quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

FOTO: Capacete pickelhaube prateado boliviano

Capacete pickelhaube prateado boliviano.
(Coleção de 
Diethelm König)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 16 de fevereiro de 2023.

O Pickelhaube foi introduzido na Bolívia por causa da missão militar alemã que chegou naquele país em 1911. O Exército boliviano adotou o capacete pontiagudo per se com o Regulamento de Uniformes de 10 de maio de 1912.

O Pickelhaube foi usado também pela Academia Militar à partir de 1912, sendo usado até hoje pelo agora renomeado Colégio Militar “Coronel Gualberto Villaroel” e pela Academia de Polícia da Bolívia (Academia Nacional de Policías, ANAPOL). Da mesma forma, muitas bandas marciais do ensino médio usam esse capacete em suas apresentações.

Guarda Presidencial boliviana durante uma cerimônia na capital La Paz, década de 1930.
Eles estão equipados com os capacetes Pickelhauben, de tradição prussiana, em estilo cuirassier imperial alemão. A Guarda Presidencial era recrutada no "Regimento Colorados 1º de Infanteria".

Os capacetes Pickelhauben da Guarda Presidencial eram patreados em estilo couraceiro imperial alemão. No livro The Chaco War 1932–35: South America’s greatest modern conflict, de Alejandro de Quesada e Phillip Jowett sobre a Guerra do Chaco, a Guarda Presidencial foi ilustrada em uma lâmina do artista Ramiro Bujeiro (o mesmo que ilustrou o livro da FEB) baseada na foto acima. Nessa época, o Exército Boliviano tinha forte influência prussiana e era comandado pelo general alemão Hans Kundt.

Lâmina do Ramiro Bujeiro mostrando um soldado da cavalaria
usando um Pickelhaube prateado.

Descrição da lâmina:

E2: Soldado de cavalaria, Regimiento Avaroa 1° de Caballeria, uniforme de serviço

A característica mais marcante do uniforme usado por este soldado índio do planalto do Altiplano é um capacete Pickelhaube de aço polido, modelo cuirassier alemão imperial, com um distintivo de condor com uma coroa de prata, e os relevos das escamas da jugular de latão fixados por cocar nas cores nacionais. Sua túnica de lã, em tom cinza-de-campanha alemão, tem gola alta; bolsos de chapa no peito, com abas recortadas abotoadas em latão e pregas em caixa; bolsos internos no quadril com aba reta lisa; braguilha a esconder os botões frontais e punhos de cano virados para trás.

As alças lisas são canalizadas na cor verde-maçã da cavalaria, e um numeral regimental de latão “1” é fixado a remendos de colarinho recortados da mesma tonalidade. Ele usa perneiras e botas marrons, mas cintura e cintos de couro branco, o primeiro com uma placa de latão com as armas nacionais em um círculo elevado. Sua arma é o habitual fuzil Mauser Gewehr 98.

As demais cores das utilizadas pelo Exército boliviano eram: estado-maior – escarlate; infantaria – vermelho; artilharia – preto; engenharia – violeta avermelhado; corpo aéreo – azul escuro; corpo de intendência – castanho claro; e corpo médico – violeta acinzentado pálido.

Bibliografia recomendada:

Les Casques Militaires des États d'Amérique Latine:
XIXème au XXème Siècles,
Yves Plasseraud.

Leitura recomendada:

FOTO: Soldado afegã em trajes tradicionais

Soldado afegã na parada militar celebrando a Revolução de Saur em Cabul, Afeganistão, 1984.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 16 de fevereiro de 2023.

Uma mulher soldado do exército afegão socialista da República Democrática do Afeganistão, vestida em roupas tradicionais e segurando um AK-47, em Cabul no ano de 1984. Ela faz parte da parada militar celebrando a Revolução de Saur de 1978.

Ocorrida de 27 a 28 de abril de 1978, a Revolução Saur (persa: انقلاب ثور) é o nome dado à tomada do poder pelo Partido Democrático do Povo, tornando o Afeganistão em um país socialista em 28 de abril de 1978. O nome "Saur" refere-se ao nome Dari do segundo mês do calendário persa, mês em que ocorreu o levante.

Rescaldo da Revolução de Saur em Cabul no dia seguinte,
29 de abril de 1978.

Bibliografia recomendada:

A Mulher Militar:
Das origens aos nossos dias,
Raymond Caire.

Leitura recomendada:

A primeira mulher piloto do Afeganistão agora está lutando para voar pelas forças armadas dos EUA6 de julho de 2022.

ENTREVISTA: Svetlana Alexievich, A Guerra não tem rosto de Mulher13 de maio de 2022.

Milicianas cubanas com submetralhadoras tchecas27 de abril de 2022.

GALERIA: Treinamento de CQB de um Pelotão Tático Feminino afegão30 de agosto de 2021.

FOTO: Exercício de mulheres soldados do antigo Exército Nacional Afegão27 de setembro de 2021.

FOTO: Graduação da primeira classe de policiais especiais femininas afegãs1º de setembro de 2021.

FOTO: Professora iraniana com o M1 Garand na época do Xá13 de março de 2022.

FOTO: Vespa cubana13 de janeiro de 2022.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

O grande desfile militar dos 75 anos do Exército Popular da Coréia do Norte


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 9 de fevereiro de 2023.

Um grande desfile militar foi realizado na Praça Kim Il Sung, na capital Pyongyang, em 8 de fevereiro para comemorar o 75º aniversário de fundação do Exército Popular da Coréia, as forças armadas revolucionárias da República Popular Democrática da Coréia.

A cerimônia ocorreu à noite, com a presença do "Líder Supremo da Coréia do Norte" Kim Jong-un e sua entourage, marcando a quarta aparição pública da filha de 10 anos do grande líder, Kim Ju-ae.

O desfile demonstrou as típicas formações em massa de soldados marchando em uníssono com fuzis Kalashnikov com baionetas caladas, e com passos firmes e gritos de guerra vigorosos. Além das demonstrações de tropas especiais com equipamentos de combate invernal, snipers em trajes ghillie e outras forças especiais, o principal evento foi a exibição da maior quantidade de mísseis intercontinentais balístico (ICBM) com capacidades nucleares. Além da quantidade e tamanhos enormes desses novos mísseis, o maior e mais avançado deles foi exibido: o Hwasong-17.


Hwasong-17 tem capacidade para atingir qualquer ponto no território dos Estados Unidos e é o carro-chefe do programa de defesa norte-coreano. Outra novidade foi que alguns ICBM parecem ser projetados para usarem combustível sólido, o que os tornaria muito mais rápidos para pronto-lançamento em comparação aos modelos de combustível líquido. No ano passado, os norte-coreanos realizaram um recorde de lançamentos, inclusive lançando um míssil sobre o Japão; causando apreensão nos países limítrofes.

Conforme notado pelos analistas, esses mísseis são tão importantes para ethos norte-coreano que a esposa do líder supremo foi vista usando um pingente com a forma do Hwasong-17. Em novembro o ano passado, Kim Jon-un supervisionou o lançamento do novo ICBM acompanhado da filha para estabelecer uma ideia de continuidade do regime, como uma possível sucessora, e para mostrar que o regime norte-coreano não tem intenção de abandonar o seu programa nuclear.

Kim Jon-un e Kim Ju-ae diante de um míssil Hwasong-17,
19 de novembro de 2022.

Seguem algumas imagens do desfile:




























FOTO: Menino-soldado fumando um cigarro no Chade

Um menino soldado chadiano aproveita um cigarro durante a guerra contra a Líbia, 5 de abril de 1987.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 9 de fevereiro de 2023.

Um menino soldado do exército chadiano posa com um capacete de tanquista do modelo soviético, capturado ao exército líbio, aproveitando um cigarro e portando um AK-47 em Kalait, no Paralelo 16, a zona de guerra da segunda fase da Guerra das Toyotas entre o Chade e a Líbia de Muammar al-Gaddafi.

A foto foi tirada por Dominique Faget para a Agence France Press (AFP) em 5 de abril de 1987. A legenda original diz:

"Uma criança-soldado posa com um capacete líbio, um cigarro e uma Kalashnikov AK-47 de fabricação soviética em 05 de abril de 1987 em Kalait (paralelo 16), após a derrota do exército líbio durante o conflito chadiano-líbio."

