domingo, 20 de março de 2022

FOTO: Vickers destruído na China

Um Vickers Mark E Tipo B chinês destruído em Suzhou, perto de Xangai, em maio de 1938.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 20 de março de 2022.

Esse Vickers destruído e abandonado é mais um dos muitos tanques usados pelos nacionalistas chineses durante a invasão japonesa iniciada em 1937. Outros veículos incluíram os Panzer I alemães, T-26 soviéticos, o velho Renault FT-17 francês, os tankettes CV-35 italianos e até mesmo carros anfíbios Vickers Carden Loyd.

Em 1935, o governo chinês comprou 20 tanques de torre única Vickers Mark E Tipo B, de um modelo padrão. No ano seguinte foram comprados mais 4, equipados com rádios Marconi G2A em nicho de torre (ao contrário do que se costuma repetir em publicações, não eram tanques Mark F, nem sequer tinham cascos Mark F, o que fica evidente nas fotos).

Vickers Mark E capturado pelos japoneses em Xangai, 22 de agosto de 1937.
A torre apresenta furos e antena de rádio.

Os tanques chineses Mark E foram distribuídos entre o 1º Batalhão Blindado em Xangai (3 tanques, com 29 tanques anfíbios VCL Modelo 1931) e o 2º Batalhão Blindado em Xangai (17 tanques Mk.E junto com 16 de outros modelos).  No total, essas unidades tinham 30 tanques cada – os outros 40 veículos eram quase certamente os outros tipos vendidos pela Vickers. Ambos os batalhões foram intensamente utilizados na luta contra os japonesas em Xangai, entre 13 de setembro e 9 de novembro de 1937. No entanto, os tanques foram empregados em combates urbanos e as tripulações chinesas eram mal-treinados, o que os levou a sofrer grandes perdas - cerca de metade dos tanques foram perdidos no total. Mesmo com as ruas às vezes estreitas de Xangai, todos os tanques Vickers vendidos para a China eram bastante pequenos e não teriam problemas em trafegar por Xangai. No entanto, ao empregar seus tanques, os chineses deixaram de isolar as ruas adjacentes, o que significava que os japoneses poderiam flanqueá-los e destruí-los.

Evidências fotográficas indicam que os veículos foram destruídos por canhões anti-carro ou tanques japoneses, que poderiam perfurar diretamente a torre do Mark E Tipo B. Com apenas 25,4mm de blindagem rebitada, não é surpresa que eles tenham sido colocados fora de ação com tanta frequência. Peter Harmsen, no livro Shanghai 1937: Stalingrad on the Yangtze, relata um incidente em 20 de agosto de 1937, na frente de Yangshupu. O General Zhang Zhizhong estava inspecionando um número desconhecido de tanques e conversou com um jovem oficial tanquista. O oficial reclamou que o fogo inimigo era muito feroz e que a infantaria não conseguia acompanhar os tanques. Logo após essa discussão, os tanques iniciaram um ataque, mas todos foram destruídos por projéteis disparados principalmente pelos navios japoneses ancorados no rio Huangpu.

Soldados japoneses posando com um Vickers Mark E capturado em Xangai, 1937.

Depois que a força blindada chinesa foi na maior parte destruída nas batalhas de Xangai e Nanquim, novos tanques, carros blindados e caminhões da União Soviética e da Itália tornaram possível criar a única divisão mecanizada do exército, a 200ª Divisão "Divisão de Ferro", aconselhada e organizada pelos soviéticos.

Os tanques Vickers Mark E restantes foram reunidos em um batalhão e incluídos na 200ª Divisão mecanizada, formada em 1938, a qual consistia em um regimento de tanques e um regimento de infantaria motorizado, e equipado com o tanque leve soviético T-26. Esta Divisão sofreu pesadas perdas em uma contra-ofensiva em Nanquim e na passagem de Kunlun em 1940, perdendo a maior parte do seu equipamento. O destino detalhado dos tanques Vickers Mk.E não é conhecido.

Cartão postal japonês mostrando um Vickers Mark E Tipo B capturado em Xangai.

Bibliografia recomendada:

China's Wars: Rousing the Dragon 1894-1949,
Philip Jowett.

Leitura recomendada:

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