quarta-feira, 16 de setembro de 2020

O papel da América Latina em armar o Irã

Pela equipe do TIO, Center for Security Policy, 16 de março de 2015.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 16 de setembro de 2020.

Já se passaram quase cinco anos desde que as Forças Especiais da Colômbia detiveram Walid Makled Garcia. Depois de extraditar o chefão do tráfico para seu país natal, a Venezuela, um juiz finalmente decidiu sobre seu destino no mês passado [fevereiro de 2015]. O narcotraficante foi condenado a 14 anos de prisão por tráfico de drogas e financiamento do grupo guerrilheiro conhecido como Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Fuerzas Armadas Revolucionarias da Colômbia, FARC). Vinte e quatro horas após a sentença, o presidente Nicolas Maduro mandou prender o juiz governante por ser muito leniente.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, havia informado inicialmente aos Estados Unidos em 2009 que Walid Makled havia sido detido; no entanto, o governo dos EUA não viu necessidade de extraditar o criminoso. Segundo o presidente Santos, os Estados Unidos não acreditavam que ele fosse uma pessoa de interesse. Como a administração estava errada!

Relatos de ex-confidentes de Hugo Chávez confirmam que o regime venezuelano realmente esteve envolvido na mediação de negócios entre o Irã e a Argentina. Walid Makled havia professado sua disposição de ajudar a inteligência americana a expor o apoio do governo venezuelano aos cartéis de drogas, organizações terroristas e várias nações hostis - principalmente a da República Islâmica do Irã.

Em 2007, o presidente Chávez foi uma figura-chave no estabelecimento de pagamentos para a campanha do regime iraniano à então candidata presidencial Cristina Kirchner. Em troca, os iranianos receberiam know how nuclear do ministro da Defesa argentino.

"Isso é uma questão de vida ou morte. Preciso que você seja um intermediário com a Argentina para obter ajuda para o programa nuclear do meu país. Precisamos que a Argentina compartilhe sua tecnologia nuclear conosco. Será impossível avançar com nosso programa sem a cooperação da Argentina."

Foi noticiado que a atual embaixadora argentina na Organização dos Estados Americanos e ex-militante de esquerda, Nilda Garre, atuou como principal negociadora entre os departamentos de defesa iraniano e argentino.

Os informantes afirmaram que nunca testemunharam a troca direta de tecnologia nuclear. No entanto, após um exame mais aprofundado, o reator de água pesada localizado fora de Arak no Irã e Atucha na Argentina compartilham muitas semelhanças estruturais e tecnológicas. Coincidentemente, o reator em Arak foi concluído após o acordo proposto entre as duas nações.

Atentado à bamba na Associação Mútua Israelita-Argentina (Asociación Mutual Israelita Argentina, AMIA) em 18 de julho de 1994.

Além de acordos secretos entre o Irã e a Argentina, foi divulgada a notícia de que o Irã tem enviado ajuda financeira abertamente a organizações muçulmanas para influenciar a sociedade argentina. Yussef Khalil, pessoa interessada no assassinato de Alberto Nisman, declarou que Mohsen Rabbani, o mentor do atentado à AMIA de 1994 em Buenos Aires, tem enviado dinheiro para a Argentina para continuar a disseminar o islamismo xiita iraniano - assim como a ideologia revolucionária islâmica.

Só podemos imaginar como os acontecimentos no Oriente Médio poderiam ter sido diferentes se a transferência de tecnologia nuclear entre a Argentina e o Irã tivesse sido interrompida. Os Estados Unidos deveriam ter aproveitado a oportunidade para questionar Walid Makled Garcia.

As informações que Walid Makled tinha na época poderiam ter impedido o regime iraniano de desenvolver sua tecnologia nuclear atual. Agora o mundo aguarda os detalhes de um acordo nuclear que inevitavelmente levará o Irã a obter uma arma nuclear.

Bibliografia recomendado:

O Mundo Muçulmano.
Peter Demant.

Leitura recomendada:

A influência iraniana na América Latina15 de setembro de 2020.

O desafio estratégico do Irã e da Venezuela com as sanções13 de setembro de 2020.

COMENTÁRIO: 36 anos depois, a Guerra Irã-Iraque ainda é relevante24 de maio de 2020.

Um olhar mais profundo sobre a interferência militar dos EUA na Venezuela4 de abril de 2020.

PERFIL: Abu Azrael, "O Anjo da Morte"18 de fevereiro de 2020.

O regime do Irã planeja destruir a tumba de Ester e Mordechai?21 de fevereiro de 2020.

Israel provavelmente enfrentará guerra em 2020, alerta think tank1º de março de 2020.

GALERIA: A Uzi iraniana3 de março de 2020.

Nenhum comentário:

Postar um comentário