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sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Incursões paraquedistas na Indochina: duas incursões francesas no Vietnã

Pelo Tenente-Coronel Albert Merglen, Exército Francês.

Military Review, abril de 1958.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 23 de setembro de 2022.

Durante os oito anos de guerra travada pelo Exército Francês no Vietnã contra as forças comunistas do Viet-Minh, as duas ações militares que obtiveram o maior sucesso material e moral - com o mínimo de perdas e no menor tempo - foram as incursões aerotransportadas em 9 de novembro de 1952 em Phu-Doan, e em 17 de julho de 1953 em Lang Son.

Devido à precisão das informações de inteligência, a surpresa e a bravura das unidades engajadas, essas operações nas áreas de retaguarda do inimigo permitiram a captura ou destruição de importantes depósitos de armamentos e munições que apoiavam toda a atividade Viet-Minh no Vietnã do Norte.

O crescente poder destrutivo das armas nucleares pode muito bem levar a um aumento na possibilidade de mais pequenas guerras de "brush fire" (tiroteio no mato).

É por essa razão que o estudo dessas duas operações aerotransportadas francesas apresenta interesse histórico e didático. Em uma aliança, o conhecimento das experiências de um aliado - "fracassos e sucessos" - é a base do aumento da eficiência.

Após um breve esboço da situação geral no Vietnã em outubro de 1952, o planejamento e a execução das incursões serão analisados para incluir as lições aprendidas durante essas operações.

"Parceiros em futuras alianças devem estar preparados para trabalhar e planejar juntos agora, se quiserem atingir o máximo em cooperação. Isso deve incluir a coordenação da organização, o desenvolvimento técnico e as táticas."

A situação geral

Soldado Viet-Minh segurando uma mina Lunge na rua Hàng Đậu, durante a Batalha de Hanói, em dezembro de 1946.

Quando o ataque surpresa Viet-Minh começou em 19 de outubro de 1946 em Hanói, o Exército Francês tinha apenas cerca de 30.000 homens na Indochina (área de cerca de 300.000 milhas quadradas, população, 29 milhões de habitantes). Inicialmente, de 1946 a 1950, a guerra era do tipo "guerrilheiro". Então, lentamente, devido à organização comunista e à ajuda chinesa, uma luta aberta ocorreu do final de 1950 a 1954.

Quando o Alto Comando Viet-Minh lançou a invasão do país Tai no outono de 1952, um equilíbrio de poder fora alcançado. (Figura 1) Os objetivos da operação eram a conquista de uma linha de partida contra o Laos, a ligação com o Sião [Tailândia] e a captura da preciosa safra de ópio.

Figura 1:
O Vietnã em 1952-1953.

Nessa época, o Exército Viet-Minh incluía, além de 300.000 auxiliares locais e 120.000 "guerrilheiros" provinciais, um Exército Regular com seis divisões de infantaria e uma divisão de artilharia de cerca de 100.000 soldados bem equipados e treinados. Em 23 de outubro de 1952, as divisões vermelhas cruzaram o Rio Negro, movendo-se em direção ao sudoeste. O suprimento para essas tropas veio da área de Tuyen Quang, via Yen Bay.

O Alto Comando francês, em vez de dissipar seus esforços em uma defesa frontal, decidiu atingir a linha de comunicações e depósitos inimigos na zona vital de Phu-Doan, entre Tuyen Quang e a baía de Yen. O ataque à baía de Yen, base avançada da ação ofensiva do Viet-Minh contra o país Tai, teria sido a melhor manobra, é claro. No entanto, os meios disponíveis em unidades terrestres e aéreos não eram suficientes para conduzir uma tal operação. Restava apenas a possibilidade de empreender uma ação contra Phu-Doan, a qual recebeu o codinome Lorraine (Lorena).

Realizada em outubro, Lorraine essencialmente era uma incursão terrestre expandida a qual fora iniciada a partir de Vietri. No início de novembro, uma poderosa força-tarefa de infantaria e blindados havia alcançado uma área a cerca de 32 quilômetros a partir da importante encruzilhada de Phu-Doan, onde estradas e vias fluviais se uniam para permitir o abastecimento da ofensiva do Viet-Minh.

O Tenente Hélie de Saint Marc, Capitão Merglen (autor) e o Capitão Bloch, então comandante do 2e BEP, em Na San, no final de 1952.
(Frans Janssen
 / NLLegioen).

A Operação de Phu-Doan

Figura 2:
A Incursão Aeroterrestre sobre Phu-Doan,
9 de novembro de 1952.

Decidiu-se lançar uma operação aerotransportada de tamanho de equipe de combate regimental (regimental combat team, RCT) em cada lado do rio Song-Chay para assegurar a destruição dos depósitos e instalações do inimigo.  Uma coluna motorizada deveria efetuar a junção com a força aerotransportada (Figura 2).

O conceito da operação foi de, na manhã de 9 de novembro, lançar a força primeiro para tomar o cruzamento da estrada sobre o rio e a encruzilhada, e então destruir os depósitos inimigos. A força-tarefa infantaria-blindados, que iniciara o seu movimento durante a noite anterior, deveria realizar junção com os paraquedistas durante a noite. A totalidade da aérea seria limpa sistematicamente por alguns dias antes do recuo para Vietri. Era sabido que o inimigo possuía forças consideravelmente fortes na região de Phu-Doan.

A força-tarefa aerotransportada incluiu três batalhões (1º e 2º Batalhões Estrangeiros de Paraquedistas da Legião Estrangeira e o 3º Batalhão de Paraquedistas Coloniais), dois pelotões cada um com três canhões sem recuo de 75mm, um pelotão de engenharia com equipamento de cruzamento de rios, e um pelotão de demolição. Disponíveis para a operação estavam 53 aviões C-47 Dakota, os quais fariam duas missões cada, e usariam Hanói como aeródromo de partida.

O plano previa o lançamento simultâneo de dois batalhões às 09:30, um deles com o quartel-general da força em um zona de lançamento (ZL) ao norte do rio Song-Chay, e o outro em uma zona de lançamento ao sul do rio. O lançamento seria realizado após a neutralização das aldeias limítrofes por aviões de combate e sob a proteção de bombardeiros B-26 que circulavam sobre a área durante a operação. Às 12:30, outro batalhão deveria ser lançado na zona de lançamento do norte. A altitude do salto foi de 600 pés. As zonas de lançamento seriam marcadas com granadas de fumaça lançadas por um avião de busca três minutos antes do vôo dos primeiros seriados.

A condução da operação

Velames enchem o céu,
Visão comum na Indochina.

A operação ocorreu conforme o planejado - 2.354 paraquedistas capturaram a cabeça-aérea ao custo de um morto e 16 feridos. Às 17:00h foi feita a ligação com a força-tarefa motorizada, a qual assumiu o comando da força aerotransportada. 

Importantes depósitos de armamento, munição e suprimentos foram encontrados. O seguinte material foi recuperado:

  • 34 morteiros
  • 30 lança-foguetes antitanque
  • 14 metralhadoras
  • 40 submetralhadoras
  • 250 fuzis
  • dois canhões sem recuo de 57mm

Pela primeira vez, um caminhão russo "Molotova" foi capturado. Os paraquedistas realizaram a limpeza da área, destruíram fábricas de armamento e depósitos de alimentos e enviaram patrulhas de longo alcance na direção de Yen Bay com bem poucas perdas. Em 6 de novembro, após uma semana de operação, eles foram trazidos de volta em caminhões para Hanói.

Lançamento de paraquedistas de aviões Dakota, 1952.

Infelizmente, este belo sucesso foi limitado por um revés de última hora. Quando a força-tarefa terrestre da Operação Lorraine se retirou dois dias depois, conforme planejado, a retaguarda foi emboscada por dois regimentos Viet-Minh e perdeu os homens e material.

Esta operação destacou o fato de que, embora a captura de depósitos nas áreas de retaguarda do inimigo seja relativamente fácil por uma operação aerotransportada, é muito perigoso ficar lá por muito tempo, exposto a um contra-ataque concentrado pelas reservas inimigas. A Operação Lorraine, realizada com forças fracas, conseguiu apenas atrasou a ofensiva do Viet-Minh no país Tai, e não a deteve. A capital, Son La, foi capturada pelo inimigo antes do final de novembro, e o Comando francês foi obrigado a reagrupar suas unidades isoladas ao redor do aeródromo de Na San.

Os batalhões paraquedistas, que haviam saltado em Phu-Doan, foram transportados por via aérea para Na San dois dias após seu retorno a Hanói. O General Gilles, comandante das forças aerotransportadas no Vietnã do Norte, assumiu o comando das forças de defesa. Três divisões do Viet-Minh tentaram em vão tomar de assalto Na San e foram forçadas a se retirar do país Tai com pesadas perdas.

A Operação de Lang Son

Caporal-chef Auguste Apel, da Legião Estrangeira,
em Na San, 13 de dezembro de 1952.

Durante a primavera de 1953, uma nova ofensiva do Viet-Minh no Laos falhou em uma campanha na qual os batalhões paraquedistas novamente se destacaram. Um grau de equilíbrio de poder foi alcançado. As forças do Viet-Minh, no entanto, estavam recebendo crescente assistência da China comunista. Para cortar esse fluxo logístico, foi planejada uma operação aerotransportada, chamada Hirondelle (Andorinha). O objetivo da operação era Lang Son, uma importante instalação de estoque de suprimentos na área de retaguarda do inimigo (Figura 3).

O problema era capturar a cidade e os depósitos bem guardados, e destruir materiais e instalações. Tudo isso teria que ser realizado e a força aerotransportada retornada ao território amigo, antes que as tropas do Viet-Minh pudessem reagir. O terreno, montanhoso e arborizado com poucas estradas e trilhas, apresentava dificuldades adicionais.

Paraquedista do 3e BPC é atingido durante o assalto ao ponto de apoio 24 em Na San, 1º de dezembro de 1952.

