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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

FOTO: Soldado afegã em trajes tradicionais

Soldado afegã na parada militar celebrando a Revolução de Saur em Cabul, Afeganistão, 1984.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 16 de fevereiro de 2023.

Uma mulher soldado do exército afegão socialista da República Democrática do Afeganistão, vestida em roupas tradicionais e segurando um AK-47, em Cabul no ano de 1984. Ela faz parte da parada militar celebrando a Revolução de Saur de 1978.

Ocorrida de 27 a 28 de abril de 1978, a Revolução Saur (persa: انقلاب ثور) é o nome dado à tomada do poder pelo Partido Democrático do Povo, tornando o Afeganistão em um país socialista em 28 de abril de 1978. O nome "Saur" refere-se ao nome Dari do segundo mês do calendário persa, mês em que ocorreu o levante.

Rescaldo da Revolução de Saur em Cabul no dia seguinte,
29 de abril de 1978.

Bibliografia recomendada:

A Mulher Militar:
Das origens aos nossos dias,
Raymond Caire.

Leitura recomendada:

A primeira mulher piloto do Afeganistão agora está lutando para voar pelas forças armadas dos EUA6 de julho de 2022.

ENTREVISTA: Svetlana Alexievich, A Guerra não tem rosto de Mulher13 de maio de 2022.

Milicianas cubanas com submetralhadoras tchecas27 de abril de 2022.

GALERIA: Treinamento de CQB de um Pelotão Tático Feminino afegão30 de agosto de 2021.

FOTO: Exercício de mulheres soldados do antigo Exército Nacional Afegão27 de setembro de 2021.

FOTO: Graduação da primeira classe de policiais especiais femininas afegãs1º de setembro de 2021.

FOTO: Professora iraniana com o M1 Garand na época do Xá13 de março de 2022.

FOTO: Vespa cubana13 de janeiro de 2022.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

O grande desfile militar dos 75 anos do Exército Popular da Coréia do Norte


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 9 de fevereiro de 2023.

Um grande desfile militar foi realizado na Praça Kim Il Sung, na capital Pyongyang, em 8 de fevereiro para comemorar o 75º aniversário de fundação do Exército Popular da Coréia, as forças armadas revolucionárias da República Popular Democrática da Coréia.

A cerimônia ocorreu à noite, com a presença do "Líder Supremo da Coréia do Norte" Kim Jong-un e sua entourage, marcando a quarta aparição pública da filha de 10 anos do grande líder, Kim Ju-ae.

O desfile demonstrou as típicas formações em massa de soldados marchando em uníssono com fuzis Kalashnikov com baionetas caladas, e com passos firmes e gritos de guerra vigorosos. Além das demonstrações de tropas especiais com equipamentos de combate invernal, snipers em trajes ghillie e outras forças especiais, o principal evento foi a exibição da maior quantidade de mísseis intercontinentais balístico (ICBM) com capacidades nucleares. Além da quantidade e tamanhos enormes desses novos mísseis, o maior e mais avançado deles foi exibido: o Hwasong-17.


Hwasong-17 tem capacidade para atingir qualquer ponto no território dos Estados Unidos e é o carro-chefe do programa de defesa norte-coreano. Outra novidade foi que alguns ICBM parecem ser projetados para usarem combustível sólido, o que os tornaria muito mais rápidos para pronto-lançamento em comparação aos modelos de combustível líquido. No ano passado, os norte-coreanos realizaram um recorde de lançamentos, inclusive lançando um míssil sobre o Japão; causando apreensão nos países limítrofes.

Conforme notado pelos analistas, esses mísseis são tão importantes para ethos norte-coreano que a esposa do líder supremo foi vista usando um pingente com a forma do Hwasong-17. Em novembro o ano passado, Kim Jon-un supervisionou o lançamento do novo ICBM acompanhado da filha para estabelecer uma ideia de continuidade do regime, como uma possível sucessora, e para mostrar que o regime norte-coreano não tem intenção de abandonar o seu programa nuclear.

Kim Jon-un e Kim Ju-ae diante de um míssil Hwasong-17,
19 de novembro de 2022.

Seguem algumas imagens do desfile:




























FOTO: Menino-soldado fumando um cigarro no Chade

Um menino soldado chadiano aproveita um cigarro durante a guerra contra a Líbia, 5 de abril de 1987.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 9 de fevereiro de 2023.

