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quarta-feira, 4 de novembro de 2020

FOTO: O desfile dos tanques proibidos

Carros de combate T-72 dos rebeldes apoiados pela Rússia em Donetsk desfilam em celebração ao Dia da Vitória soviética sobre a Alemanha nazista em 1945, 9 de maio de 2018.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 4 de novembro de 2020.

A exibição de tal armamento pesado, em 2018, durante o conflito - então com quatro anos de duração - entre os rebeldes cripto-russos e as forças do governo viola os termos de um acordo de paz de 2015 que nenhum dos lados honrou. O acordo de paz exigia que ambas as partes retirassem morteiros, foguetes e outras armas de grande calibre das linhas de demarcação, uma das quais atravessa os arredores de Donetsk, a principal cidade da auto-declarada República Popular de Donetsk. O acordo, evidentemente, incluiria os T-72 desfilando.

Um repórter da AFP contou, na época, 45 peças de equipamento militar pesado, incluindo tanques, sistemas de artilharia e vários lançadores de foguetes. Muitos foram pintados com a estrela vermelha da União Soviética e uma fita de São Jorge com listras pretas e laranja, um dos novos símbolos russos pós-soviéticos.

"Todo o equipamento que participou do desfile foi adquirido como troféu", disse à AFP Alexander Voronin, o vice-chefe militar dos rebeldes, alegando que foi confiscado do exército ucraniano e depois restaurado. A alegação é uma completa piada. A Rússia de Putin vem fornecendo tanques T-72 a diversos aliados ao redor do mundo nos últimos. Da Venezuela banhada pelo Caribe às selvas do Laos.

T-72 venezuelano.

Na abertura do evento com a presença de cerca de 35.000, o líder separatista do Donetsk, Alexander Zakharchenko, disse que o povo da região "tem que defender suas terras com armas" e proteger "o mundo russo" dos nacionalistas ucranianos. "Hoje estamos de uniforme e para nós este não é mais um feriado para homenagear - agora é o nosso feriado", disse Akhra Avidzba, um rebelde de 32 anos.

Os residentes locais compareceram ao desfile com fitas de São Jorge pregadas em suas roupas e carregando bandeiras vermelhas e buquês de lilases. Alguns trouxeram crianças vestidas com uniformes estilizados da Segunda Guerra Mundial. Ao contrário dos desfiles anteriores em 2016 e 2017, ninguém parecia estar segurando bandeiras russas para manter a fantasia de guerra civil sem participação externa.

Além disso, forte propaganda comunista foi empregada durante a cerimônia. Esses desfiles estão associados à era soviética e foram revividos maciçamente sob o presidente Vladimir Putin na Rússia, enquanto foram proibidos na capital ucraniana desde o início do conflito. A fita de São Jorge também foi proibida pela Ucrânia como símbolo da agressão russa.


Do outro lado da linha de frente, em Kiev, cerca de 10.000 pessoas marcharam pelas ruas centrais carregando retratos de parentes mortos durante a guerra. A polícia de Kiev prendeu 14 participantes por usarem símbolos proibidos "do regime totalitário comunista", incluindo a fita de São Jorge -sob pena de uma multa.

"A União Soviética de Stalin nos primeiros dois anos da Segunda Guerra Mundial era uma aliada da Alemanha de Hitler", disse o presidente ucraniano Petro Poroshenko em um discurso na cerimônia de comemoração.

Parada militar do Donetsk de 2018 na íntegra


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quarta-feira, 23 de setembro de 2020

FOTO: T-72 georgiano decapitado

 

Um T-72AV georgiano com a torre explodida devido à detonação da munição em Tskhinvali, Ossétia do Sul, 8 de agosto de 2008. 

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 23 de setembro de 2020.

A Guerra Russo-Georgiana (também chamada de Guerra dos Cinco Dias e Guerra de Agosto) ocorreu de 7 a 12 de agosto de 2008. Ela foi a primeira guerra convencional na Europa no século XXI, e terminou com uma vitória completa da Rússia sobre os georgianos, aliados dos Estados Unidos. A invasão se tornou a base de estudo para a invasão da Criméia em 2014, reformulando o sistema operacional russo de cima a baixo.

A Rússia unilateralmente reconheceu a Ossétia do Sul e a Abkházia, recebendo protestos dos EUA, da França, da OTAN, G7 e outros órgãos. Além de mostrar o poder expedicionário russo e o fracasso da Europa Ocidental e OTAN de reagirem aos movimentos de Moscou. O vice-presidente americano Dick Cheney fez ameaças violentas dizendo que a invasão não ficaria sem resposta, mas no fim das contas ela ficou, e depois ainda se repetiu de forma ainda mais forte na Ucrânia cinco anos depois.


A guerra na Geórgia mostrou a assertividade da Rússia em revisar as relações internacionais e minar a hegemonia dos Estados Unidos. Pouco depois da guerra, o presidente russo Medvedev revelou uma política externa russa de cinco pontos. A Doutrina Medvedev afirmava que “proteger a vida e a dignidade dos nossos cidadãos, onde quer que estejam, é uma prioridade inquestionável para o nosso país”. A presença de cidadãos russos em países estrangeiros formaria uma base doutrinária para a invasão. A declaração de Medvedev sobre a existência de territórios com "interesses privilegiados" russos vinculados a eles sublinhou o interesse particular da Rússia nos estados pós-soviéticos e o fato de que a Rússia se sentiria ameaçada pela subversão de administrações locais amigas da Rússia.