Apesar do material pesado e poder de fogo esmagadoramente superior, os líbios foram derrotados pelos ágeis e criativos chadianos em Toyotas armadas com sistemas de mísseis fornecidos pela França e Estados Unidos. O Chade se beneficiou do apoio aéreo direto da França, que limitou a ação dos líbios ao Paralelo 16.

Toyota transportando combatentes chadianos na década de 1980.

Os líbios eram soberbamente equipados com material pesado, baseando as suas táticas no modelo soviético de forças blindadas e helicópteros de ataque, que lhes davam supremacia total contra os chadianos antes dos mísseis MILAN ("pipa") e Redeye ("olho vermelho") lhes darem a possibilidade de reagirem. As táticas e estratégias de ambos os lados foram detalhadamente analisadas pelo professor Dr. Kenneth M. Pollack no capítulo 4 do livro Arabs at War: Military Effectiveness, 1948-1991.

Bibliografia recomendada:

Arabs at War:
Military Effectiveness, 1948-1991,
Dr. Kenneth M. Pollack.

Leitura recomendada:

FOTO: Crianças guerrilheiras no Tonquim13 de junho de 2021.

FOTO: Crianças-soldados alemãs com foguetes Panzerfaust25 de julho de 2022.

FOTO: Criança-soldado brandindo um AK47 na Indonésia26 de fevereiro de 2021.

FOTO: Soldados Soviéticos nas ruínas do Reichstag2 de dezembro de 2020.

FOTO: Soldado vietnamita com prisioneiro Viet Minh29 de novembro de 2020.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

FOTO: Soldado ucraniano em Pripyat

Soldado ucraniano em Pripyat no inverno,
3 de fevereiro de 2023.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 7 de fevereiro de 2023.

Um soldado ucraniano posa em um carrinho de bate-bate, usando uma máscara de caveira e tendo um fuzil AK-74 com silenciador, em uma Pripyat coberta de neve no inverno europeu.

"Cinquenta mil pessoas viviam nesta cidade. Agora é uma cidade fantasma..."
- Capitão MacMillan.


Pripyat ou Prypyat é uma cidade fantasma no norte da Ucrânia, perto da fronteira com a Bielorrússia. Próximo à cidade fica a Usina Nuclear de Chernobyl, lugar onde ocorreu o maior acidente nuclear da história, em abril de 1986. A cidade em si e os arredores não são seguros como lugar de habitação, os cientistas supõem que os elementos radioativos mais perigosos precisarão de 900 anos para atingir níveis que permitam ao ser humano voltar a habitar a zona.


Leitura recomendada:

domingo, 29 de janeiro de 2023

Tiroteio em Jerusalém: Israel acelerará aplicações de porte de armas após ataques

As forças israelenses intensificaram os esforços de segurança após os dois ataques.

Equipe de repórteres da BBC News, 29 de janeiro de 2023.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 29 de janeiro de 2023.

O gabinete de segurança de Israel aprovou medidas para tornar mais fácil para os israelenses portarem armas depois de dois ataques separados de palestinos em Jerusalém nos últimos dois dias.

Os ataques ocorreram depois que uma incursão do exército israelense na Cisjordânia ocupada matou nove pessoas. As novas medidas também incluem privar os membros da família de um agressor de residência e direitos de segurança social. O gabinete completo deve considerar as medidas no domingo. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu havia prometido uma resposta "forte" e "rápida" antes da reunião do gabinete de segurança.

O exército de Israel também disse que iria reforçar o número de tropas na Cisjordânia ocupada. "Quando os civis têm armas, eles podem se defender", disse o controverso ministro da Segurança Nacional de extrema-direita, Itamar Ben-Gvir, a repórteres do lado de fora de um hospital em Jerusalém. As medidas revogarão os direitos à segurança social das "famílias de terroristas que apóiam o terrorismo", disse o gabinete de segurança.

As propostas estão de acordo com as propostas dos aliados políticos de extrema-direita de Netanyahu, que permitiram que ele voltasse ao poder no mês passado. O anúncio foi feito depois que a polícia israelense disse que um menino palestino de 13 anos estava por trás de um tiroteio no bairro de Silwan, em Jerusalém, no sábado, que deixou um pai e um filho israelenses gravemente feridos.

Um porta-voz da força policial israelense disse anteriormente que o agressor emboscou cinco pessoas enquanto se dirigiam para as orações, deixando duas em "estado crítico". O adolescente de 13 anos foi baleado e ferido por transeuntes e está internado no hospital.

Em um tiroteio separado na sexta-feira em uma sinagoga em Jerusalém Oriental, sete pessoas foram mortas e pelo menos três ficaram feridas enquanto se reuniam para orações no início do sábado judaico. O atirador foi morto a tiros no local. O homem por trás do ataque à sinagoga na sexta-feira foi identificado pela mídia local como um palestino de Jerusalém Oriental. A polícia prendeu 42 pessoas relacionadas ao ataque.

O comissário de polícia israelense Kobi Shabtai chamou de "um dos piores ataques que encontramos nos últimos anos". Grupos militantes palestinos elogiaram o ataque, mas não disseram que um de seus membros foi o responsável.

Netanyahu pediu calma e instou os cidadãos a permitirem que as forças de segurança realizem suas tarefas, enquanto os militares disseram que tropas adicionais seriam enviadas para a Cisjordânia ocupada. "Peço novamente a todos os israelenses - não façam justiça com as próprias mãos", disse Netanyahu. Ele agradeceu a vários líderes mundiais - incluindo o presidente dos EUA, Joe Biden - por seu apoio.

As tensões estão altas desde que nove palestinos - militantes e civis - foram mortos durante um ataque militar israelense em Jenin, na Cisjordânia ocupada, na quinta-feira. Isso foi seguido por disparos de foguetes contra Israel a partir de Gaza, aos quais Israel respondeu com ataques aéreos.

Netanyahu visitou o local do ataque na sexta-feira.

Desde o início de janeiro, 30 palestinos - militantes e civis - foram mortos na Cisjordânia. O presidente palestino, Mahmoud Abbas, suspendeu seus acordos de cooperação de segurança com Israel após o ataque de quinta-feira em Jenin. O tiroteio na sinagoga de sexta-feira aconteceu no Dia Memorial do Holocausto, que comemora os seis milhões de judeus e outras vítimas que foram mortas no Holocausto pelo regime nazista na Alemanha.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, condenou o ataque, dizendo que uma das vítimas era uma mulher ucraniana. "O terror não deve ter lugar no mundo de hoje - nem em Israel nem na Ucrânia", disse ele em um tuíte. O secretário de Relações Exteriores britânico, James Cleverly, escreveu no Twitter: "Atacar fiéis em uma sinagoga no Dia Memorial do Holocausto e durante o Shabat é horrível. Estamos com nossos amigos israelenses." O presidente Joe Biden conversou com Netanyahu e ofereceu todos os "meios apropriados de apoio", disse a Casa Branca.

Logo após o incidente, Netanyahu visitou o local, assim como Ben-Gvir. O polêmico ministro da segurança nacional prometeu trazer a segurança de volta às ruas de Israel, mas há uma raiva crescente por ele ainda não ter feito isso, disse Yolande Knell, da BBC em Jerusalém.

O pessoal do serviço de emergência israelense e as forças de segurança compareceram ao local do tiroteio de sexta-feira.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, está "profundamente preocupado com a atual escalada de violência em Israel e no território palestino ocupado", disse um porta-voz. "Este é o momento de exercer a máxima moderação", disse o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.

No sábado, a União Europeia expressou preocupação com o aumento das tensões e instou Israel a usar a força letal apenas como último recurso. "A União Europeia reconhece plenamente as preocupações legítimas de segurança de Israel - como evidenciado pelos últimos ataques terroristas - mas deve-se enfatizar que a força letal só deve ser usada como último recurso quando for estritamente inevitável para proteger a vida", disse o diplomata-chefe da UE, Josep Borrell.

Israel ocupa Jerusalém Oriental desde a guerra no Oriente Médio de 1967 e considera toda a cidade sua capital, embora isso não seja reconhecido pela grande maioria da comunidade internacional. Os palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como a futura capital de um esperado estado independente.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Tiroteio fatal na Embaixada do Azerbaijão no Irã aumenta as tensões


Por Jon Gambrell, The Washington Post, 27 de janeiro de 2023.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 27 de janeiro de 2023.

DUBAI, Emirados Árabes Unidos - Um homem armado invadiu a Embaixada do Azerbaijão na capital do Irã na sexta-feira, matando seu chefe de segurança e ferindo dois guardas em um ataque que aumentou as tensões entre os dois países vizinhos.

O Ministério das Relações Exteriores do Azerbaijão disse que evacuaria o posto diplomático, acusando o Irã de não levar a sério as ameaças relatadas contra ele no passado, que incluem comentários incitantes na mídia de linha dura sobre os laços diplomáticos do Azerbaijão com Israel.

O chefe da polícia de Teerã, General Hossein Rahimi, inicialmente culpou o ataque por “problemas pessoais e familiares”, algo rapidamente repetido na mídia estatal iraniana. Mas em poucas horas Rahimi perderia seu cargo de chefe de polícia depois que surgiram imagens que pareciam mostrar um membro da força de segurança não fazendo nada para impedir o ataque.

“Anteriormente, houve tentativas de ameaçar nossa missão diplomática no Irã, e foi constantemente levantado perante o Irã para tomar medidas para prevenir tais casos e garantir a segurança de nossas missões diplomáticas”, disse o Ministério das Relações Exteriores do Azerbaijão. “Infelizmente, o último ataque terrorista sangrento demonstra as graves consequências de não mostrar a devida sensibilidade aos nossos apelos urgentes nessa direção.”

“Somos da opinião de que a recente campanha anti-Azerbaijão contra nosso país no Irã levou a tal ataque contra nossa missão diplomática”, acrescentou o ministério.

O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, chamou o ataque de "ataque terrorista". Ele identificou o chefe de segurança morto como primeiro tenente Orkhan Rizvan Oglu Askarov.

“Exigimos que este ato terrorista seja rapidamente investigado e os terroristas punidos”, disse Aliyev em um comunicado. “Terror contra missões diplomáticas é inaceitável!”

Pessoas se reúnem do lado de fora da Embaixada do Azerbaijão após um ataque em Teerã, no Irã, sexta-feira, 27 de janeiro de 2023. Um homem armado com um fuzil estilo Kalashnikov invadiu a Embaixada do Azerbaijão na capital do Irã na sexta-feira, matando o chefe de segurança da embaixada diplomática e ferindo dois guardas, disseram as autoridades.
(Foto AP/Vahid Salemi)

O ataque aconteceu na manhã de sexta-feira, segundo dia do fim de semana iraniano. Um vídeo de vigilância divulgado no Azerbaijão supostamente mostrou o atirador chegando de carro à embaixada, batendo na traseira de outro carro estacionado em frente. Ele saiu do carro, segurando o que parecia ser um fuzil estilo Kalashnikov.

A partir daí, os detalhes entram imediatamente em conflito com o relato iraniano do ataque.

A TV estatal iraniana citou Rahimi dizendo que o atirador havia entrado na embaixada com seus dois filhos durante o ataque. No entanto, imagens de vigilância de dentro da embaixada, que correspondiam aos detalhes do rescaldo e traziam um carimbo de data e hora correspondente à declaração do Ministério das Relações Exteriores do Azerbaijão, mostraram que o atirador invadiu as portas da embaixada sozinho.

Os que estavam dentro tentaram passar por detectores de metal para se proteger. O homem abre fogo com o fuzil, o cano brilhando, enquanto persegue os homens até o pequeno escritório lateral. Outro homem sai de uma porta lateral e luta com o atirador pelo fuzil quando a filmagem termina.

Outro vídeo de vigilância de fora da embaixada, que também correspondia aos mesmos detalhes, mostrou o atirador batendo seu carro em outro em frente à embaixada. O atirador então saiu e apontou seu fuzil para uma figura dentro do estande da polícia iraniana, provavelmente um membro da força de segurança, que ficou parado e não fez nada quando o homem invadiu a embaixada.

O promotor iraniano Mohammad Shahriari teria dito que a esposa do atirador havia desaparecido em abril após uma visita à embaixada. A agência de notícias do judiciário iraniano Mizan citou Shahriari dizendo que o atirador acreditava que sua esposa ainda estava no posto diplomático no momento do ataque - embora oito meses depois.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani, também disse que seu país condena veementemente o ataque, que está sob investigação com “alta prioridade e sensibilidade”. O Azerbaijão também convocou o embaixador do Irã para apresentar um protesto contra o ataque quando as autoridades substituíram Rahimi, chefe da polícia de Teerã, sem oferecer uma explicação.