Um menino soldado do exército chadiano posa com um capacete de tanquista do modelo soviético, capturado ao exército líbio, aproveitando um cigarro e portando um AK-47 em Kalait, no Paralelo 16, a zona de guerra da segunda fase da Guerra das Toyotas entre o Chade e a Líbia de Muammar al-Gaddafi.

A foto foi tirada por Dominique Faget para a Agence France Press (AFP) em 5 de abril de 1987. A legenda original diz:

"Uma criança-soldado posa com um capacete líbio, um cigarro e uma Kalashnikov AK-47 de fabricação soviética em 05 de abril de 1987 em Kalait (paralelo 16), após a derrota do exército líbio durante o conflito chadiano-líbio."

Apesar do material pesado e poder de fogo esmagadoramente superior, os líbios foram derrotados pelos ágeis e criativos chadianos em Toyotas armadas com sistemas de mísseis fornecidos pela França e Estados Unidos. O Chade se beneficiou do apoio aéreo direto da França, que limitou a ação dos líbios ao Paralelo 16.

Toyota transportando combatentes chadianos na década de 1980.

Os líbios eram soberbamente equipados com material pesado, baseando as suas táticas no modelo soviético de forças blindadas e helicópteros de ataque, que lhes davam supremacia total contra os chadianos antes dos mísseis MILAN ("pipa") e Redeye ("olho vermelho") lhes darem a possibilidade de reagirem. As táticas e estratégias de ambos os lados foram detalhadamente analisadas pelo professor Dr. Kenneth M. Pollack no capítulo 4 do livro Arabs at War: Military Effectiveness, 1948-1991.

Bibliografia recomendada:

Arabs at War:
Military Effectiveness, 1948-1991,
Dr. Kenneth M. Pollack.

Leitura recomendada:

FOTO: Crianças guerrilheiras no Tonquim13 de junho de 2021.

FOTO: Crianças-soldados alemãs com foguetes Panzerfaust25 de julho de 2022.

FOTO: Criança-soldado brandindo um AK47 na Indonésia26 de fevereiro de 2021.

FOTO: Soldados Soviéticos nas ruínas do Reichstag2 de dezembro de 2020.

FOTO: Soldado vietnamita com prisioneiro Viet Minh29 de novembro de 2020.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

FOTO: Soldado ucraniano em Pripyat

Soldado ucraniano em Pripyat no inverno,
3 de fevereiro de 2023.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 7 de fevereiro de 2023.

Um soldado ucraniano posa em um carrinho de bate-bate, usando uma máscara de caveira e tendo um fuzil AK-74 com silenciador, em uma Pripyat coberta de neve no inverno europeu.

"Cinquenta mil pessoas viviam nesta cidade. Agora é uma cidade fantasma..."
- Capitão MacMillan.


Pripyat ou Prypyat é uma cidade fantasma no norte da Ucrânia, perto da fronteira com a Bielorrússia. Próximo à cidade fica a Usina Nuclear de Chernobyl, lugar onde ocorreu o maior acidente nuclear da história, em abril de 1986. A cidade em si e os arredores não são seguros como lugar de habitação, os cientistas supõem que os elementos radioativos mais perigosos precisarão de 900 anos para atingir níveis que permitam ao ser humano voltar a habitar a zona.


Leitura recomendada:

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Tiroteio fatal na Embaixada do Azerbaijão no Irã aumenta as tensões


Por Jon Gambrell, The Washington Post, 27 de janeiro de 2023.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 27 de janeiro de 2023.

DUBAI, Emirados Árabes Unidos - Um homem armado invadiu a Embaixada do Azerbaijão na capital do Irã na sexta-feira, matando seu chefe de segurança e ferindo dois guardas em um ataque que aumentou as tensões entre os dois países vizinhos.

O Ministério das Relações Exteriores do Azerbaijão disse que evacuaria o posto diplomático, acusando o Irã de não levar a sério as ameaças relatadas contra ele no passado, que incluem comentários incitantes na mídia de linha dura sobre os laços diplomáticos do Azerbaijão com Israel.

O chefe da polícia de Teerã, General Hossein Rahimi, inicialmente culpou o ataque por “problemas pessoais e familiares”, algo rapidamente repetido na mídia estatal iraniana. Mas em poucas horas Rahimi perderia seu cargo de chefe de polícia depois que surgiram imagens que pareciam mostrar um membro da força de segurança não fazendo nada para impedir o ataque.