A guerra eliminou as perspectivas de curto prazo da Geórgia de ingressar na OTAN. O presidente russo, Dmitry Medvedev, declarou em novembro de 2011 que a OTAN teria aceitado as ex-repúblicas soviéticas se a Rússia não tivesse atacado a Geórgia, ao ao exortar oficiais de uma base militar de Vladikavkaz, "Se vocês... tivessem vacilado em 2008, a situação geopolítica seria diferente agora".


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terça-feira, 22 de setembro de 2020

Carros de combate principais T-72B1MS no Laos

Carros de combate T-72B1MS "Águia Branca" do Exército Popular do Laos durante a parada militar, em Vientiene, de celebração dos 70 anos da criação das Forças Armadas do Laos, 20 de janeiro de 2019.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 22 de setembro de 2020.

O Laos primeiro exibiu seus novos carros de combate principais T-72B1MS "Águia Branca" no 70º aniversário do Exército Popular Laociano, em 20 de janeiro de 2019. No mesmo dia, o chefe da Direção-Geral de Cooperação Militar Internacional da Rússia, Aleksandr Klimovsky, afirmou que Moscou abriu um escritório militar no Laos durante o desfile na capital do país, Vientiane. A parada militar também exibiu os novos veículos de transporte BRDM-2M.

O interesse do Laos pelos T-72 foi primeiro demonstrado quando suas equipes operaram o novo carro de combate no Biatlo de Tanques 2018, e que, junto dos vietnamitas, iniciaram conversações com a indústria russa. Em dezembro de 2018, o ministro da Defesa do Laos, Tenente-General Sengnuan Xayalat, disse à emissora russa Zvezda (Estrela) que o Exército Popular receberia armamentos e plataformas de fabricação russa, incluindo “novos tanques T-72” e aeronaves Yak-130. Tudo isso fazia parte da nova modernização das forças laocianas, que operavam antigos T-55 e até mesmo 10 veteranos T-34/85 em serviço, com mais 20 em estoque.

Em janeiro de 2019, o Laos entregou à Rússia seus 30 carros de combate T-34/85 como parte desta modernização. Seu estado era lastimável, inclusive com ninhos de pássaros em alguns deles. Estes T-34 veteranos, que foram fabricados na antiga Tchecoslováquia nos anos 1950, viajaram 4,500km por terra do Vietnã e por mar até Vladvostok, de onde foram transportados por ferrovia para Moscou. Sendo reformados por técnicos e engenheiros, eles serão exibidos em desfiles e museus, e usados em filmes. (O blog tratou desse assunto aqui.)

Os T-34 com os cocares do Exército Popular Laociano embarcados em trens com destino a Moscou, janeiro de 2019.

O T-72B1MS "Águia Branca"(Ob'yekt 184-1MS) é o T-72B1 modernizado pela empresa Oboronprom (agora parte da Rostec), apresentado pela primeira vez no International Forum Engineering Technologies 2012, pintado de branco, daí o apelido não-oficial de "Águia Branca". As propriedades mecânicas do tanque são as mesmas do T-72B1 normal, com o mesmo motor, canhão, blindagem e pacote Kontakt-1 (K-1) ERA. No entanto, a eletrônica é fortemente atualizada, incluindo uma câmera frontal e traseira para o motorista, display digital do motorista, sistema de navegação GPS/GLONASS, visão panorâmica térmica de terceira geração "Olho de Águia" para o comandante do tanque montado no lado esquerdo traseiro da torre, mira térmica do artilheiro PN-72U Sosna-U, sistema de rastreamento de alvo, sistema de gerenciamento de chassis e metralhadora AA 12,7mm controlada remotamente. Atualmente em serviço nas forças armadas do Laos, Uruguai e Nicarágua, sendo a Sérvia também um possível cliente.

Primeiro lote embarcado em caminhões e entregue ao exército laociano em 23 de dezembro de 2018.

T-72B1MS "Águia Branca" no International Forum Engineering Technologies 2012, 29 de junho de 2012.

Um segundo lote foi entregue em 26 de novembro de 2019, com algumas fotos mostrando o desembarque do navio no porto vietnamita de Tien Sa, para serem enviados em caminhões especiais por rodovia ao Laos - que não possui saída para o mar. Os 30 T-72B1MS laocianos equiparam um batalhão de carros de combate, o que representa um aumento de poder de combate impressionante no contexto laociano, chegando em três lotes de 10 tanques cada. Saindo de uma força blindada de 30 T-55 e 30 T-34/85 para uma de 30 T-72 e 30 T-55.

Com um preço estimado de apenas US$ 1,5-2 milhões por veículo, o T-72B1MS provou ser uma escolha sábia para o Exército Popular Laociano no contexto do seu orçamento de defesa.



