhões Heavy Expanded Mobility Tactical Truck (HEMTT).

                      

segunda-feira, 6 de março de 2023

GALERIA: Força-Tarefa Sombra no exercício Escudo Bolivariano

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 6 de março de 2023.

Operadores venezuelanos da nova "Fuerza de Tarea Sombra" (Força-Tarefa Sombra) durante o XII Curso Especial de Treinamento Tático em Contraterrorismo, na quinta-feira, 4 de março de 2021. Os operadores estão armados com as novas carabinas bullpup chinesas QBZ-97B. Armamento chinês está começando a aparecer em quantidade na Venezuela, entre os vários modelos QBZ, essa manobra apresentou o fuzil sniper anti-mateiral NBR13/SG-50.

Essas atividades fizeram parte do exercício militar Escudo Bolivariano "Supremo Comandante Hugo Rafael Chávez Frías", do Comando Operacional Estratégico da Força Armada Nacional Bolivariana (Comando Estratégico Operacional de la Fuerza Armada Nacional Bolivariana, CEOFANB), e ocorreram em Barinas, na Venezuela.

Insígnia do Exercício Escudo Bolivariano
"Supremo Comandante Hugo Rafael Chávez Frías".

O evento foi o ponto culminante do XI Curso Especial de Treinamento Tático em Contraterrorismo (XI Curso de Entrenamiento Táctico Especial en Contraterrorismo) e do início do curso XII da mesma especialidade. Foram realizados exercícios militares, segundo a FANB, com a intenção de aumentar a prontidão operacional, e de combater e expulsar ameaças externas de grupos terroristas dentro do território nacional.

A manobra foi divulgada pelo CEOFANB através da sua conta oficial da rede social Twitter @Libertad020 (hoje suspensa), onde afirmava: “Foi realizada uma demonstração, onde foi utilizada a Força-Tarefa Sombra, composta por várias equipes cuja missão era reconhecimento, localização, busca e neutralização de grupos terroristas que ameaçam a paz e a tranquilidade em um território”.

Uma das novidades foi o início do Curso Básico Piloto RPAS X  de drones, chamado assim para Remotely-piloted aircraft system (Sistema de aeronave remotamente pilotada). O Batalhão de Drones (Batallón de Drones) do CEOFANB é uma unidade recém-criada e faz parte da Força-Tarefa Sombra. O batalhão realizou uma demonstração com drones (Veículo aéreo não-tripulado, VANT) controlados por um posto de comando móvel dotado de computadores. Durante o exercício, o batalhão manobrou com um drone não-identificado dotado de câmeras de alta tecnologia. A insígnia desse batalhão é um drone com uma caveira.

Operador do VANT com a insígnia do batalhão.

O VANT.

O posto de comando do VANT.

No que diz respeito aos equipamentos pessoais, destacam-se capacete com estroboscópio de infravermelhos, visão noturna monocular, óculos de proteção e conjunto de comunicações; coletes, joelheiras, cotoveleiras e luvas táticas com proteção balística. Além disso, o uniforme e o capacete carregam fitas refletoras infravermelhas para identificação amigo-inimigo.

Operador com a metralhadora Minimi,
notar as fitas refletoras.

Operador com Minimi e cintas de munição.

O Twitter oficial do CEOFANB também postou as típicas palavras de ordem do regime:

¡Chávez vive, la Patria sigue!
¡Independencia y patria socialista!
¡¡El sol de Venezuela nace en el Esequibo!
¡Por ahora y por siempre!
¡VENCEREMOS!

O Almirante-em-Chefe Remigio Ceballos Ichaso (centro) assistindo ao exercício.

O Comandante Operacional Estratégico da FANB, A/J Remigio Ceballos Ichaso, afirmou:

“A FANB possui uma Força Tarefa de Combate ao Terrorismo totalmente testada, seus combatentes são altamente qualificados e treinados para combater ameaças presentes e futuras, de caráter nacional e transnacional. Integrar é Vencer!”

