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domingo, 6 de setembro de 2020

FOTO: Infantaria contra carros de combate

Carro de combate T-72AV do Exército Árabe Sírio sendo explodido em Darayya, subúrbio de Damasco, pela Brigada dos Mártires do Islã, início de 2016.

A Brigada dos Mártires do Islã (em árabe: لواء شهداء الإسلام; Liwa Shuhada al-Islam) é um grupo rebelde sírio formado no subúrbio de Darayya, em Damasco, e era o principal grupo que operava neste subúrbio. Foi o único grupo rebelde sírio totalmente sob a autoridade de um conselho municipal local e recebeu mísseis anti-carro BGM-71 TOW fabricados nos Estados Unidos, apesar do cerco apertado que Darayya estava sofrendo entre 2012 e 2016.

Entre 2013 e 2016, o mais alto nível de comando do grupo foi o Conselho Local da cidade de Daraya. O grupo é comandado por Saeed Narqash (nome de guerra Abu Jamal), um capitão que desertou do Exército Árabe Sírio. O chefe de gabinete inicial do grupo foi o 1º Tenente Abu Shahin, que deixou o grupo para formar outro em junho de 2013, enquanto seu comandante de operações era o 1º Suboficial Abu Omar. Uma academia militar foi estabelecida em Daraya quando era controlada pelo grupo. 

A Brigada dos Mártires do Islã foi formada em 5 de março de 2013 como uma fusão de 9 unidades rebeldes afiliadas ao Exército Livre da Síria em Daraya. Em 14 de fevereiro de 2014, o grupo assinou uma convenção que estabeleceu a Frente Sul.

Símbolo da Brigada dos Mártires do Islã.

Bibliografia recomendada:

Leitura recomendada:

As forças de tanques da Rússia tiveram um despertar muito rude na Síria7 de fevereiro de 2020.

GALERIA: Aprimoramentos de blindagem na Guarda Republicana Síria26 de junho de 2020.

Analisando o Ataque Urbano: idéias da doutrina soviética como um 'modelo de lista de verificação'27 de junho de 2020.

VÍDEO: Emboscada noturna das Spetsnaz na Síria27 de fevereiro de 2020.

FOTO: Forças Especiais do Exército Livre da Síria em Alepo2 de julho de 2020.

FOTO: Entre dois leões na Síria4 de setembro de 2020.

GALERIA: Uso operacional do VSK-94 pelas Forças Armadas Árabes Sírias14 de julho de 2020.

sábado, 25 de abril de 2020

FOTO: Patrulha urbana pós-apocalíptica

Legionários do 1er REG (engenharia) participando da vigilância e proteção do Hospital Laveran, em Marselha, 24 de abril de 2020.
(COMLE/DRPLE)

Patrulha urbana como parte da Operação Sentinela, mas agora com máscaras por conta do coronavírus, proveniente da China. E pensar que tão cedo quanto 2019 a série The Division, da logomarca Tom Clancy, era vista como tendo uma história "muito fora da realidade".

O jogo The Division (2016) e sua continuação The Division 2 (2019) são ambientados em um futuro próximo distópico onde a sociedade moderna foi completamente destruída por um vírus mortal transferido pelas cédulas de dinheiro. As pessoas precisam andar na rua com proteções contra o contágio.

Curta metragem sobre o The Division

sexta-feira, 27 de março de 2020

A Companhia de Fuzileiros na campanha da Itália

General Mark Clark passa em revista fuzileiros brasileiros na Itália.

Pelo General Everaldo José da Silva, Revista do Exército Brasileiro Nº 121 (1): 60-82, janeiro-março de 1984.

I – Introdução

Na qualidade de comandante de uma companhia de fuzileiros da Força Expedicionária Brasileira (FEB) não poderia me furtar a transmitir impressões sobre como vi o emprego da companhia durante a guerra, na Itália.

Assim, atendendo a convite da Revista do Exército Brasileiro, após decorridos quase 40 anos, eis-me voltando aos tempos de capitão, à frente de uma subunidade – a 1ª Companhia do Regimento “Sampaio” – a unidade de infantaria com que o então Distrito Federal contribuiu para organizar a FEB.