“Anteriormente, houve tentativas de ameaçar nossa missão diplomática no Irã, e foi constantemente levantado perante o Irã para tomar medidas para prevenir tais casos e garantir a segurança de nossas missões diplomáticas”, disse o Ministério das Relações Exteriores do Azerbaijão. “Infelizmente, o último ataque terrorista sangrento demonstra as graves consequências de não mostrar a devida sensibilidade aos nossos apelos urgentes nessa direção.”

“Somos da opinião de que a recente campanha anti-Azerbaijão contra nosso país no Irã levou a tal ataque contra nossa missão diplomática”, acrescentou o ministério.

O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, chamou o ataque de "ataque terrorista". Ele identificou o chefe de segurança morto como primeiro tenente Orkhan Rizvan Oglu Askarov.

“Exigimos que este ato terrorista seja rapidamente investigado e os terroristas punidos”, disse Aliyev em um comunicado. “Terror contra missões diplomáticas é inaceitável!”

Pessoas se reúnem do lado de fora da Embaixada do Azerbaijão após um ataque em Teerã, no Irã, sexta-feira, 27 de janeiro de 2023. Um homem armado com um fuzil estilo Kalashnikov invadiu a Embaixada do Azerbaijão na capital do Irã na sexta-feira, matando o chefe de segurança da embaixada diplomática e ferindo dois guardas, disseram as autoridades.
(Foto AP/Vahid Salemi)

O ataque aconteceu na manhã de sexta-feira, segundo dia do fim de semana iraniano. Um vídeo de vigilância divulgado no Azerbaijão supostamente mostrou o atirador chegando de carro à embaixada, batendo na traseira de outro carro estacionado em frente. Ele saiu do carro, segurando o que parecia ser um fuzil estilo Kalashnikov.

A partir daí, os detalhes entram imediatamente em conflito com o relato iraniano do ataque.

A TV estatal iraniana citou Rahimi dizendo que o atirador havia entrado na embaixada com seus dois filhos durante o ataque. No entanto, imagens de vigilância de dentro da embaixada, que correspondiam aos detalhes do rescaldo e traziam um carimbo de data e hora correspondente à declaração do Ministério das Relações Exteriores do Azerbaijão, mostraram que o atirador invadiu as portas da embaixada sozinho.

Os que estavam dentro tentaram passar por detectores de metal para se proteger. O homem abre fogo com o fuzil, o cano brilhando, enquanto persegue os homens até o pequeno escritório lateral. Outro homem sai de uma porta lateral e luta com o atirador pelo fuzil quando a filmagem termina.

Outro vídeo de vigilância de fora da embaixada, que também correspondia aos mesmos detalhes, mostrou o atirador batendo seu carro em outro em frente à embaixada. O atirador então saiu e apontou seu fuzil para uma figura dentro do estande da polícia iraniana, provavelmente um membro da força de segurança, que ficou parado e não fez nada quando o homem invadiu a embaixada.

O promotor iraniano Mohammad Shahriari teria dito que a esposa do atirador havia desaparecido em abril após uma visita à embaixada. A agência de notícias do judiciário iraniano Mizan citou Shahriari dizendo que o atirador acreditava que sua esposa ainda estava no posto diplomático no momento do ataque - embora oito meses depois.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani, também disse que seu país condena veementemente o ataque, que está sob investigação com “alta prioridade e sensibilidade”. O Azerbaijão também convocou o embaixador do Irã para apresentar um protesto contra o ataque quando as autoridades substituíram Rahimi, chefe da polícia de Teerã, sem oferecer uma explicação.

O Azerbaijão faz fronteira com o noroeste do Irã e pertenceu ao Império Persa até o início do século XIX. Os azeris étnicos também somam mais de 12 milhões de pessoas no Irã e representam o maior grupo minoritário da República Islâmica - tornando a manutenção de boas relações ainda mais importante para Teerã.

Houve tensões entre os dois países, já que o Azerbaijão e a Armênia lutaram pela região de Nagorno-Karabakh. O Irã também quer manter sua fronteira de 44 quilômetros (27 milhas) com a Armênia - algo que pode ser ameaçado se o Azerbaijão tomar novos territórios por meio da guerra.

O Irã lançou em outubro um exercício militar perto da fronteira com o Azerbaijão, flexionando seu poderio marcial em meio aos protestos nacionais que abalam a República Islâmica. O Azerbaijão também mantém laços estreitos com Israel, que Teerã vê como seu principal inimigo regional. A República Islâmica e Israel estão presos em uma guerra paralela em andamento, à medida que o programa nuclear do Irã enriquece rapidamente o urânio mais perto do que nunca dos níveis de armas. Israel também ofereceu suas condolências ao Azerbaijão pelo ataque.

A Turquia, que tem laços estreitos com o Azerbaijão, condenou o ataque, pediu que os perpetradores sejam levados à justiça e que medidas sejam tomadas para evitar ataques semelhantes no futuro. A Turquia apoiou o Azerbaijão contra a Armênia em Nagorno-Karabakh.

“A Turquia, que foi submetida a ataques semelhantes no passado, compartilha profundamente a dor do povo do Azerbaijão”, disse um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Turquia. “O irmão Azerbaijão não está sozinho. Nosso apoio ao Azerbaijão continuará sem interrupção, como sempre.”

Os escritores da Associated Press Vladimir Isachenkov em Moscou, Nasser Karimi em Teerã, Irã, e Suzan Fraser em Ancara, Turquia, contribuíram para este relatório.

Leitura recomendada:

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Soldados soviéticos ferveriam suas munições enquanto serviam no Afeganistão: eis o porquê

Por Nikolay Shevchenko, Russia Beyond, 30 de junho de 2022.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 3 de novembro de 2022.

Durante a guerra soviética no Afeganistão, houve um conto generalizado do exército. Soldados russos eram frequentemente vistos fervendo sua munição por horas em uma panela sobre uma fogueira. Contos dessa prática generalizada atingem muitos contemporâneos como algo inexplicável, mas havia uma lógica por trás desse estranho hábito de guerreiros experientes.

O negócio da guerra

Policiais militares russos relaxam durante uma patrulha ao longo de Koch-E Murgha (ou Rua da Galinha) no bairro de Shahr-E Naw, em 12 de maio de 1988 em Cabul, no Afeganistão.

Para alguns, a presença soviética no Afeganistão foi uma tragédia, mas outros viram a guerra como uma oportunidade de negócios. O governo soviético gastou toneladas de dinheiro para manter e abastecer suas tropas no país e algumas pessoas procuraram obter algum lucro por meio de peculato e apropriação indébita.

Tudo de valor era uma oportunidade de negócios para alguns oficiais corruptos que controlavam o fluxo de mercadorias soviéticas para o Afeganistão.

“Em 1986, […] os suprimentos estratégicos de alimentos do exército foram […] enviados para o Afeganistão. Eles alcançaram apenas parcialmente o exército. A maior parte acabou em bazares afegãos. Carne enlatada […] Presunto polonês e húngaro, ervilhas verdes, óleo de girassol, gordura composta, leite condensado, chá e cigarros – tudo o que não chegava aos famintos soldados soviéticos era vendido a comerciantes afegãos”, escreveu Zhirokov.

Enquanto oficiais sem escrúpulos ganhavam dinheiro sujo, as fileiras das forças armadas soviéticas no Afeganistão não apenas arriscavam suas vidas diariamente, mas também eram insuficientes e muitas vezes subnutridas.


Comerciantes afegãos

Deixados por conta própria, os soldados tiveram que agir para sobreviver. Eles precisavam de dinheiro para comprar comida, roupas e outros itens de comerciantes afegãos locais.

A única coisa que os soldados tinham a oferecer era sua munição, pois a tinha em abundância. Além disso, em tempos de guerra, era praticamente impossível acompanhar as balas; ninguém sabia dizer se a munição perdida foi utilizada em combate ou desviada. Para os soldados que foram injustamente roubados, o comércio de munição foi um salva-vidas.

No entanto, todos perceberam para onde a munição vendida estava indo em seguida. Ninguém duvidava que os mercadores afegãos venderiam a munição soviética aos mujahideen afegãos que lutavam contra o governo afegão apoiado pelos soviéticos.

Cada bala vendida poderia matar um soldado soviético ou mesmo aquele que a vendeu em primeiro lugar. Antes que a munição pudesse ser vendida, os soldados soviéticos tiveram que se certificar de que as balas estavam danificadas além do reparo.