Da mesma forma, destacou que a dignidade é a força da Força Armada Nacional Bolivariana, "não aceitamos interferência estrangeira de ninguém, não aceitaremos que qualquer potência estrangeira venha impor sua política, nunca a aceitaremos", enfatizou.

O almirante falando com as tropas.

O exercício incluiu a tomada de uma estrutura abrigando "terroristas". Durante o assalto, os comandos da Força-Tarefa Sombra apresentaram um armamento de origens variadas, como é comum na Venezuela.

Os fuzis prevalentes na FANB são o AK-103 de fabricação russa e o fuzil FN FAL belga que deveria ter sido substituído pelo fuzil Kalashnikov, o qual deveria ser produzido pela CAVIM. Além desses, os venezuelanos têm uma miríade de outros fuzis exóticos de estoques díspares da família M16 e M4, M14, Steyr AUG e FN FNC. Nos últimos anos, houve uma crescente incorporação dos fuzis MPi-KM-72 e MPi-KMS-72, o AK47 de fabricação alemã-oriental que andou aparecendo nas mãos da FAES. Há também um punhado de fuzis comprados para avaliação como o FAMAS F1 e G2, o Vektor R4/R5 e Vektor CR-21, além de outros modelos; alguns deles fabricados sob licença. Algumas forças de segurança venezuelanas foram vistas até mesmo com fuzis AR-15 comprados no mercado civil dos Estados Unidos.

Uma novidade é o crescente aparecimento das carabinas QBZ-97A chinesas, um fuzil de assalto bullpup projetado e fabricado pela Norinco. Este armamento entrou em serviço em 2018 e é usado exclusivamente por unidades de forças especiais como a 99ª Brigada de Forças Especiais “G/J Félix Antonio Velásquez” do Exército, a 8ª Brigada de Comandos do Mar "Generalíssimo Francisco de Miranda" da Marinha, o Grupo de Ação de Comandos da Guarda Nacional (GNB) e agora a Força-Tarefa Sombra do CEOFANB.

A tropa com óculos táticos e bullpups chineses.

Os fuzis QBZ-97B estão todos equipados com miras holográficas.

Operador com um fuzil Colt/AR usando a mira de ponto vermelho
StrikeFire II, da empresa Vortex Optics, que foi adquirida no mercado civil americano.

Equipe de assalto avançando sob a proteção de um transporte blindado BTR-80 russo.

Durante a manobra outros armamentos foram vistos, além dos armamentos mais comuns como a metralhadora FN MAG e o onipresente lança-granadas Milkor MGL Mk. 1 de 40mm, alémde alguns modelos novos chineses e russos. O lançador de granada auto-explosiva RPG-26 russo, equivalente ao AT4 ocidental, foi uma dessas novidades. A sua versão em uso na Venezuela é o RShG-2.

O RShG-2 (Реактивная Штурмовая Граната, Reaktivnaya Shturmovaya Granata / granada de assalto com propulsão por foguete) é uma variante do RPG-26 com ogiva termobárica, de origem soviética e fabricado pela NPO Bazalt. O RShG-2 é mais pesado que o RPG-26 com 3,5kg e tem um alcance de tiro direto reduzido de 115 metros. Destina-se a ser usado contra infantaria e estruturas, em vez de veículos blindados. Seu apelido é Aglen-2 (Аглень-2).

Lança-granadas Milkor MGL Mk. 1.

Disparo do RPG-26.

Outra arma que chamou a atenção foi o fuzil anti-material chinês Norinco NBR13/NSG-50. Este fuzil sniper pesado é calibrado em .50 no cartucho 12,7x108mm, a resposta soviética ao alemão 13,2x92mm SR (Mauser 13,2mm TuF) e ao americano 12,7×99mm (.50 BMG). Seguindo a doutrina russo-soviética, a Venezuela aumentou seus atiradores de elite exponencialmente com a aquisição de mais de mil fuzis semiautomáticos SVD Dragunov. Os francotiradores (franco-atiradores, nome de preferência dos países hispânicos) também têm à sua disposição o fuzil ferrolhado CAVIM Catatumbo em 7,62x51mm de fabricação venezuelana.

"Francotiradores",
dupla sniper de atirador e observador com o CAVIM Catatumbo e o NBR13.

Fuzil pesado Norinco NBR13.

A Força-Tarefa Sombra é classificada como uma força contraterrorista, e é provável que seja empregada contra os renegados das FARC em Apure, conhecidos na Venezuela como os TANCOL.

Bibliografia recomendada:

Spec Ops:
Case Studies in Special Operations Warfare:
Theory and Practice,
Comandante William H. McRaven.

Leitura recomendada:

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

EXÉRCITO BRASILEIRO MOBILIZA EFETIVO EM APOIO À POPULAÇÃO EM SÃO SEBASTIÃO

São Sebastião (SP) – Desde domingo, dia 19, o Exército Brasileiro emprega cerca de 600 militares na Operação São Sebastião, em apoio à Defesa Civil no litoral norte de São Paulo. A Força-Tarefa do 6° Batalhão de Infantaria Leve está atuando na escavação e busca de vítimas após os deslizamentos de terra em Boiçucanga e Barra do Sahy. A tropa também atua no transporte e escolta donativos arrecadados pela Prefeitura Municipal de São Sebastião.

O acesso terrestre até a Barra do Sahy é viabilizado pela Engenharia do Exército, que trabalha na desobstrução de pontos da Rodovia Rio-Santos (BR-101) em cooperação com outras agências. 

Seis aeronaves da Aviação do Exército cumprem missões de reconhecimento, transporte de donativos até a região de Juquehy, que segue isolada, e transporte de equipes do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e de cães farejadores da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, que atuam na busca por desaparecidos junto aos militares do Exército.

(Fonte: 12ª Brigada de Infantaria Leve (Aeromóvel)











                          

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Mi-24 Hind: O helicóptero de "sangue frio" da União Soviética


Do SOFREP, 16 de fevereiro de 2023.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 19 de fevereiro de 2023.

A Guerra do Vietnã abriu caminho para o venerável helicóptero americano “Huey Cobra” no final dos anos 1960. Uma década depois, o “Hind” russo ganhou destaque depois de se inspirar na guerra anterior, posteriormente reinando nos céus durante a Guerra Soviética-Afegã – e mais de 50 anos depois, continua uma fera com suas versões mais recentes conforme o líder russo Vladimir Putin lançou sua “operação militar especial” na Ucrânia. O que é louco aqui é que ambas as forças opostas no conflito recente adoram e continuam a contar com o helicóptero de combate da era soviética, enfrentando-se no campo de batalha usando versões idênticas em uma luta entre vizinhos.

Muitos pilotos militares e entusiastas de helicópteros reverenciaram o Mil Mi-24 por seu excelente desempenho durante a invasão do Afeganistão pela União Soviética, do final de dezembro de 1979 a meados de fevereiro de 1989, para o qual um punhado de países continua a operá-lo até o novo milênio.

Tomando notas da América

Inspirando-se na experiência americana no Vietnã com a eficácia de seu Bell UH-1 Huey Cobra, os soviéticos criaram um projeto que pudesse transportar tropas e, ao mesmo tempo, servir como plataforma de canhão aéreo. Naquela época, essas funções combinadas para as tropas americanas eram geralmente separadas, e seu principal projetista, o projetista-geral Mikhail Leontyevich Mil, queria um único helicóptero para fazer as duas coisas.

Mil começou a construir uma maquete em escala real de um “veículo voador de combate de infantaria” designado como V-24 em meados da década de 1960 e, em 1969, o protótipo fez seu voo inaugural e levou mais três anos antes de ser oficialmente introduzido no serviço operacional com as forças armadas soviéticas. A OTAN deu ao mais novo helicóptero soviético o apelido de “Hind”, mas para os pilotos e tripulantes soviéticos, eles apelidaram a recente adição de “tanque voador”, um apelido cunhado pela primeira vez para o icônico avião de ataque terrestre soviético da Segunda Guerra Mundial, o Il-2 Shturmovik. Outros nomes não oficiais comuns incluem “Krokodil” (“crocodilo”), “Galina” (galinha) e "Stakan vody" (“copo d'água”).

Inicialmente, serviu como um transporte de carga de infantaria (até oito soldados) em seu compartimento traseiro antes de mudar gradualmente para um helicóptero de ataque com sua variante “Hind-D”. Tem uma tripulação de dois ou três composta por um piloto, um oficial do sistema de armas e, opcionalmente, um técnico. Geralmente, o Hind foi encarregado de desdobrar uma infantaria de especialistas, como atiradores de elite, equipes antitanque e equipes de MANPAD para iniciar a incursão em áreas-alvo ao lado de outras plataformas locais de apoio de fogo (incluindo o próprio helicóptero).

Descendente direto do Mi-8

Parecendo um descendente direto do Mi-8 “Hip”, o primeiro lote do venerável Mi-24 não saiu exatamente da fábrica sem falhas, pois encontrou problemas técnicos com a visibilidade do cockpit e teve que ser redesenhado. Suas especificações básicas incluem uma dimensão de aproximadamente 17,5 metros de comprimento, 17,3m de largura (diâmetro do rotor principal) e 4m de altura, com um peso máximo de decolagem de cerca de 12.000 kg.

Mi-8 finlandês.

O Hind é alimentado por dois motores Isotov TV3-117 Turboeixo que acionam o rotor principal de cinco pás do helicóptero de guerra e um rotor de cauda de três pás até uma velocidade máxima de 181 nós dentro de um alcance de 240 milhas náuticas e um teto de serviço de cerca de 16.100 pés. Versões posteriores do Mi-24 apresentarão várias modificações em sua aparência geral, sistemas de combate e navegação e outras especificações à medida que a tecnologia avança. Entre essas mudanças está a substituição de sua metralhadora montada no nariz, agora utilizando um canhão equipado com sensores. No entanto, consequentemente, a aeronave permaneceu no nível inferior em relação à navegação e instrumentos eletrônicos em comparação com os padrões estabelecidos da aviação ocidental.

Para seus armamentos, as armas montadas variam amplamente na variante de produção do Mi-24, e tem uma longa lista de opções à sua disposição, incluindo “uma metralhadora Yak-B Gatling flexível de 12,7 mm, cano duplo fixo GSh-30K ou canhão automático GSh-23L (dependendo da variante do helicóptero), bombas de ferro de 1.500 quilos ou bombas de ar-combustível em armazéns externos"- que podem transportar vários mísseis guiados antitanque, cápsulas de foguetes, cápsulas de canhão, pods dispensadores de munições, pods dispensadores de minas e bombas convencionais - para citar alguns.


O Mi-24 entrou em ação pela primeira vez no campo de batalha na Guerra de Ogaden (1977-1978), quando as forças etíopes usaram o Hind em um ataque de armas combinadas contra as tropas somalis antes de participar da invasão soviética e ocupação de dez anos do Afeganistão, onde ganhou força generalizada e seu apelido “Shaitan-Arba” (“Carruagem do Satanás”) dos rebeldes mujahedeen.

Apesar de seu projeto inicial como transporte de tropas, o helicóptero era geralmente usado como um helicóptero de assalto apoiando tropas terrestres, muito parecido com o Bell UH-1 americano, enquanto outras vezes como um helicóptero de ataque direto com alvos mirados. Daí o número de baixas de suas tripulações durante a Guerra Russo-Afegã.