O inimigo tinha disponível em Lang Son um batalhão local e duas companhias provinciais, além de algumas unidades antiaéreas leves na fronteira chinesa, a uma distância de cerca de 13 quilômetros. Elementos de uma divisão de infantaria, localizada perto de Thai Nguyen, poderiam estar disponíveis em aproximadamente 48 horas. Entre Lang Son e Tien Yen, oito companhias provinciais estariam em condições de reagir durante o primeiro dia, e de quatro a seis batalhões no segundo dia. Era, portanto, imperativo que a operação fosse completada o mais rápido possível.

O conceito da operação

Figura 3:
Incursão Aeroterrestre sobre Lang Son,
17 de julho de 1953.

O conceito da operação, anunciado pelo General Gilles, era executar um ataque aerotransportado na manhã de 17 de julho [de 1953] para capturar e destruir os depósitos próximos a Lang Son e a encruzilhada sobre o rio Song-Ky-Cung. Esta travessia, nas cercanias de Loc-Binh, constituía o ponto essencial para a retirada. Uma ação terrestre auxiliada por unidades atacando a partir de Tien Yen deveria ocorrer de 17 a 21 de julho para permitir o recuo da força paraquedista através de Loc-Binh e Dinh-Lap, para Tien Yen.

A força-tarefa aerotransportada incluía um quartel-general, três batalhões (6º e 8º Batalhões de Paraquedistas Coloniais, e o 2º Batalhão Paraquedista da Legião Estrangeira), e um pelotão de engenharia com 14 botes pneumáticos. As colunas de coleta ou junção consistiam de três batalhões de infantaria, três "comandos" [batalhões de comandos], um pelotão de tanques e uma companhia de engenharia com três escavadeiras. Um batalhão paraquedista e uma bateria de canhões sem-recuo de 75mm (aerotransportada) foram mantidos em reserva nos aeródromos de partida em Hanói.

Durante a Operação "Hirondelle", três pára-quedistas coloniais (incluindo o "melhor caçador do batalhão", no meio) do 8º GCP (Groupement de Commandos Parachutistes) posam ao pé de um poste de sinalização em Lang Son.

O sucesso da operação dependeria da completa surpresa quanto a data e local da incursão. Por esta razão, todo o planejamento preparatório foi realizado no máximo sigilo pelo comandante da força, auxiliado apenas por um oficial do G2 [inteligência]. As ordens do G3 [operações] foram dadas por escrito em 15 de julho; as unidades foram alertadas às 14:00h em 16 de julho e confinadas aos quartéis. Às 15:00h de 16 de julho, as instruções dos comandantes de batalhão foram realizadas.

Dado que os batalhões paraquedistas podiam levar consigo apenas armas leves e equipamentos orgânicos, o apoio aéreo foi planejado cuidadosamente. Aviões de caça deveriam atacar todas as instalações e postos de observação detectados em fotografias aéreas, os quais poderiam intervir nas zonas de lançamento. Esta ação deveria ocorrer 15 minutos antes da hora do salto. Apoio de fogo aéreo durante o salto e a subsequente reorganização deveria ser fornecidoAlém disso, provisão foi feita para cobertura de metralhamento e bombardeamento contínuos e para iluminação noturna por chamada por bombardeiros seriados.

O médico-chefe do 6e BPC, o Tenente Rivière, observa o lançamento de paraquedistas às 8:10h da manhã de 17 de junho de 1953, durante a Operação Hirondelle, em Lang Son.

A incursão começou em 17 de julho às 08:10h quando o quartel-general e dois batalhões foram lançados de 56 transportes C-47 próximo a Lang Son. Às 12:00h, próximo a Loc-Binh, o terceiro batalhão com o pelotão de engenharia anexado saltou de 29 transportes C-47.

A operação ocorreu conforme o planejado. As unidades Viet-Minh foram completamente surpreendidas. A polícia local e as companhias provinciais fugiram. Apenas os destacamentos de guarda dos depósitos resistiram resolutamente. Depósitos importantes foram descobertos e preparados para destruição por equipes especiais. Uma grande quantidade de material foi capturada.

Às 16:00h, os depósitos foram destruídos e todas as estradas levando para o sul e o norte foram minadas. Os dois batalhões em Lang Son iniciaram a sua retirada. Enquanto isso, o batalhão de Loc-Binh havia assegurado a travessia do rio Song-Ky-Cung e estava protegendo o flanco contra movimentos vindos da fronteira chinesa.

Retirada das unidades paraquedistas que participaram do ataque aos depósitos do Viet-Minh em Lang Son, passando por colunas de civis.
Durante a incursão, cerca de 200 civis de Lang Son aproveitaram a inesperada presença dos paraquedistas franceses para fugir sob sua proteção da região que estava sob administração do Viet-Minh desde 1950.

Às 23:00h de 18 de julho, os primeiros batedores da força aerotransportada encontraram, nas cercanias de Dinh-Lap, a coluna terrestre lutando desde Tien Yen. Os engenheiros foram capazes de reparar a estrada sinuosa para um certo grau e caminhões levaram os paraquedistas de volta nas últimas horas de luz de 19 de julho. Na manhã de 20 de julho, as unidades aerotransportadas foram embarcadas em LCT (Landing craft tank / embarcação de desembarque para tanques) para serem trazidos de volta para Haiphong, e então de caminhão novamente para Hanói. Dos 2.001 paraquedistas que saltaram na operação, as perdas foram extremamente leves: um morto, um desaparecido, três morreram de exaustão durante a marcha, e 21 feridos.

Este notável sucesso, considerando as pequenas forças engajadas, tiveram uma repercussão profunda no Vietnã do Norte. O esforço de guerra Viet-Minh foi dificultado de forma notável na área vital do Delta do Rio Vermelho. Uma onda de confiança se espalhou pela população amigável e o exército.

Lições Gerais

Militares do 6e BPC durante a incursão de Lang Son.
Da esquerda para a direita: Sergent-Chef Balliste, Sergent Gosse e o Adjudant Prigent (todos os três morreram mais tarde em Dien Bien Phu), e o cabo Cazeneuve, que seria um dos poucos sobreviventes da 12ª Companhia.

As duas incursões aerotransportadas brevemente descritas foram cumpridas em um teatro de operações de um tipo particular. É, portanto, difícil de tirar delas lições gerais válidas para todos os tipos de guerra. Entretanto, alguns pontos são dignos de ênfase e poderiam ser aplicados em outros teatros.

Primeiro, inteligência é extremamente importante e deve ser centralizada no mais alto nível de comando para que possa ser adaptada a situação, sempre em mudança. Devido a uma pesquisa minuciosa combinada com um questionamento de milhares de refugiados, a agência de inteligência em Hanói obtivera sucesso em desenhar uma imagem exata, precisa e detalhada das zonas de lançamento e suas proximidades, e da localização e força das unidades inimigas. Os oficiais de inteligência têm uma tremenda responsabilidade em operações desse tipo.

Segundo, se a informação é correta, é relativamente fácil operar nas áreas de retaguarda do inimigo. É muito difícil para o alto comando inimigo ter uma apreciação clara da situação, particularmente se os incursores aerotransportados não permanecerem no mesmo lugar, mas se moverem imediatamente. O problema mais difícil é aquele de retornar ao território amigo. Em algumas circunstâncias, e em zonas difíceis, é possível dividir a força aerotransportada em pequenos grupos para ou permanecer em território inimigo, ou para retornar a território amigo.

Paraquedistas do 8e GCP cobrindo uma esquina com um fusil-mitrailleur 24/29 durante a incursão de Lang Son.

Terceiro, todos os objetivos são adequados para um ataque aéreo, sejam eles militares, políticos ou econômicos. A sabotagem de uma usina de pesquisa industrial pode ser tão importante para a vitória final quanto a eliminação de um governo "quisling" (colaboracionista).

Quarto, deve-se ter em mente que as variadas possibilidades de ataques aéreos só podem ser realizadas quando os meios necessários – isto é, unidades aerotransportadas treinadas e aviões em qualidade e número necessários – estiverem disponíveis. O Alto Comando Francês no Vietnã sempre teve consciência da vantagem de usar paraquedistas. Em dezembro de 1950 eram 6.000; em 1951 cerca de 11.000; e em 1954 mais de uma dúzia de batalhões escolhidos, metade deles no exército vietnamita, estavam disponíveis com unidades de apoio aéreo de artilharia, engenheiros, sinais e corpo médico. A maior escassez foi em aeronaves. Esta é uma lição a ser lembrada: não basta ter muitas unidades aerotransportadas bem treinadas quando o número correspondente em aviões não está garantido. Quinto, a incursão aerotransportada envolve um risco calculado. No entanto, se realizada com imaginação e ousadia, os benefícios superam em muito o risco envolvido.

Conclusão

Uma incursão aerotransportada tem muitas vantagens no caso de uma guerra localizada e particularmente no início de um conflito. O exército que é provido de tropas aerotransportadas treinadas e aviões de assalto e transportadores de tropas suficientes possui grande flexibilidade. Uma operação aerotransportada ou um grande número de incursões aerotransportadas podem muito bem permitir a realização de objetivos vitais que de outra forma exigiriam grandes forças terrestres e extensas operações. Para atingir o máximo em cooperação, os parceiros em futuras alianças devem estar preparados para trabalhar e planejar juntos agora. Um esforço comum de organização, de desenvolvimento técnico e de compreensão doutrinária seria de grande benefício. Os paraquedistas franceses, com muitas ações galantes em seu nome, estão prontos e imbuídos do lema: Quem ousa, vence!

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"Novos recursos de poder de fogo e mobilidade, além de novos e aprimorados meios de controle, permitem ampla flexibilidade na seleção do plano de manobra. As táticas devem ser projetadas para localizar o inimigo, determinar sua configuração, lançar fogos apropriados em alvos adquiridos e explorar as situações resultantes com forças altamente móveis. Em um nível estratégico, as forças devem ser organizadas e equipadas para que possam ser entregues por transporte aéreo ou de superfície a qualquer área do mundo para engajamento em situações atômicas ou não-atômicas em qualquer tipo razoável de terreno. Deve ser fornecido transporte aéreo e de superfície adequados. O tempo de intervenção inicial, particularmente em guerras limitadas, pode ser tão importante quanto o tempo necessário para cercar uma força considerável."

- General-de-Brigada T. F. Bogart.

Bibliografia recomendada:

Histoire des Parachutistes Français:
La guerre para de 1939 à 1979,
Henri Le Mire.

Leitura recomendada:

O primeiro salto da América do Sul13 de janeiro de 2020.

ARTE MILITAR: Cenas da Guerra da Indochina por Filip Štorch, 2 de maio de 2021.

GALERIA: Escola de paraquedismo indochinesa17 de março de 2022.

GALERIA: Largagem paraquedista em Quang-Tri durante a Operação Camargue, 2 de outubro de 2020.

GALERIA: Bawouans em combate no Laos, 28 de março de 2020.

GALERIA: Operação Chaumière em Tay Ninh com o 1er BPVN, 16 de junho de 2020.

GALERIA: Treinamento de salto do SAS francês na Inglaterra29 de junho de 2021.

GALERIA: Primeiro salto de um pelotão de paraquedistas femininas chinesas7 de outubro de 2021.

FOTO: Salto livre da Companhia Esclarecedora 17 do Exército Suíço, 20 de novembro de 2020.

FOTO: As cobiçada asas paraquedistas30 de janeiro de 2020.

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

PERFIL: General Caillaud, o Soldado do Incomum

Por Laurent Lagneau, Zone Militaire OPEX360, 26 de julho de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 7 de outubro de 2021.

“Soldado do Incomum”, o General Robert Caillaud deu seu nome à 207ª turma da ESM Saint-Cyr.

Quer seja para cadetes oficiais como para cadetes suboficiais, o baptismo de promoção é sempre um momento especial, pois constitui um forte sinal de identidade e pertencimento.

Além disso, a escolha do “patrocinador” é decisiva. E aconteceu que foi passível de cautela, pois em novembro de 2018, quando o Chefe do Estado-Maior do Exército, que era o General Jean-Pierre Bosser, decidiu “rebatizar” a promoção “General Loustanau-Lacau” da Escola Militar Especial (École spéciale militaireESM), por causa das simpatias políticas que manifestou na década de 1930.

Durante o Triunfo 2021 da Academia Militar de Saint-Cyr Coëtquidan, organizado no dia 24 de julho, a 60ª promoção da Escola Militar de Armas Combinadas (École militaire interarmesEMIA) deu-se como padrinho o General Jean-Baptiste Eblé, que se destacou durante as guerras da Revolução e do 1º Império.

Já a 207ª turma da ESM fez uma escolha mais contemporânea, com o General Robert Caillaud. E tendo em vista o registro de serviço deste último, questiona-se por que seu nome não foi escolhido anteriormente...

Saint-cyrien da promoção Charles de Foucauld (1941-42), e quando ele tinha acabado de obter sua "ficelle" como segundo-tenente, Robert Caillaud retornou à sua Auvergne natal e se juntou à Resistência. Assim, dentro de seus maquis, participou das lutas pela Libertação, inclusive da ponte Decize, que culminou com a rendição da coluna do General Botho Elster.

A “Divisão Auvergne” estando integrada no 1º Exército do General de Lattre de Tassigny, o jovem oficial participou nas campanhas da Alsácia e da Alemanha, durante as quais, segundo a Federação das Sociedades de Veteranos da Legião Estrangeira (Fédération des sociétés d’anciens de la Légion étrangèreFSALE) , ele mostrou um "gosto definitivo por soluções originais" que marcariam o resto de sua carreira. Um deles terá sido formar uma seção de reconhecimento em profundidade com Jipes.

A Legião Estrangeira precisamente... Promovido a tenente no final da guerra e contando três citações em sua Croix de Guerre, Robert Caillaud decidiu ingressar em suas fileiras. Depois de um curto período em Sidi Bel Abbès, na Argélia, foi designado para o 2º Regimento Estrangeiro de Infantaria (2e Régiment Étranger d’Infanterie, 2e REI), com o qual desembarcou em Saigon. Durante dois anos, distinguir-se-á pelas qualidades militares mas também pela capacidade de pensar fora da caixa, criando, por exemplo, um pelotão a cavalo. Isso fará com que ele ganhe mais quatro citações e a Legião de Honra, aos 27 anos.

Retornando à Argélia em 1948, o oficial recebeu a missão de formar a 1ª companhia do 2 ° Batalhão Estrangeiro de Paraquedistas (2e Bataillon Étranger de Parachutistes, 2e BEP). Em seguida, ele voltou para a Indochina com sua nova unidade em fevereiro do ano seguinte. Em dezembro de 1949, à frente da 1ª companhia, saltou, à noite e em condições difíceis, sobre a guarnição de Tra Vinh, então cercada por três regimentos Viet-Minh. Ao custo de três mortos entre os legionários, o ataque inimigo será repelido.

Durante esta segunda estadia na Indochina, o Capitão Caillaud foi ferido duas vezes. Em 1954, e depois de ter comandado o 3e BEP, regressou ao Extremo Oriente. Lá, ele se ofereceu para fazer parte da equipe do grupo aerotransportado do Coronel Langlais em Dien Bien Phu. Ao lado do Comandante Marcel Bigeard, ele organizou os contra-ataques. O resto é conhecido: o campo entrincheirado francês acaba caindo. Então começou um longo período de cativeiro nos campos do Viet-Minh. “Sua conduta no cativeiro no Campo nº 1 será exemplar, marcada por seu apoio aos mais fracos e sua recusa em se comprometer com o adversário”, disse Jean-Pierre Simon, seu biógrafo.

Le Général Caillaud: Soldat de l'insolite.
Jean-Pierre Simon.

Depois de libertado, o oficial foi designado para o 2e REP, tendo participado em inúmeras operações na Argélia. Ele ganha três novas citações. Retirado dos eventos de Argel (golpe dos generais em abril de 1961) devido ao seu destacamento para o estado-maior das Tropas Aerotransportadas (Troupes Aéroportées, TAP), foi nomeado oficial de ligação e instrutor paraquedista na Alemanha.

Depois, em maio de 1963, promovido a tenente-coronel, passou a comandante do 2e REP, então instalado em Bou-Sfer, a fim de garantir a segurança da base de Mers-el-Kébir. Começou então a “Revolução Caillaud”, que vai dar a cara que esta unidade tem hoje. “Ele é o principal ator na corrida pela inovação do regimento e pela especialização das seções que permite às companhias cumprirem de imediato as mais diversas missões”, escreve a FSALE.

“Nunca, talvez, Robert Caillaud tenha sentido a que ponto semeou tão abundantemente. Nunca, sem dúvida, ele foi capaz de testar, inventar, criar, exigir e receber tanto desta valiosa tropa, que soube fazer vibrar. Sempre carregou consigo esta pedra que queria cortar e esculpir à medida do que era, pedra angular de toda uma vida, obra magistral que deixamos em vestígios indeléveis”, abunda Jean-Pierre Simon.

Depois de uma (breve) passagem no estado-maior das Forças Aliadas na Europa Central e, em seguida, no Gabinete de Tropas Aerotransportadas e Anfíbias do Departamento Técnico de Armas, o Coronel Caillaud assumiu o comando da Escola de Tropas Aerotransportadas (ETAP) em 1972. Lá, ele passou seu brevê de salto operacional de alta altitude. Ele tinha então 52 anos (o que o tornará o mais velho dos saltadores operacionais). Promovido a general três anos depois, assumiu as rédeas da 1ª Brigada de Paraquedistas (1ere Brigade parachutiste, 1ere BP), antes de encerrar a carreira militar no estado-maior da 11ª Divisão Paraquedista (11e Division Parachutiste, 11e DP) em 1978.

O General Caillaud faleceu em 1995. Foi Grande Oficial da Legião de Honra, titular da Croix de Guerre 1939-1945 com três citações, da Croix de Guerre des T.O.E. com oito citações incluindo três na ordem do exército, a Cruz Militar do Valor com três citações incluindo duas para a ordem do exército.

sexta-feira, 23 de julho de 2021

GALERIA: Cerimônia de mobilização total na Indochina

Guarda-bandeira vietnamita durante a cerimônia na presença do Imperador Bao Dai, 16 de abril de 1954.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 23 de julho de 2021.

Em 8 de março de 1949, após os Acordos do Eliseu, o Estado do Vietnã foi reconhecido pela França como um país independente governado pelo imperador vietnamita Bảo Đại. O Exército Nacional Vietnamita ou Exército Nacional do Vietnã (vietnamita: Quân đội Quốc gia Việt Nam, "Exército Nacional do Vietnã", francês: Armée Nationale Vietnamienne, "Exército Nacional Vietnamita" - ANV) foi a força militar do Estado do Vietnã criada pouco depois disso. Era comandado pelo general vietnamita Nguyen Van Hinh e era leal a Bảo Đại, com uma força inicial de 25 mil homens apoiados por 10 mil irregulares.

O ANV lutou em operações conjuntas com o Corpo Expedicionário Francês do Extremo Oriente (Corps Expéditionnaire Français en Extrême-Orient, CEFEO) da União Francesa contra as forças comunistas do Việt Minh lideradas pelo general Võ Nguyên Giáp e por Ho Chi Minh. Diferentes unidades dentro do ANV lutaram em uma ampla gama de campanhas, as mais célebres:
  • Batalha de Na San (1952),
  • Operação Hautes Alpes (1953),
  • Operação Atlas (1953)
  • Batalha de Dien Bien Phu (1954).

O General-de-Exército Nguyen Van Hinh ao microfone durante a cerimônia, Hanói, 16 de abril de 1954.

Legenda original:

Indo China: Vietnã mobiliza todos os homens de 21 a 25. Durante uma recente revista de oficiais do Vietnã, Nguyen Van Hinh, Chefe do Estado-Maior do Vietnã e um dos homens responsáveis pela nova ordem drástica de mobilização, é mostrado, esquerda, primeiro plano, oficiais líderes no juramento de lealdade. A nova inscrição total é a primeira de uma série de medidas de longo alcance desenvolvidas para ajudar os franceses a esmagar os rebeldes do Viet Minh liderados pelos comunistas na Indochina. Até 15 de maio, todos os cidadãos do sexo masculino entre 21 e 25 anos serão admitidos. É a primeira vez na guerra de sete anos entre a Indochina que o Vietnã ordenou uma convocação total.

Oficiais em continência.

A missão do ANV era manter a ordem e a segurança interna no Estado do Vietnã, lutar contra as tropas comunistas ao lado do CEFEO e defender as fronteiras da União Francesa. Em 1952 foi criado o Estado-Maior Geral Conjunto vietnamita, assim como quatro Regiões Militares (RM) vietnamitas com funções administrativas, mantendo as operações militares nas mãos de autoridades francesas. O ANV operava no nível de batalhão e possuía então 57 batalhões de infantaria, 5 batalhões paraquedistas, 3 batalhões de artilharia, 6 esquadrões de reconhecimento blindados e várias unidades de apoio.

Efetivos em combate na Indochina no final de 1952:

- CEFEO: 174.736.
  • Metropolitanos: 54.790.
  • Legionários: 19. 079.
  • Norte-africanos: 29.532.
  • Africanos: 18.153.
  • Nativos: 53.182.
- Forças Auxiliares: 59.090.

Total da União Francesa menos o ANV: 233.826.

- Exército Nacional Vietnamita: 147.800.
  • Forças Regulares: 94.520.
  • Forças Auxiliares: 53.280.
Total da União Francesa: 381.626.

- Viet Minh: 425.000.
  • Forças Regulares: 270.000.
  • Forças Auxiliares: 155.000.

O Imperador Bao Dai passa as tropas em revista, 16 de agosto de 1954.

Legenda original:

Bao Dai recebe juramento de fidelidade na cerimônia de Hanói. Hanói, Vietnã do Norte: Em uma cerimônia militar imponente em Hanói, o rei vietnamita Bao Dai recebe um juramento de lealdade do Exército Nacional do Vietnã. Numerosas autoridades da França, Vietnã e outras nações estavam presentes. Aqui (à esquerda), Sua Majestade Bao Dai passa em revista uma unidade do exército conforme o General Hinh os indica.

Soldados do ANV de joelhos durante a cerimônia.

Auxiliares femininas administrativas do ANV assistindo à parada.

Tropa do ANV durante a cerimônia.
O oficial no centro da foto tem o brevê paraquedista e uma grossa passadeira de medalhas.

O Imperador Bao Dai, o General Nguyen Van Hinh e outros dignatários vietnamitas em evidência.

Efetivos do ANV em julho de 1954:
  • 167.700 regulares.
  • 37.800 auxiliares.
  • Total: 205.500 homens.
Os exército particulares que haviam sido declarados exércitos independentes dentro do ANV por Bao Dai foram ordenados a se incorporarem à estrutura regular por Diem; com a maioria obedecendo. Este ANV recém-independente então lutou e venceu o mais poderoso exército particular, o Binh Xuyen, na Batalha de Saigon (28 de abril a maio de 1955). Depois venceu o exército particular do secto Hoa Hao, unificando e consolidando as forças do Vietnã do Sul para o confronto com o Norte comunista. Após o referendo nacional de 26 de outubro de 1955, o então primeiro-ministro Ngo Dinh Diem derrubou Bai Dai e tornou-se o primeiro presidente da República do Vietnã, com capital em Saigon.

O Exército Nacional Vietnamita tornou-se o Exército da República do Vietnã (conhecido como ARVN) no ano seguinte, e começaria a trocar a influência francesa pela americana. O ARVN luta até a morte por mais duas décadas e seria destruído em um "Crepúsculo dos Deuses" em 1975, quando o Exército Popular do Vietnã tomou a capital Saigon e venceu a guerra unificando o Vietnã sob a liderança de Hanói.

Bibliografia recomendada:

The Twenty-Five Year Century:
A South Vietnamese General remembers the Indochina War to the Fall of Saigon.
General Lam Quang Thi.

Army of the Republic of Vietnam 1955-75.
Sargento Gordon L. Rottman.

Leitura recomendada:



quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Morte do Coronel-Médico Jacques Gindrev: ex-combatente da resistência e de Dien Bien Phu


Por Laurent LagneauOpex360, 17 de fevereiro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 17 de fevereiro de 2021.

Morte do médico-coronel Jacques Gindrey, ex-combatente da resistência e "cirurgião do impossível" em Dien Bien Phu.

Durante 57 dias e 57 noites, no fundo de um túnel escuro, na lama e sob o fogo da artilharia Viet-Minh, ele tratou e operou os soldados feridos de Dien Bien Phu: o coronel-médico Jacques Gindrey. no início de fevereiro. Seu funeral acaba de ser celebrado em particular, anunciou sua família.

Nascido em 23 de fevereiro de 1927 em Thorey-sous-Charny [Côte d'Or], Jacques Gindrey ingressou em uma das seis escolas militares preparatórias [isto é, os filhos de tropa] depois da escola primária. Então vem a guerra. Aluno do segundo ano da Escola Preparatória Militar de Autun, acompanhou as peregrinações desta, que acabou fixando-se em Valence [Drôme] então, em setembro de 1943, no campo Thol, em Ain, onde estava estacionado o 10º Batalhão de Caçadores à Pé (10ème Bataillon de Chasseurs à Pied).

Em maio de 1944, cerca de cinquenta alunos, incentivados por alguns de seus professores, foram para o maquis e formaram o "acampamento Autun", comandado pelo Aspirante Signori, conhecido como "Mazaud". E Jacques Gindrey, que estava mastigando a idéia por vários meses, é um deles. Em 6 de junho, os jovens maquisards sabotaram 52 locomotivas na estação Ambérieu.


No entanto, em 10 de julho, durante uma operação alemã no eixo Neuville-sur-Ain/Cerdon/Maillat, cinco estudantes foram mortos e cinco outros feridos, entre eles Jacques Gindrey, gravemente ferido nas pernas. Com um dos seus camaradas, foi hospitalizado em Nantua e depois em Bourg-en-Bresse, à espera de julgamento. Mas não haverá julgamento. Graças ao coronel-médico Manchet, que falsifica as curvas de temperatura, os dois jovens ficarão acamados até a alta.

Depois da guerra, Jacques Gindrey voltou para sua escola [os alunos maquisards que haviam sido excluídos dela foram reintegrados por ordem do General de Gaulle]. Então, depois de um período no Prytanée, ele decidiu ingressar na Escola de Serviço de Saúde Militar [École du Service de Santé Militaire, ESSM] em Lyon. Depois de um estágio na escola de medicina tropical Pharo em Marselha, embarcou para a Indochina no outono de 1953. Sem demora, e depois de ter trabalhado no hospital Grall em 17 de fevereiro de 1954, foi designado para a unidade cirúrgica móvel [antenne chirurgicale mobileACM] 44 do Major-Médico Paul-Henri Grauwin em Dien Bien Phu. Isso foi um mês antes do início de uma batalha que durará 57 dias.

"Eu fui médico em Dien Bien Phu", escrito por Paul-Henri Grauwin.

O afluxo maciço de feridos que já não podem ser evacuados [tudo o que ostentava uma cruz vermelha foi sistematicamente alvejado, dirá a Coronel-Médico Hantz, que nos deixou em Janeiro] e que tem de ser "classificado", da lama até aos tornozelos, a falta de medicamentos e equipamentos médicos, o rugido dos combates com o risco permanente de ser explodido por um obus... Os médicos e enfermeiras de Dien Bien Phu terão feito o impossível, realizando feitos operativos com os meios disponíveis.

Após a queda do campo entrincheirado, 858 feridos gravemente puderam ser evacuados... Dos 10.000 sobreviventes que foram para os campos de “reeducação” do Viet-Minh, apenas 2.500 sobreviveram às privações e maus-tratos impostos pelos “can bô” [comissários políticos] bem como as doenças [que muitas vezes eram as consequências de tal tratamento]. E Jacques Gindrey fará parte disso. “A guerra é uma ignomínia. A pior das coisas", ele dirá.

Depois da Indochina, ele seguirá sua carreira como médico militar na Argélia e em Madagascar. Depois, após ter deixado o uniforme, vai começar uma segunda vida na Clinique Notre-Dame de Vire, onde fará cirurgias reconstrutivas entre 1971 e 1989. Ao mesmo tempo, cuidará de bons trabalhos, fundando, em Vire, a associação “Entraide et Solidarités”, para ajudar os desempregados.


Cabo de Honra da Legião Estrangeira, o Coronel-Médico Jacques Gindrey foi Comendador da Ordem da Legião de Honra e Oficial da Ordem do Mérito Nacional. Ele também foi titular da:
  • Croix de Guerre 1939-1945 avec étoile de bronze (Cruz de Guerra 1939-1945 com estrela de bronze);
  • Croix de Guerre des TOE avec palmes (Cruz de Guerra dos Teatros de Operações Exteriores com palmas);
  • Croix du combattant volontaire de la Résistance (Cruz do Combatente Voluntário da Resistência).
Bibliografia recomendada:

Hell in a Very Small Place:
The Siege of Dien Bien Phu.
Bernard B. Fall.

Leitura recomendada: