quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Morte do Coronel-Médico Jacques Gindrev: ex-combatente da resistência e de Dien Bien Phu


Por Laurent LagneauOpex360, 17 de fevereiro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 17 de fevereiro de 2021.

Morte do médico-coronel Jacques Gindrey, ex-combatente da resistência e "cirurgião do impossível" em Dien Bien Phu.

Durante 57 dias e 57 noites, no fundo de um túnel escuro, na lama e sob o fogo da artilharia Viet-Minh, ele tratou e operou os soldados feridos de Dien Bien Phu: o coronel-médico Jacques Gindrey. no início de fevereiro. Seu funeral acaba de ser celebrado em particular, anunciou sua família.

Nascido em 23 de fevereiro de 1927 em Thorey-sous-Charny [Côte d'Or], Jacques Gindrey ingressou em uma das seis escolas militares preparatórias [isto é, os filhos de tropa] depois da escola primária. Então vem a guerra. Aluno do segundo ano da Escola Preparatória Militar de Autun, acompanhou as peregrinações desta, que acabou fixando-se em Valence [Drôme] então, em setembro de 1943, no campo Thol, em Ain, onde estava estacionado o 10º Batalhão de Caçadores à Pé (10ème Bataillon de Chasseurs à Pied).

Em maio de 1944, cerca de cinquenta alunos, incentivados por alguns de seus professores, foram para o maquis e formaram o "acampamento Autun", comandado pelo Aspirante Signori, conhecido como "Mazaud". E Jacques Gindrey, que estava mastigando a idéia por vários meses, é um deles. Em 6 de junho, os jovens maquisards sabotaram 52 locomotivas na estação Ambérieu.


No entanto, em 10 de julho, durante uma operação alemã no eixo Neuville-sur-Ain/Cerdon/Maillat, cinco estudantes foram mortos e cinco outros feridos, entre eles Jacques Gindrey, gravemente ferido nas pernas. Com um dos seus camaradas, foi hospitalizado em Nantua e depois em Bourg-en-Bresse, à espera de julgamento. Mas não haverá julgamento. Graças ao coronel-médico Manchet, que falsifica as curvas de temperatura, os dois jovens ficarão acamados até a alta.

Depois da guerra, Jacques Gindrey voltou para sua escola [os alunos maquisards que haviam sido excluídos dela foram reintegrados por ordem do General de Gaulle]. Então, depois de um período no Prytanée, ele decidiu ingressar na Escola de Serviço de Saúde Militar [École du Service de Santé Militaire, ESSM] em Lyon. Depois de um estágio na escola de medicina tropical Pharo em Marselha, embarcou para a Indochina no outono de 1953. Sem demora, e depois de ter trabalhado no hospital Grall em 17 de fevereiro de 1954, foi designado para a unidade cirúrgica móvel [antenne chirurgicale mobileACM] 44 do Major-Médico Paul-Henri Grauwin em Dien Bien Phu. Isso foi um mês antes do início de uma batalha que durará 57 dias.

"Eu fui médico em Dien Bien Phu", escrito por Paul-Henri Grauwin.

O afluxo maciço de feridos que já não podem ser evacuados [tudo o que ostentava uma cruz vermelha foi sistematicamente alvejado, dirá a Coronel-Médico Hantz, que nos deixou em Janeiro] e que tem de ser "classificado", da lama até aos tornozelos, a falta de medicamentos e equipamentos médicos, o rugido dos combates com o risco permanente de ser explodido por um obus... Os médicos e enfermeiras de Dien Bien Phu terão feito o impossível, realizando feitos operativos com os meios disponíveis.

Após a queda do campo entrincheirado, 858 feridos gravemente puderam ser evacuados... Dos 10.000 sobreviventes que foram para os campos de “reeducação” do Viet-Minh, apenas 2.500 sobreviveram às privações e maus-tratos impostos pelos “can bô” [comissários políticos] bem como as doenças [que muitas vezes eram as consequências de tal tratamento]. E Jacques Gindrey fará parte disso. “A guerra é uma ignomínia. A pior das coisas", ele dirá.

Depois da Indochina, ele seguirá sua carreira como médico militar na Argélia e em Madagascar. Depois, após ter deixado o uniforme, vai começar uma segunda vida na Clinique Notre-Dame de Vire, onde fará cirurgias reconstrutivas entre 1971 e 1989. Ao mesmo tempo, cuidará de bons trabalhos, fundando, em Vire, a associação “Entraide et Solidarités”, para ajudar os desempregados.


Cabo de Honra da Legião Estrangeira, o Coronel-Médico Jacques Gindrey foi Comendador da Ordem da Legião de Honra e Oficial da Ordem do Mérito Nacional. Ele também foi titular da:
  • Croix de Guerre 1939-1945 avec étoile de bronze (Cruz de Guerra 1939-1945 com estrela de bronze);
  • Croix de Guerre des TOE avec palmes (Cruz de Guerra dos Teatros de Operações Exteriores com palmas);
  • Croix du combattant volontaire de la Résistance (Cruz do Combatente Voluntário da Resistência).
Bibliografia recomendada:

Hell in a Very Small Place:
The Siege of Dien Bien Phu.
Bernard B. Fall.

Leitura recomendada:

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