Mostrando postagens com marcador Exército Chinês. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Exército Chinês. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Os Lobos de Zhurihe: a OPFOR da China amadurece

Por Gary Li, The Jamestown Foundation, 20 de fevereiro de 2015.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 9 de novembro de 2020.

Entre 31 de maio e 28 de julho de 2014, o Exército de Libertação do Povo Chinês (PLA) iniciou o exercício anual em grande escala com o codinome "Stride 2014". Os exercícios Stride (Passo Largo) têm ocorrido regularmente, concentrando-se principalmente no rápido desdobramento de grandes formações de campanha em território desconhecido e na realização de exercícios de confronto. A versão de 2014, no entanto, era diferente em sua escala, composição das unidades, intensidade e natureza do oponente que as unidades enfrentavam. Nada menos que sete das principais brigadas, de sete diferentes grupos de exércitos (GA) do PLA, foram enviados para a Base de Treinamento de Zhurihe, na Mongólia Interior, sob a Região Militar de Pequim. Durante os seis exercícios de confrontação que se seguiram, apenas um resultou na vitória das “Forças Vermelhas” (REDFOR) visitantes, e a um custo elevado. A surra recebida pela REDFOR na verdade reflete uma nova era no treinamento do PLA que está intimamente ligada à unidade que os ensinou a lição, a primeira brigada de forças oponentes dedicada da China (Opposing ForcesOPFOR*).[1] [2]

Distintivo da "1ª Brigada OPFOR da China", Lobos de Zhurihe.

[1] Os exercícios OPFOR são uma prática militar comum em todo o mundo, incluindo os Estados Unidos. As REDFOR são as unidades normais do PLA e a “Blue Force" OPFOR são unidades especiais destinadas a atuar como unidades inimigas para fins de treinamento. Para referência, os Estados Unidos usam “Red Teams” como inimigo. O Centro Nacional de Treinamento em Irwin, Califórnia, é a casa do OPFOR dos EUA desde 1980, onde unidades que simulam um regimento soviético foram responsáveis por colocar unidades mecanizadas dos EUA à prova durante a Guerra Fria. Hoje, também se especializou em unidades de treinamento para operações de contra-insurgência.

[2] As unidades específicas dos GA foram identificadas por meio de pesquisas de código aberto.

Sniper francês da FORAD (Force Adverse/ Figurativo Inimigo) no Centro de Treinamento de Combate em Zona Urbana (Centre d'entraînement au combat en zone urbaine, CENZUB), em Sissonne, na França.

*Nota do Tradutor: Na Marinha do Brasil, a OPFOR é chamada de "Figurativo Inimigo" (FINGIM). O acrônimo lembra "fingimento". No Exército Brasileiro usam o termo ForOp, "Força Oponente".

Participantes e resultados do exercício “Stride 2014”

Segmento do Exercício

Região Militar (MR)

Unidade do Exército

Resultado

vs

OPFOR

A

Nanquim

12º Grupo de Exército (GA), 2ª Brigada Blindada

Perdeu

B

Guangzhou

41º GA, 122ª Brigada Mecanizada

Perdeu

C

Jinan

20º GA, 58ª Brigada Leve Mecanizada

Perdeu

D

Shenyang

16º GA, 68ª Brigada Mecanizada

Venceu/

Empatou

E

Chengdu

14º GA, 18ª Brigada Blindada

Perdeu

F

Lanzhou

47º GA, 55ª Brigada Motorizada

Perdeu

N/A*

Pequim

27º Grupo do Exército (GA), 7ª Brigada Blindada

N/A


* Não participou do “Stride 2014”, mas possivelmente foi usado como unidade de teste antes dos exercícios principais.

As forças visitantes estavam sob ataques simulados desde o momento em que chegaram às áreas de concentração e, em seguida, foram colocadas sob ataque químico, biológico e nuclear (QBN) contínuo, bem como ataque aéreo durante os exercícios (Xinhua Net, 24 de junho de 2014). A OPFOR possuía domínio total nas arenas aéreas e de artilharia, bem como vantagem tática devido ao reconhecimento avançado ser negado às unidades visitantes. A maioria das unidades perdeu 30–50 por cento de suas forças no momento em que entrou em contato com a OPFOR, e algumas perderam até 70% quando o seu segmento de exercício terminou. Nunca antes o PLA havia feito tal teste por um oponente assim, e o experimento de Zhurihe enviou ondas de choque por todo o corpo de oficiais.

O nascimento da “Força Azul”

Tropas do PLA lançam um assalto a uma réplica do Edifício Presidencial de Taiwan na base de treinamento de Zhurihe, na Mongólia Interior. (SCMP Pictures)

A Base de Treinamento de Zhurihe, no deserto da Mongólia Interior, tem sido um importante campo de treinamento para as tropas blindadas da China desde 1957. No entanto, foi somente a partir de 2007 que ela evoluiu de um simples campo de tiro para um centro de treinamento de armas combinadas. Este foi um tempo surpreendentemente longo, pois o PLA está perfeitamente ciente do seu atraso desde a Guerra do Golfo de 1991, após a qual a velocidade da modernização militar aumentou drasticamente. As unidades anteriores da OPFOR estavam em grande parte em rotações muito curtas e imitavam as formações soviéticas, que foram os principais adversários terrestres durante a Guerra Fria. Apesar da desintegração da União Soviética em 1991, isto permaneceu praticamente inalterado até os anos 2000. Essa transformação recebeu um impulso extra desde que o presidente e comandante-em-chefe chinês Xi Jinping chegou ao poder em 2012, quando ele decidiu implementar reformas dentro do PLA a fim de obter uma força de combate que "pode lutar e vencer batalhas" (PLA Daily, 21 de fevereiro de 2013).

A misteriosa "Força Azul" - como o PLA chama sua OPFOR - é na verdade a 195ª brigada de infantaria mecanizada, comandada por Xia Minglong, sob a RM de Pequim (anteriormente a 1ª Divisão Blindada, 65º GA, uma das primeiras unidades pioneiras em "guerra informatizada"). Esta unidade parece ter sido retreinada durante 2013 e ativada em janeiro de 2014. Em março de 2014, a Comissão Militar Central (CMC) sob o presidente Xi emitiu a diretiva "Recomendações sobre a Melhoria do Realismo dos Exercícios Militares" (Xinhua, 20 de março de 2014), e a 195ª brigada seria o "amolador". O “Stride 2014”, portanto, foi pessoalmente aprovado por Xi de acordo com os novos “Regulamentos de Treinamento de Base Transregional de 2014-2017” (Liao Wang Dong Fang, 6 de agosto de 2014).

Transporte Tipo 63 dos Lobos de Zhurihe, OPFOR.

Embora a unidade seja amplamente equipada com equipamentos obsoletos, como tanques de batalha principais Tipo 59 (MBT) e veículos blindados de transporte de pessoal (VBTP) Tipo 63, seus pontos fortes estão, na verdade, em sua integração profunda de armas combinadas. Também por meio do emprego em larga escala de sistemas de engajamento de laser semelhantes ao Sistema de Engajamento de Laser Integrado Múltiplo (Multiple Integrated Laser Engagement System, MILES) usado pelas forças armadas dos EUA, a unidade provavelmente simulou carros M1 e veículos de combate de infantaria Bradley. Isso nunca é implicitamente reconhecido pela mídia oficial, mas as evidências de código aberto parecem sugerir que a unidade às vezes utiliza doutrina semelhante àquelas das Equipes de Combate de Brigada dos EUA (Brigade Combat Teams, CBT), o que significa que a 195ª provou ser um oponente letal (China Military Net, 16 de junho de 2014).

A 195ª é comandada pelo Coronel Sênior Xia Minglong*, que foi vice-chefe de treinamento da RM de Pequim até assumir o comando da brigada OPFOR em janeiro de 2014 (Ministério da Defesa Nacional, 4 de fevereiro). De acordo com entrevistas à mídia, Xia já estava ciente de que sua nova brigada enfrentaria o melhor do PLA no final do ano. A brigada só concluiu sua reorganização em abril de 2014, apenas 20 dias antes da primeira “Força Vermelha” chegar a Zhurihe. Claramente, ele descreveu os tipos de treinamento anteriores como "excessivamente formais, com pouco resultado... embora muitos comandantes queiram colocar o treinamento em uma base mais realista, havia pouco em suas mentes sobre como isso deveria ser alcançado - em grande parte devido à falta de experiência em combate ao longo de muitos anos” (Liao Wang Dong Fang, 6 de agosto de 2014).

*NT: O atual comandante é o Coronel Sênior Man Guangzhi.


Antes do estabelecimento da brigada OPFOR, as forças opostas eram sempre compostas por unidades rotativas com pouca experiência na função. Isso se deve a questões políticas e também doutrinárias. Se uma unidade OPFOR derrotar uma unidade visitante de alto nível, então há uma chance de que os altos generais desta se ofendam, algo que dentro de um exército como o PLA - com sua intrincada rede de patrocínio e lealdades pessoais - pode provar desastroso para a carreira de alguém. Portanto, institucionalmente, houve pouco incentivo para os oficiais da OPFOR tentarem derrotar as forças visitantes (Sina Military, 8 de agosto de 2014).

A composição das “Forças Vermelhas” visitantes foi também diferente em 2014, com destaque para as “brigadas combinadas”, nomeadamente brigadas com vários outros armas de serviço adstritas. Em essência, o PLA estava testando a eficácia das reformas de "brigadização" conduzidas no início de 2000, quando as divisões foram transformadas em brigadas mecanizadas altamente móveis. Os resultados do “Stride 2014” parecem sugerir que ainda há muitas melhorias a serem feitas.

A natureza dos exercícios era muito diferente das manobras anteriores do tamanho de uma brigada. Isso variava do doutrinário - sem mais confrontos planejados, ao mundano - sem grandes faixas vermelhas e bandeiras nos veículos. Tudo foi feito para criar “condições de guerra mais realistas” (PLA Daily, 31 de dezembro de 2014). A mudança mais significativa, porém, foi “permitir” que a OPFOR vencesse. O papel das OPFOR anteriores e temporárias era atrasar e obstruir as “Forças Vermelhas”, mas não derrotá-las. Assim, um comandante de brigada vermelha poderia anteriormente emitir comandos que resultavam em grandes perdas sem temer a derrota. No entanto, as dolorosas derrotas infligidas às "Forças Vermelhas" no "Stride 2014" não foram apenas destacadas como uma grande lição dos exercícios, mas também alegremente citadas repetidamente pela cobertura da mídia oficial do PLA (Xinhua, 22 de junho de 2014).

O resultado

O objetivo dos exercícios “Stride 2014” foi significativo. Estrategicamente, eles foram projetados para sacudir o PLA do seu senso de complacência em tempos de paz e para enfrentar sua responsabilidade primária de lutar e vencer guerras. Operacionalmente, eles removeram o cobertor de segurança de operar em ambientes familiares e forçaram as unidades a lutar em locais que não eram de sua escolha contra um inimigo que lutava de forma diferente. Taticamente, as unidades descobriram as dificuldades de operar seus equipamentos sob ataque constante e interferência eletrônica, obrigando os oficiais de todos os níveis a improvisarem seus ataques. Politicamente, e possivelmente o objetivo mais importante, tem sido a remoção do fator de aversão ao risco nos exercícios. Não foram permitidas recriminações contra a brigada OPFOR e foram encorajados relatórios de derrotas (PLA Daily, 11 de novembro de 2014).

Um dos outros problemas-chave identificados durante os exercícios foi o uso adequado de novos equipamentos. Várias das formações que foram derrotadas pela OPFOR possuíam o hardware mais avançado dentro do PLA, incluindo os MBT Tipo 99 e Tipo 96, bem como os IFV Tipo 04. Quase todas as formações possuíam artilharia altamente móvel, orgânica, mecanizada ou montada em caminhão. Em essência, eles representaram os frutos de duas décadas de atualizações de hardware para as forças terrestres destinadas a lutar em uma guerra totalmente mecanizada. No entanto, isso não os salvou da derrota. A única unidade que obteve vitória/empate foi equipada com os MBT Tipo 99 mais avançados, mas foi um batalhão improvisado liderado por um capitão (todos os comandantes de alto escalão tendo sido "mortos") que "venceu" a luta (Guancha, 8 de julho de 2014).


O principal organizador do "Stride 2014", o Coronel Sênior Yang Baoyou, professor da Escola de Comando de Shijiazhuang (o equivalente do PLA a West Point), disse à Xinhua posteriormente que o experimento de Zhurihe pretendia expor as deficiências das unidades de combate em um nível fundamental , algumas das quais incluem “habilidades de comando fracas, colaboração ineficiente entre unidades, incapacidade de utilizar novos equipamentos em seu benefício”, entre outros problemas. Yang aponta que tudo isso se deve em grande parte a um regime anterior de “programas de treinamento incompreensíveis, de baixo padrão e de baixo objetivo” (Modern Express, 8 de agosto de 2014). É claro que o motivo da escolha das unidades - uma brigada de cada região militar - foi para que as lições aprendidas pudessem ser levadas de volta às suas respectivas regiões e ninguém pode dizer que eles poderiam ter feito melhor.

O Futuro da OPFOR de Zhurihe

Não eram apenas as unidades do exército regular que seriam lançadas contra a 195ª em 2014. Ao longo do ano, nada menos que 20 exercícios foram realizados em Zhurihe, incluindo a anual Organização de Cooperação de Xangai (Shanghai Cooperation OrganizationSCO) “Missão de Paz 2014” em Agosto, e até a visita de uma das duas Brigadas de Fuzileiros Navais do PLA (China Youth Daily, 13 de fevereiro de 2014). Tradicionalmente com base no sul, a brigada foi lançada contra a recém-ativada 195ª em fevereiro de 2014 e voltou para uma revanche em 2015 (Guangcha, 5 de fevereiro). É evidente que o PLA faz questão de testar todas as suas formações fora das suas zonas de conforto. De acordo com a conta do Weibo do PLA Daily em 5 de fevereiro de 2015, dez brigadas de todas as sete RM descerão sobre Zhurihe para enfrentar a OPFOR para o exercício "Stride" de 2015. A diferença neste ano será que cada batalha será dividida em três rodadas, talvez para permitir que as “Forças Vermelhas” avaliem suas deficiências e tentem superá-las.

Coluna de carros de combate Tipo 96 da Equipe Azul usando o distintivo de unidade dos "Lobos de Zhurihe".

O comandante da OPFOR também não é complacente com as realizações da sua brigada em 2014 e destacou suas preocupações com os dois principais gargalos para o desenvolvimento contínuo da brigada, ou seja, retenção de pessoal e equipamentos avançados. Em relação ao primeiro, o Coronel Xia afirmou que é difícil encontrar os oficiais certos, versados na “doutrina de combate estrangeira”, e mantê-los. Em termos deste último, apesar de simular o mais avançado em termos de MBT ocidentais, os envelhecidos Tipo 59 da brigada OPFOR* exigirão substituições no futuro (Liao Wang Dong Fang, 6 de agosto de 2014).

*NT: Em abril de 2017, a brigada foi redesignada como 195ª Brigada Pesada de Armas Combinadas (em chinês: 重型 合成 第 195 旅).

É altamente improvável que o PLA permita que as qualidades de combate da OPFOR sejam corroídas pelos problemas habituais do PLA de retenção de pessoal e reações políticas. Está claro por conta do “Stride 2014” que essa formação incorporou tudo o que o presidente Xi pediu durante seu mandato. No entanto, esse modelo provavelmente será permeado até o nível de RM, e OPFOR regionais também serão criadas para treinar outras forças locais. Considerando o tamanho e distribuição do PLA, esta localização do “modelo Zhurihe” ajudaria muito a moderar as qualidades de combate das formações terrestres.

No entanto, ainda restam dúvidas sobre se o novo regime de treinamento, com toda a ênfase no realismo, reflete um espectro amplo o suficiente para os tipos de ameaças que o PLA pode ter que enfrentar no futuro. É incerto se todos os engajamentos futuros envolverão ataques QBN em grande escala, por exemplo; e a falta de treinamento de contra-insurgência também é gritante. A OPFOR demonstrou em Zhurihe que a era da guerra mecanizada em grande escala pode estar chegando ao fim, mas o que vai substituí-la ainda não foi respondido entre os planejadores do PLA.

Vídeo recomendado:


Bibliografia recomendada:



Leitura recomendada:

FOTO: Prisioneiros americanos no rio Yalu

 

Soldado chinês do "Exército Popular de Voluntários" escoltando prisioneiros americanos após a campanha do rio Yalu, dezembro de 1950.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 9 de novembro de 2020.

Pyongyang, capital da Coréia do Norte, foi capturada pelas forças da ONU em 19 de outubro de 1950. No mesmo dia, o Exército Popular de Voluntários (PVA) cruzou formalmente o rio Yalu (rio Amarelo) sob estrito sigilo.

O ataque inicial chinês começou em 25 de outubro de 1950, sob o comando de Peng Dehuai com 270.000 soldados do PVA. O ataque pegou as tropas da ONU de surpresa e, com grande habilidade e notável capacidade de camuflagem, escondeu sua força numérica antes e após o primeiro confronto com a ONU. Após esses combates iniciais, os chineses retiraram-se para as montanhas. As forças da ONU interpretaram esta retirada como uma demonstração de fraqueza, raciocinando que esse ataque inicial era tudo o que as forças chinesas eram capazes de empreender.

Em 25 de novembro de 1950, na Segunda Fase Ofensiva (ou campanha), o PVA atacou novamente ao longo de toda a frente coreana. No oeste, na Batalha do Rio Ch'ongch'on, o PVA ultrapassou várias divisões da ONU e desferiu um golpe extremamente pesado no flanco das forças restantes da ONU, dizimando a 2ª Divisão de Infantaria no processo. A retirada resultante da ONU da Coréia do Norte foi a mais longa retirada de uma unidade americana na história. No leste, na Batalha do Reservatório de Chosin, a Força-Tarefa Faith - uma unidade de 3.000 homens da 7ª Divisão de Infantaria - foi cercada pelas 80ª e 81ª Divisões do PVA. A Força-Tarefa Faith conseguiu infligir pesadas baixas às divisões chinesas, mas no final foi destruída com 2.000 homens mortos ou capturados, e perdendo todos os veículos e a maioria dos outros equipamentos. A destruição da Força-Tarefa Faith foi considerada pelo PVA como seu maior sucesso em toda a Guerra da Coréia.

A 1ª Divisão de Fuzileiros Navais se saiu melhor; embora cercados e forçados a recuar, eles infligiram pesadas baixas ao PVA, que cometeu seis divisões tentando destruir os fuzileiros navais americanos. Embora o PVA tenha sido capaz de recapturar grande parte da Coréia do Norte durante a Campanha da Segunda Fase, 40% do PVA se tornou "combat ineffective" (incapacitado para combate) - uma perda da qual eles não puderam se recuperar até o início da Ofensiva de Primavera chinesa, em abril de 1951.

As forças da ONU no nordeste da Coréia se retiraram para formar um perímetro defensivo em torno da cidade portuária de Hungnam, onde uma evacuação foi realizada no final de dezembro de 1950. Aproximadamente 100.000 militares e material da ONU, além de outros 100.000 civis norte-coreanos, foram evacuados em uma variedade de navios mercantes e de transporte militar. Durante o desesperado recuo, o comandante do Oitavo Exército americano, General Walton Walker, morreu em um acidente de jipe em 23 de dezembro de 1950. Ele foi substituído pelo Tenente General Matthew Ridgway, que liderou tropas aerotransportadas na Segunda Guerra Mundial.

As forças do PVA usaram ataques rápidos nos flancos e na retaguarda, além da infiltração atrás das linhas da ONU para dar a aparência de vastas hordas. Isso, é claro, foi aumentado pela tática chinesa de maximizar suas forças para o ataque, garantindo uma grande superioridade numérica local sobre seu oponente. As vitórias iniciais do PVA foram um grande estímulo para o moral do PVA e a primeira vitória chinesa sobre o Ocidente nos tempos modernos desde o Cerco do Forte Zeelandia (1661-1662).

Vídeo recomendado:


Bibliografia recomendada:

A Guerra da Coréia: Nem Vencedores, Nem Vencidos.
Stanley Sandler.

Leitura recomendada:

terça-feira, 9 de junho de 2020

ENTREVISTA: 8 coisas a saber sobre a maior base de treinamento do exército da China

Soldados do PLA se preparam para montar uma lagarta de tanque na base de treinamento de Zhurihe, na Mongólia Interior. (SCMP Pictures)

Por Viola Zhou, South China Morning Post, 24 de julho de 2017.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 9 de junho de 2020.

A base de Zhurihe na Mongólia Interior oferece condições realistas de batalha em uma variedade de terrenos.

Por quase 60 anos, a China realiza exercícios em seu maior campo de treinamento militar, a Base de Treinamento de Táticas Combinadas Zhurihe, para preparar as tropas chinesas para o futuro.


Durante a visita do presidente Xi Jinping à base de treinamento militar em uma parte remota do norte da China, 400km a noroeste de Pequim, para marcar o 90º aniversário da fundação do Exército Popular de Libertação, ele deve assistir a jogos de guerra que mostrarão a capacidade da China de vencer em guerras.

Aqui está o que sabemos sobre Zhurihe e os jogos de guerra que estão acontecendo lá.

O que é Zhurihe e quais instalações possui?

A base de Zhurihe é um enorme centro de treinamento militar localizado nas profundezas da Região Autônoma da Mongólia Interior.

A maior e mais avançada base de treinamento do PLA, foi criada para fornecer condições realistas de batalha aos soldados chineses para aprimorar suas habilidades de combate.

A base de treinamento abrange uma área de 1.066km², quase a mesma área de Hong Kong, e possui hospitais e instalações de logística do exército.

Tropas do PLA lançam um assalto a uma réplica do Edifício Presidencial de Taiwan na base de treinamento de Zhurihe, na Mongólia Interior. (SCMP Pictures)

Em Zhurihe, as tropas do PLA têm batalhas simuladas em prados, colinas e desertos. Os clipes transmitidos pela Televisão Central da China, controlada pelo estado, mostraram soldados lutando perto de um prédio que se assemelhava ao Edifício Presidencial de Taiwan, sugerindo que Taipei é um alvo provável do treinamento de combate urbano do PLA.

Que tipo de exercícios ocorrem em Zhurihe?

Zhurihe realiza exercícios de combate realistas há cerca de 10 anos*. Tais exercícios, tipicamente envolvendo batalhas entre unidades vermelhas e azuis, são projetados para acostumar os soldados a combaterem inimigos mais habilidosos e mais bem equipados.

*Nota do Tradutor: O porta-voz apenas repete a propaganda do partido. Os exercícios chineses sempre foram coreografados, com os soldados lutando muito apinhados próximos uns aos outros e com a Equipe Vermelha, representando o PLA, vencendo.

Além das tropas de combate, os médicos do PLA também passam por treinamento em Zhurihe, trabalhando em cirurgia no campo de batalha e procedimentos de evacuação médica.

Em 2014, Zhurihe também organizou um treinamento antiterrorista de seis dias, com forças da Rússia, Quirguistão, Cazaquistão e Tajiquistão se unindo ao pessoal do PLA.

Quem são os exércitos vermelho e azul?

Muitos países têm as chamadas forças opostas (opposing forces, OPFOR) dedicadas a interpretar unidades inimigas em treinamento militar. No Ocidente, a força adversária é geralmente chamada de exército vermelho, mas essa cor, altamente simbólica para os estados comunistas, representa o lado do PLA na China.

Distintivo da 1ª Brigada OPFOR da China, "Lobos de Zhurihe".

A força azul da China, a 195ª Brigada de Infantaria Mecanizada, foi criada oficialmente em Zhurihe em 2014. Em uma série de exercícios de batalha chamados Stride (Passo Largo), tropas do PLA de diferentes regiões são organizadas em unidades vermelhas para combater as unidades azuis.

