sexta-feira, 31 de julho de 2020

O Batalhão Francês da ONU na Coréia


Extrato do livro "Guerra da Coréia: Nem vencedores, nem vencidos":

O batalhão de infantaria francês (primeiro combate no início de janeiro de 1951) era composto por combatentes profissionais e comandado por um general muito condecorado, que fora seriamente ferido na Primeira Guerra Mundial e que aceitou ser rebaixado a tenente-coronel para assumir o comando da tropa na Coréia. Por motivo desconhecido [para salvaguardar sua família na França sob ocupação nazista enquanto comandava a 13e DBLE pela França Livre], adotou o nom de guerre "Ralph Monclar" no lugar do seu nome verdadeiro - General de Corps d'Armée Magrin Vernerrey. Os franceses, como o General Ridgway e os turcos, acreditavam na eficiência da baioneta. (A própria palavra bayonette deriva da cidade francesa de Bayonne.) Eles também desenvolveram suas próprias e terríveis táticas de "aço frio": cavavam duas linhas paralelas de trincheiras e deixavam que os comunistas ocupassem a primeira delas; depois, antes que o inimigo consolidasse suas posições, os combatentes franceses saltavam inopinadamente da segunda e executavam um ataque de surpresa, espetando os chineses com suas pontiagudas baionetas. Se os chineses progrediam ao som de enervantes buzinas e clarins, os franceses, da mesma forma, assaltavam as posições inimigas acionando manualmente estridentes sirenes. Não foi surpresa que essa força, descrita por confusos observadores americanos como "argelinos meio loucos", recebessem três Menções Americanas Presidenciais para Unidade por seus atos de bravura na Cota 543, em Chipyong-ni e em Hongchon, e foi o General MacArthur em pessoa quem entregou as duas primeiras distinções. O feito mais notável, pelo qual, estranhamente, o batalhão não recebeu menção presidencial, foi a atuação na tomada da crista Heartbreak - mais uma vez, mediante carga de baioneta. Os franceses eram também peritos no emprego do apoio de blindados, em particular porque o oficial de ligação francês na unidade à qual o batalhão estava adido, o 23º Regimento de Infantaria americano, era especialista em carros de combate, e também porque o comandante da companhia de carros daquele regimento, por acaso, falava francês fluentemente! Não foi surpreendente que os franceses se considerassem quase parte integrante total do 23º, que muito se envaidecia em ter em sua organização aqueles ferozes combatentes, embora manifestassem algumas reservas quanto à atitude deles em relação à cadeia de comando.



As baixas francesas durante a guerra foram as proporcionalmente mais elevadas entre os contingentes do UNC, salvo os americanos e sul-coreanos: 262 mortos, 1.008 feridos, 9 desaparecidos em ação e 10 prisioneiros de guerra. Por outro lado, a situação dos prisioneiros de guerra franceses nos cativeiros comunistas tornou-se bem mais confortável do que a dos outros prisioneiros da ONU porque os chineses, inteligentemente, os designaram como cozinheiros dos campos! O "sistema de rodízio" francês sinalizou também a natureza daquela unidade. Os homens eram todos considerados profissionais. Por que deveriam eles sair da Coréia enquanto lá grassava uma guerra? Um soldado francês não deixava a Coréia a menos que ficasse hors de combat. Embora as comparações sejam, em geral, detestáveis, pode-se argumentar que os franceses proporcionaram a melhor unidade para o UNC na Coréia.

- Stanley Sandler, A Guerra da Coréia, Capítulo 9: A Primeira Guerra das Nações Unidas, pg. 216-217.


Bibliografia recomendada:

A Guerra da Coréia: Nem Vencedores, Nem Vencidos.
Stanley Sandler.


Bataillon de Corée: Les volontaires français 1950-1953.
Erwan Bergot.

Leitura recomendada:



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