Munição fervida

Soldados soviéticos em Cabul.

Na época, um conto generalizado do exército afirmava que a munição fervida por algumas horas não funcionaria corretamente. Os soldados acreditavam que a fervura prolongada danificava a munição, de modo que o fuzil do inimigo cuspia os cartuchos impotentes ou não atirava por completo.

A receita era simplesmente primitiva: fazer fogo, ferver água em praticamente qualquer recipiente de metal à mão, colocar a munição na água fervente e “cozinhar” por quatro a cinco horas. A água não permitiu que a munição detonasse acidentalmente, enquanto se acreditava que a exposição prolongada à alta temperatura danificava a munição sem alterar visualmente as balas.

No entanto, havia um problema. Os soldados soviéticos no Afeganistão tinham principalmente dois fuzis Kalashnikov: o AKM, que usava balas de calibre 7,62 e o AK-74, que usava balas de calibre 5,45.

Apesar da prática generalizada de ferver os dois tipos de balas antes de vendê-las aos afegãos, isso provavelmente não teve efeito sobre as munições modernas, por causa dos materiais usados para montá-las.

No século XIX e início do século XX, o fulminato de mercúrio foi usado em iniciadores para acender o propelente. Quando essa bala é aquecida a temperaturas de cerca de 100°C, o produto químico sofre um processo de decomposição térmica. Em suma, uma bala velha onde se usava fulminato de mercúrio deixaria de funcionar depois de ter sido fervida por algumas horas.

Ofensiva Mujahidin na área de Jalalabad, no Afeganistão.

No entanto, no início do século 20, novos compostos modernos e mais avançados foram introduzidos como substitutos do fulminato de mercúrio - tóxico e menos estável. Esses novos compostos eram extremamente resistentes à exposição térmica. Uma bala moderna dispara perfeitamente, mesmo que tenha sido fervida por horas.

Muito provavelmente, as balas produzidas na URSS durante a Guerra do Afeganistão eram resistentes ao aquecimento e os esforços dos soldados para danificá-las antes da venda foram em vão.

No entanto, os soldados soviéticos fizeram tudo o que podiam para sobreviver. Considerando que essa história do exército era generalizada, era natural que os soldados soviéticos realmente fervessem sua munição antes de vendê-la aos afegãos.


Bibliografia recomendada:

Bandeira Vermelha no Afeganistão,
Thomas T. Hammond.


Leitura recomendada:

Soldado da Fortuna: Com os Mujahideen no Afeganistão10 de julho de 2021.

PINTURA: Guardas de Fronteira da KGB com um Mi-8, 27 de março de 2021.

GALERIA: Snipers soviéticos no Afeganistão, 8 de maio de 2021.

GALERIA: Monumento aos soldados soviéticos mortos no Afeganistão23 de julho de 2022.

sábado, 15 de outubro de 2022

FOTO: Combatentes voluntárias ucranianas treinando com fuzis Kalashnikov

Combatentes voluntárias ucranianas treinando com fuzis Kalashnikov para enfrentar as forças russas, Ucrânia, 5 de março de 2022.
(Lynsey Addario/The New York Times)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 15 de outubro de 2022.

Combatentes voluntários ucranianos treinando com fuzis Kalashnikov para enfrentar as forças russas, no início da guerra na Ucrânia, 5 de março de 2022.

Mãe ucraniana, Kalashnikov em bandoleira, atravessando a rua com sua filha, em 5 de março de 2022.

A Ucrânia, invadida pelos russos em 24 de fevereiro desse ano, fizeram uma verdadeira demonstração prática do conceito de "Povo em armas" durante a sua defesa. Foram distribuídos armamentos, especialmente fuzis de assalto do tipo Kalashnikov que os arsenais ucranianos possuem em grande quantidade.

O povo ucraniano se uniu contra o agressor estrangeiro, e em meio ao esforço de guerra foram mobilizadas também mulheres. Não em tão grande número quanto os homens, e também não em funções diretas de combate, mas ainda assim desempenhando trabalhos de apoio essenciais para a logística militar e controle civil, além de liberar mais homens para a batalha.

Voluntárias ucranianas falando com uma senhora, 4 de junho de 2022.
Uma delas porta um Kalashnikov nas costas.

Bibliografia recomendada:

AK-47:
A arma que transformou a guerra,
Larry Kahaner.

Leitura recomendada: