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sábado, 11 de abril de 2020

GALERIA: Manobra blindada nas Montanhas Celestiais


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 11 de abril de 2020,

Um regimento blindado do Comando Militar de Xinjiang realizando um exercício de manobra de longa distância nas Montanhas Tian Shan, conhecidas como "Montanhas Celestiais", na Região Autônoma Uigur de Xinjiang, na China, em 6 de dezembro de 2017. Fotos de Tao Jiale para o canal China Military Online

O regimento está equipado com os carros de combate Tipo 59, transportes blindados Tipo 63 e a sua infantaria de acompanhamento está armada com os fuzis bullpup chineses da família QBZ-95.





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segunda-feira, 6 de abril de 2020

GALERIA: Apresentação militar de estudantes universitárias chinesas


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 6 de abril de 2020.

Um grupo de estudantes universitárias armadas com fuzis de assalto faz sua estréia diante de espectadores na Universidade de Shandong, em Jinan, província de Shandong, no leste da China, em 26 de setembro de 2013. 

Os calouros da universidade fizeram uma demonstração no final do treinamento militar dos novos estudantes no campus. Fotos de Zheng Tao para a Asian News.





domingo, 29 de março de 2020

LIVRO: Forças Terrestres Chinesas

O Exército de Libertação Popular Chinês desde 1949: Forças Terrestres, Benjamin Lai, Osprey Publishing, 2013.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 29 de março de 2020.

O exército chinês (oficialmente Forças Terrestres do Exército de Libertação Popular, doravante PLA) nunca foi conhecido por sua proficiência militar, como já tratado no blog, eles carecem de experiência de combate e operam blindados muito velhos. O autor chinês Benjamin Lai tentou pintar um quadro mais favorável ao PLA, mas terminou com uma obra de valor misto: enquanto as fotos são muito bonitas, a maior parte a cores, o texto é apenas a repetição da propaganda oficial do Partido Comunista Chinês, que unificou a China continental sob o comunismo maoísta em 1949.

O PLA é a definição das forças armadas chinesas seguindo o padrão soviético de usar Exército Vermelho ou Exército Soviético para a totalidade das suas forças armadas. O PLA chinês é constituído de: 

- Força Terrestre do Exército de Libertação do Povo, 
- Marinha do Exército de Libertação do Povo, 
- Força Aérea do Exército de Libertação do Povo, 
- Força de Foguetes do Exército de Libertação do Povo,
- Força de Apoio Estratégico do Exército de Libertação do Povo. 

O livro trata das forças terrestres, incluindo unidades não necessariamente ligadas ao exército (Força Terrestre do PLA), como a Polícia Armada Popular (PAP) e os fuzileiros navais que pertencem à marinha (oficialmente Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Exército de Libertação do Povo, encurtado para Corpo de Fuzileiros Navais do Exército de Libertação do Povo).

Distintivo do Corpo de Fuzileiros Navais do Exército de Libertação do Povo Chinês (中国人民解放军海军陆战队).

A China vem, há muito anos e escaldada da humilhação de 1979, tentando erguer uma força militar moderna, com certa ênfase na diminuição da dependência do número e movendo-se para uma ocidentalização baseada na absorção de equipamentos modernos, especialmente na informatização, e no aumento de unidades de elite: o seu Corpo de Fuzileiros Navais foi reativado em 1979 (trazendo linhagem de 1953), tendo 16 mil homens atualmente, divididos em 2 brigadas de 6 mil homens cada e guarnições com as típicas funções de fuzileiros navais, com previsão de aumento para 20 mil homens em breve; com uma terceira brigada sendo organizada a partir da transferência da 77ª Brigada de Infantaria Motorizada da Força Terrestre do PLA.

Os fuzileiros navais chineses são conhecidos por seus camuflados azuis.


Dado que as próximas guerras da China serão eminentemente navais com ênfase anfíbia contra ilhas no Pacífico, essa decisão faz completo sentido. Mesmo os americanos já estão se adaptando para combater essa nova capacidade anfíbia chinesa. A forma como essa modernização ocorre já é uma história completamente diferente, marcada mais pelos tropeços do que pelos acertos.

A China também se expande para a África e para a América Latina, mas de volta ao livro. 

A avaliação mais precisa do livro The Chinese People's Liberation Army since 1949: Ground Forces foi feita pelo Coronel Dr. R. A. Forczyk. O título dá a entender que as forças navais e aéreas serão tratadas em algum momento, mas sem anúncios até hoje, e talvez pela reação da resenha do coronel na época.

Natal Vermelho: A Incursão ao Aeródromo de Tatsinskaya em 1942.

Robert Forczyk é PhD em Relações Internacionais e Segurança Nacional pela Universidade de Maryland e possui uma sólida experiência na história militar europeia e asiática. Aposentou-se como tenente-coronel das Reservas do Exército americano, tendo servido 18 anos como oficial de blindados nas 2ª e 4ª divisões de infantaria dos EUA, e como oficial de inteligência na 29ª Divisão de Infantaria (Leve). O Dr. Forczyk é atualmente consultor em Washington, DC., e já publicou dezenas de livros, incluindo os dois volumes sobre a guerra blindada germano-soviética de 1941-45, sobre as operações Caso Vermelho (invasão da França), Caso Branco (invasão da Polônia), biografias de Walther Model e Georgy Zhukov, e um dos seus best-sellers Where the Iron Crosses Grow: The Crimea 1941-44 (Onde as Cruzes de Ferro Nascem: A Criméia 1941-44). Nota-se que suas palavras têm peso.

O título é baseado na famosa frase final do filme Cruz de Ferro.

À seguir a tradução da resenha de três estrelas.

Uma Exposição de Cães e Pôneis do PLA 

Por Robert A. Forczyk, 8 de abril de 2013.


Folheando o Exército de Libertação do Povo Chinês desde 1949: Forças Terrestres de Benjamin Lai, uma adição recente à série Elite da Osprey, fica claro que a China tem alguns uniformes e equipamentos muito atraentes. Obviamente, o autor não menciona que a única grande ação de combate bem-sucedida conduzida pelo PLA nos últimos trinta anos foi assassinar cerca de 3.000 dos seus compatriotas na Praça da Paz Celestial em junho de 1989 (referido aqui como um "episódio"). Essa é o problema básico deste volume: excelentes fotos, resumo completo da organização e do equipamento do PLA, mas acompanhado por uma sutil higienização da história. O autor menciona que o PLA esmagou a revolta tibetana, mas a atribui a uma trama da CIA - a idéia de que os tibetanos não querem fazer parte da China não é mencionada. Esse volume serve para destacar o progresso que o PLA fez na modernização de suas forças terrestres e não quer olhar para nada que o prejudique essa visão - como o fato do PLA ter muito menos experiência em combate do que qualquer outro grande exército do mundo. Muitos brinquedos, nenhuma experiência. Todo o problema da missão também é convenientemente ignorado (se é estritamente defensiva, por que todos esses paraquedistas, fuzileiros navais, tanques, mísseis, etc?). O autor também não discute a doutrina do PLA, embora isso fosse mais relevante do que todo o espaço que ele dedicou à Polícia Armada Popular (PAP). No geral, este é um volume interessante, mas deixa um leve sabor de propaganda.

"1º de outubro de 1949: Soldados do PLA marcham durante a primeira parada do Dia Nacional na Praça da Paz Celestial, em Pequim. Eles usam capacetes de aço japoneses capturados, e estão armados com fuzis-metralhadores tchecos ZB vz 26; nessa época o PLA tinha um arsenal heterogêneo de armas japonesas e daquelas tomadas do KMT chinês, incluindo armas portáteis tchecas, americanos e mesmo algumas britânicas. Note que estão estão marchando em uma cadência convencional - o 'passo do ganso' de estilo soviético ainda não havia sido adotado. (China Magazine)"

O volume começa com uma discussão sobre a origem do PLA - como a "ala armada do Partido Comunista Chinês" - e passa dez páginas resumindo suas principais atividades desde 1949. Ele fornece apenas dois parágrafos curtos sobre a Guerra da Coréia, o que não é muito considerando que esta foi a maior operação do PLA desde que foi criada, a Guerra de Fronteira Indo-Chinesa de 1962 recebe duas sentenças, embora essa tenha sido a única vitória clara alcançada pelo PLA sobre um adversário estrangeiro e demonstrou a adaptabilidade tática da China. Em contraste, o autor dá mais cobertura às curtas escaramuças sino-soviéticas em 1969 do que à Guerra da Coréia. Ele gasta cerca de 1 ½ páginas na Guerra Sino-Vietnamita de 1979, mas tenta colocá-la sob uma luz positiva (sem mencionar que a China atacou o Vietnã em apoio ao seu aliado genocida, Pol Pot). A maioria dos relatos sugere que uma força vietnamita muito menor surrou os invasores do PLA e que foi a China que "aprendeu uma lição". Quando ele chega a 1989, o autor se refere à Praça da Paz Celestial como uma "controversa operação de segurança interna" - ah, é verdade, é censurada na China, onde o autor reside. Também não há menção de que boa parte do PLA é desdobrado para invadir Taiwan, caso necessário.

Uniforme, distintivos e divisas do exército chinês.

Toda publicação da Osprey vem acompanhada de ilustrações de alta qualidade.


Na próxima seção, o autor discute a organização de nível superior do PLA e, em seguida, mergulha nas estruturas táticas até o batalhão, a companhia e o grupo de combate. Fiquei realmente surpreso com quantos cozinheiros existem um batalhão de infantaria do PLA - pelo menos 25. Ele então discute as principais armas de combate, incluindo blindados, aviação, tropas de forças especiais, paraquedistas e de mísseis. A maioria das fotos no volume é colorida e muito agradável, mas muitas das tropas parecem posadas. As legendas do autor indicam que muitas foram capturadas durante eventos militares em casas abertas e até as cenas "táticas" parecem encenadas. Olhando para os uniformes, o olho de um soldado pode notar que todos os uniformes e equipamentos parecem novos em folha - sem desgaste. Um grupo de combate de infantaria que se move ao lado de um IFV está terrivelmente amontoado - parece um 'ataque de onda humana' - e, apesar de seus novos capacetes e uniformes camuflados, eles estão usando sapatos de borracha e meias brancas dos anos 50. Uma patrulha de infantaria é mostrada com todos os membros da patrulha com os cadarços das botas desamarrados - eles tiveram que pedir as botas emprestadas para a foto? Adoro os tanques ZTZ-99 com jantes brancas nas rodas - que com certeza os tornam mais fáceis de detectar! No exército dos EUA, quando você vê todos os equipamentos polidos como aqui, é reconhecível como uma "Dog and Pony Show" (Exposição de Cães e Pôneis, "pra inglês ver") de para impressionar os visitantes e os ignorantes militares. As discussões das tropas das forças especiais e paraquedistas beira ao cômico, dando a impressão de que essas unidades são todas altamente capazes e equivalentes às melhores unidades ocidentais quando, na verdade, o PLA não tem saltos paraquedistas em combate a seu crédito e os saltos de tempos de paz são poucos e preciosos.



Contra-capa.

Nas seções finais, o autor discute recrutamento e uniformes. Ele sugere que o PLA esteja se movendo para uma força profissional, mas adicionar de 600 a 1.000 graduados por ano para um exército desse tamanho é uma gota num balde. Ele afirma que os sargentos podem se casar, mas que suas esposas só podem visitá-lo uma vez por ano - isso parece mais uma prisão do que um exército profissional. Apesar de suas afetações ocidentais modernas, o PLA ainda é majoritariamente uma força conscrita dominada pelo partido e pode ter armas do século XXI, mas ainda está usando uma abordagem dos anos 50 para seus soldados. Espero que o autor faça volumes nas forças naval e aérea, mas os leitores devem estar cientes de que essa é uma cobertura muito lustrosa, sem qualquer tentativa de uma avaliação equilibrada.


Yak:
A anexação do Tibete não foi muito diferente da invasão de um país como a Polônia. Este livro implica que a resistência à anexação tibetana era apenas uma trama americana, que se encaixa na narrativa de propaganda do governo da China de que o Tibete "sempre foi parte da China"; portanto, caso ela invadisse o Tibete, de alguma forma já o possuía. Dado o fato de que a liderança da China se opõe à noção de governo representativo, parece improvável que tudo isso seja apenas uma pequena nota de rodapé na orgulhosa marcha para a democratização.

R. A Forczyk:
Também é importante observar que tipicamente regimes que usaram força brutal em larga escala contra seu próprio povo, ou pessoas que consideram seu próprio povo, também não têm problemas em usar o mesmo tipo de força letal contra forasteiros. A história do Partido Comunista Chinês (PCC) - que administra o PLA - é de uso irrestrito da violência, conforme necessário. 

Ao contrário dos soviéticos, os chineses não têm ambições globais de espalhar sua forma de tirania, mas a defenderão contra todas as ameaças - incluindo qualquer cheiro de mudança democrática.

Yak:
Concordo plenamente. Fingir que a moralidade pode ser higienizada das atrocidades da história humana moderna não é um caminho que devemos seguir. Infelizmente, muitas pessoas que estudam a China geralmente ficam um pouco insensíveis aos problemas do seu regime autoritário, e convenientemente obscurecem ou ignoram problemas em nome de apontar para outro alguém que era supostamente pior. Os pecados das forças armadas americanas não são necessariamente melhores ou piores, mas pelo menos esse assunto está aberto à discussão. Na China, as forças armadas nunca fizeram nada errado e isso não pode ser questionado.

Chimonsho (Benjamin Lai?):
Suponho que esta resenha avalie o livro do PLA com precisão. Dito isto, definitivamente há espaço para uma gama mais ampla de pontos de vista entre os autores do Osprey, que Lai fornece (e observa em seu próprio comentário). Muitos livros da Osprey omitem grande parte do contexto político mais amplo, portanto este é bastante representativo a esse respeito, embora por razões diferentes.

Quanto à comparação do Holocausto oferecida pelo Sr. Forzyck, é um assassino de discussões confiáveis; como comparar significativamente o mal absoluto com outros fenômenos? A Praça da Paz Celestial foi um ultraje, mas muito menos destrutiva do que o Holocausto e, de fato, em grande parte um assunto interno. Acredito que isso será visto como um obstáculo na longa e rochosa estrada da China para um governo totalmente representativo. O Holocausto, no entanto, foi um divisor de águas na história judaica, européia e mundial. Maçãs e laranjas, além do recurso compartilhado à brutalidade.

R. A Forczyk:
Sr. Lai, 

Os problemas com este volume não são de espaço, mas de viés analítico. Não estou tentando atacar a China, que tem interesses legítimos de segurança, mas você precisa aprender a chamar as coisas pelo seu próprio nome se quiser escrever uma história militar equilibrada.

Quando você se refere ao massacre da Praça da Paz Celestial como uma "operação controversa de segurança interna", dá um tiro no pé, pelo menos no que diz respeito ao público ocidental. Seria semelhante a um autor alemão moderno que referindo-se ao Holocausto como uma "operação controversa de segurança interna".

Nota do Autor: Com tudo isto dito e representado, é recomendada a leitura do livro. As fotos são excelentes e a explicação da estrutura militar do PLA são muito boas e "valem o ingresso"; porém, o leitor deve estar atento e ler a narrativa de Benjamin Lai com um grão de sal, atento à repetição da propaganda do Partido Comunista Chinês.

Leituras recomendadas:





quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

FOTO: 195ª Brigada Pesada de Armas Combinadas do Exército de Libertação Popular Chinês

Lobos de Zhurihe: Soldados e veículos da 195ª Brigada Pesada de Armas Combinadas do PLA, a OPFOR chinesa.

Diferente das outras formações chinesas, a 195ª é treinada e opera com doutrina e equipamentos ocidentais, servindo de OPFOR (Opposing Force, Figurativo Inimigo) em combates simulados no Centro de Treinamento de Zhurihe, em Yutian, na província de Hebei. Essa força é inspirada no "exército soviético" americano no Deserto de Mojave, na Califórnia, criado na Guerra Fria. Seu comandante atual é o Coronel-Superior Man Guangzhi.

De maio de 2014 a setembro de 2015, a brigada travou 33 batalhas simuladas com outras brigadas e divisões da força terrestre do PLA no Centro de Treinamento de Táticas de Armas Combinadas Zhurihe, com 32 vitórias e 1 derrota.

Bibliografia recomendada:



Leitura recomendada:



LIVRO: Forças Terrestres Chinesas29 de março de 2020.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Snipers chineses agora estão equipados com drones para melhor atingirem seus alvos


Por Laurent Lagneau, Zone Militaire Opex360, 12 de janeiro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 16 de janeiro de 2020.

Geralmente, um sniper opera em pares, ou seja, é associado a um "spotter" [observador] cuja missão é ajudá-lo a localizar alvos e fornecer informações úteis para garantir a precisão de seus tiros. Para isso, este último é equipado com ópticos, um telêmetro a laser, uma calculadora balística e um anemômetro*.

*NT: Aparelho para medir a velocidade do vento.

Na China, a panóplia dos snipers de reconhecimento e de forças especiais do Exército Popular de Libertação (PLA) foram recentemente enriquecidos por um mini-drone quadricóptero.

Esses dispositivos devem ajudá-los a localizar e neutralizar seus alvos com maior precisão, especialmente em áreas urbanas. E isso, escreve o jornal diário Global Times, que depende do Partido Comunista Chinês (PCC), oferece aos atiradores uma "vantagem tática importante, em particular ao lhes permitir atirar nos inimigos escondidos atrás das paredes" com um fuzil anti-material, como o AMR-2, calibre 12,7x108mm.

O mini-drone, facilmente transportável, é operado pelo observador do binômio. Dependendo das imagens recebidas, ele poderá indicar ao atirador a localização precisa de uma parede na qual ele terá que atirar para eliminar um inimigo... desde que o dispositivo não seja detectado por este último. Para isso, observa o Global Times, o drone "não deve voar muito perto" de possíveis alvos.

"Essa tática é muito vantajosa no campo de batalha, especialmente nas operações de guerra urbana e contraterrorismo", disse um especialista militar nas colunas do diário chinês, enfatizando que o uso de drones levou à "assimetria da informação".

Este método operacional foi testado a priori durante o recente exercício "Semana dos Demônios", organizado no final de dezembro para o benefício das forças especiais do PLA. Em uma fotografia publicada pelo site China Military Online, podemos ver o que é suposto ser um sniper e seu observador usando um mini-drone.

Mas, de acordo com a emissora pública chinesa [CCTV], dispositivos semelhantes foram entregues aos batedores do 80° grupo de exército.

Na Rússia, fala-se em equipar unidades de infantaria [no nível do pelotão] com mini-drones do tipo quadricóptero... capazes de transportar explosivos. Esses dispositivos serão usados principalmente para reconhecimento de curto alcance em áreas urbanas, graças à sua capacidade de pairar, entrar nas instalações e manobrar em ruas estreitas.

O Exército dos EUA está trabalhando em um projeto bastante semelhante, chamado "Sistema Letal de Mísseis Aéreos em Miniatura" [Lethal Miniature Aerial Missile SystemLMAMS]. Isso é para fornecer aos soldados de infantaria uma munição "espreitando" para destruir alvos que não estão à vista, como... os snipers.

Bibliografia recomendada:

Out of Nowhere: A History of the Military Sniper.
Martin Pegler.

Leitura recomendada:

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

A guerra de fronteira com o Vietnã, uma ferida persistente para os soldados esquecidos da China

A China invadiu o Vietnã em 1979 para "ensinar uma lição", mas o conflito que ela provocou durou mais de uma década e custou milhares de vidas.

Por Minnie Chan, South China Morning Post, 17 de fevereiro de 2019.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 1º de agosto de 2019.

  • Domingo marca o 40º aniversário do início da guerra sino-vietnamita, mas não haverá comemorações em Pequim.
  • Ex-soldados dizem que apenas querem ser reconhecidos pelos sacrifícios que eles e os 7.000 que morreram - muitos deles adolescentes - fizeram por seu país.


Para o soldado chinês aposentado, Zhong Jianqiang, as batalhas da Sino-vietnamita de 1979 são uma memória distante, mas sua luta por dignidade e justiça continua.

Agora com 60 anos, Zhong estava entre os 300.000 soldados do Exército de Libertação Popular (PLA) que lutaram na sangrenta guerra de fronteira que matou quase 7.000 de seus camaradas. Embora o conflito principal tenha durado menos de um mês, os confrontos continuaram ao longo da década de 1980 até a normalização das relações entre os dois vizinhos em 1991.

Em 17 de fevereiro de 1979, soldados do PLA cruzaram o norte do Vietnã com o que Pequim disse ser uma missão "para ensinar o ingrato Vietnã" uma lição enquanto ele lutava contra o Khmer Vermelho no Camboja.


A China ficou furiosa quando Hanói cortou os laços diplomáticos com Pequim - a favor de Moscou - depois que Mao Zedong recusou seu pedido de um empréstimo de 10 bilhões de yuans (US$ 1,5 bilhão). Segundo a China, ela já havia fornecido ao Vietnã 1,3 bilhão de yuans em armas e forneceu 320.000 soldados para ajudá-lo a combater os americanos.

Embora ambos os lados tenham reivindicado a vitória mais tarde, os historiadores geralmente concordam que a missão da China não teve êxito por causa do enorme número de mortos e do fato de não ter interrompido as atividades de Hanói no Camboja.

Tanto a China quanto o Vietnã declararam vitória na guerra, mas a maioria dos historiadores concorda que Pequim fracassou em sua missão.


Como resultado, Pequim ficou em silêncio sobre a guerra nas últimas quatro décadas e, de acordo com Zhong, que mora na cidade de Guangzhou, no sul, não quer que aqueles que lutaram nela comemorem seu 40º aniversário, que ocorre no domingo.

"O governo está grampeando meu telefone e vigiando todos os meus movimentos", disse ele em entrevista. "Portanto, não participarei de nenhum evento público para o aniversário porque não quero causar problemas".

Veteranos em outras partes do país disseram que também foram avisados para ficarem longe de reuniões públicas e atividades comemorativas.

"Eu posso entender [as preocupações do governo] porque [eles têm medo de que] grandes reuniões públicas possam se transformar em protestos e isso lhes causará problemas", disse Hu Wei, chefe de um grupo de veteranos em Changsha, capital da província de Hunan, no centro da China.

A China tem cerca de 57 milhões de veteranos de guerra e eles são tradicionalmente reverenciados pela mídia estatal. Mas, nos últimos anos, tem havido crescentes pedidos de melhor tratamento para militares aposentados.

Veteranos de toda a China dizem ter sido avisados para ficarem longe de reuniões públicas e atividades comemorativas no domingo.

Para muitos, o problema começou com o programa do governo para otimizar o PLA, o que resultou em grandes demissões e deixou as autoridades locais lutando para encontrar emprego para centenas de milhares de soldados descomissionados.

Como resultado do que viam como discriminação, milhares de veteranos foram às ruas de suas cidades em protesto. Quando isso não produziu o resultado desejado, eles foram para Pequim, mas foram confrontados com violenta oposição das forças de segurança do estado e foram forçados a voltar para casa.

Apesar de ter sido adiado, milhares de veteranos fizeram um protesto de cinco dias na cidade costeira de Zhenjiang, na província de Jiangsu, em junho, apenas algumas semanas depois que o governo abriu seu novo Ministério de Assuntos de Veteranos, com o objetivo de fornecer apoio político a ex-militares e mulheres , além de oferecer a eles novas habilidades e ajudar a encontrar um emprego alternativo.

O ministério foi aberto em abril após vários anos de protesto de que em 2017 incluía uma manifestação pacífica fora da sede da Comissão Militar Central - principal órgão militar da China - em Pequim, enquanto os líderes do PLA estavam organizando um fórum de defesa de alto nível com representantes de cerca de 60 países.

O falecido líder supremo Deng Xiaoping encontra um soldado que perdeu as pernas e um braço em um choque de fronteira com o Vietnã em 1986.

Após a violência em Pequim em junho, o Congresso Nacional do Povo, em julho, aprovou uma nova lei de veteranos.

Apesar da criação do ministério e da nova legislação, muitos líderes veteranos disseram que eles e as pessoas que representam ainda não viram mudanças positivas.

"A relação entre veteranos e governos locais piorou depois dos protestos em junho", disse um historiador militar e ex-soldado de Xangai que pediu para não ser identificado.

"A liderança militar ordenou que as autoridades locais prestassem apoio financeiro aos veteranos, mas com a desaceleração da economia, alguns estão lutando para fazê-lo."

Para muitos veteranos, o debate não é apenas sobre dinheiro. Em vez disso, eles querem ser reconhecidos pelos papéis que desempenharam na luta por seu país.

O historiador militar, que lutou em um confronto na fronteira contra as tropas do Vietnã em 1984, disse que a falta de reconhecimento oficial pela contribuição dos veteranos na guerra sino-vietnamita foi uma das principais razões pelas quais eles continuaram sua luta com as autoridades.

Outro ex-soldado que fazia parte de uma unidade de logística durante o conflito no Vietnã e pediu para não ser identificado por medo de retaliação disse que, após a guerra, soldados e oficiais regulares tiveram que participar de conferências onde cerca de 300 de seus camaradas, que foram capturados durante os combates, foram publicamente humilhados.

"Todos os soldados capturados foram posteriormente despojados de seu status militar, o que significa que eles perderam tudo e suas famílias realmente sofreram como resultado", disse ele.

"Na verdade, a vida foi terrível tanto para os soldados capturados quanto para os que sofreram ferimentos durante a guerra", disse ele, pois não foram classificados como mártires e, portanto, não receberam pensão.

Centenas de manifestantes se reúnem do lado de fora do ministério da defesa em Pequim para lutar por melhores direitos nesta imagem de arquivo de 2016.

Outros que lutaram na guerra culparam as pesadas perdas - além das 7.000 mortes estimadas, cerca de 15.000 soldados são estimados como feridos - em seus líderes, a quem eles acusaram de subestimar a força da oposição. Outros falavam de uma falta de treinamento e pouca compreensão dos métodos modernos de combate, uma vez que a China emergira apenas recentemente da Revolução Cultural, que durou uma década.

Muitos dos veteranos tinham apenas 17 ou 18 anos quando foram enviados para a luta, e a maioria recebeu apenas alguns meses de treinamento militar básico, disseram eles.

O soldado da logística disse que manter uma cadeia de suprimentos na linha de frente teve problemas logo após o início da guerra, principalmente por causa das comunicações ruins.

"Deveríamos enviar suprimentos para eles, mas eles foram expostos e logo detectados pelo inimigo, porque estavam usando equipamentos de comunicação realmente antigos da década de 1950", disse ele.

O líder de um grupo de veteranos em Pequim, que também pediu anonimato, disse que, como os homens que morreram na guerra sino-vietnamita não foram reconhecidos pelo PLA, era impossível obter financiamento do governo para cuidar de suas sepulturas, a maioria das quais estão espalhados por áreas remotas ao longo da fronteira entre os dois países. Ele e seus associados confiaram muito na caridade do público para cobrir o custo do trabalho de manutenção, disse ele.

Hu, de Changsha, disse que ele e outros veteranos iriam visitar os túmulos de seus companheiros mortos depois que o aniversário passasse.

"Muitos deles tinham apenas 18 ou 19 anos quando morreram e não eram casados", disse ele. "A maioria dos pais se foi e não sabemos quanto tempo mais poderemos visitar seus túmulos, pois também estamos envelhecendo.

"Cada vez menos de nós estão vindo para nossas reuniões, as quais são o único lugar em que podemos obter algum reconhecimento e conforto", disse ele.

Os veteranos dizem que visitarão os túmulos de seus companheiros caídos quando o aniversário tiver passado.

Zhong, que disse que peticionou a Pequim quase 10 vezes por melhor tratamento, disse que continuará lutando pela honra dele e de seus camaradas.

"Merecemos ser respeitados e poder viver com dignidade à medida que a China se torna mais rica e mais forte", disse ele.

Antony Wong, um observador militar com sede em Macau, disse que o governo e os militares devem pedir desculpas publicamente aos veteranos da guerra sino-vietnamita e conceder-lhes a honra e o reconhecimento que merecem.

"Pequim deve reconhecer sua contribuição para o país e o fato de terem sofrido por causa do mau julgamento da liderança", disse ele.

"Apenas um pedido de desculpas pode impedi-los de organizar protestos e ajudar a curar suas feridas mentais e físicas".

Minnie Chan é uma jornalista premiada, especializada em reportagens sobre defesa e diplomacia na China. Sua cobertura do acidente do avião espião EP-3 dos EUA com um J-8 do PLA, em 2001, perto do Mar da China Meridional lhe abriu a porta para o mundo militar. Desde então, ela teve vários furos jornalísticos relacionados ao desenvolvimento militar da China. Ela está no Post desde 2005 e possui um mestrado em relações públicas internacionais pela Universidade de Hong Kong.