Por Laurent Lagneau, Zone Militaire Opex 360, 7 de novembro de 2020.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 7 de novembro de 2020.
Na região montanhosa de Ladakh, considerada estratégica e atravessada pela Linha de Controle Real (Line of Actual Control, LAC), cuja rota é objeto de uma disputa entre Nova Délhi e Pequim, forças indianas e chinesas se enfrentam desde o mês de maio, ainda mais num ambiente que não é dos mais hospitaleiros. Nos últimos meses, os dois países intensificaram a construção de infraestrutura ali, contribuindo para a situação atual, cada um acusando o outro de buscar melhorar o fluxo de tropas na fronteira.
Este face-a-face degenerou de fato em junho, no vale de Galwan, com confrontos violentos que resultaram em cerca de quarenta mortes entre soldados indianos (e, sem dúvida, cerca de trinta no lado chinês, sem Pequim ter feito uma avaliação oficial).
Desde então, enquanto cada campo fortalece suas posições, o Exército de Libertação do Povo (PLA) tem estado particularmente ativo. Na verdade, foi relatado que desdobrou equipamento militar recente lá, como o tanque leve Tipo 15 que entrou em serviço em 2018, estabeleceu novas bases aéreas e enviou para Kashgar bombardeiros estratégicos H6 com mísseis de cruzeiro KD-63, suscetíveis de ameaçar os principais centros de decisão indianos.
Ao mesmo tempo, as negociações diplomáticas com o objetivo de acabar com essas tensões estão falhando uma após a outra, com Nova Délhi pedindo um retorno às posições pré-crise. Uma nova reunião - a oitava - ocorreu no dia 6 de novembro de 2020, em Chushul, localidade do distrito de Leh, capital de Ladakh.
No entanto, no mesmo dia, o General Bipin Rawat, Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Indianas, descreveu a situação em Ladakh como ainda tensa e que o Exército de Libertação do Povo enfrenta "as consequências imprevistas" da sua "desventura" em Ladakh, que lhe valeu a "resposta firme das forças de defesa indianas". Ele insistiu: "Nossa postura é ambígua: não aceitaremos nenhuma alteração na LAC".
Mas o General Rawat foi ainda mais longe. Embora, disse ele, a "perspectiva de um conflito em grande escala seja improvável", em contraste, confrontos de fronteira, violações da LAC e ações militares táticas "não provocadas" (entenda-se: manobras e movimentos de tropas) provavelmente "se transformarão em um conflito maior". Em todo caso, esse risco não pode ser descartado, insistiu ele durante um evento online organizado pelo National Defense College (Escola Superior de Defesa Nacional).
Tal desenvolvimento poderia resultar em combates em outros pontos da fronteira sino-indiana, como no planalto de Doklam, também objeto de uma disputa entre os dois países, e onde suas respectivas forças se encararam face-a-face tenso em 2017. Isso também pode significar ações em outras áreas de conflito, como o ciberespaço ou espaço, ou mesmo no campo econômico.
Como um lembrete, Índia e China são duas potências nucleares com uma doutrina "sem empregar primeiro". Além disso, Pequim é um aliado próximo de Islamabad, o que pode ter consequências caso a situação em Ladakh piore ainda mais.
Enquanto isso, o general Rawat também enfatizou a necessidade da Índia se tornar auto-suficiente em suprimentos militares (atmanirbhar). “Conforme a Índia se afirma, os desafios de segurança aumentarão proporcionalmente. Devemos nos afastar da constante ameaça de sanções ou da dependência de outras nações para nossas necessidades militares e investir nas capacidades nacionais [...] para ter independência estratégica e poder militar decisivo para responder aos desafios atuais e emergentes”, disse ele.
Bibliografia recomendada:
Leitura recomendada:
Exército indiano comprará mais 72.000 fuzis de assalto SIG 716 dos EUA, 6 de novembro de 2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário