Legionário com a nuca tatuada. |
Brevê original e brevê de latão feito com estojos de cartucho. |
Life in the French Foreign Legion: Ho to join and what to expect when you get there, Evan McGorman. |
Legionário com a nuca tatuada. |
Brevê original e brevê de latão feito com estojos de cartucho. |
Life in the French Foreign Legion: Ho to join and what to expect when you get there, Evan McGorman. |
Retorno de uma patrulha francesa à base de operações avançada em Kapisa, em 24 de outubro de 2008. (Philippe de Poulpiquet/ Le Parisien) |
GUERRA IRREGULAR: Terrorismo, guerrilha e movimentos de resistência ao longo da história, Alessandro Visacro. |
Pelo Tenente-Coronel Albert Merglen, Exército Francês.
Military Review, abril de 1958.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 23 de setembro de 2022.
Durante os oito anos de guerra travada pelo Exército Francês no Vietnã contra as forças comunistas do Viet-Minh, as duas ações militares que obtiveram o maior sucesso material e moral - com o mínimo de perdas e no menor tempo - foram as incursões aerotransportadas em 9 de novembro de 1952 em Phu-Doan, e em 17 de julho de 1953 em Lang Son.
Devido à precisão das informações de inteligência, a surpresa e a bravura das unidades engajadas, essas operações nas áreas de retaguarda do inimigo permitiram a captura ou destruição de importantes depósitos de armamentos e munições que apoiavam toda a atividade Viet-Minh no Vietnã do Norte.
O crescente poder destrutivo das armas nucleares pode muito bem levar a um aumento na possibilidade de mais pequenas guerras de "brush fire" (tiroteio no mato).
É por essa razão que o estudo dessas duas operações aerotransportadas francesas apresenta interesse histórico e didático. Em uma aliança, o conhecimento das experiências de um aliado - "fracassos e sucessos" - é a base do aumento da eficiência.
Após um breve esboço da situação geral no Vietnã em outubro de 1952, o planejamento e a execução das incursões serão analisados para incluir as lições aprendidas durante essas operações.
"Parceiros em futuras alianças devem estar preparados para trabalhar e planejar juntos agora, se quiserem atingir o máximo em cooperação. Isso deve incluir a coordenação da organização, o desenvolvimento técnico e as táticas."
A situação geral
Soldado Viet-Minh segurando uma mina Lunge na rua Hàng Đậu, durante a Batalha de Hanói, em dezembro de 1946. |
Quando o ataque surpresa Viet-Minh começou em 19 de outubro de 1946 em Hanói, o Exército Francês tinha apenas cerca de 30.000 homens na Indochina (área de cerca de 300.000 milhas quadradas, população, 29 milhões de habitantes). Inicialmente, de 1946 a 1950, a guerra era do tipo "guerrilheiro". Então, lentamente, devido à organização comunista e à ajuda chinesa, uma luta aberta ocorreu do final de 1950 a 1954.
Quando o Alto Comando Viet-Minh lançou a invasão do país Tai no outono de 1952, um equilíbrio de poder fora alcançado. (Figura 1) Os objetivos da operação eram a conquista de uma linha de partida contra o Laos, a ligação com o Sião [Tailândia] e a captura da preciosa safra de ópio.
Figura 1: O Vietnã em 1952-1953. |
Nessa época, o Exército Viet-Minh incluía, além de 300.000 auxiliares locais e 120.000 "guerrilheiros" provinciais, um Exército Regular com seis divisões de infantaria e uma divisão de artilharia de cerca de 100.000 soldados bem equipados e treinados. Em 23 de outubro de 1952, as divisões vermelhas cruzaram o Rio Negro, movendo-se em direção ao sudoeste. O suprimento para essas tropas veio da área de Tuyen Quang, via Yen Bay.
O Alto Comando francês, em vez de dissipar seus esforços em uma defesa frontal, decidiu atingir a linha de comunicações e depósitos inimigos na zona vital de Phu-Doan, entre Tuyen Quang e a baía de Yen. O ataque à baía de Yen, base avançada da ação ofensiva do Viet-Minh contra o país Tai, teria sido a melhor manobra, é claro. No entanto, os meios disponíveis em unidades terrestres e aéreos não eram suficientes para conduzir uma tal operação. Restava apenas a possibilidade de empreender uma ação contra Phu-Doan, a qual recebeu o codinome Lorraine (Lorena).
