Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 3 de outubro de 2020.
A Operação "Brochet" (Peixes Predadores) se desenrolou no setor de Hung-Yen, de 24 de setembro a 13 de outubro de 1953, com o objetivo de destruir os regimentos (Tieu Doan) 42 e 50 do Viet-Minh e suas bases, localizadas ao norte do Canal de Bambus, no Tonquim (norte do Vietnã), ocorreu em diferentes fazes (Brochet I-IV) envolvendo 18 batalhões franceses e vietnamitas. Fotos de Ferrari Pierre para o ECPAD tiradas em setembro, em sua totalidade focando nos dois batalhões da Legião Estrangeira Francesa presentes na operação.
Participaram da operação em 24 de setembro:
- O 2º BEP (2e Bataillon Étranger de Parachutistes/ 2º Batalhão Estrangeiro de Paraquedistas),
- O II/5º REI (2e bataillon du 5e Régiment Étranger d’Infanterie/ 2º Batalhão do 5º Regimento Estrangeiro de Infantaria),
- O 8º BPC (8e Bataillon de Parachutistes de Choc/ 8º Batalhão de Paraquedistas de Choque), - o GM 3 (3e Groupe Mobile, 3º Grupo Móvel),
- O RICM (Régiment d’Infanterie Coloniale du Maroc/ Regimento de Infantaria Colonial do Marrocos),
- Além de artilharia e consideráveis forças da Marinha.
Supletivos vietnamitas
Um legionário-paraquedista de 2ª classe, originário de Hanói, do 2e CIPLE, a companhia de supletivos nativos. |
O legionário do 2e CIPLE (2e Compagnie Indochinoise Parachutiste de la Légion Étrangère / 2ª Companhia Indochinesa Paraquedista da Legião Estrangeira) está vestido com um blusão camuflado "à prova de vento" britânico M1942, redimensionado e modificado localmente para a sua estatura mais baixa, apelidado de "peau de saucisson" ("pele de salsicha"). Seu capacete US M1 é modificado "EO" (Extrême-Orient / Extremo Oriente) pela adição de uma jugular produzida localmente, tornando-a adequado ao paraquedismo.
Os supletivos não foram autorizados o képi blanc por não estarem sujeitos às especificidades contratuais dos demais legionários, portando, foram equipados com boinas brancas. Além da questão da exclusão, haveria também o incômodo da necessidade de encomendar quepes brancos em tamanho pequeno.
Boinas verde e branca dos batalhões paraquedistas da Legião Estrangeira na Indochina (1er BEP e 2e BEP) no Museu da Legião Estrangeira em Aubagne, no sul da França. (Foto do autor) |
Cerimônia em homenagem ao Sergent-Chef N'Guyen Van Phong
Patrulha à pé nos arrozais
Legionários do 3º batalhão do 5º REI durante a operação. Em primeiro plano, um legionário carrega uma granada ofensiva OF 37 no cinto e um fuzil MAS 36 sobre o ombro. Atrás dele há um legionário com a venerável MAT-49. |
Durante a operação, legionários-paraquedistas do 2e BEP avançam por um arrozal. O primeiro carrega sua submetralhadora na posição de "segurança" (carregador dobrado para evitar uma rajada acidental) e enfiou um maço de cigarros sob o elástico de camuflagem de seu capacete, em vez do maço de bandagens habitual. Ele é seguido por um fuzileiro-metralhador com o tipo 1924/29 Châttellerault. |
Travessia de um arroio por paraquedistas do 2º BEP no setor de Hung Yen durante a operação, o homem do centro carrega o fuzil paraquedista MAS 36 CR39 de coronha dobrável. |
A rabeira do mesmo grupo cruzando um marcador em pedra no arroio. |
Paraquedistas do 2e BEP avançam pelos arrozais. |
Estacas punji
Os feridos do 2e BEP foram evacuados por helicóptero Hiller 360. |
No período de 1951-1954, 10.820 feridos foram evacuados, incluindo 6.499 outros apenas em 1954, com apenas 32 aeronaves (número alcançado em março de 1954) distribuídas entre Saigon e Hanói. Foi em 1950 que os primeiros dois helicópteros Hiller 360 foram adquiridos por subscrição pública e oferecidos à Força Expedicionária Francesa no Extremo Oriente.
As estacas punji eram uma armadilha colocada em uma prancha na qual estão pregados pregos de aço, escondidos no fundo de um buraco cavado sob o água de um arrozal ou de um arroio. Surpreso à medida que avançava, o soldado empala pesadamente o pé nas pontas, destinadas a agravar a lesão e evitar que o dispositivo seja removido por simples tração. Essas estacas podiam também ser cobertas com fezes humanas para causar infecção grave na vítima.
Legionários paraquedistas do 2e BEP apresentam uma armadilha rudimentar, mas eficaz, do Viêt-Minh, da qual um deles acaba de ser vítima: as estacas punji. |
Estacas punji: Armadilha com pontas de aço de 15cm, desenvolvida pelos Viet-Minh. O legionário posando ao lado calça as famosas botas de selva francesas Pataugas. |
Exemplar de uma tal armadilha no Museu da Legião Estrangeira em Aubagne, no sul da França. (Foto do autor) |
Bibliografia recomendada:
French Foreign Legion Paratroops. Martin Windrow & Wayne Brady, e Kevin Lyles. |
Leitura recomendada:
GALERIA: Ratissage dos Tirailleurs Argelinos na Indochina, 2 de outubro de 2020.
GALERIA: Blindados Anfíbios do 1er REC na Indochina, 2 de outubro de 2020.
GALERIA: Largagem paraquedista em Quang-Tri durante a Operação Camargue, 2 de outubro de 2020.
GALERIA: Bawouans em combate no Laos, 28 de março de 2020.
GALERIA: Operação Chaumière em Tay Ninh com o 1er BPVN, 16 de junho de 2020.
GALERIA: Operação de limpeza com blindados em Tu Vu, 25 de abril de 2020.
O que um romance de 1963 nos diz sobre o Exército Francês, Comando da Missão, e o romance da Guerra da Indochina, 12 de janeiro de 2020.
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