No final de janeiro de 2020, o Laos recebeu da Rússia um terceiro lote de carros T-72B1MS “Águia Branca” e de veículos blindados de reconhecimento 4x4 BRDM-2M. Enquanto isso, o Aeroporto de Thongkaihin, atualizado, localizado na província de Xiang Khuang, foi melhorado com a assistência de especialistas russos e concluído a tempo para as celebrações do aniversário.

As entregas teriam sido feitas como parte das comemorações do 71º aniversário das Forças Armadas Populares Laocianas, com o chefe da Direção-Geral de Cooperação Militar Internacional da Rússia, o Tenente-General Alexander Kshimovsky, liderando a delegação da Rússia. Isso faz parte dos esforços entre a Rússia e o Laos para melhorar seus laços de defesa de longa data.

Essa amizade percorreu um longo caminho, no entanto, com o Laos sendo um bastião anti-comunista até 1975. A primeira unidade militar moderna inteiramente laociana foi formada pelos franceses em 1941 e ficou conhecida como o Primeiro Batalhão de Chasseurs Laotiens (infantaria leve), sendo usado para segurança interna e não entrou em ação até depois da invasão japonesa de 9 de março de 1945, quando o Japão ocupou o Laos. A unidade então foi para as montanhas, suprida e comandada por agentes da França Livre, que haviam recebido treinamento especial de selva em bases na Índia e haviam saltado de pára-quedas no Laos a partir de dezembro de 1944 com o objetivo de criar uma rede de resistência. 

Enquanto isso, aproveitando a ausência temporária da autoridade francesa nas cidades, o governo Lao Issara, nacionalista e não-comunista liderado pelo príncipe Phetsarath Ratanavongsa, armou-se para defender a independência do Laos que reivindicou em nome do povo durante o vácuo de poder causado pela derrota do Japão. Em sua maior parte, os componentes efetivos das forças armadas de Lao Issara consistiam de residentes vietnamitas das cidades do Laos, que receberam armas dadas pelas tropas japonesas que se rendiam - vendidas pelos soldados nacionalistas chineses que ocuparam o norte do Laos em 1945 Acordos da Conferência de Potsdam - ou saqueados de arsenais franceses. Na Batalha de Thakhek (Khammouane) em março de 1946, o Lao Issara usou morteiros e metralhadoras leves contra veículos blindados e aviões franceses em uma batalha que decidiu a questão da soberania no Laos em favor da França; com os líderes do movimento Lao Issara se exilando em Bangkok entre 1946 e 1949, tentando adquirir armas para uma revanche.

O exército laociano nasceu em sua forma moderna como o Exército Real Laociano, em 20 de janeiro de 1949, como parte da União Francesa. Os esforços franceses para treinar e expandir o Exército Real Laociano continuaram durante a Primeira Guerra da Indochina (1946–54), época em que o Laos tinha um exército permanente de 15.000 soldados.

Em 1953, o reino do Laos tornou-se independente de fato e os franceses escolheram originalmente Dien Bien Phu como o local de um grande ponto forte porque bloqueava uma rota principal de invasão ao Laos, que eles sentiram que deveriam defender a todo custo para preservar sua credibilidade com o rei de Louangfrabang, que havia buscado a proteção da França.

O Exército Real Laociano lutaria contra o movimento comunista Pathet Lao até 1975, quando os Estados Unidos abandonaram a Indochina para os comunistas. Em combates na primavera de 1975, o Pathet Lao finalmente quebrou a resistência dos Hmong de Vang Pao, bloqueando o entroncamento rodoviário que ligava Vientiane, Louangphrabang e a Planície dos Jarros. Assistidos por dois batalhões de tropas do Pathet Lao, que haviam voado para Vientiane e Louangphrabang em aviões soviéticos e chineses para neutralizar essas cidades sob o acordo de cessar-fogo, os comunistas organizaram manifestações para apoiar suas demandas políticas e militares, levando à final tomada de poder nas cidades que o governo real ainda mantinha, proclamando a República Popular do Laos.

Os novos T-72 seguindo os antigos T-55.

Servindo um dos países comunistas menos desenvolvidos do mundo, as Forças Armadas Populares Laocianas são pequenas, mal-financiadas e sem recursos eficazes. O foco da sua missão é a segurança interna e de fronteira, principalmente na repressão interna de dissidentes e grupos de oposição laocianos.

Isso inclui o esmagamento brutal das manifestações pacíficas do Movimento de Estudantes da Democracia do Laos em 1999 em Vientiane, e no combate a grupos insurgentes étnicos Hmong e outros grupos de pessoas do laocianas e hmong que se opõem ao governo de partido único marxista Pathet Lao e ao apoio que recebe da República Socialista do Vietnã. 

Atualmente o Laos faz uma aliança tríplice com o Vietnã e a Rússia, participando de exercícios conjuntos e nos jogos militares na Rússia, como o Biatlo de Tanques.

Bibliografia recomendada:

T-72 Main Battle Tank 1974-93,
Steven J. Zaloga.

TANKS: 100 Years of Evolution,
Richard Ogorkiewicz.

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