Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 22 de junho de 2021.
No dia 9 deste mês foi publicado o livro The Responsibility to Defend: Rethinking Germany's Strategic Culture (A Responsabilidade de Defender: Repensando a Cultura Estratégica da Alemanha) de Bastian Giegerich e Maximilian Terhalle, que trata da análise atual da cultura estratégica alemã. O livro vem numa hora absolutamente oportuna, quando o Ocidente vem sendo desafiado por pressões multipolares, especialmente da parte da China e do mundo islâmico. Os especialistas alemães analisam o problema estratégico alemão e a visão não é nada bonita.
De forma resumida, os alemães vivem em uma falsa sensação de segurança, de onde podem desprezar suas obrigações militares enquanto as terceirizam para os Estados Unidos e seus aliados, enquanto revertem os investimentos em desenvolvimento social. Esta é a teoria, e colocou Berlim em uma posição de total desamparo estratégico em várias ocasiões.
Primeiro na Guerra Fria, com a Alemanha Ocidental com um exército sem capacidades estratégicas fora de suas fronteiras, e renunciando à missões militares de aconselhamento no estrangeiro, enquanto seu congênere socialista - o National Volksarmee (NVA) - operava agressivamente na Ásia e na África. Com a unificação alemã em 1989 e a dissolução da União Soviética em 1991, houve o de facto desmonte da Força de Defesa alemã, a Bundeswehr. Com nenhuma capacidade militar real sem aliados, tropas acima do peso e sendo, de fato e de direito, funcionários públicos com limitações de "dias de trabalho" que os impedem de participar de muitos dias de manobra consecutivos com a OTAN, Berlim teve um despertar violento quando percebeu que não podia ser opor aos movimentos unilaterais da Federação Russa de Putin.
A ascensão ou ressurgimento de poderes revisionistas, repressivos e autoritários ameaça a ordem internacional ocidental liderada pelos Estados Unidos da América, sobre a qual a segurança e a prosperidade da Alemanha no pós-guerra foram fundadas. Com Washington cada vez mais focado na ascensão da China na Ásia, a Europa deve ser capaz de se defender contra a Rússia e dependerá das capacidades militares alemãs para isso. Anos de negligência e subfinanciamento estrutural, no entanto, esvaziaram as forças armadas alemãs. Grande parte da liderança política em Berlim ainda não se ajustou às novas realidades ou percebeu a urgência com que precisa fazê-lo.
- A Alemanha deve abraçar sua responsabilidade histórica de defender os valores liberais ocidentais e a ordem ocidental que os sustenta.
- Em vez de rejeitar o uso da força militar, a Alemanha deveria casar seu compromisso com os valores liberais a uma compreensão do papel do poder - incluindo o poder militar - nos assuntos internacionais.
“A Alemanha já possui uma ‘cultura estratégica’ (…) infelizmente, essa cultura é insuficientemente estratégica por natureza”.
- Introdução
- As fontes da conduta alemã
- Política de segurança problemática da Alemanha
- Aquisições, tecnologia e indústria de defesa
- Uma nova mentalidade estratégica
- Elementos de uma nova política de segurança
A Responsabilidade de Defender: Repensando a cultura estratégia da Alemanha. |
Desinformação: Ex-chefe de espionagem revela estratégias secretas para solapar a liberdade, atacar a religião e promover o terrorismo, General Ion Mihai Pacepa. |
Leitura recomendada:
GALERIA: A revolta anti-comunista na Alemanha Oriental de 1953, 26 de fevereiro de 2020.
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