segunda-feira, 31 de maio de 2021

"Dia da Marmota" para o exército alemão conforme melhorias não saem do lugar

O recrutamento para a Bundeswehr continua sendo um problema chave, com 20.000 postos do exército ainda não preenchidos. (Sean Gallup / Getty)

Por Guy Chazan, Financial Times, 28 de janeiro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 30 de maio de 2021.

O relatório destaca a escassez de camas, postos vazios e aquartelamentos mofados.

O exército alemão ainda tem "muito pouco material, muito pouco pessoal e muita burocracia", apesar de um grande aumento no orçamento, de acordo com um relatório sobre o estado da Bundeswehr.


O relatório anual de Hans-Peter Bartels, comissário das Forças Armadas do Bundestag alemão, será uma leitura estranha para Annegret Kramp-Karrenbauer, a ministra da Defesa que tem ambições de suceder Angela Merkel como chanceler alemã.

Kramp-Karrenbauer, que já assumiu como líder da União Democrata Cristã conservadora de Merkel, foi nomeada ministra da Defesa em julho do ano passado e prometeu aumentar os gastos e melhorar o moral. Ela ganhou popularidade com reformas atraentes, como permitir que militares uniformizados viajem gratuitamente em trens alemães.

Mas o relatório de Bartels deixa claro que o Bundeswehr continua a ser atormentado por problemas profundos. Ele reconheceu que o governo estava falando sério sobre tentar modernizar as forças armadas e aumentar os gastos com defesa após anos de austeridade, mas concluiu que as mudanças “ainda não eram sentidas pelas tropas”.


Ele comparou a falta de melhorias ao Dia da Marmota (Groundhog Day), a comédia cinematográfica de 1993 em que Bill Murray revive o mesmo dia indefinidamente.

Bartels disse que o ministério da defesa não conseguiu melhorar significativamente a prontidão de combate dos principais sistemas de armas da Alemanha, como aeronaves, helicópteros e navios - um problema que tem perseguido a Bundeswehr por anos.

O recrutamento continua sendo um problema fundamental. Bartels disse que 20.000 postos do Exército permaneceram vagos e, no ano passado, o número de soldados recém-recrutados ficou em pouco mais de 20.000, 3.000 a menos do que em 2017.

A Alemanha tem sofrido enorme pressão nos últimos anos, especialmente do governo do [então] presidente dos Estados Unidos Donald Trump, para aumentar seus gastos militares. Embora tenha se comprometido a gastar 2 por cento do produto interno bruto em defesa em uma cúpula da Otan em 2014, continua longe dessa meta: Berlim diz que gastará 1,5 por cento do PIB com as forças armadas até 2025, e não alcançará a meta dos 2 por cento antes do início dos anos 2030.


Bartels disse que as despesas já estavam disparando, de € 32,4 bilhões em 2014 para € 43,2 bilhões no ano passado. Mas isso ainda não se traduziu em melhorias tangíveis no campo. Ele disse que € 1,1 bilhão destinados a equipamentos de defesa não foram gastos devido a atrasos em projetos de armamentos.

Seu relatório pinta um quadro sombrio da vida para o soldado alemão médio: mochilas com defeito, mofo nas paredes de algumas instalações do exército e camas e armários insuficientes.

Bartels reservou uma crítica especial ao complexo sistema de compras da Alemanha e disse que a obtenção de peças simples de equipamento deveria ser radicalmente simplificada "de acordo com o princípio da Ikea: escolha, pague, leve com você". Ele disse que a “solução projetada” mais complexa deve ser reservada para produtos sofisticados, como carros de combate e sistemas de defesa antimísseis.

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