Não foi muito fácil, confesso, reorganizar muitas idéias e rever aquela pequena coluna de combatentes nas diferentes ações de que tomou parte.

6º RI de volta a São Paulo, 1945.

Às vezes, chegou-me a fugir da memória o que tanto me preocupara na época para o cumprimento da missão determinada – o que fazer, como fazer e quando fazer – e como foi feito, na realidade.

Ouvindo melhor o subconsciente, porém, foi-me ele ainda fiel e consegui reunir as idéias adiante transcritas, todas elas pautadas na mais legítima lealdade para com aquele pugilo de bravos que tive a honra e a felicidade de comandar.

É possível, é evidente, que a outro comandante de companhia de fuzileiros poderá parecer estranha alguma conceituação que hoje trago a registro com o único propósito de servir a estudos pormenorizados que se desejar fazer a respeito da guerra na Itália, da doutrina de ontem em paralelo com a que se realiza hoje em nosso Exército Brasileiro, que nos parece muito benéfico à chegada de conclusões no aprimoramento do emprego das armas, mui especialmente da subunidade de infantaria, cuja missão no combate é, no ataque, aproximar-se o mais possível do inimigo para destruí-lo ou capturá-lo, tomando-lhe a posição, e na defensiva, repelir o avanço inimigo pelo fogo, mantendo, a todo custo, a posição ocupada.

Procurei n este registro focalizar as fases mais importantes em que a companhia de fuzileiros foi empregada durante a campanha, descrevendo fatos e comportamentos, através de informações colhidas do batalhão, em relatórios escritos e orais, e por meio de companheiros de fileira que comigo conviveram na guerra e após seu término.

Para isso, seguiremos o sumário elaborado justamente sob as idéias enumeradas e que norteará o presente trabalho.

II – Organização

A companhia de fuzileiros tipo FEB, compunha-se da seção de comando, três pelotões de fuzileiros e um pelotão de petrechos, este correspondendo ao pelotão de apoio na atual organização, com menor poder de fogo, evidentemente, em face da presença, no atual pelotão de apoio, da seção de morteiros 81 e outra, de canhões sem-recuo, principal meio de defesa a serviço da companhia.

Em ligeira observação, verifica-se que a atual organização possui maior poder de fogo e mais autonomia em combate, por poder dispensar o acompanhamento, em determinadas missões, da companhia de apoio do batalhão.

O pelotão de petrechos da companhia tipo FEB possuía, além de uma seção de metralhadoras leves .30, uma seção de morteiros 60 mm. Além desse armamento, a companhia possuía uma metralhadora .50, arma geralmente empregada contra viaturas de qualquer tipo e contra a aviação inimiga.

À falta de armamento de maior potência na companhia de fuzileiros, o batalhão reforçava as companhias segundo as missões, com suas seções de metralhadoras pesadas e morteiros 81.


Evidentemente, a atual organização dá à companhia maior liberdade de ação em combate, maior autonomia.

Não se deve inferir daí, entretanto, que a organização tipo FEB tenha sido insuficiente para atuar nos idos de 40, na II Grande Guerra. O batalhão supriu essa necessidade.

A companhia de fuzileiros era mais fluída, menos pesada, mais leve, em detrimento, é lógico, de sua capacidade de combate.

Forçosamente, a mecanização, a blindagem, meios e princípios generalizados no modo de combater hoje, foram aperfeiçoando a organização atualmente existente.

Quanto a efetivo, a companhia tipo FEB possuía da ordem de 200 homens. Seus pelotões possuíam 41 homens, inclusive um 3º sargento orientador; fora o capitão comandante e o 1º tenente subcomandante, a seção de comando constava de 33 praças.

No que se refere a armamento, o fuzil (arma individual) usado era o Springfield ou Garand, hoje substituídos pelo FAL.

As metralhadoras eram leves – ponto 30, e pesadas – ponto 50.

Além disso, como já nos referimos anteriormente, a companhia possuía três morteiros 60, hoje distribuídos aos pelotões de fuzileiros.

Sobre transporte, a companhia possuía duas ou três viaturas ¼ de tonelada (jeep) para o comando da companhia e usadas para carregar o material do pelotão de petrechos, nos grandes deslocamentos.


O equipamento da Seção de Comando, inclusive os sacos de lona, eram transportados em viaturas do batalhão.

Parece-nos merecer especial enforque a questão do uniforme.

Era ele de lã verde-oliva, que resguardava o homem da inclemência do clima europeu, nos meses de inverno. Além da calça e blusa, foi distribuída uma jaqueta, à semelhança de nossa japona, porém oferecendo vantagens por ser de duas faces, uma delas forrada de lã que aquecia a contento.

Foram também distribuídas galochas de borracha que resguardavam os pés da friagem, evitando o conhecido problema do “pé-de-trincheira”. Para forrar o capacete, havia um gorro de lá que protegia a cabeça e os ouvidos do vento, da neve e do frio.

Aos motoristas, foi pago um par de óculos especiais de forma a proteger os olhos da neve e do vento quando na direção.

Em síntese muito ligeira, aqui estão elementos que constituíram características da companhia tipo FEB. Poderíamos entrar em outras minudências, lembrando, por exemplo, a capa branca, o forro branco da barraca, com o objetivo de mascarar, camuflar, no lençol branco que cobre a Itália nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro e outras peças que o Exército Norte-Americano, a quem cabia apoiar a FEB no aspecto, distribuiu às forças brasileiros.

Não julgo, porém, de real importância para o objetivo do trabalho e, por isso, passo a considerações sobre o emprego da companhia em combate.

III – Emprego


Não pretendemos examinar o emprego da companhia tipo FEB em todas as fases do combate.

Preferimos adiantar desde já que fugiu bastante ao que se ensina e se aprende na teoria. Na prática, as missões atribuídas às unidades eram bem superiores ao que normalmente se via nos manuais e se exercitava em paz. As frentes de ataque e de defesa, os objetivos a conquistar e as posições a guardar, a manter, distribuídas à companhia tipo FEB, eram mais amplas do que previam os regulamentos, aconselhavam os princípios táticos. Entretanto, eram missões ... E missões se cumprem com os meios disponíveis.

Atribuímos esse distanciamento da teoria o fato da escassez de forças no teatro de operações italiano, à situação em si. Essa não observância às possibilidades ideais da subunidade acarretava dificuldades no desenrolar do cumprimento da missão.

No âmbito do batalhão, provocava verdadeiros vazios entre as subunidades ao ameaçar os flancos. Dificultavam as ligações entre elas e o comando do batalhão se sentia algumas vezes sem poder influir sobre o combate dada a falta de ligações, pelo rádio 111, que falhava em momentos precioso para a conduta da operação.

No âmbito da companhia, entre os pelotões, ocorria o mesmo problema, pois nem o fio, nem o rádio, nem o mensageiro funcionavam a pleno êxito nessas oportunidades em que o bombardeio da artilharia e de morteiros inimigos era desfechado sobre a coluna atacante, sobre os núcleos de defesa de uma posição.

Em face desses problemas, ocorria também a pouca disponibilidade de meios para constituir a reserva, princípio que garante a manutenção do impulso na ofensiva, e na defensiva assegura o combate para a defesa de uma posição tomada ao inimigo.

Como exemplo gritante, citamos a ação de 21 de fevereiro de 1945, sobre Castelo, em que o comandante do I Batalhão do Regimento “Sampaio” usou um pelotão da 1ª Companhia como elemento de segurança imediata dos elementos de comando do batalhão que acompanhava o ataque, ficando assim aquela subunidade com dois pelotões somente para cumprir a missão que lhe fora atribuída, de atacar à retaguarda e à esquerda do dispositivo do batalhão, em ligação com os elementos mais da direita da 10ª Divisão de Montanha, que fora lançada sobre a crista do conjunto Belvedere - Monte Gorgolesco - Capela de Ronchidos – Della Torracia. E observe-se ainda que, para essa operação, o batalhão solicitou e obteve o reforço da 5ª Companhia (do capitão Waldir Moreira Sampaio) ao regimento de infantaria, fato também que não nos parecia muito usual na teoria, mas que, segundo sentiu o major comandante do I Batalhão, se tornava imprescindível para que o ataque fosse reanimado e crescesse de ímpeto, o que realmente ocorreu, com absoluta segurança.


Na defesa, quase sempre, os dispositivos eram muito dispersos, as frentes largas demais, determinando a leitura cuidadosa de um plano de fogos em que estes se cruzassem evitando vazios, trechos não batidos.

Os pelotões ocupavam pontos críticos não permitindo que guardássemos reservas no âmbito da companhia.

O batalhão quase sempre preferia suprir essa dificuldade, colocando uma companhia ou mesmo o pelotão em condições de atuar na frente vulnerável, ameaçada.

O problema, porém sempre existiu: frentes superiores às possibilidades dos meios, determinando cuidadosa vigilância, inclusive por meio de pequenas patrulhas à noite para evitar surpresas desagradáveis.

Sobre patrulhas, reservamos um item especial, dado seu largo emprego em campanha, em particular nos meses em que o inverno italiano obrigou aos aliados a fazerem uma parda na guerra de movimento, aproveitando para recompletarem seus efetivos, reorganizarem-se para a grande ofensiva da primavera, enquanto o degelo bloqueava as estradas.

IV – Patrulhas

Patrulha na região da Torre di Nerone, 1944.

Como todos sabem, os meses de defensiva na Itália tiveram como ações de movimento, agressivas, as conhecidas patrulhas do “pracinha”, que se infiltrava nas linhas inimigas em busca de informações, em busca de prisioneiros e para precisar melhor as posições que nos incomodavam de dia e à noite com tiros de metralhadoras e fogos de artifício, para irritar o nervo brasileiros que, a pouca distância, às vezes, chegava a sentir os preparativos e ouvir suas conversas no idioma alemão.

Segundo a missão que recebia, a patrulha se dizia:

- de Reconhecimento

- de Combate

- para fazer prisioneiro.

Prisioneiros alemães.

Não vamos definir os diferentes tipos de patrulha, convindo porém focalizar que a de combate normalmente tinha por missão “se possível” ocupar a posição inimiga, expulsando, destruindo ou capturando seus ocupantes e, por isso, era considerada de maior importância e de maior responsabilidade para os patrulheiros.

As patrulhas tanto se realizavam durante o dia como à noite, tudo em função dos fins a que deveriam servir ao escalão que as determinava.

Eram constituídas desde pequenas esquadras de ligação até o pelotão reforçado, que tinha por missão enfrentar o adversário (tendo em vista o combate para ocupar posição, desalojando dela o ocupante) ou capturar prisioneiro.

Normalmente, as patrulhas vinham em ordem escrita do batalhão, que agia por iniciativa própria ou por ordem do regimento.


Ao chegar a ordem à subunidade, os homens que constituiriam a patrulha eram cuidadosamente selecionados, segundo a missão a que seria levados.

O estudo da missão “ordem de patrulha” começava com a interpretação do documento, por parte, inicialmente, do comandante da companhia, e posteriormente, em conjunto com o oficial ou sargento designado.

Eram fatores a pesar nesse estudo os seguintes dados:

- missão

- terreno, principalmente o objetivo, o local até onde deveria chegar a patrulha, os itinerários de ida e de regresso, os acidentes mais importantes do terreno a percorrer, trechos minados etc.

- inimigo, natureza e efetivo do inimigo com que provavelmente os patrulheiros iriam encontrar.

Esse estudo era feito inicialmente na carta, e, posteriormente, no terreno, de um posto de observação (PO) de onde seria abarcada a maior extensão da área a percorrer. Quando possível, aos patrulheiros de maior responsabilidade no cumprimento da missão era mostrado no terreno o processo de como deveria cumprir sua tarefa no conjunto da patrulha.


Conforme a importância da missão, o batalhão acionava seus morteiros e o observador avançado da artilharia para apoiar a patrulha em caso de necessidade. Houve um pelotão que, durante uma “patrulha de ocupação” de dia, recebeu apoio de fogo de artilharia, que assegurou seu retorno às bases, isolando elementos inimigos que procuravam cercar, envolver a patrulha, mediante uma progressão protegida por pequena dobra do terreno. Não fosse o desencadeamento do fogo previsto e a patrulha teria sido severamente castigada por sua audácia em penetrar nas linhas inimigas em as conhecer devidamente.

Ao término da missão, de retorno às linhas inimigas, cabe ao comandante da patrulha fazer relatório oral pormenorizado ao comandante da companhia, que o transmite, imediatamente, ao comandante do batalhão, por intermédio do oficial de permanência, de forma que as informações se tornem úteis e não percam em sua validade por decurso de tempo.

O General Crittenberger, comandante do IV Corpo americano, aperta a mão do 3º Sgt. Onofre de Aguiar que acabou de retornar com a sua patrulha, novembro de 1944.

Além das informações orais, é feito um relatório por escrito o m ais explícito possível, registrando-se, de preferência, a natureza do inimigo, quanto a efetivo, armamento e missão.

Acompanha o relatório um croquis onde eram amarradas as resistências (PO e postos de comando, PC), com os meios de comunicação usados pelo inimigo.

Quanto a prisioneiros, estes não devem permanecer por muito tempo no PC da companhia. Devem ser encaminhados o mais cedo possível ao PC do batalhão.

Assim se procedia na Itália.

Em anexo, um Relatório de Patrulha, elaborado pelo então tenente Carlos Augusto de Oliveira Lima, comandante de uma patrulha, à base de pelotão reforçado.

A Herança Tática da Primeira Guerra Mundial I: O Combate da Infantaria


Por Frédéric Jordan, Theatrum Belli, 26 de julho de 2016.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 13 de julho de 2019.

O estudo das batalhas do primeiro conflito mundial freqüentemente destaca os terríveis ataques mortíferos, o combatente colado no fundo de trincheiras, o choque e o poder do fogo da artilharia que aniquila toda manobra. No entanto, alguns autores mostraram que em 1918, o exército francês tinha se adaptado notavelmente para se reconectar com a guerra do movimento com uma doutrina inter-armas associando soldados de infantaria melhor equipados, com apoio de fogo coordenado, carros de assalto ou uma força aérea dominando o céu. Parece, portanto, interessante observar a herança tática, ou sua percepção, ou mesmo sua interpretação no final da década de 1920. Para isso, pude consultar um livro escrito pelo Major Bouchacourt (que terminará sua carreira como general comandante da 42ª Divisão de Infantaria), em 1927, e publicado pelas Edições Lavauzelle. O autor trata quase exclusivamente da infantaria, no ataque e na defesa e procura teorizar o uso desta arma para os combates futuros se apoiando exclusivamente nas lições da luta da Grande Guerra e sobre os textos dos regulamentos em vigor no momento da redação do seu tratado. Veremos que essa abordagem o conduz, de fato, a mostrar ao mesmo tempo uma boa clarividência sobre certos princípios fundadores (surpresa, ousadia, reservas,...), mas também um pensamento um tanto ossificado nos esquemas propostos especialmente para as missões defensivas, camisas de força que serão encontradas em 1940 durante a campanha da França.


O Ataque

É o tema de um "regulamento de manobra de infantaria" que detalha quatro fases distintas: a aproximação, o contato, o assalto, a conservação do terreno conquistado ou a exploração do sucesso. Esta análise parece judiciosa a princípio, mas é apoiada por um exemplo particular, o ataque dos exércitos aliados em 8 de agosto de 1918 contra forças alemãs exaustas.

