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Legionários relaxando em Sidi-bel-Abbès, a Casa Mãe da Legião na Argélia. |
Transcrição Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 6 de maio de 2024.
Extrato do diário do legionário Simon Murray durante a Guerra da Argélia (1954-1962) sobre um incidente no alojamento em Sidi-bel-Abbès:
15 de abril de 1960
O tempo está mais quente e o moral subiu; aos poucos vamos formando uma unidade. Somos açulados por nosso desagrado comum pelos suboficiais [graduados/praças]. Não há nada como um pouco de ódio para unir a gente! Os suboficiais não são muito científicos em seus métodos de ensino, acreditam piamente que sejam incapazes de penetrar em nossos cérebros através da passagem normal dos ouvidos, de forma que pensam poder obter algum êxito abrindo um buraco na cabeça do maldito recruta. Crepelli, por exemplo, expoente especial dessa didática, conduz uma campanha de terror no setor de treinamento de armas. Se você não conseguir desmontar inteiramente um fuzil e tornar a montá-lo em poucos segundos, ou se não conseguir dizer o nome ou peso de uma determinada peça, o cabo-chefe pega o fuzil e o acerta com ele. A eficácia desse método ainda precisa ser verificada, mas ele sem dúvida estimula o esforço.
Passamos muito tempo sendo punidos por nossas falhas, ou seja, somos obrigados a rastejar de barriga no chão, subir morros com sacos nas costas ou ficar em posição de sentido por longos períodos segurando um rifle com os braços estendidos - extenuante!
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Legionários paraquedistas (notar as boinas) com a metralhadora de apoio geral AA 52 (configurada com bipé) e fuzil semi-automático MAS 49/56 na Argélia. |
25 de abril de 1960
Estivemos no campo de tiro hoje pela primeira vez. Não é de espantar que seja uma grande atração em nosso programa de treinamento; Volmar nos diz que são necessárias muitas e muitas horas de tiro até que estejamos preparados. Os franceses possuem três tipos de espingardas [fuzis] de calibre 7,5 milímetros em uso, cada uma designada, como seus vinhos, pelo ano de fabricação e pela fábrica que a produziu.
As fábricas ficam em Saint-Étienne, Tulle e Châtellerault. Os rifles fabricados em 1936 e 1949 são armas de repetição, e os de 1949 têm um mecanismo no cano que permite o lançamento de granadas. O rifle mais recente, de 1956, um semiautomático leve [MAS 49/56], é o ideal para o tipo de luta que logo enfrentaremos. Tem um alcance mortífero de quase 200 metros.
Além desses rifles, também usamos uma submetralhadora chamada pistole mitraillete' 49 [MAT 49], similar à Sten, e uma metralhadora ligeira produzida em 1952 [AA 52]. Nosso arsenal padrão também inclui algumas belas granadas. Aprendemos todos os detalhes dessas armas; nomes, medidas, componentes, peso e assim por diante, e podemos desmontá-las por completo e reconstituí-las de olhos fechados.
Recebemos informações gerais sobre o alcance da Legião. Atualmente abrange uma força de cerca de 30 mil homens espalhados por uma imensa área. Há quatro regimentos de infantaria adicionais na parte norte da Argélia, e três outros em Madagascar, Djibuti e Taiti. Também há quatro regimentos de infantaria fixados no deserto do Saara, além de dois regimentos de paraquedismo e dois de cavalaria. É mais ou menos isso, exceto pelo fato de que um regimento da Legião vale dez vezes mais do que qualquer outro.
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Paraquedistas do 2e REP (futuro regimento do então recruta Murray) em operação no noroeste da Argélia, 1958. |
23 de maio de 1960
- Simon Murray. Legionário - Cinco anos na lendária Legião Estrangeira, pg. 47, 52-53 e 60-61.
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Legionário: Cinco anos na lendária Legião Estrangeira, Simon Murray. |
As armas mencionadas no texto
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MAS 36 |
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MAS 49/56 |
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MAT 49 |
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AA 52 |