Realizada em outubro, Lorraine essencialmente era uma incursão terrestre expandida a qual fora iniciada a partir de Vietri. No início de novembro, uma poderosa força-tarefa de infantaria e blindados havia alcançado uma área a cerca de 32 quilômetros a partir da importante encruzilhada de Phu-Doan, onde estradas e vias fluviais se uniam para permitir o abastecimento da ofensiva do Viet-Minh.
O Tenente Hélie de Saint Marc, Capitão Merglen (autor) e o Capitão Bloch, então comandante do 2e BEP, em Na San, no final de 1952.
(Frans Janssen / NLLegioen).
A Operação de Phu-Doan
Figura 2: A Incursão Aeroterrestre sobre Phu-Doan, 9 de novembro de 1952. |
Decidiu-se lançar uma operação aerotransportada de tamanho de equipe de combate regimental (regimental combat team, RCT) em cada lado do rio Song-Chay para assegurar a destruição dos depósitos e instalações do inimigo. Uma coluna motorizada deveria efetuar a junção com a força aerotransportada (Figura 2).
O conceito da operação foi de, na manhã de 9 de novembro, lançar a força primeiro para tomar o cruzamento da estrada sobre o rio e a encruzilhada, e então destruir os depósitos inimigos. A força-tarefa infantaria-blindados, que iniciara o seu movimento durante a noite anterior, deveria realizar junção com os paraquedistas durante a noite. A totalidade da aérea seria limpa sistematicamente por alguns dias antes do recuo para Vietri. Era sabido que o inimigo possuía forças consideravelmente fortes na região de Phu-Doan.
A força-tarefa aerotransportada incluiu três batalhões (1º e 2º Batalhões Estrangeiros de Paraquedistas da Legião Estrangeira e o 3º Batalhão de Paraquedistas Coloniais), dois pelotões cada um com três canhões sem recuo de 75mm, um pelotão de engenharia com equipamento de cruzamento de rios, e um pelotão de demolição. Disponíveis para a operação estavam 53 aviões C-47 Dakota, os quais fariam duas missões cada, e usariam Hanói como aeródromo de partida.
O plano previa o lançamento simultâneo de dois batalhões às 09:30, um deles com o quartel-general da força em um zona de lançamento (ZL) ao norte do rio Song-Chay, e o outro em uma zona de lançamento ao sul do rio. O lançamento seria realizado após a neutralização das aldeias limítrofes por aviões de combate e sob a proteção de bombardeiros B-26 que circulavam sobre a área durante a operação. Às 12:30, outro batalhão deveria ser lançado na zona de lançamento do norte. A altitude do salto foi de 600 pés. As zonas de lançamento seriam marcadas com granadas de fumaça lançadas por um avião de busca três minutos antes do vôo dos primeiros seriados.
A condução da operação
Velames enchem o céu, Visão comum na Indochina. |
A operação ocorreu conforme o planejado - 2.354 paraquedistas capturaram a cabeça-aérea ao custo de um morto e 16 feridos. Às 17:00h foi feita a ligação com a força-tarefa motorizada, a qual assumiu o comando da força aerotransportada.
Importantes depósitos de armamento, munição e suprimentos foram encontrados. O seguinte material foi recuperado:
Pela primeira vez, um caminhão russo "Molotova" foi capturado. Os paraquedistas realizaram a limpeza da área, destruíram fábricas de armamento e depósitos de alimentos e enviaram patrulhas de longo alcance na direção de Yen Bay com bem poucas perdas. Em 6 de novembro, após uma semana de operação, eles foram trazidos de volta em caminhões para Hanói.
Lançamento de paraquedistas de aviões Dakota, 1952. |
Infelizmente, este belo sucesso foi limitado por um revés de última hora. Quando a força-tarefa terrestre da Operação Lorraine se retirou dois dias depois, conforme planejado, a retaguarda foi emboscada por dois regimentos Viet-Minh e perdeu os homens e material.
Esta operação destacou o fato de que, embora a captura de depósitos nas áreas de retaguarda do inimigo seja relativamente fácil por uma operação aerotransportada, é muito perigoso ficar lá por muito tempo, exposto a um contra-ataque concentrado pelas reservas inimigas. A Operação Lorraine, realizada com forças fracas, conseguiu apenas atrasou a ofensiva do Viet-Minh no país Tai, e não a deteve. A capital, Son La, foi capturada pelo inimigo antes do final de novembro, e o Comando francês foi obrigado a reagrupar suas unidades isoladas ao redor do aeródromo de Na San.
Os batalhões paraquedistas, que haviam saltado em Phu-Doan, foram transportados por via aérea para Na San dois dias após seu retorno a Hanói. O General Gilles, comandante das forças aerotransportadas no Vietnã do Norte, assumiu o comando das forças de defesa. Três divisões do Viet-Minh tentaram em vão tomar de assalto Na San e foram forçadas a se retirar do país Tai com pesadas perdas.
A Operação de Lang SonCaporal-chef Auguste Apel, da Legião Estrangeira, em Na San, 13 de dezembro de 1952. |
Durante a primavera de 1953, uma nova ofensiva do Viet-Minh no Laos falhou em uma campanha na qual os batalhões paraquedistas novamente se destacaram. Um grau de equilíbrio de poder foi alcançado. As forças do Viet-Minh, no entanto, estavam recebendo crescente assistência da China comunista. Para cortar esse fluxo logístico, foi planejada uma operação aerotransportada, chamada Hirondelle (Andorinha). O objetivo da operação era Lang Son, uma importante instalação de estoque de suprimentos na área de retaguarda do inimigo (Figura 3).
O problema era capturar a cidade e os depósitos bem guardados, e destruir materiais e instalações. Tudo isso teria que ser realizado e a força aerotransportada retornada ao território amigo, antes que as tropas do Viet-Minh pudessem reagir. O terreno, montanhoso e arborizado com poucas estradas e trilhas, apresentava dificuldades adicionais.
Paraquedista do 3e BPC é atingido durante o assalto ao ponto de apoio 24 em Na San, 1º de dezembro de 1952. |
O inimigo tinha disponível em Lang Son um batalhão local e duas companhias provinciais, além de algumas unidades antiaéreas leves na fronteira chinesa, a uma distância de cerca de 13 quilômetros. Elementos de uma divisão de infantaria, localizada perto de Thai Nguyen, poderiam estar disponíveis em aproximadamente 48 horas. Entre Lang Son e Tien Yen, oito companhias provinciais estariam em condições de reagir durante o primeiro dia, e de quatro a seis batalhões no segundo dia. Era, portanto, imperativo que a operação fosse completada o mais rápido possível.
O conceito da operação
Figura 3: Incursão Aeroterrestre sobre Lang Son, 17 de julho de 1953. |
O conceito da operação, anunciado pelo General Gilles, era executar um ataque aerotransportado na manhã de 17 de julho [de 1953] para capturar e destruir os depósitos próximos a Lang Son e a encruzilhada sobre o rio Song-Ky-Cung. Esta travessia, nas cercanias de Loc-Binh, constituía o ponto essencial para a retirada. Uma ação terrestre auxiliada por unidades atacando a partir de Tien Yen deveria ocorrer de 17 a 21 de julho para permitir o recuo da força paraquedista através de Loc-Binh e Dinh-Lap, para Tien Yen.
A força-tarefa aerotransportada incluía um quartel-general, três batalhões (6º e 8º Batalhões de Paraquedistas Coloniais, e o 2º Batalhão Paraquedista da Legião Estrangeira), e um pelotão de engenharia com 14 botes pneumáticos. As colunas de coleta ou junção consistiam de três batalhões de infantaria, três "comandos" [batalhões de comandos], um pelotão de tanques e uma companhia de engenharia com três escavadeiras. Um batalhão paraquedista e uma bateria de canhões sem-recuo de 75mm (aerotransportada) foram mantidos em reserva nos aeródromos de partida em Hanói.
O sucesso da operação dependeria da completa surpresa quanto a data e local da incursão. Por esta razão, todo o planejamento preparatório foi realizado no máximo sigilo pelo comandante da força, auxiliado apenas por um oficial do G2 [inteligência]. As ordens do G3 [operações] foram dadas por escrito em 15 de julho; as unidades foram alertadas às 14:00h em 16 de julho e confinadas aos quartéis. Às 15:00h de 16 de julho, as instruções dos comandantes de batalhão foram realizadas.
Dado que os batalhões paraquedistas podiam levar consigo apenas armas leves e equipamentos orgânicos, o apoio aéreo foi planejado cuidadosamente. Aviões de caça deveriam atacar todas as instalações e postos de observação detectados em fotografias aéreas, os quais poderiam intervir nas zonas de lançamento. Esta ação deveria ocorrer 15 minutos antes da hora do salto. Apoio de fogo aéreo durante o salto e a subsequente reorganização deveria ser fornecido. Além disso, provisão foi feita para cobertura de metralhamento e bombardeamento contínuos e para iluminação noturna por chamada por bombardeiros seriados.
O médico-chefe do 6e BPC, o Tenente Rivière, observa o lançamento de paraquedistas às 8:10h da manhã de 17 de junho de 1953, durante a Operação Hirondelle, em Lang Son. |
A incursão começou em 17 de julho às 08:10h quando o quartel-general e dois batalhões foram lançados de 56 transportes C-47 próximo a Lang Son. Às 12:00h, próximo a Loc-Binh, o terceiro batalhão com o pelotão de engenharia anexado saltou de 29 transportes C-47.
A operação ocorreu conforme o planejado. As unidades Viet-Minh foram completamente surpreendidas. A polícia local e as companhias provinciais fugiram. Apenas os destacamentos de guarda dos depósitos resistiram resolutamente. Depósitos importantes foram descobertos e preparados para destruição por equipes especiais. Uma grande quantidade de material foi capturada.
Às 16:00h, os depósitos foram destruídos e todas as estradas levando para o sul e o norte foram minadas. Os dois batalhões em Lang Son iniciaram a sua retirada. Enquanto isso, o batalhão de Loc-Binh havia assegurado a travessia do rio Song-Ky-Cung e estava protegendo o flanco contra movimentos vindos da fronteira chinesa.
Às 23:00h de 18 de julho, os primeiros batedores da força aerotransportada encontraram, nas cercanias de Dinh-Lap, a coluna terrestre lutando desde Tien Yen. Os engenheiros foram capazes de reparar a estrada sinuosa para um certo grau e caminhões levaram os paraquedistas de volta nas últimas horas de luz de 19 de julho. Na manhã de 20 de julho, as unidades aerotransportadas foram embarcadas em LCT (Landing craft tank / embarcação de desembarque para tanques) para serem trazidos de volta para Haiphong, e então de caminhão novamente para Hanói. Dos 2.001 paraquedistas que saltaram na operação, as perdas foram extremamente leves: um morto, um desaparecido, três morreram de exaustão durante a marcha, e 21 feridos.
Este notável sucesso, considerando as pequenas forças engajadas, tiveram uma repercussão profunda no Vietnã do Norte. O esforço de guerra Viet-Minh foi dificultado de forma notável na área vital do Delta do Rio Vermelho. Uma onda de confiança se espalhou pela população amigável e o exército.
Lições Gerais
As duas incursões aerotransportadas brevemente descritas foram cumpridas em um teatro de operações de um tipo particular. É, portanto, difícil de tirar delas lições gerais válidas para todos os tipos de guerra. Entretanto, alguns pontos são dignos de ênfase e poderiam ser aplicados em outros teatros.
Primeiro, inteligência é extremamente importante e deve ser centralizada no mais alto nível de comando para que possa ser adaptada a situação, sempre em mudança. Devido a uma pesquisa minuciosa combinada com um questionamento de milhares de refugiados, a agência de inteligência em Hanói obtivera sucesso em desenhar uma imagem exata, precisa e detalhada das zonas de lançamento e suas proximidades, e da localização e força das unidades inimigas. Os oficiais de inteligência têm uma tremenda responsabilidade em operações desse tipo.
Segundo, se a informação é correta, é relativamente fácil operar nas áreas de retaguarda do inimigo. É muito difícil para o alto comando inimigo ter uma apreciação clara da situação, particularmente se os incursores aerotransportados não permanecerem no mesmo lugar, mas se moverem imediatamente. O problema mais difícil é aquele de retornar ao território amigo. Em algumas circunstâncias, e em zonas difíceis, é possível dividir a força aerotransportada em pequenos grupos para ou permanecer em território inimigo, ou para retornar a território amigo.
Paraquedistas do 8e GCP cobrindo uma esquina com um fusil-mitrailleur 24/29 durante a incursão de Lang Son. |
Terceiro, todos os objetivos são adequados para um ataque aéreo, sejam eles militares, políticos ou econômicos. A sabotagem de uma usina de pesquisa industrial pode ser tão importante para a vitória final quanto a eliminação de um governo "quisling" (colaboracionista).
Quarto, deve-se ter em mente que as variadas possibilidades de ataques aéreos só podem ser realizadas quando os meios necessários – isto é, unidades aerotransportadas treinadas e aviões em qualidade e número necessários – estiverem disponíveis. O Alto Comando Francês no Vietnã sempre teve consciência da vantagem de usar paraquedistas. Em dezembro de 1950 eram 6.000; em 1951 cerca de 11.000; e em 1954 mais de uma dúzia de batalhões escolhidos, metade deles no exército vietnamita, estavam disponíveis com unidades de apoio aéreo de artilharia, engenheiros, sinais e corpo médico. A maior escassez foi em aeronaves. Esta é uma lição a ser lembrada: não basta ter muitas unidades aerotransportadas bem treinadas quando o número correspondente em aviões não está garantido. Quinto, a incursão aerotransportada envolve um risco calculado. No entanto, se realizada com imaginação e ousadia, os benefícios superam em muito o risco envolvido.
Conclusão
Uma incursão aerotransportada tem muitas vantagens no caso de uma guerra localizada e particularmente no início de um conflito. O exército que é provido de tropas aerotransportadas treinadas e aviões de assalto e transportadores de tropas suficientes possui grande flexibilidade. Uma operação aerotransportada ou um grande número de incursões aerotransportadas podem muito bem permitir a realização de objetivos vitais que de outra forma exigiriam grandes forças terrestres e extensas operações. Para atingir o máximo em cooperação, os parceiros em futuras alianças devem estar preparados para trabalhar e planejar juntos agora. Um esforço comum de organização, de desenvolvimento técnico e de compreensão doutrinária seria de grande benefício. Os paraquedistas franceses, com muitas ações galantes em seu nome, estão prontos e imbuídos do lema: Quem ousa, vence!
- x -
"Novos recursos de poder de fogo e mobilidade, além de novos e aprimorados meios de controle, permitem ampla flexibilidade na seleção do plano de manobra. As táticas devem ser projetadas para localizar o inimigo, determinar sua configuração, lançar fogos apropriados em alvos adquiridos e explorar as situações resultantes com forças altamente móveis. Em um nível estratégico, as forças devem ser organizadas e equipadas para que possam ser entregues por transporte aéreo ou de superfície a qualquer área do mundo para engajamento em situações atômicas ou não-atômicas em qualquer tipo razoável de terreno. Deve ser fornecido transporte aéreo e de superfície adequados. O tempo de intervenção inicial, particularmente em guerras limitadas, pode ser tão importante quanto o tempo necessário para cercar uma força considerável."
- General-de-Brigada T. F. Bogart.
Bibliografia recomendada:
Histoire des Parachutistes Français: La guerre para de 1939 à 1979, Henri Le Mire. |
O primeiro salto da América do Sul, 13 de janeiro de 2020.
ARTE MILITAR: Cenas da Guerra da Indochina por Filip Štorch, 2 de maio de 2021.
GALERIA: Escola de paraquedismo indochinesa, 17 de março de 2022.
GALERIA: Largagem paraquedista em Quang-Tri durante a Operação Camargue, 2 de outubro de 2020.
GALERIA: Bawouans em combate no Laos, 28 de março de 2020.
GALERIA: Operação Chaumière em Tay Ninh com o 1er BPVN, 16 de junho de 2020.
GALERIA: Treinamento de salto do SAS francês na Inglaterra, 29 de junho de 2021.
GALERIA: Primeiro salto de um pelotão de paraquedistas femininas chinesas, 7 de outubro de 2021.
FOTO: Salto livre da Companhia Esclarecedora 17 do Exército Suíço, 20 de novembro de 2020.
FOTO: As cobiçada asas paraquedistas, 30 de janeiro de 2020.
Metralhadora francesa Hotchkiss, 1918. (Arte de ANYAN, @jk100687) |
Sobre o autor:
Por Chris Hernandez, Breach Bang Clear, 9 de julho de 2013.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 28 de junho de 2022.
No Afeganistão, trabalhei ao lado do exército francês. Isso me tornou mundialmente famoso na França. Aliás, eu até apareci na capa de agosto de 2009 da revista RAIDS, que é uma espécie de Soldado da Fortuna francesa:
Edição nº 279 da RAIDS. |
Eu pareço incrível, não é? Infelizmente, o fotógrafo que tirou aquela foto não era muito bom. Estou descentralizado na foto, além de muito desfocado. Aqui está outra versão, onde estou destacado um pouco melhor:
"Eu", o autor Christian Hernandez no fundo. |
Quase toda vez que digo a alguém que trabalhei com os franceses, recebo comentários como: “Você quer dizer que os franceses têm um exército?”, “Eles se renderam a você no dia em que você chegou lá?”, ou alguma outra variação do “macaco comedor de queijo que se rende”. E se eles não insultam abertamente as tropas francesas, geralmente descartam minha experiência dizendo: “Oh, você deve ter trabalhado com a Legião Estrangeira. Eles não são realmente franceses.”
Esses comentários realmente me dão nos nervos. E eles estão completamente errados. Servi com alguns Legionários e muitas tropas francesas regulares. Seja qual for a política do público ou do governo franceses, seus soldados são corajosos, bem treinados, em forma física fantástica e agressivos. Descrever esses homens como covardes é absolutamente injusto.
Bandeiras brancas e fuzis largados?
A verdade real sobre trabalhar com o Exército Francês
Então, no início de 2009, quando me disseram que eu estava indo para uma base de fogo francesa no Afeganistão, fiquei um pouco preocupado. Eu não falava francês, não tinha uma visão positiva de suas tropas e estava preocupado em ficar preso dentro do arame farpado com pessoas que não queriam estar em combate. Eu havia passado todo o meu desdobramento no Iraque em um Humvee em uma equipe de escolta de comboio; aquela missão era uma droga, e eu não queria nada com a vida de fobbit ou proteção de força. No Afeganistão, eu queria passar o máximo de tempo possível a pé com caras que queriam lutar. Os franceses não pareciam desse tipo.
Então comecei a investigar. Fui a soldados que estavam no Afeganistão há algum tempo e perguntei o que eles achavam dos franceses. E ouvi algo que não esperava, uma frase que ouviria muitas vezes durante minha turnê:
“Os únicos soldados aqui que realmente querem lutar são os americanos, britânicos e franceses.”
Essa frase foi, claro, totalmente injusta para com os australianos e canadenses. Pode ter sido injusto com os alemães, que tinham a reputação de guerreiros frustrados cujo governo não permitia fazer uma blitzkrieg no Talibã como queriam. Não deu crédito suficiente a algumas unidades do Exército Nacional Afegão que eram agressivas e ansiosas pela batalha.
Treinamento do ANA pelos franceses. |
No entanto, além de dar os merecidos elogios aos franceses, a frase abordou uma certa verdade desagradável. Alguns países, aparentemente em resposta à pressão política americana, enviaram tropas para o Afeganistão de má vontade. Essas tropas foram obrigadas a ficar dentro da base ou, quando saíam, mostravam zero desejo de arriscar suas vidas por uma causa em que não deveriam ter acreditado.
Por exemplo, um dos meus melhores amigos trabalhou com as tropas de uma nação diferente (não vou citar qual nação porque não tenho experiência em trabalhar com eles e não quero caluniar todos eles; no entanto, meu amigo é confiável, veterano experiente de várias turnês, e eu acredito nele). De acordo com meu amigo, os soldados desta nação “patrulhariam” encontrando um campo aberto não muito longe da base, sentavam-se por horas e depois voltavam para o FOB. Eles faziam um grande esforço para evitar o perigo e, quando engajados, imediatamente rompiam o contato. Ele descreveu uma experiência no Centro de Operações Táticas (Tactical Operations Center, TOC), onde câmeras capturaram uma célula do Talibã colocando um foguete em um local de lançamento frequentemente usado. Enquanto observavam o Talibã se preparando para atirar no FOB, meu amigo perguntou: “Por que vocês não atiram neles?”
Um dos oficiais militares estrangeiros respondeu: “Não podemos. Eles ainda não atiraram em nós.”
O Talibã lançou o foguete. Sem uma palavra, todos no TOC pularam de pé e correram para os bunkers. Eles sabiam por experiência que os foguetes daquele local impactariam em cerca de quinze segundos. Meu amigo correu atrás deles para se proteger. Alguns segundos depois, o foguete explodiu. Todos correram de volta para o TOC. A câmera mostrou o Talibã deixando a área às pressas.
Frustrado, meu amigo perguntou: “Por que diabos vocês não atiram neles agora?”
A resposta foi: “Não podemos atirar. Agora eles estão desarmados.”
Acredita-se que outra força militar estrangeira, o exército italiano, pagou ao Talibã para não atacá-los. Os franceses ficaram furiosos com isso, e com razão. Em 2008, os paraquedistas franceses assumiram uma área de operações dos italianos. Os italianos haviam sofrido apenas uma morte durante o ano anterior naquela AO e avaliaram a área como de baixo risco. Os franceses aceitaram essa avaliação e enviaram uma de suas primeiras patrulhas para a área com armas leves e apenas 100 tiros cada, sua carga de combate padrão na época.
Talibãs posando com material francês capturado na emboscada de Uzbin, em 2008. |
A patrulha foi emboscada. Um grupo de dez soldados foi separado, encurralado, cercado e exterminado até o último homem. Apesar do que os italianos relataram, as forças do Talibã eram extremamente fortes naquela área. Mas eles raramente atacaram os italianos, assim como os insurgentes iraquianos raramente atacaram os italianos em Nasiriyah quando eu estava em Tallil em 2005.
Nossa, eu me pergunto por quê...
Cheguei ao Afeganistão seis meses depois daquela emboscada. Nos nove meses seguintes, participei de inúmeras patrulhas e missões de reconhecimento com as tropas de montanha e tropas navais franceses.
Aprendi a falar francês bem o suficiente para poder transmitir informações entre as redes de rádio americanas e francesas. Às vezes eu era o único americano em missões francesas. Minhas preocupações em trabalhar com eles eram completamente infundadas e, desde então, fico muito irritado sempre que ouço comentários cansados e antigos de que “os franceses são covardes”.
Uma diferença grande
E nem me fale da Ordem Geral número um, a proibição do álcool. Eu não bebo, mas quase todo mundo no mundo bebe. Não seria irracional permitir que homens e mulheres adultos escapassem do estresse da guerra com uma ou duas cervejas. Aparentemente, nosso comando acha que se eles nos permitirem beber, todos nós vamos entrar num frenesi matador-enlouquecido à la Robert Bales. O pensamento de uso moderado de álcool sob condições controladas induz um aneurisma cerebral automático em nossos líderes seniores.
Um encontro típico com os franceses e afegãos. Os americanos bebem refrigerante em vez de álcool para evitar ofender os afegãos, que obviamente estão bebendo álcool com os franceses. |
Este é apenas o começo de ruminações (grunhidos: ruminação) da minha experiência com o exército francês. Na Parte 2, falarei sobre uma missão de patrulha de uma semana com uma patrulha de reconhecimento francesa, vinho na base e sua opinião sobre sexo, assédio sexual e danadice.
Parte II: Sexo e cintos refletivos
Tropas do Exército Francês e controladores da Força Aérea em um posto avançado de combate, Vale do Alasai, província de Kapisa, Afeganistão. (Foto do autor) |
Tropas francesas na província de Kapisa, 2012. (Imagem AFP) |
"Só estou pagando minha entrada na escola de obediência." |
O autor em patrulha no Afeganistão. |
Tropas de montanha francesas manobrando após uma emboscada. (Foto de Thomas Goisque, 2009, www.thomasgoisque-photo.com) |
Soldados do Groupement de Commandos de Montagne (pelotão de reconhecimento de montanha) com um VAB (Véhicule de l'Avant Blindé; basicamente um APC). |
Tropas e blindados franceses no Vale do Alasai, província de Kapisa, Afeganistão, 2009. (Foto de Goisque) |
Tanque leve sobre rodas AMX-10 atirando. (www.thomasgoisque-photo.com) |
Chasseurs Alpins (caçadores alpinos) do 27º Batalhão de Caçadores de Montanha. (www.thomasgoisque-photo.com) |
Atirador e observador das tropas navais francesas. (Foto por Chris Hernandez) |
Snipers navais franceses, um de meus soldados e eu depois de uma missão, setembro de 2009. |
Primeiro-sargento francês disparando um M14EBR americano. (Foto por Chris Hernandez) |