O Azerbaijão faz fronteira com o noroeste do Irã e pertenceu ao Império Persa até o início do século XIX. Os azeris étnicos também somam mais de 12 milhões de pessoas no Irã e representam o maior grupo minoritário da República Islâmica - tornando a manutenção de boas relações ainda mais importante para Teerã.

Houve tensões entre os dois países, já que o Azerbaijão e a Armênia lutaram pela região de Nagorno-Karabakh. O Irã também quer manter sua fronteira de 44 quilômetros (27 milhas) com a Armênia - algo que pode ser ameaçado se o Azerbaijão tomar novos territórios por meio da guerra.

O Irã lançou em outubro um exercício militar perto da fronteira com o Azerbaijão, flexionando seu poderio marcial em meio aos protestos nacionais que abalam a República Islâmica. O Azerbaijão também mantém laços estreitos com Israel, que Teerã vê como seu principal inimigo regional. A República Islâmica e Israel estão presos em uma guerra paralela em andamento, à medida que o programa nuclear do Irã enriquece rapidamente o urânio mais perto do que nunca dos níveis de armas. Israel também ofereceu suas condolências ao Azerbaijão pelo ataque.

A Turquia, que tem laços estreitos com o Azerbaijão, condenou o ataque, pediu que os perpetradores sejam levados à justiça e que medidas sejam tomadas para evitar ataques semelhantes no futuro. A Turquia apoiou o Azerbaijão contra a Armênia em Nagorno-Karabakh.

“A Turquia, que foi submetida a ataques semelhantes no passado, compartilha profundamente a dor do povo do Azerbaijão”, disse um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Turquia. “O irmão Azerbaijão não está sozinho. Nosso apoio ao Azerbaijão continuará sem interrupção, como sempre.”

Os escritores da Associated Press Vladimir Isachenkov em Moscou, Nasser Karimi em Teerã, Irã, e Suzan Fraser em Ancara, Turquia, contribuíram para este relatório.

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sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Macron aumentará gastos com defesa da França após guerra na Ucrânia


Por Leila Abboud, Financial Times, 20 de janeiro de 2023.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 20 de janeiro de 2023.

O orçamento militar para os seis anos até 2030 aumentará para € 400 bilhões, diz o presidente.

O presidente Emmanuel Macron prometeu aumentar os gastos da Defesa francesa até 2030, a fim de se ajustar às ameaças globais e aprender lições com a invasão russa da Ucrânia no ano passado. O presidente francês disse que o orçamento militar para 2024 a 2030 seria de € 400 bilhões, se o parlamento aprovar, acima dos € 295 bilhões de 2019 a 2025.

“Os novos conflitos do nosso século não serão de nossa escolha”, disse Macron em um discurso de ano novo na sexta-feira na base aérea de Mont-de-Marsan, no sudoeste da França. “Não há mais dividendo de paz por causa da agressão da Rússia contra a Ucrânia.”

Artilharia ucraniana em ação.

Depois de anos contendo gastos militares, a França com armas nucleares começou a aumentar o orçamento de defesa em 2017 sob a liderança do então recém-eleito Macron. Esses fundos visam “reinvestir e reparar nossos exércitos”, disse ele na sexta-feira, mas ainda há mais a ser feito. “Devemos garantir que o país esteja pronto para a próxima guerra, não apenas a mais recente”, disse ele.

Como membro da OTAN, a França deveria gastar cerca de 2% de seu produto interno bruto em defesa. Mas a invasão russa da Ucrânia em fevereiro levantou dúvidas entre as autoridades francesas sobre se as forças armadas poderiam enfrentar o desafio de um conflito de alta intensidade devido aos seus estoques limitados de equipamentos e munições.

Macron: "Devemos garantir que o país esteja pronto para a próxima guerra, não apenas para a mais recente".
(© Bob Edme/Pool/Reuters)

Bibliografia recomendada:

L'émergence d'une Europe de la défense:
Difficultés et perspectives,
Dejana Vukcevic.

Leitura recomendada: