terça-feira, 14 de setembro de 2021

NOHED: As Forças Especiais do Irã


Por Eren Ersozoglu, Grey Dynamics3 de setembro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 13 de setembro de 2021.


Principais descobertas sobre a NOHED:

Brigada de “Forças Especiais Aerotransportadas” NOHED, estabelecida em 1959 como parte das Forças Especiais Imperiais do Irã. As Forças Especiais dos EUA durante a década de 1960, antes da Revolução Iraniana de 1979, treinaram o grupo. O Irã utilizou principalmente o NOHED na Guerra Irã-Iraque (1980-88).

O Coronel Holako Ahmadian liderou o grupo. A brigada é a elite das unidades de forças especiais do Irã. Em 4 de abril de 2016, as autoridades anunciaram oficialmente que a NOHED estava presente na Síria para apoiar o governo Assad na Guerra Civil Síria. A narrativa oficial era de desdobramento "consultivo".

Fontes não-oficiais de altas fatalidades sofridas pela unidade aumentam a improbabilidade dessa narrativa. O general iraniano Ali Arasteh apoiou esta avaliação. Ele afirmou que comandos e atiradores de elite (snipers) de suas forças armadas podem ser usados como "conselheiros militares".

É altamente provável que a NOHED permaneça na Síria em uma capacidade consultiva e operacional.

A NOHED, em uníssono com o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) e a secreta Força Quds, tem estado muito ativa na Síria. Este artigo de inteligência da Grey Dynamics analisa a unidade de forças especiais do Irã, fornecendo informações básicas, capacidades e presença na Síria.

Operadores da NOHED no Curdistão durante a Guerra Irã-Iraque.

Os Boinas Verdes do Irã

As raízes da NOHED remontam a 1953, quando oficiais do Exército Imperial Iraniano participaram de treinamento de paraquedismo na França. O Batalhão de Paraquedistas foi estabelecido em 1959, uma reforma da Unidade de Paraquedistas criada pelos oficiais treinados na França. Esta unidade tornou-se a 23ª Brigada de Forças Especiais Aerotransportadas em 1970, adotando as boinas verdes de estilo americano. O emblema da unidade até espelhava de forma quase idêntica (antes da Revolução Iraniana) a insígnia De oppresso liber das Forças Especiais do Exército dos EUA. Isso foi o resultado do envio de quatro destacamentos operacionais de operadores de forças especiais pelos EUA para treinar o pessoal militar do Irã na década de 1960. Parte desse treinamento incluiu a 65ª Brigada de Força Especial Aerotransportada do Irã, que agora é chamada de 65ª Brigada NOHED, um componente-chave das forças especiais iranianas. A brigada é dividida em quatro unidades principais: resgate de reféns, operações psicológicas, apoio e guerra irregular.

Comandos boinas verdes iranianos.

Treinamento

Passar no treinamento para a unidade de forças especiais do Irã, apelidada de "fantasmas poderosos" dentro do exército iraniano, é extremamente difícil. Aqueles que passam no treinamento inicial de paraquedismo passam períodos de treinamento em desertos, florestas, neve, mar e montanhas. Este estágio visa cultivar a capacidade de engajar efetivamente os adversários em qualquer ambiente. Obtidos os pontos necessários nesta etapa, dá-se início à etapa de especialização. Por exemplo, a Unidade de Resgate de Reféns (Unidade-110) provavelmente envolveria ênfase no arrombamento e eliminação de bombas. Outra seção do treinamento envolve espionagem, reconhecimento e telecomunicações, bem como guerra irregular. Isso fornece a capacidade para a guerra de guerrilha. Essas características permitem a utilização da NOHED em guerras híbridas/irregulares (Iraque, Síria) para atender aos objetivos do Estado iraniano. Com aproximadamente 5.000 militares, um relatório do Poder Militar do Irã da Agência de Inteligência de Defesa de 2019 afirmou que a Brigada NOHED é a elite das forças especiais iranianas.

A Unidade de Resgate de Reféns (Unidade-110) da NOHED durante um exercício de missão de resgate de reféns, o homem da frente armado de submetralhadora Uzi.

Lista de Ataques

Ao longo da história da unidade de forças especiais iranianas, a Brigada NOHED estabeleceu sua reputação dentro dos círculos militares iranianos com ações realizadas em teatros de guerra:
  • Primeira experiência de combate na Guerra Civil de Omã 1963-76.
  • Supressão da revolta do Khuzistão de 1979.
  • Rompimento do cerco de Abadan (1980-81) durante a Guerra Irã-Iraque, as forças iraquianas que lançaram um ataque surpresa em território iraniano foram retidas com sucesso pela 23ª Brigada de Forças Especiais Aerotransportadas.
  • Durante a Guerra Irã-Iraque, a unidade conseguiu manter posições estratégicas em Dopaza e Laklak, apesar dos ataques químicos do Iraque.
  • Em uma operação simulada, a 65ª tomou e capturou centros estratégicos importantes pela capital Teerã, alcançando o sucesso da missão em 2 horas.
Existem vários relatos não-confirmados de operações clandestinas no Afeganistão e no Paquistão. No entanto, não está claro até que ponto as capacidades de guerra irregular desta unidade ocorreram ao longo da história recente.

 A pegada na Síria

A Guerra Civil Síria de 2011 levou ao governo de Assad, grupos de oposição, forças estrangeiras proxy (terceirizadas), Forças Democráticas Sírias Curdas (SDF) e forças do Estado Islâmico a ficarem engalfinhados em um conflito em curso. Um dos muitos países envolvidos foi o Irã, fornecendo ao governo Assad apoio monetário, logístico, militar e diplomático. Em abril de 2016, o brigadeiro-general iraniano Ali Aratesh informou à Agência de Notícias Tasnim que assessores da 65ª Brigada NOHED estavam estacionados na Síria. O que significa que é provável que a unidade das forças especiais do Irã estivesse presente já em 2011-12, quando oficiais de inteligência ocidentais afirmaram que 150 membros do Corpo da Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC) estavam presentes na Síria para apoiar Assad.

Em 10 de abril de 2016, reportagens afirmavam que beligerantes assassinaram um sargento da NOHED na Síria. Desde então, a atividade iraniana aumentou significativamente na Síria. Relatórios não-confirmados mostram pelo menos 30 membros da NOHED mortos apenas em 2016. O Irã utiliza combatentes xiitas do Afeganistão, Iraque, Paquistão, bem como o notório proxy Hezbollah. As forças militares apoiadas pelo Irã controlam os arredores de Damasco, com várias bases na Síria. A Síria está sofrendo com uma guerra contínua em um ambiente altamente volátil e com numerosos interesses. É nesse ambiente irregular que a Brigada NOHED foi treinada para operar e, sem dúvida, será utilizada.


Eren Ersozoglu é analista da Grey Dynamics. Ex-graduado em história pela Coventry University com foco em ligações entre terrorismo e crime organizado e estudos de inteligência e segurança, graduou-se na Brunel University.

Bibliografia recomendada:

World Special Forces Insignia.
Gordon L. Rottman e Simon McCouaig.

Leitura recomendada:

É por isso que as Forças Especiais do Irã ainda usam boinas verdes, 4 de janeiro de 2020.

COMENTÁRIO: O treinamento militar do Irã de acordo com um iraniano, 5 de fevereiro de 2021.

GALERIA: A Uzi iraniana3 de março de 2020.

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