terça-feira, 24 de novembro de 2020

SHENYANG FC-31 GYRFALCON. A China segue com seu segundo caça de 5º geração.

FC-31 protótipo 2.

FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: ~ Mach 1,8 (2205 km/h em alta altitude).
Velocidade de cruzeiro: ~ Mach 0,90. (1111 km/h)
Razão de subida: ~19800 m/min.
Potência: ~0,97 (só com combustível interno e desarmado).
Carga de asa: ~ 74,15 lb/ft².
Fator de carga: ~ 9 Gs.
Taxa de giro instantânea: ~ 19º/s (estimado).
Razão de rolamento: ~ 200º/s.
Teto de serviço: ~ 12000 m.
Alcance: ~ 4000 km.
Radar: KLJ-7A de varredura eletrônica ativa AESA com alcance look up de 170 km (alvo de 5 m2 de RCS).
Empuxo: 2 motores Guizhou Aircraft Corporation WS-13E que produz 10183 kgf de empuxo usando o pós combustor.
DIMENSÕES
Comprimento: 16,9 m.
Envergadura: 11,5 m.
Altura: 4,8 m
Peso vazio: 17600 kg.
Combustível interno: 7500 kg.
ARMAMENTO
Capacidade total: 8000 kg.
Ar Ar: Mísseis PL10E e PL-12.
Ar Superfície: Bomba guiada LT-2 guiada a laser, bombas de queda livre e de fragmentação.

O símbolo ~ significa que o dado é estimado.

DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
A China não é conhecida pela sua transparência em relação a informações governamentais, principalmente quando o interesse é buscar dados de sistemas militares deste país. É comum haver muitos dados de seus sistemas de armas que são discrepantes dependendo da fonte que se pesquisa.
Por isso, quando se vai pesquisar a respeito de uma aeronave, por exemplo, é necessário ter paciência e buscar dados de outras aeronaves que já entraram em operação e cujos dados são mais claros para se poder fazer um "filtro" e avaliar melhor as informações que se encontram a respeito de determinado projeto ainda com dados obscuros.
Uma vez exposto esta peculiaridade que cerca os sistemas de armas chineses, vou apresentar o projeto do segundo avião de combate chinês de 5º geração, o Shenyang FC-1 Gyrfalcon, uma aeronave que possui seu desenho relativamente similar ao encontrado no F-22 Raptor, guardando, é claro, as devidas proporções. Afinal de contas o Raptor é um caça pesado e o FC-1 é um caça médio para leve.
O primeiro protótipo do FC-31 levanta voo para uma demonstração publica. O segundo protótipo recebeu modificação aerodinâmicas bastante importantes.
Preciso esclarecer um equívoco que há em muitas mídias, seja na internet, seja impressa, chamando o FC-31 de J-31, sendo, porém, que a aeronave nunca recebeu essa designação oficialmente. A designação correta é FC-31. Outro ponto a esclarecer é que a Força Aérea do Exército Popular de Libertação da China, (Força Aérea Chinesa) não encomendou e nem pretende adquirir essa aeronave. O foco da Shenyang é a marinha chinesa que precisará de uma nova aeronave e combate para seus porta aviões uma vez que há um certo descontentamento com o desempenho do seu caça J-15, uma aeronave baseada no Su-33 Sea Flanker.
O modelo de cima é o atual desenho do FC-31 e que está em testes. O modele negro, abaixo, é a primeira versão que esteve em testes inicialmente, mas que deixou de voar posteriormente depois que o projeto foi aperfeiçoado.
Com um comprimento de quase 17 metros, o FC-31 se enquadra na categoria de um caça médio bimotor, como um MIG-29 ou um caça F/A-18C Hornet (versão anterior ao do Super Hornet), com a diferença de que ele é um caça de 5º geração e com desenho projetado para reduzir a reflexão do radar. Por isso, o armamento do FC-31 pode ser transportado em um compartimento interno abaixo da fuselagem. Com as poucas informações disponíveis, dá para se avaliar que esse compartimento deva ser capaz de abrigar de 4 mísseis ar ar de médio alcance PL-12. Há, no entanto, pontos fixos externos para transporte de cargas que serão usados sempre que a furtividade não for importante para o cumprimento da missão. É interessante observar que mesmo sendo um projeto de um caça com baixa reflexão de radar, os bocais de escape dos motores não tem nenhum recurso para redução do reflexo radar, e nem tão pouco algum recurso para minimizar o calor da saída de gases. Por isso é provável que o FC-31 possa ser rastreado pelo quadrante traseiro com alguma facilidade tornando ele vulnerável a contra ataques.
O primeiro protótipo do FC-31 decola para sua primeira apresentação de voo pública.
Existe contradição sobre qual motor está equipando o protótipo 2 do FC-31, mas o dado mais provável dá conta que seja o motor Guizhou Aircraft Corporation WS-13E que produz 10183 kgf de empuxo usando o pós combustor. Esse motor foi projetado visando fornecer uma solução chinesa para substituir o motor russo RD-93, usado no caça JF-17, já apresentado aqui no WARFARE. O motor WS-13E entrega 20 % a mais de empuxo, e garante um desempenho bastante bom conseguindo uma velocidade máxima de mach 1.8 (pouco maior que a do caça americano F-35). Porém, mesmo com esses motores, a relação empuxo peso ainda não chega a atingir a unidade, estando em 0,97. As entradas de ar do motor possuem a configuração divertless que além de contribuir para a redução da reflexão ao radar no quadrante frontal, também reduzem a velocidade do fluxo de ar que adentra o duto de ar do motor, evitando instabilidade no funcionamento das pás dos motores e possíveis danos.
O FC-31, diferentemente do F-35, usa uma configuração bimotor. Os chineses instalaram motores de fabricação nacional Guizhou Aircraft Corporation WS-13E.
O primeiro protótipo do FC-31 fez algumas demonstrações de voo que foram filmadas e pode-se perceber que o envelope de voo da aeronave não estava plenamente liberado, considerando as curvas  relativamente abertas que foram demonstradas, porém, há de se considerar que devido ao desenho do modelo, associado ao bom desenvolvimento da engenharia chinesa em seus últimos caças, esse envelope de voo deverá ser bem melhor do que foi demonstrado. inicialmente. Minha expectativa é de que o FC-31 consiga um desempenho de voo similar ao de um F/A-18C Hornet, com o recurso de ser bem menos reflexivo ao radar, o que já lhe garante uma vantagem importante num ambiente aéreo hostil.
O FC-31, ainda está em uma fase inicial de voo, onde seu envelope de voo ainda se encontra restrito para efeito de estudos e de segurança. No entanto, a estimativa de desempenho manobrado do modelo é bastante positiva, estando no mesmo patamar do F/A-18C Hornet.
No que diz respeito a sua aviônica, o FC-31 foi equipado com um painel com uma tela de LCD panorâmica com recurso de toque na tela (touch screen) como o seu aparelho de telefonia celular. Isso o coloca no mesmo nível dos painéis encontrados em caças como o F-35 norte americano e no JAS-39E Gripen da Força Aérea Brasileira. Essa configuração já demonstrou ser o padrão dos aviões de caça que estão sendo colocado no mercado, incluindo as modernizações do F/A-18E Super Hornet e o F-15EX.
O radar empregado no FC-31, no entanto, já não é uma informação pública, ainda. nas fontes pesquisadas há menções sobre alguns modelos, porém, o que me pareceu o mais provável de ser o correto é o novo radar  KLJ-7A, e varredura eletrônica ativa AESA desenvolvido para a segunda geração do caça JF-17. Este radar possui um alcance de detecção de 170 km contra uma aeronave com RCS de 5m² (um MIG-29, por exemplo) e pode rastrear 6 alvos simultaneamente. 
Nas fotos disponíveis do protótipo não se vê um sensor de detecção passiva IRST como encontrado na maioria dos novos caças, incluindo o também chinês J-20, também já descrito aqui no WARFARE, porém, uma mockup apresentada em 2016 na feira aérea de Zhuhai, o modelo estava com um sistema A-Star’s EOTS-89 Electro-óptico.
O mockup do painel do FC-31 apresentado em uma feira aérea na China mostra que os chineses possuem o mesmo patamar tecnológico dos países ocidentais em seus cokpits.
O FC-31, conforme já mencionado no começo deste artigo, possui um compartimento de armas interno que se estima ser capaz de transportar 4 mísseis ar ar de médio alcance guiado por radar ativo PL-12 MRAM que é um míssil da mesma categoria do AIM-120 AMRAAM norte americano, tendo um alcance aproximado de até 90 km. Para combate de curta distancia, o FC-31 será armado com o modelo míssil PL-10 guiado por um sensor infravermelho, que opera integrado ao visor no capacete do piloto (HMD) com capacidade de engajamento de alvos fora do angulo de visada (off boresight) elevado chegando a 90º graus para cada lado. Traduzindo em miúdos; O míssil pode ser lançado contra um avião inimigo que esteja, exatamente, ao lado do avião lançador. Muitos mísseis ocidentais e russos tem essa capacidade ou próximo dessa capacidade, mas é interessante ver como o armamento chinês evoluiu.
Para missões contra alvos de superfície, o FC-31 será armado com mísseis anti navio YJ-83K, guiado por sistema infravermelho na fase terminal, tendo alcance de até 250 km. Essa classe de armamento devido a suas dimensões "consideráveis", não pode ser transportado dentro do compartimento interno de armas, tendo, assim, que ser transportado em cabides externos, deixando o FC-31 mais vulnerável e sujeito a ser detectado pelos radares inimigos.
Para missões anti radar, o míssil Kh-31 pode ser transportado externamente. Este míssil, de fabricação russa, tem alcance de até 110 km e seu sistema de guiagem se dá por radar passivo, onde o sensor detecta o ponto de origem da emissão do radar inimigo e se dirige diretamente para  a antena dele causando sua destruição e cegando o sistema de defesa anti aérea.
Armas de queda livre como bombas "burras" e bombas guiadas a laser LT-2 de fabricação chinesa não poderiam ficar de fora do arsenal disponível para o FC-31. Ao todo o FC 31 pode transportar cerca de 8 toneladas de armamento divididos em 6 pontos fixos externos e 4 dentro do compartimento interno de armas.6
O radar mais provável de equipar o FC-31 é o novo KLJ-7A de varredura eletrÇonica e com pequenas antenas laterais dando cobertura para cada lado da aeronave, como no novo caça russo Su-57 Felon.
O FC-31, embora não seja uma aeronave com uma tecnologia nos mesmos padrões ocidentais, não deixa de ser uma prova incontestável do crescimento tecnológico da industria aeroespacial chinesa. O modelo, se adotado pela marinha chinesa, permitirá um acréscimo importante na capacidade de projeção aeronaval desta potencia militar e certamente irá se tornar uma fonte a mais de preocupação para toda a região Asia - Pacífico. 
Outro ponto importante é que o FC-31 deve estar disponível para exportação dando uma opção de boa capacidade e custos relativos menores que seus adversários ocidentais para nações que pretendam modernizar suas capacidades e combate aéreo.

Esse aspecto amarelado do FC-31 desta foto se deve pelo fato da aeronave não ter recebido pintura, tendo ido para a linha de voo para testes logo que ficou pronto a sua montagem.




Nenhum comentário:

Postar um comentário