Por Thomas Newdick, The War Zone, 11 de fevereiro de 2021.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 12 de fevereiro de 2021.
A polícia israelense e o serviço de segurança do Estado estão investigando um plano clandestino para exportar ilegalmente as “munições vagantes” (loitering munitions).1/3 בחודשים האחרונים נחקרו מעל 20 אזרחים ישראלים, בהם יוצאי התעשיות הביטחוניות, בחשד שעסקו בפיתוח, ייצור, ביצוע ניסויים ומכירת טילים משוטטים חמושים עבור מדינה באסיה שלא כדין. מהחקירה עלה כי קיבלו הנחיות לפעולה מגורמים הקשורים באותה מדינה, בתמורה לקבלת כספים וטובות הנאה pic.twitter.com/LhevCiNocg
— משטרת ישראל (@IL_police) February 11, 2021
De modo geral, os drones suicidas têm as vantagens de serem pequenos, manobráveis e difíceis de detectar, além de serem relativamente baratos. Mesmo uma munição vagante relativamente básica, oferecendo um sistema de controle man-in-the-loop (modelo que necessita de interação humana) seria uma arma muito útil em muitos cenários, especialmente em guerra assimétrica. Outros benefícios desse tipo de arma incluem a capacidade do operador de abortar o ataque, mesmo no último momento, ou fazer ajustes manuais para melhorar a precisão. Geralmente, os drones suicidas são muito precisos, ao mesmo tempo que fornecem meios adicionais para ajudar a evitar danos colaterais, recursos sobre os quais você pode ler com mais detalhes neste artigo anterior do War Zone.
Enquanto a munição vagante em questão parece ter sido lançada inicialmente com um motor de foguete, uma foto mostrando os drones sendo fabricados em uma oficina revela que ela também parece ter uma hélice na parte traseira, para a fase de cruzeiro de seu vôo. O drone em si tem um corpo tubular com grandes asas cruciformes no centro do corpo, além de aletas cruciformes menores na extremidade da cauda. No geral, o drone parece ser uma reminiscência de um míssil teleguiado israelense, o SPIKE-NLOS, produzido pela Rafael, embora este não use um motor de hélice.
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Um tripé montado no que parece ser um link de controle para operar os drones. |
Não se sabe qual sistema de orientação o drone usou. Normalmente, esses tipos de armas podem usar um sistema de controle man-in-the-loop que permite que seu operador humano veja o que o drone vê, por meio de um conjunto de câmeras de vídeo eletro-ópticas e/ou infravermelhas, durante todo o curso do seu vôo.
Os modelos mais sofisticados agora disponíveis oferecem um grau de autonomia, com a capacidade de detectar, categorizar e rastrear automaticamente vários tipos de alvos. Cada vez mais comuns são os modos de operação em que os drones podem prosseguir para atingir os alvos desejados sem qualquer necessidade adicional de intervenção humana.
Embora não esteja claro se esses métodos de orientação mais avançados estavam disponíveis para os indivíduos responsáveis pela construção desses drones ilícitos, o fato de ex-autoridades de defesa estarem envolvidos na trama sugere que eles podem ter pelo menos um conhecimento significativo dessas tecnologias.
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Este laptop robusto parece ter sido usado para lançar e controlar os drones. |
Israel já é notavelmente um dos principais desenvolvedores de munições vagantes, ou drones suicidas, incluindo o Harop que foi desenvolvido pela Israel Aerospace Industries (IAI). Menos de duas semanas atrás, o War Zone relatou como a versão marítima dessa arma havia recentemente garantido o que era aparentemente sua primeira encomenda, de outro país asiático não-identificado. A venda da Harop navalizada foi anunciada juntamente com um acordo com "outro cliente na Ásia" para versões padrão lançadas de terra dessa arma e uma venda da munição vagante de asa rotativa Rotem da IAI para um "país estrangeiro" diferente.
Não é exagero dizer que Israel foi essencialmente o pioneiro no conceito de munições vagantes, inspirado pelo uso inicial de drones para ajudar a destruir e confundir as defesas aéreas hostis durante a Guerra do Yom Kippur em 1973. Nos conflitos que se seguiram, Israel refinou o uso de drones para ajudar a sobrecarregar as baterias de defesa aérea, bem como para vigilância. Drones destinados a essas missões de alto risco tornaram-se cada vez mais dispensáveis, levando ao Harpy (Harpia), que se destinava a vaguear e depois localizar as frequências de radar de ameaça, destruindo os próprios sistemas de defesa aérea. Como talvez a primeira "munição vagante", o Harpy é a ancestral do Harop de hoje, e você pode ler mais sobre ele aqui.
Claro, é do interesse de alguns países obscurecer os detalhes das transferências de armas de Israel, no caso de vendas legítimas. Sensibilidades políticas são frequentemente a razão para os negócios israelenses de armas com clientes internacionais serem pouco divulgados por ambas as partes, as recentes vendas dos Harop e Rotem talvez sendo um exemplo disso. Enquanto isso, no caso das munições vagantes ilícitas, há uma sugestão de que as ramificações políticas também podem ser significativas. “Fontes com conhecimento da investigação disseram que o caso era altamente delicado, pois poderia afetar as relações exteriores de Israel e levar a uma divisão entre as superpotências”, tuitou o editor da edição em inglês do Haaretz, Avi Scharf.
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Um carretel de cabo estava entre os equipamentos que aparentemente foram confiscados. |
Munições vagantes, em geral, têm sido um tópico de grande discussão internacional desde que o Azerbaijão usou Harops lançados do solo com efeito decisivo em seu conflito com a Armênia sobre a disputada região de Nagorno-Karabakh no ano passado. Você pode ler mais sobre essa luta e o papel que os drones desempenharam nela em nosso relatório anterior sobre esse conflito.
Neste contexto, também é importante notar que uma empresa israelense já teve problemas em relação ao seu envolvimento em um incidente em Nagorno-Karabakh em 2017. Naquele ano, a Aeronautics Limited foi acusada de fraude e violação dos controles de exportação do país para equipamento militar. Isso foi supostamente o resultado de um incidente no Azerbaijão, no qual executivos da empresa “demonstraram” as capacidades de seu drone suicida Orbiter 1K, lançando um ataque muito real contra as forças apoiadas pela Armênia em Nagorno-Karabakh. Você pode ler tudo sobre isso aqui.
O fato de que um grupo bastante pequeno de indivíduos também pode construir e testar, em segredo, uma munição vagante aparentemente funcional também deve proporcionar uma pausa para reflexão para as nações ao redor do mundo que enfrentam uma ameaça potencial de grupos de milícias ou organizações terroristas. Após seu uso no conflito no Iêmen, a proliferação desse tipo de arma nas mãos de outros atores não-estatais parece ser apenas uma questão de tempo.
Até que saibamos o cliente pretendido desses drones produzidos ilegalmente, é difícil saber exatamente em que tipo de cenário eles deveriam ser usados. No entanto, parece seguro dizer que o desempenho das munições vagantes de fabricação israelense no conflito do Nagorno-Karabakh no ano passado ajudou a tornar esse tipo de arma algo “obrigatório” entre as forças armadas em todo o mundo.
Bibliografia recomendada:
Leitura recomendada:
Israel dá um passo "revolucionário" com drones táticos, 3 de setembro de 2020.
Snipers chineses agora estão equipados com drones para melhor atingirem seus alvos, 16 de janeiro de 2020.
FOTO: T-72 armênio destruído, 18 de dezembro de 2020.
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A França planeja curso autônomo sobre drones, 11 de janeiro de 2020.
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