Vista frontal de um helicóptero soviético Mi-24 HIND E de ataque ao solo.

Estima-se que o número de produção dos Mi-24 seja de cerca de 2.648 unidades e esteja espalhado por 58 países além da Rússia, e tenha participado de muitos conflitos armados desde sua introdução, incluindo o conflito chadiano-líbio (1978-1987), a Guerra do Golfo (1991), a Guerra do Afeganistão (2001–2021), a Guerra Russo-Georgiana de 2008, a Península da Criméia e a crise do Donbass (2014) e a mais recente, a invasão russa da Ucrânia (2022-presente), entre muitos outros.

Variação Hind Soviética – Mi-35М da Força Aérea Russa.

Nenhuma contraparte ocidental direta

Enquanto o Hind se inspira no conceito Bell UH-1, não há uma contraparte ocidental direta do helicóptero de sangue frio soviético - exceto, talvez, o MH-60 Black Hawk, mas o lançamento deste último não é exatamente no mesmo período do Hind e é muito mais avançado tecnologicamente.

No entanto, o grande número de unidades americanas de helicópteros AH-64 Apache, além de sua extensa operação como suporte de helicópteros em várias missões táticas e não táticas, faz com que alguns entusiastas comparem os dois. Sem mencionar que o helicóptero americano também entrou no novo milênio, apesar de sua introdução em meados da década de 1980, e continua a ser usado por dezenas de forças armadas em todo o mundo.

AH-64 Apache da Força Aérea Real Holandesa.

Deve-se notar, porém, que o Apache é um helicóptero de ataque desde o início que enfatiza fortemente sua versatilidade e funções para todos os climas, que, em algum momento, foi feito para combater especificamente os ataques de blindados soviéticos. Enquanto isso, o Hind é identificado como um helicóptero de assalto que inicia uma ofensiva aérea agressiva usando seus mísseis anti-blindados guiados contra veículos blindados inimigos no solo. As versões anteriores não eram equipadas com recursos para qualquer clima e tinham uma capacidade de operação noturna muito limitada.

Apesar de ser modernizado, o Apache continuaria a ter vantagem, considerando sua capacidade de atravessar terrenos desafiadores em condições adversas. Além disso, suas características técnicas são muito mais avançadas do que o Mi-24, mesmo depois de algumas modificações feitas nos anos seguintes desde sua introdução.

Bibliografia recomendada:

Mil Mi-24 Hind Gunship,
Alexander Mladenov e Ian Palmer.

Leitura recomendada:

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

FOTO: Capacete pickelhaube prateado boliviano

Capacete pickelhaube prateado boliviano.
(Coleção de 
Diethelm König)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 16 de fevereiro de 2023.

O Pickelhaube foi introduzido na Bolívia por causa da missão militar alemã que chegou naquele país em 1911. O Exército boliviano adotou o capacete pontiagudo per se com o Regulamento de Uniformes de 10 de maio de 1912.

O Pickelhaube foi usado também pela Academia Militar à partir de 1912, sendo usado até hoje pelo agora renomeado Colégio Militar “Coronel Gualberto Villaroel” e pela Academia de Polícia da Bolívia (Academia Nacional de Policías, ANAPOL). Da mesma forma, muitas bandas marciais do ensino médio usam esse capacete em suas apresentações.

Guarda Presidencial boliviana durante uma cerimônia na capital La Paz, década de 1930.
Eles estão equipados com os capacetes Pickelhauben, de tradição prussiana, em estilo cuirassier imperial alemão. A Guarda Presidencial era recrutada no "Regimento Colorados 1º de Infanteria".

Os capacetes Pickelhauben da Guarda Presidencial eram patreados em estilo couraceiro imperial alemão. No livro The Chaco War 1932–35: South America’s greatest modern conflict, de Alejandro de Quesada e Phillip Jowett sobre a Guerra do Chaco, a Guarda Presidencial foi ilustrada em uma lâmina do artista Ramiro Bujeiro (o mesmo que ilustrou o livro da FEB) baseada na foto acima. Nessa época, o Exército Boliviano tinha forte influência prussiana e era comandado pelo general alemão Hans Kundt.

Lâmina do Ramiro Bujeiro mostrando um soldado da cavalaria
usando um Pickelhaube prateado.

Descrição da lâmina:

E2: Soldado de cavalaria, Regimiento Avaroa 1° de Caballeria, uniforme de serviço

A característica mais marcante do uniforme usado por este soldado índio do planalto do Altiplano é um capacete Pickelhaube de aço polido, modelo cuirassier alemão imperial, com um distintivo de condor com uma coroa de prata, e os relevos das escamas da jugular de latão fixados por cocar nas cores nacionais. Sua túnica de lã, em tom cinza-de-campanha alemão, tem gola alta; bolsos de chapa no peito, com abas recortadas abotoadas em latão e pregas em caixa; bolsos internos no quadril com aba reta lisa; braguilha a esconder os botões frontais e punhos de cano virados para trás.

As alças lisas são canalizadas na cor verde-maçã da cavalaria, e um numeral regimental de latão “1” é fixado a remendos de colarinho recortados da mesma tonalidade. Ele usa perneiras e botas marrons, mas cintura e cintos de couro branco, o primeiro com uma placa de latão com as armas nacionais em um círculo elevado. Sua arma é o habitual fuzil Mauser Gewehr 98.

As demais cores das utilizadas pelo Exército boliviano eram: estado-maior – escarlate; infantaria – vermelho; artilharia – preto; engenharia – violeta avermelhado; corpo aéreo – azul escuro; corpo de intendência – castanho claro; e corpo médico – violeta acinzentado pálido.

Bibliografia recomendada:

Les Casques Militaires des États d'Amérique Latine:
XIXème au XXème Siècles,
Yves Plasseraud.

Leitura recomendada:

FOTO: Soldado afegã em trajes tradicionais

Soldado afegã na parada militar celebrando a Revolução de Saur em Cabul, Afeganistão, 1984.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 16 de fevereiro de 2023.

Uma mulher soldado do exército afegão socialista da República Democrática do Afeganistão, vestida em roupas tradicionais e segurando um AK-47, em Cabul no ano de 1984. Ela faz parte da parada militar celebrando a Revolução de Saur de 1978.

Ocorrida de 27 a 28 de abril de 1978, a Revolução Saur (persa: انقلاب ثور) é o nome dado à tomada do poder pelo Partido Democrático do Povo, tornando o Afeganistão em um país socialista em 28 de abril de 1978. O nome "Saur" refere-se ao nome Dari do segundo mês do calendário persa, mês em que ocorreu o levante.

Rescaldo da Revolução de Saur em Cabul no dia seguinte,
29 de abril de 1978.

Bibliografia recomendada:

A Mulher Militar:
Das origens aos nossos dias,
Raymond Caire.

Leitura recomendada:

A primeira mulher piloto do Afeganistão agora está lutando para voar pelas forças armadas dos EUA6 de julho de 2022.

ENTREVISTA: Svetlana Alexievich, A Guerra não tem rosto de Mulher13 de maio de 2022.

Milicianas cubanas com submetralhadoras tchecas27 de abril de 2022.

GALERIA: Treinamento de CQB de um Pelotão Tático Feminino afegão30 de agosto de 2021.

FOTO: Exercício de mulheres soldados do antigo Exército Nacional Afegão27 de setembro de 2021.

FOTO: Graduação da primeira classe de policiais especiais femininas afegãs1º de setembro de 2021.

FOTO: Professora iraniana com o M1 Garand na época do Xá13 de março de 2022.

FOTO: Vespa cubana13 de janeiro de 2022.