quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Mercenários russos começam a cobrar imposto sobre café na República Centro-Africana


Pelo Chefe Bisong Etahoben, Human Angle, 10 de fevereiro de 2022.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 10 de fevereiro de 2022.

Moradores que falaram com o HumAngle disseram que os mercenários russos estão replicando o comportamento de grupos rebeldes que vieram lutar na República Centro-Africana.

Os mercenários russos do Grupo de Segurança Wagner na República Centro-Africana assumiram a cobrança de impostos sobre o café exportado para outros países. Segundo moradores de lugares como Bria e Ndele, os mercenários russos agora são responsáveis pela tributação de produtos agrícolas de exportação, como cacau e café.

Eles disseram ao HumAngle que o imposto sobre cada tonelada de café destinado à exportação, que até então era extorquido dos produtores por grupos armados, especialmente o Seleka e o Anti-Balaka, foi assumido pelo Grupo Wagner.

Antes de os grupos armados assumirem à força a cobrança de impostos sobre exportações agrícolas, era responsabilidade do Office de Réglementation de la Commercialization et du Controle de Conditionnement des Produits Agricoles (ORCCPA).

Monumento do Grupo Wagner na capital Bangui, na República Centro-Africana. Ele foi inaugurado em novembro de 2021 e influenciada pelo filme "Turista".

Os moradores revelaram que o Grupo Wagner instalou unidades em Bria, Ouadda, Ndele e outras zonas de produção agrícola para a cobrança de impostos por cada tonelada de café comprada por empresários sudaneses que vêm à República Centro-Africana para adquirir a mercadoria.

Antes dos mercenários russos assumirem a cobrança dos impostos sobre o café em Bria e Ndele, os impostos constituíam 70% da renda dos grupos armados que operavam na área.

“Com este novo comportamento dos russos, que era exatamente o que os grupos armados estavam fazendo e que foi condenado por quase todos, incluindo os russos, nós, o povo da República Centro-Africana, começamos a perguntar se os russos estão aqui para nos ajudar ou para servir ao regime no poder encher os bolsos de seus líderes e seus aliados russos”, disse Reuben Bindolo, que se identificou como ativista de direitos humanos.

O chefe Bisong Etahoben é um jornalista investigativo camaronês e governante tradicional. Ele escreve para a mídia internacional e participou de várias investigações transnacionais. Etahoben ganhou o primeiro Prêmio de Jornalista Investigativo em Camarões em 1992. Ele atua como membro de vários órgãos profissionais de jornalismo investigativo internacional, incluindo o Fórum para Repórteres Investigativos Africanos (FAIR). Ele é o editor francófono e da África Central da HumAngle.

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