O autor descreve então, a título de ilustração, o setor de uma divisão francesa antes do ataque, unidade que dispõe em 1.200 metros de frente de 2 regimentos de infantaria, 2 regimentos de caçadores, 7 grupos de canhões de 75 mm (120 peças), 3 grupos de 155 mm e 4 grupos de 220 mm. Há claramente um poder de fogo que deve permitir a ruptura das defesas inimigas, o que faz o Major Bouchacourt dizer com uma precisão tática real, mas também uma certa certeza de que "ao querer prever tudo em demasiado detalhe, corre-se o risco de não ter suficientemente em conta o imprevisto do combate e de comprometer os executantes muito rapidamente, durante a ação, perante uma perturbação completa das disposições presas de uma maneira muito precisa." De fato, o ataque foi meticulosamente preparado, minuto a minuto (pontos de travessia, rotas, desdobramento, posição de metralhadoras) por trás de uma barragem rolante que a infantaria seguia muito de perto. Segue um estudo detalhado do sistema defensivo alemão com, em ponto culminante, na necessidade de neutralizar os "sinos" ou PP (Widerstandnester), grupos de 6 a 8 homens comandados por um graduado, colocados em buracos organizados à frente da linha de resistência, mas igualmente armados com uma metralhadora leve para segurar no local e atrapalhar o ataque dos assaltantes. A etapa seguinte é descrita como uma irrupção dentro da posição inimiga e sua travessia para a profundidade.

No ataque, após a fase de preparação e de aproximação, é uma questão de invadir a posição inimiga, o momento chave da ação para pegar o adversário de surpresa, desorganizá-lo e finalmente deslocar seu dispositivo. A ação é baseada na surpresa e em potentes meios de artilharia a fim de desenvolver um fogo rolante contínuo, capaz de mascarar (e de proteger) as muitas tropas que executam o ataque. A surpresa é obtida pela instalação de forças no último momento (noite anterior), a ausência de terraplenagem (ou abrigos) ou de tiros de artilharia de regulagem.

O autor ressalta, no entanto, que em 1918 essa manobra foi facilitada pela lassidão alemã, cujas forças deixaram de construir tão bem suas posições defensivas. De fato, as redes de arame farpado estão incompletas, as barragens de fogo à frente das linhas (para quebrar o ímpeto dos ataques), assim como os obstáculos contínuos são insuficientes. No exemplo que mostra o 94ª RI, essa tática é detalhada com as variações relacionadas à situação real na tomada, em particular, da trincheira "Magdeburg". A velocidade de deslocamento (100 metros a cada 3 minutos) e o aperto das unidades possibilitam aproximar-se do inimigo, aninhar-se com ele, antes mesmo que ele possa disparar um tiro de barragem.

As principais ameaças às tropas francesas, no entanto, continuam sendo os ninhos de metralhadoras que devem ser reduzidos, por meio do engajamento da reserva (uma companhia por batalhão), concentrando o apoio ou desbordando os pontos de resistência alemães. Da mesma forma, as lições parecem mostrar que o cruzamento da posição do inimigo deve ser feito em toda a profundidade da frente, a fim de aproveitar as brechas nas defesas descontínuas, para transbordar as ilhotas de resistência e atacá-las pelas costas.

O Major Bouchacourt recorda, ao longo de seu discurso, que a artilharia, ainda que conquiste a superioridade de fogos, não pode neutralizar todas as peças dos alemães que assim dispõe, em certos compartimentos de terreno, de um conseqüente apoio de fogos. Por outro lado, denigre, com má-fé, a ação dos tanques canadenses que deveriam acompanhar os soldados de infantaria franceses. Ele proclama a grande iniciativa dos quadros do exército francês que permite a exploração. Além disso, ele cite o regulamento provisório de manobra da infantaria que ilustra as escolhas judiciosas constatadas no terreno em 1918 na região de Mézières: “Durante a sua progressão no interior da posição do inimigo, a infantaria deve confiar cada vez mais em si mesma. A iniciativa dos líderes da infantaria assume uma importância capital para a continuação dos eventos. Comandantes de corpo de exército, comandantes de batalhão e até mesmo comandantes de companhia devem demonstrar o espírito de oportunidade, de decisão e de ousadia que por si só torna possível tirar o máximo proveito das circunstâncias favoráveis do combate, circunstâncias que são sempre fugidias e das quais ele deve aproveitar sem demora, sob pena de dar tempo ao inimigo para se recuperar.”

A parte consagrada ao ataque termina com uma síntese das formações básicas de infantaria usadas pelos aliados (armamentos, deslocamentos), por um catálogo completo dos apoios diretos (morteiro Stokes, canhões de 37 mm) e por uma análise dos efeitos de artilharia. Esta é dividida em uma parte dedicada à ação geral (como hoje) para destruir as peças adversárias ou conduzir a preparação de artilharia (parece hoje a “battlefield shaping" [modelagem do campo de batalha]) e da artilharia de acompanhamento (adaptado de acordo com os termos atuais), a fim de reagir aos obstáculos encontrados e observados durante a condução. E o autor conclui com uma nota do General Joffre após a Batalha de Verdun e seu dilúvio de aço. Esta citação diz respeito a esta preparação pelo fogo, que por vezes pode ser improdutiva: “O evento acabou de provar que os defensores vencidos com este poderio estão em posição de, no momento do assalto, ocupar os destroços das trincheiras e deter o inimigo; o que a artilharia percebe no final, é a diminuição dos meios materiais da defesa e seu desgaste moral, não sua destruição.”

A Defesa

Para o exército francês de 1927, é perigoso opor ao apelo (assim como à manobra) à força assim como a considerar que um rompimento local pode permitir o colapso do dispositivo adverso: “Se uma unidade se eleva de uma forma que é muito sensível em relação à sua vizinha, ela cria um flanco descoberto e é rapidamente parada em sua progressão.” Infelizmente para esses teóricos, em 1940, na frente de Sedan, os alemães, por sua vez, demonstrarão que corps francs (infiltradores) ou unidades de engenheiros de assalto (como a do tenente Wackernagel) são capazes de se infiltrar e quebrar uma linha de resistência.

O Major Bouchacourt descreve então dois exemplos do primeira conflito mundial na região de Verdun (Mort Homme) e no Somme (aldeia de Sallisel) a fim de detalhar as disposições defensivas da infantaria para deter um ataque inimigo assim tão poderoso contra ela. Ele considera com certa parcialidade que o colapso das linhas alemãs em 1918 é apenas um contra-exemplo, esquecendo as evoluções tático-operativas implementadas pelos Aliados na época (tanques, combate inter-armas, emprego da aviação).

Para isso, ele se baseia nos textos regulamentares e em suas próprias análises ou lições dos dois combates evocados com uma defesa da posição dita de resistência.
Quando ele expõe as forças envolvidas, notamos, mais uma vez, a superioridade numérica francesa sobre uma primeira posição, 8 batalhões de infantaria, em segundo escalão, 3 batalhões e em reserva, 1 batalhão. Essas unidades valor batalhão estão a 500 metros da frente (vide o diagrama abaixo).

Aqui, à título de exemplo da ocupação, o dispositivo esquemático de um batalhão.

Trata-se de um dispositivo contínuo, não-"furado" em ninhos de resistência com, em particular, trincheiras duplicadas para se prevenir contra tiros indiretos alemães. Quanto aos apoios da divisão, são muito importantes com 4 grupos de artilharia há 2km da frente e isto, para enfrentar o ataque de 3 divisões inimigas. O combate é portanto violento porque a doutrina quer que cada brecha seja fechada pelas reservas para impedir todas as infiltrações. Em Verdun, as perdas sofridas em um dia pela 42ª divisão, cuja ação defensiva é analisada, foram de 1.600 homens fora de combate e 30.000 tiros de canhão foram disparados enquanto que em Sallisel, os alemães disparam 15 obuses 210 mm por minuto. Os tiros de barragem dos canhões de 75 mm são mortíferos para as tropas alemãs, os contra-ataques franceses são limitados a um nível local empregando granadas com o único propósito de restaurar a continuidade da defesa.