A força azul adotou um sistema de comando e táticas semelhantes às das forças da OTAN.

O Coronel Xia Minglong, seu primeiro comandante, disse que seu trabalho era "estudar os inimigos e agir como eles".

Como as forças vermelha e azul lutam entre si?

Soldados com sistema laser de combate simulado.

Durante os jogos de guerra, os soldados têm receptores de laser espalhados por todo o corpo, que detectam quando são "atingidos" pelo fogo inimigo.

A base de Zhurihe permite que o exército pratique em diferentes tipos de terreno e os exercícios também incluem simulações de guerra nuclear, química e biológica, bem como combate urbano.

As táticas usadas pelos exércitos vermelho e azul podem ser criativas. Durante uma simulação de batalha em 2014, algumas tropas azuis vestidas como oficiais do governo local vieram oferecer repolhos e batatas à unidade vermelha.

Depois de serem convidados para dentro do edifício de comando da força vermelha, os soldados azuis "sequestraram" o comandante do inimigo.

Quais armas são usadas nos exercícios?

Nas batalhas simuladas, os dois lados podem usar armas comuns, como tanques, veículos blindados e artilharia. Eles também possuem equipamentos para guerra eletrônica e vigilância aérea.


Para imitar melhor o exército americano, a força azul recebeu armas e artilharia aprimoradas, incluindo o avançado tanque de batalha ZTZ-96A, a artilharia autopropulsada Tipo 07 e um sistema de alerta precoce.

Qual força venceu a maioria das batalhas?

As forças vermelhas levaram uma surra durante os exercícios Stride nos últimos três anos.

No exercício de 2014, as unidades vermelhas venceram apenas uma das sete batalhas e, em 2015, perderam todas as batalhas para a força azul.

Tanques e caminhões do PLA na base de treinamento de Zhurihe, na Mongólia Interior. (SCMP Pictures)

A mídia estatal disse que a força vermelha enfrentou maiores dificuldades, pois deveria "invadir" o território ocupado pela força azul, que também possuía mais armas de alta tecnologia.

Os diretores de exercício às vezes dão ao exército vermelho desafios extras, como interferência eletromagnética e ataques químicos simulados.

Alguém morreu durante os exercícios?

O PLA não publica registros de fatalidades em Zhurihe, mas pelo menos dois soldados morreram em serviço nos últimos três anos.

Como Zhurihe se compara ao Centro de Treinamento Nacional de Fort Irwin dos EUA?

A mídia chinesa classificou Zhurihe de "Fort Irwin da China", mas o centro de treinamento dos EUA, no deserto da Califórnia, é muito maior.

O Centro Nacional de Treinamento de Fort Irwin foi criado em 1979 e cobre uma área de 2.600km². A força inimiga lá, o 11º Regimento de Cavalaria Blindada, imita o Exército Russo.

Os soldados americanos também treinam em Fort Irwin antes do desdobramento no exterior e apresentam várias imitações de aldeias afegãs e iraquianas, com hotéis simulados, mesquitas e áreas residenciais.

Este artigo apareceu na edição impressa do South China Morning Post como: 'Força azul' inimiga é o terror do campo de treinamento do PLA.

Viola Zhou é uma produtora de multimídia na Inkstone. Antes disso, ela escreveu sobre política chinesa para o South China Morning Post. Ela também trabalhou na Reuters e cobriu os protestos democráticos de Hong Kong.

Bibliografia recomendada:




Leitura recomendada:

As Forças Armadas Americanizadas da China9 de junho de 2020.

FOTO: 195ª Brigada Pesada de Armas Combinadas do Exército de Libertação Popular Chinês23 de janeiro de 2020.

FOTO: Sniper do FORAD no CENZUB23 de janeiro de 2020.

GALERIA: Manobra blindada nas Montanhas Celestiais11 de abril de 2020.

As Forças Armadas chinesas têm uma fraqueza que não podem consertar: nenhuma experiência de combate26 de janeiro de 2020.

O exército chinês ainda está treinando com tanques muito antigos11 de abril de 2020.

A guerra no Estreito de Taiwan não é impensável2 de junho de 2020.