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sábado, 12 de dezembro de 2020

FOTO: T-34 holofote capturado pelos soviéticos

Um T-34 usado pelos alemães (ele tem uma Balkenkreuz na torre) sendo inspecionado pelos soviéticos. No lugar do canhão, ele tem um par de holofotes na torre.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 12 de dezembro de 2020.

Em serviço alemão, o T-34 era designado Panzerkampfwagen 747(r). Muitos desses Beutepanzer foram modificados para diversas funções, incluindo um blindado de manutenção sem torre (Bergepanzer) que depois foi capturado na Normandia pelos poloneses e preservado no Museu de Blindados de Saumur.

No final de 1941, os T-34 capturados foram transportados para oficinas alemãs para reparos e modificação dos requisitos alemães. Em 1943, uma fábrica de tanques local em Kharkov foi usada para esse propósito. Às vezes, e assim como outros Beutepanzer, esses T-34 capturados eram modificados para os padrões alemães pela instalação de uma cúpula do comandante e equipamento de rádio.

Carros T-34, modelos de 1943, em serviço alemão em janeiro de 1944.

Os primeiros T-34 capturados entraram em serviço alemão durante o verão de 1941. Para evitar erros de reconhecimento, cruzes de grande dimensão ou mesmo suásticas foram pintadas nos tanques, inclusive no topo da torre, para evitar ataques de aeronaves do Eixo . Tanques gravemente danificados eram cavados como casamatas ou usados para fins de teste e treinamento.

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Bibliografia recomendada:


Leitura recomendada:

Análise alemã sobre o carros de combate aliados8 de agosto de 2020.

FOTO: Guerra de bolas de neve durante uma guerra de verdade19 de setembro de 2020.

FOTO: Carro de Combate T-34/85 cubano modificado com um canhão D-304 de agosto de 2020.

FOTO: Demonstração de blindados da SS Das Reich, 4 de fevereiro de 2020.

GALERIA: Carros de combate Hotchkiss H35 na Iugoslávia12 de março de 2020.

GALERIA: O Renault R 35 em serviço na Romênia26 de abril de 2020.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

sábado, 31 de outubro de 2020

FOTO: Soldado russo da Wehrmacht

Oficial russo do ROA mostrando suas condecorações. Além do distintivo de Assalto de Infantaria (no bolso do peito, contendo um fuzil com baioneta), o oficial recebeu quatro medalhas Ostvolk de segunda classe. 

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 31 de outubro de 2020.

O Exército Russo de Libertação (em alemão Russische Befreiungsarmee; em russo Русская освободительная армия/ Russkaya osvoboditel'naya armiya, POA/ROA). Conhecido como "O Exército de Vlasov", o ROA era um exército colaboracionista da Wehrmacht composto por russos e minorias étnicas recrutados principalmente nos lotados campos de prisioneiros e de um certo número de Ostarbeiter (literalmente "trabalhadores orientais", mão-de-obra escrava); além de alguns russos brancos emigrados.

Batalhões de Osttruppen serviram durante a guerra em várias capacidades (como guerra anti-partisan) e 42 batalhões serviram na Europa Ocidental (na França, Bélgica, Itália, Finlândia). 

O ROA atingiu o nível de Corpo de Exército, elevando-se a 50 mil homens, sendo liderado por Andrey Vlasov, um general do Exército Vermelho que havia sido capturado durante uma operação visando romper o cerco a Leningrado; seu nome criou o apelido de Vlasovtsy (Власовцы) para seus homens. Em 14 de novembro de 1944, o ROA passou a ser conhecido como Forças Armadas do Comitê para a Libertação dos Povos da Rússia (Вооружённые силы Комитета освобождения народов России/ Vooruzhonnyye sily Komiteta osvobozhdeniya narodov Rossii, abreviado como ВС КОНР/ VS KONR); passando para o controle deste comitê em 28 de janeiro de 1945.

Uma curiosidade do ROA é a Ordem nº 65 de Vlasov para prevenir a dedovshchina, o trote violento, no Exército de Libertação da Rússia, emitida em 3 de abril de 1945.

Medalha Ostvolk

Medalha Ostvolk de 2ª classe com espadas.