Da mesma forma, quando se detecta a possível ofensiva do inimigo, o autor recomenda um ataque preventivo repentino e maciço, bem como bombardeios de inquietação, a fim de fragilizar os preparativos do outro beligerante. Durante a batalha, os defensores devem manter uma linha contínua, organizar-se em conduta, retomar sua profundidade enquanto reconstituem as reservas e preservam as comunicações e o abastecimento. Eles também devem "aproveitar o momento fugidio entre o disparo do fogo de artilharia e a chegada da infantaria inimiga onde é possível lançar seus fogos", que são aqueles fogos diretos dos fuzis-metralhadores, aqueles das metralhadoras de flanco e, finalmente, as barragens de artilharia contra um inimigo exposto e privado de seus apoios durante o contato.

Enfim, o Major Bouchacourt considera que o processo do "freio" (diria-se frenagem hoje em dia) em sucessivos pontos de resistência deve ser proscrito, enquanto é imperativo desenvolver a organização do terreno (arame-farpado principalmente). a camuflagem, os abrigos e as trincheiras.

Essas certezas extraídas de duas batalhas particulares propõem um pensamento um tanto fechado que parece anunciar os fracassos da campanha de 1940:

É principalmente pelo fogo que a defesa pára um ataque.”

Conforme os meios materiais de ataque se desenvolverão, quando os tanques, por exemplo, e os aviões, entrarão ainda mais na batalha como auxiliares da infantaria,...”

Nós nunca estaremos pessoalmente convencidos de que na próxima guerra não veremos trincheiras novamente. Para que o fogo, na defesa, possa ser lançado quando chegar a hora, será necessário que aqueles que devem fazê-lo não sejam mortos.”

Para concluir, este livro, escrito oito anos após o fim da Primeira Guerra Mundial, oferece informações valiosas sobre os princípios táticos da guerra, mas também parece cegar os oficiais que extraem casos particulares generalidades perigosas para o futuro.

Frédéric Jordan.
Formado em Saint-Cyr e brevetado da Escola de Guerra, o Tenente-Coronel Frédéric JORDAN serviu em escolas de formação, no estado-maior como em vários teatros de operações e territórios ultramarinos, na ex-Iugoslávia, no Gabão, Djibuti, Guiana, Afeganistão e no cinturão Sahelo-Saariano. Apaixonado pela história militar, dirige um blog especializado desde 2011, “L’écho du champ de bataille” (O eco do campo de batalha) e participou de várias publicações como a revista "Guerres et Batailles” (Guerras e Batalhas) ou os Cadernos do CESAT (Collège d'Enseignement Supérieur de l'Armée de Terre/ Colégio de Educação Superior do Exército). Ele é o autor do livro “L’armée française au Tchad et au Niger, à Madama sur les traces de Leclerc” (O exército francês no Chade e no Níger, em Madama nos passos de Leclerc) pela Éditions Nuvis, que descreve a operação que ele comandou no Chade e no Níger no âmbito da Operação Barkhane, colocando em perspectiva o seu engajamento com a presença militar francesa nesta região desde o século XIX.

segunda-feira, 16 de março de 2020

FOTO Sentinela romeno em clima invernal

Sentinela romeno armado com um fuzil Berthier francês, 1940.

Fotos tiradas por Margaret Bourke-White para a Revista LIFE, 1940:

"Guarda do exército romeno, vestido em ordem de clima frio, durante serviço de sentinela sobre a ponte do congelado Rio Prut, em clima de 35 graus abaixo de zero que torna impossível que ele fique no posto mais do que uma hora de cada vez."

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

GALERIA: Exercício Yellow Assault


O Exercício Yellow Assault (Assalto Amarelo), realizado em fevereiro de 2019, tem por missão aprimorar as habilidades centrais de infantaria de fogo e movimento. Os paraquedistas da C Company, 3rd Battalion, The Parachute Regiment participaram da manobra na Área de Treinamento de Stanford (Stanford Training Area, STANTA), em Norfolk na Inglaterra.

"O treinamento atualiza e reforça sua capacidade de trabalhar em conjunto para atacar objetivos, começando do movimento individual em um campo de tiro até os ataques como uma seção de oito homens, depois reunindo seções para atacar como um pelotão."