A Medalha de Galanteria e Mérito para Membros dos Povos Orientais (Tapferkeits und Verdienstauszeichnung für Ostvölker) foi uma condecoração militar e paramilitar da Alemanha nazista. Estabelecida em 14 de julho de 1942, foi concedida a militares da então União Soviética chamados pelos alemães de Ostvolk (literalmente "povos orientais"), que se voluntariaram para lutar ao lado das forças alemãs. A medalha é às vezes chamada de OstvolkmedailleMedalha Ostvolk ou Medalha dos Povos Orientais.

A medalha tinha duas classes, 1ª e 2ª, e cada versão de ambas as classes poderia ser concedida com espadas por bravura ou sem espadas por mérito. A 1ª classe era atribuída apenas a quem já tivesse recebido a 2ª classe embora, excepcionalmente, as duas classes pudessem ser atribuídas em conjunto. Mulheres, por exemplo enfermeiras, também eram elegíveis.

General Vlasov com seus Vlasovtsy, 1944.

Epílogo

O Exército de Vlasov teve uma única batalha de monta contra o Exército Vermelho, no rio Oder, sendo forçados a recuar depois de 3 dias de combates violentos. O General Vlasov iniciou uma marcha para o sul com o intuito de se render para os aliados ocidentais. No caminho, a 1ª Divisão do ROA se engajou na insurreição de Praga contra as tropas SS que foram despachadas para arrasarem a cidade em maio de 1945. Essa mudança de lado visava, principalmente, atrair a simpatia dos aliados já que os soldados do ROA sabiam que seriam executados como traidores pelos soviéticos. Mesmo assim, o conselho comunista de Praga ordenou que a divisão deixasse a cidade no mesmo dia em que a batalha acabou e muitos resistentes tchecos capturaram Vlasovtsy e os entregaram ao Exército Soviético.

O ROA se rendeu aos aliados americanos e britânicos na Áustria. Mais de mil Vlasovtsy se renderam à 44ª Divisão de Infantaria americana com a promessa de que não seriam devolvidos aos soviéticos. Em um movimento que o comando aliado manteve em segredo por muitos anos, eles foram então entregues à força aos soviéticos pelos aliados, devido a um acordo anterior entre Churchill e Stálin de que todos os soldados do ROA seriam devolvidos à URSS. Alguns oficiais aliados que simpatizavam com os soldados ROA permitiram que eles fugissem em pequenos grupos para as zonas controladas pelos americanos.

Com base no relato não-publicado do oficial de inteligência da 44ª Divisão que se encontrou com Vlasov e negociou sua rendição na Áustria, a rendição envolveu garantias da sede do SHEAF (Supreme Headquarters Allied Expeditionary Force / Quartel-General Supremo da Força Expedicionária Aliada), em Paris, de que os integrantes do ROA que se rendessem aos americanos não seriam enviados de volta aos soviéticos. Seu relato permaneceu inédito porque na época da sua morte, o documento ainda era considerado altamente secreto.

O governo soviético decretou todos os soldados e civis do ROA como traidores, e aqueles que foram repatriados foram julgados e condenados à detenção em campos de prisioneiros ou executados. O próprio Vlasov e vários outros líderes do ROA foram julgados e enforcados em Moscou em 1º de agosto de 1946.

Na cultura popular

Um exército basicamente esquecido, o ROA permaneceu fora da mídia e da cultura popular por muitas décadas.  Apesar de ser um ponto central do enredo do filme e jogo "007 contra Goldeneye" (GoldenEye, 1995), e mesmo com tanto o filme quanto o jogo sendo extremamente populares na mundo todo na época, a maioria dos telespectadores não percebeu a referência.

Cena do filme GoldenEye sobre Travelyan e os "Cossacos de Lienz" 


A trama envolve o ressentimento do vilão Alec Trevelyan (interpretado por Sean Bean), conhecido como "Janus", filho de "Cossacos de Lienz" que "sobreviveram à traição britânica e aos esquadrões de execução de Stálin". Janus planeja a destruição da economia britânica por causa da traição britânica em Lienz, na Áustria.

O pai e sua família sobreviveram, mas, atormentado pela "culpa do sobrevivente", seu pai acabou matando sua esposa, então suicidando-se, deixando Alec órfão. 

Bond (interpretado por Pierce Brosnan) diz sobre a repatriação forçada, "Não foi exatamente nosso melhor momento", sendo respondido por Valentin Zukovsky (interpretado por Robbie Coltrane), o ex-espião da KGB tornado um chefão da máfia russa, que os cossacos eram "gente cruel" e "tiveram o que mereciam".


Em 28 de maio de 1945, o Exército Britânico chegou ao Camp Peggetz, em Lienz, onde havia 2.479 cossacos, incluindo 2.201 oficiais e soldados. Foram convidar os cossacos para uma importante conferência com oficiais britânicos, informando-os de que voltariam a Lienz às 18 horas daquela noite; alguns cossacos ficaram preocupados, mas os britânicos garantiram-lhes que tudo estava em ordem. Um oficial britânico disse aos cossacos: "Garanto-vos, com a minha palavra de honra como oficial britânico, que vão apenas a uma conferência". A repatriação dos cossacos de Lienz foi excepcional, porque os cossacos resistiram com força à sua repatriação para a URSS; um cossaco observou: "O NKVD ou a Gestapo teriam nos matado com cassetetes, os britânicos o fizeram com sua palavra de honra".

Julius Epstein, um judeu-austríaco trabalhando como correspondente de guerra, descreveu a cena que ocorreu:

"O primeiro a cometer suicídio, por enforcamento, foi o editor cossaco Evgenij Tarruski. O segundo foi o general Silkin, que atirou em si mesmo... Os cossacos se recusaram a embarcar nos caminhões. Soldados britânicos [armados] com pistolas e cassetetes começaram a usar seus cassetetes, mirando nas cabeças dos prisioneiros. Eles primeiro arrastaram os homens para fora da multidão e os jogaram nos caminhões. Os homens pularam pra fora. Eles os espancaram de novo e os jogaram no piso dos caminhões. Novamente, eles pularam pra fora. Os britânicos então os atingiram com coronhas de fuzil até que ficassem inconscientes e os jogaram, como sacos de batatas, nos caminhões."

Os britânicos transportaram os cossacos para uma prisão onde foram entregues aos soviéticos.

"Certos eventos inspirados em 'Um Escritor em Guerra' de Vasily Grossman, editado e traduzido por Antony Beevor e Luba Vinogradova."
Cena dos créditos do jogo Company of Heroes 2.

Foi apenas com o jogo Company of Heroes 2 (2013) que o ROA finalmente entrou na cultura popular moderna, quando virou uma unidade jogável. Esse jogo atraiu a atenção pela inclusão de massacres e crimes de guerra enquanto o protagonista narra a sua experiência na Frente Leste de dentro de uma cela na Sibéria. Essa exposição gerou uma nova onda de livros sobre o assunto.

O jogo menciona a execução de prisioneiros, a famosa Ordem nº 227, a traição contra resistentes poloneses e os expurgos da NKVD no pós-guerra. Um dos outros pontos de contenda foi a menção ao programa de Empréstimo e Arrendamento, com tanques Sherman americanos enviados para os soviéticos. Muitos dos cenários foram tirados do livro "Um Escritor em Guerra", de Vasily Grossman.

Os soldados Vlasovtsy do ROA são uma unidade de infantaria designada simplesmente como Osttruppenusada como "bucha de canhão" pelo Ostheer (literalmente "Exército do Leste"), a facção alemã da Frente Russa.

Osttruppen no jogo Company of Heroes 2.

Bibliografia recomendada:

Hitler's Russian & Cossack Allies 1941-45.
Nigel Thomas PhD e Johnny Shumate.

Orders, Decorations, Medals and Badges of the Third Reich
(Including the Free City of Danzig)
David Littlejohn e o Coronel C.M. Dodkins.


Leitura recomendada:




sábado, 19 de setembro de 2020

FOTO: Guerra de bolas de neve durante uma guerra de verdade

Soldados alemães fazendo uma guerrinha de bolas de neve nos Bálcãs, janeiro de 1944.

Soldados alemães jogando bolas de neve uns nos outros em algum lugar nos Bálcãs. Atrás deles está um T-34 capturado e colocado em uso na guerra anti-partisan na região.

Bibliografia recomendada:


Leitura recomendada:

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Rússia restaura tanques T-34 soviéticos recuperados no Laos1º de março de 2020.

Compreenda a doutrina russa por meio da cultura militar soviética11 de setembro de 2020.

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sexta-feira, 18 de setembro de 2020

FG42: À frente do seu tempo e esquecida

Um Fallschirmjäger alemão posa com seu FG42 de um modelo inicial (Ausführung "C") na Normandia, França, 1944. As miras frontal e traseira estão dobradas para baixo e o bipé está rebatido contra a parte inferior do cano.

Por Mike Perry, SOFREP Magazine, 26 de abril de 2014.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 18 de setembro de 2020.

Em 1941, a Luftwaffe alemã, assim como o Exército, começou a perceber a necessidade de desenvolver uma arma para substituir o fuzil de ferrolho e a submetralhadora. Mas, enquanto o Exército buscava desenvolver um novo cartucho junto com suas armas, a Luftwaffe escolheu ficar com o cartucho de fuzil padrão de 7,92x57mm para atender a um requisito de capacidade de longo alcance e permitir que a arma atue como uma metralhadora leve. O que resultou foi a arma de combate mais exclusiva e avançado a ver ação na Segunda Guerra Mundial. E, no entanto, uma das quais poucas pessoas já ouviram falar.

No início, a Luftwaffe queria um fuzil que pudesse ser carregado por seus paraquedistas em vez de pousar separadamente em contêineres. Até então, as submetralhadoras e pistolas MP-38/40 eram as únicas armas portáteis com as quais suas configurações de pára-quedas permitiam um salto seguro.

Esquemática do pára-quedas RZ e o contêiner de armamento.
(Velimir Vuksic/ Osprey Publishing)

A especificação, conhecida como LC-6, exigia um projeto que pesava aproximadamente o mesmo que o fuzil de ação de ferrolho K98, porém mais curto, onde não deveria exceder 39,4 polegadas (102cm). Era para ter seleção de tiro, disparando tiros únicos de um ferrolho fechado para melhor precisão, e ferrolho aberto para fogo automático a 900rpm permitindo melhor resfriamento. Os carregadores deveriam ser destacáveis, com capacidade para 10 a 20 tiros. Um encaixe de luneta era desejado, junto com miras de ferro dobráveis dianteiras e traseiras que poderiam ser usadas mirando por baixo da luneta. Finalmente, a arma precisava ser capaz de disparar todo o inventário de granadas de fuzil.

A arma parecia da era espacial para sua época. Operando por um método de pistão de curso longo, tinha 37,2 polegadas (94cm) de comprimento e pesava 9,3 libras (4,2kg) vazio. Ele tinha um grande freio-de-boca regulado anexado à extremidade do cano para atenuar o recuo, embora com o disparo automático usando um cartucho de tamanho grande seu efeito permanecesse marginal na melhor das hipóteses.

Dois fuzis FG42 com mira telescópica montada. O FG 42 superior é um Ausführung E/Tipo I, e o FG 42 inferior é um Ausführung G/Tipo III mais recente.
(Fotografia tirada no Museu do Exército Brasileiro)

Para ajudar ainda mais no controlabilidade, ele incorporou um traçado em linha reta, o que significa que a coronha ficava nivelada com a alma do cano para ajudar a minimizar a elevação da boca do cano. No topo do seu receptor estava um telescópio removível tanto da série ZFG quanto da ZF-41, enquanto acoplado e montado abaixo do cano estava um bipé dobrável. A munição era alimentada do lado direito em um carregador tipo cofre e talvez a característica mais incomum de todas foi sua empunhadura de disparo, que estava em um ângulo agudo como nenhuma outra arma durante o conflito.

No início de 1943, Rhienmettal-Borsig começou a produção dos primeiros 2.000 para testes de combate, até que outra empresa, Heinrich Kriegoff, assumiu depois que a Rheinmettal se mostrou incapaz de produção em massa. Os paraquedistas geralmente favoreciam o projeto e o usaram em sua primeira ação de combate famosa* durante o assalto de planador nas montanhas do Gran Sasso, Itália, para resgatar o ditador deposto Benito Mussolini de um grupo guerrilheiro. Fotografias subsequentes mostram paraquedistas carregando a arma que, estranhamente, nunca disparou um tiro durante a ação, assim como nenhuma das outras armas de fogo. Nos meses seguintes, o fuzil foi empregado em pequenos números na Itália, até sua batalha mais famosa em Monte Cassino.

*Nota do Tradutor: A primeira ação de combate do FG42 foi a Operação Achse (Eixo) de 8 a 19 de setembro de 1943, a invasão alemã da Itália após o armistício de Cassibile.

Seguindo o armistício italiano em setembro de 1943, Fallschirmjägers supervisionam o desarmamento de tropas italianas em Roma.
O paraquedista em primeiro plano tem um FG42/I sobre o ombro enquanto o seu companheiro tem uma submetralhadora MP40.

Fallschirmjäger lutando nas ruínas do Monte Cassino na Itália, 1944.
Seu FG42/I está apoiado em uma caixa de granadas; os soldados usando esse fuzil frequentemente percebiam que apoios sólidos forneciam apoio melhor que o bipé integral.

De 17 de janeiro a 18 de maio de 1944, um grupo de pára-paraquedistas, muitos deles armados com o FG42, travou um ciclo de batalhas violentas nas ruínas de um antigo mosteiro no topo de uma colina chamada Monte Cassino, que dava para uma estrada solitária que levava a Roma. Apesar das árduas batalhas para desalojá-los, os paraquedistas se mantiveram firmes e só desistiram quando ordenados a evacuar*. O FG42 deu uma boa conta de si mesmo à medida que mais novos modelos da 2ª e 3ª edições chegavam, apresentando pequenos refinamentos como aumento de peso para 10,9 libras (4,8kg), redução da cadência para 750rpm e empunhadura em formato padrão.

*Nota do Tradutor: Isto se deu porque o Corpo Expedicionário Francês, contendo experientes montanheses goumiers, nativos do Marrocos, flanquearam a posição alemã no Monte Cassino, transpondo o rio Garigliano, e forçaram a linha de defesa alemã a recuar. Esse evento foi tratado pelo blog aqui.

Fallschirmjäger alemão em uma toca na Normandia no verão de 1944. Ele tem seu FG42 e duas granadas-de-mão.

O próximo uso generalizado do FG42 foi nas batalhas de sebes e na retirada em combate da Normandia após a invasão do Dia D em junho. O fuzil permaneceu em combate onde quer que o número cada vez menor de paraquedistas fosse empregado, até a rendição da Alemanha em 7 de maio de 1945.

Os exemplos entregues foram vistos com curiosidade pelos Aliados, que os testaram para aprender sobre suas qualidades salientes. Os Estados Unidos, por exemplo, fizeram um protótipo chamado metralhadora leve T44 alimentada por correia e usaram alguns de seus recursos para projetos futuros, como o M60. Além disso, a arma rapidamente desapareceu na história, principalmente porque era cara e nunca teve a intenção de preencher uma necessidade além das forças aerotransportadas. Ao todo, apenas cerca de 7.000 saíram da linha de produção.

Um soldado de infantaria americano exibe um FG42/I capturado.
Observe a coronha distinta, que foi reduzida em modelos posteriores, além das dimensões compactas da arma em comparação com o soldado.

Uma arma especial destinada a homens especiais, os poucos em mãos privadas hoje recebem um prêmio de dezenas de milhares de dólares quando (raramente) são colocados à venda. Os museus mantêm punhados de outros espécimes, dando aos curiosos um vislumbre de uma das armas mais notáveis já feitas, para sempre apenas uma nota de rodapé no mundo das armas de combate.

Vídeos recomendados:


Bibliografia recomendada:

German Automatic Rifles 1941-145:
Gew 41, Gew 43, FG 42 and StG 44,
Chris Mcnab.

Leitura recomendada:

Gun Review: Uma análise aprofundada de um Sturmgewehr alemão18 de fevereiro de 2020.

FOTO: GI com um fuzil de assalto StG-44, 6 de julho de 2020.

Garands a Serviço do Rei18 de abril de 2020.

A submetralhadora MAS-385 de julho de 2020.

A metralhadora leve Chauchat: não é realmente uma das piores armas de todos os tempos11 de fevereiro de 2020.

Tentativas da Argentina de um fuzil indígena21 de abril de 2020.

Comandos Navais franceses com fuzis CETME23 de janeiro de 2020.

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Como vídeos sobre armas de fogo antigas se tornaram um canal de sucesso no YouTube10 de março de 2020.

sábado, 8 de agosto de 2020

Análise alemã sobre o carros de combate aliados

Tanques M4A1 Sherman "War Daddy II" e M3 Lee sendo testados em Kummersdorf, na Alemanha, em 1943. (Colorização de Piece of Jake)

Tradução Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 8 de agosto de 2020.

Segue a tradução para o português de um artigo do jornal semanal alemão Das Reich (O Império) que descreve os tanques aliados, publicado em junho de 1943, e que foi traduzido e publicado pelo departamento de guerra americano (U.S. War Department) no Tactical and Technical Trends, nº 35, de 7 de outubro de 1943.

Capa do Das Reich de janeiro de 1943.

O Das Reich foi um jornal semanal fundado por Joseph Goebbels, o ministro da propaganda nazista, em maio de 1940 e foi publicado pela Deutscher Verlag. O jornal continha reportagens, ensaios sobre vários assuntos, resenhas de livros e um editorial escrito por Goebbels. Parte do conteúdo foi escrito por autores estrangeiros. Com exceção do editorial de Goebbels, o Das Reich não compartilhava o tom de outras publicações nazistas, mantendo a objetividade (como pode ser visto nesta análise traduzida). Ele era considerado uma opção mais sofisticada que o Der Völkische Beobachter (O Observador Popular).

Tactical and Technical Trends (Tendências Táticas e Técnicas) era um periódico do serviço de inteligência americano (U.S. Military Intelligence Service), inicialmente bi-semanal e depois mensal, que foi publicado de junho de 1942 a junho de 1945.

Soldado alemão lendo o Das Reich na União Soviética, 1941.
Sua circulação cresceu de 500.000 em outubro de 1940 para mais de 1.400.000 em 1944.

Comentário alemão sobre tanques inimigos

M4A1 Sherman "War Daddy II" com a 1./Komp. Panzer Abt. 501 no campo de provas de Kummersdorf, em 1943.
O War Daddy pertencia à Companhia G do 1º Batalhão de Tanques, do 1º Regimento Blindado da 1ª Divisão Blindada "Old Ironsides", e foi capturado na Tunísia.

O Alto Comando Alemão (Oberkommando der Wehrmacht, OKW) mantém um museu de tanques capturados - ou pode-se dizer uma espécie de escola técnica onde alguns de nossos engenheiros mais qualificados e vários oficiais especialmente escolhidos para o propósito estão testando aqueles monstros da cavalaria de batalha inimiga, testando sua adaptabilidade ao terreno, seu poder de resistência ao ataque e suas qualidades especiais adequadas para o emprego no ataque. Esses testes são realizados em uma região florestal da Alemanha central, onde o terreno subindo e descendo é cortado por ravinas e todo tipo de depressão do solo. Os resultados estão incorporados em longas tabulações não muito diferentes daquelas preparadas por laboratórios científicos, e em recomendação aos projetistas de contra-armas alemãs, que as transmitem às fábricas de tanques e lojas de armamento. O tipo de combate realmente realizado na frente é representado aqui em encontros de faz de conta elaborados até o último ponto de refinamento.

O oficial encarregado dessas experiências desenvolveu uma tese que é extremamente interessante, ainda que os quartéis-generais superiores não estejam, sem exceção, de acordo com ele. Ele afirma que os vários tipos de tanques refletem traços psicológicos das nações que os produziram.

Hotchkiss H35 da 7ª Divisão de Montanha de Voluntários SS "Príncipe Eugen" (7. SS-Freiwilligen Gebirgs-Division "Prinz Eugen") nos Bálcãs.

Os franceses produziram uma série de "chars" não-manobráveis, mas fortemente blindados, que incorporam a doutrina francesa de defesa. Eles são concebidos como blocos sólidos de ferro para ajudar as tropas a tornar a frente defensiva solidificada ainda mais rígida. Os tipos de tanques Renault e Hotchkiss contribuíram indiretamente para a estagnação da situação militar. Estava fora de questão para esses tanques franceses enxamearem adiante em conquista nas planícies do território inimigo, disparando impetuosamente à frente por distâncias de centenas de quilômetros. Suas tripulações normalmente consistiam de apenas dois homens cada. Era impossível para esses tanques cooperar como membros de uma formação complexa. A comunicação de um tanque para outro era limitada ao método primitivo de olhar através dos olhos mágicos nessas celas de aço.

Char 2C "Champagne" capturado pelos alemães em uma ferrovia, 1940.

Os franceses ainda possuem, desde o período logo após a Primeira Guerra Mundial, um encouraçado de 72 toneladas, cujo peso é distribuído ao longo de três a quatro caminhões subterrâneos de ferrovia; carrega uma tripulação de treze pessoas; mas sua blindagem é de um tipo que simplesmente se desfaz como estanho sob o fogo de um canhão moderno. Ainda em 1940, havia pessoas na França que exigiam um número cada vez maior desses navios de terra firme e queriam que tivessem uma construção mais robusta do que nunca. Mas as tropas alemãs encontraram esses tanques de 72 toneladas apenas na forma de transporte de carga imóveis ainda não descarregados nas zonas de combate.

Crusader II capturado sendo inspecionado por dois italianos no norte da África.

Na opinião dos especialistas, os tanques ingleses da classe dos cruzadores chegam muito mais perto de satisfazer os requisitos de um tanque adequado para uso prático na guerra atual. O próprio nome indica que a ideia básica foi herdada da construção naval. Esses tanques estão equipados com um bom motor e são capazes de navegar por grandes áreas. A quantidade de blindagem foi reduzida por uma questão de maior velocidade e maior raio de cruzeiro. Taticamente, esses tanques são mais ou menos uma contraparte das formações de torpedeiros, nos espaços infinitos do oceano. Eles são mais bem adaptados - e este é um fator bastante significativo - para as áreas quentes e pouco povoadas do império colonial inglês. O tanque inglês é um tanque da África. Possui uma corrente de piso estreita. Não chegou muito ao primeiro plano no continente europeu. Um tanque para uso na Europa, aparentemente, é algo para o qual os ingleses não mostram tanto talento.

Tanque Crusador Mark IV A13 capturado pelos alemães na Grécia, 1941.

Em território soviético, o tanque inglês foi um fracasso; e compartilha esse destino com os tanques norte-americanos, os quais não eram muito apreciados pelo aliado soviético. Esses tanques norte-americanos incluem, por exemplo, o "General Stuart", um tanque de reconhecimento e retaguarda, cheio de metralhadoras, bem como o "General Lee". Embora este último possua qualidades motoras louváveis, seus contornos não são bem equilibrados e sua silhueta é bizarra e alta demais.

Essa crítica não se aplica, entretanto, ao desenvolvimento norte-americano mais recente, o "General Sherman";. Este último representa uma das conquistas especiais dos laboratórios norte-americanos. Com sua coroa em forma de tartaruga erguendo-se em uma única peça acima da "barrica"; e da torre, deve ser considerado um produto bastante louvável da indústria siderúrgica norte-americana. As primeiras coisas a atrair a atenção são a construção em série e o cumprimento dos requisitos quase arrogantes da indústria automobilística norte-americana no que diz respeito à velocidade, condução suave e contorno aerodinâmico do conjunto. É equipado com sapatas de borracha macia, ou seja, com forro de borracha nos trilhos individuais do mecanismo da lagarta. Parece em grande parte destinado a uma paisagem civilizada ou, para colocar a questão em termos de estratégia, a áreas totalmente cultivadas na África tunisiana e à invasão da Europa. Representa o clímax das conquistas do inimigo nesta linha de produção. Mas não podemos ter uma perspectiva adequada até examinarmos também a produção de tanques dos soviéticos.

O War Daddy II, número de série 25816/USA 3067641, foi um dos 134 M4A1 Shermans construídos pela Lima Locomotive Works em julho de 1942.
Foi colocada uma placa alemã em uma lanterna dianteira.

O T-34 usado pelos russos no início das hostilidades em 1941 era na época o melhor tanque produzido em qualquer lugar - com sua arma de cano longo de 76mm, sua tampa em formato de tartaruga, as laterais inclinadas de sua "barrica, "o largo passo em forma de pata de gato de suas correntes de lagarta forjadas, capaz de transportar este tanque de 26 toneladas por pântanos e charcos não menos do que pelas areias abrasivas das estepes. Nesta questão, a União Soviética não aparece no papel de proletário explorado, mas antes como exploradora de todos os vários ramos da indústria e da invenção capitalistas. Alguns dos aparelhos foram copiados tão de perto das invenções alemãs que a empresa alemã Bosch foi capaz de construir suas próprias peças de reposição não-modificadas no aparelho construído pelos soviéticos.

A União Soviética era a única nação do mundo a possuir, mesmo antes da chegada da guerra atual, uma série de tanques completamente aperfeiçoados e experimentados. Os soviéticos tinham esses tanques, por exemplo, no outono de 1932. Baseando seu procedimento na experiência adquirida em manobras, os russos desenvolveram, de forma independente, novas séries adicionais, construindo, em certa medida, baseados em avanços no exterior, como aqueles incorporados no rápido tanque Christie (velocidade 90 a 110km) dos norte-americanos.

Carros T-34, Panzer III e Panzer VI Tiger em uma demonstração da Divisão SS Das Reich para Himmler na região de Kursk, em abril de 1943.

Como a Alemanha e Inglaterra, a União Soviética então encontrou um tanque construído para uso em unidades operacionais separadas. Grupos desses tanques operam isolados em zonas avançadas de combate, a distâncias crescentes da infantaria. Apenas uma pequena força de tanques é colocada em ação para cooperação tática com as forças de infantaria. Essa, pelo menos, era a ideia. E, de fato, o T-34 foi considerado adequado para esse tipo de ação - embora em muitos casos apenas para cobrir uma retirada. Mas mesmo para este tipo de tanque, a guerra posicional tem, em muitos casos, o resultado de restringir a concepção operacional do projetista e do estrategista à faixa mais estreita do emprego tático.

O T-35, com três torres e blindagem lateral reforçada, abandonado pelos soviéticos e encontrado pelos alemães, 1941.

A União Soviética também construiu uma imitação - na verdade, duas imitações - de um tanque anfíbio construído pela Vickers-Armstrong. Outra variante do pensamento soviético sobre o assunto veio à tona quando os russos construíram um navio de guerra terrestre de 52 toneladas com 3 torres, um veículo de aparência bastante impressionante, mas dotado de paredes que não eram robustas o suficiente para servir ao propósito. O primeiro desses monstros quebrou na lama a uma curta distância de Lemberg, em 1941. Depois disso, eles foram encontrados cada vez mais raramente; e finalmente eles foram abandonados completamente.

A tripulação de um Tiger I aguarda por suprimentos na Tunísia, 1943.
O gigante de aço atrai a curiosidade de aliados italianos e civis árabes. (Colorização de Julius Jääskeläinen)

Para avaliar adequadamente as criações de tanques mais recentes, como o norte-americano "General Sherman" ou o alemão "Tiger", deve-se aprender a ver um tanque incorporando uma combinação de poder de tiro, velocidade e resistência ou, para expressar a mesma ideia mais concretamente, como uma combinação de canhão, motor e blindagem. Nesse tipo de construção, os paradoxos envolvidos nos problemas comuns da construção de carrocerias de automóveis são elevados ao seu potencial máximo. Um mero acréscimo a uma das dimensões acima indicadas, digamos o motor em si ou a blindagem em si, não tem valor.

Um tanque de movimento rápido não deve pesar muito e uma blindagem pesada não anda bem. O calibre do canhão afeta o tamanho e o peso da sua munição; e uma diferença no último é geralmente multiplicada cerca de cem vezes, uma vez que os tanques geralmente carregam cerca de 100 cartuchos como munição de reserva. Levando todas essas coisas em consideração, consideramos o "General Sherman" como incorporando um tipo de estratégia que é concebida em termos de movimento: é um tanque "de corrida", tanto mais que os americanos provavelmente esperavam usá-lo em terreno facilmente transitável, isto é, em solo europeu. O calibre do seu canhão principal é ligeiramente superior ao máximo até agora alcançado pelos países estrangeiros. É espaçoso por dentro. Seu motor de avião é leve. É um produto de série, tal como o seu revestimento de aço fundido, este último modelado num contorno quase artístico, de forma a oferecer invariavelmente uma curva, que é uma superfície de deflexão para uma bala que se aproxima.

Um M3 Stuart americano capturado pelos alemães na Tunísia, em 1943. (Colorização de Royston Leonard)

Em Túnis, os soldados alemães demonstraram sua habilidade para lidar com este tanque; mas eles sabem o perigo representado por esses tanques quando eles aparecem em grandes rebanhos. Uma inovação imponente é o equipamento de estabilização do canhão. Este equipamento é conectado a um sistema de giroscópios e permite um posicionamento uniforme e suave do canhão. Este sistema foi retirado da artilharia naval e aplicado aos choques incidentes à oscilação sobre terreno irregular, onde a estabilização, é claro, representa um problema muito mais difícil. Esta é a primeira tentativa desse tipo a ser feita em qualquer lugar.

Bibliografia recomendada:

Leitura recomendada:

PROTEÇÃO BLINDADA. O que faz de um tanque, um tanque19 de novembro de 2017.

Uma avaliação francesa do tanque Panther30 de janeiro de 2020.