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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Um grupo de israelenses construiu e testou secretamente drones suicidas para um cliente asiático desconhecido

Por Thomas Newdick, The War Zone, 11 de fevereiro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 12 de fevereiro de 2021.

A polícia israelense e o serviço de segurança do Estado estão investigando um plano clandestino para exportar ilegalmente as “munições vagantes” (loitering munitions).

Um grupo de mais de 20 israelenses, entre eles ex-autoridades de defesa, está sob investigação por supostamente projetar, produzir e vender ilegalmente “mísseis armados vagantes”, também conhecidos como “drones suicidas”, para um país asiático não-identificado. A notícia chega menos de duas semanas após o anúncio de três vendas legítimas desse tipo de arma pela indústria armamentista israelense, inclusive para países asiáticos não-identificados.

A polícia israelense confirmou hoje a investigação, que foi conduzida “nos últimos meses” em cooperação com o serviço de segurança estatal Shin Bet do país. Em nota publicada no Twitter, a polícia israelense explicou que os suspeitos haviam recebido secretamente instruções “de entidades relacionadas ao mesmo país”, em troca de “fundos consideráveis” pagos a eles, bem como outros benefícios não divulgados. A investigação foi conduzida pela Unidade de Investigações de Crimes Internacionais, parte da divisão Lahav 433 da polícia, que é a principal responsável pela investigação de crimes nacionais e corrupção. Como já observado, o Shin Bet também estava envolvido, assim como o Conselho de Segurança Nacional de Israel.

As munições vagantes ilegais em construção em uma oficina israelense.

“Os israelenses são suspeitos de crimes contra a segurança nacional, violação das leis de exportação de armas, lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros”, relatou o jornal israelense Haaretz. “A investigação continua. Os detalhes da investigação e as identidades dos suspeitos estão sob ordem de silêncio.”

Os supostos crimes incluem crimes contra a segurança do Estado, violações da lei sobre a supervisão de exportações de segurança, lavagem de dinheiro e outros crimes econômicos.

“Este caso ilustra o dano potencial à segurança do país devido a negócios ilegais conduzidos por cidadãos israelenses com entidades estrangeiras”, disse um porta-voz do Shin Bet, conforme noticiado no Jerusalem Post. “Também aumenta o temor de que a tecnologia caia nas mãos de países inimigos”, acrescentaram.

Israel tem procurado aumentar a regulamentação em torno de suas exportações de defesa nos últimos anos, com o objetivo de evitar que as empresas vendam armas conscientemente a países que cometeram graves violações dos direitos humanos.

De acordo com a Lei de Supervisão das Exportações de Defesa, o Ministério da Defesa israelense deve consultar o Ministério das Relações Exteriores em todas as vendas de armas para países estrangeiros, avaliando o impacto potencial na política externa e nas relações diplomáticas. Desde que a lei foi aprovada em 2007, o Ministério das Relações Exteriores tem muito mais poder para vetar as transferências de armas, embora elas, por sua vez, possam ser anuladas pelo gabinete de segurança do governo. Ironicamente, à luz do caso atual, esse regulamento foi introduzido, em parte, devido à venda planejada de drones de coleta de inteligência para a China, que acabou sendo cancelada devido à pressão dos Estados Unidos.

A polícia israelense divulgou vídeos e fotos das munições vagantes. Um breve videoclipe, com dois timestamps mostrando agosto e novembro de 2019, mostra uma das armas sendo testadas, com vários indivíduos reunidos ao lado de dois carros antes de serem lançadas, quase verticalmente. O Times of Israel informa que a polícia confirmou que o teste ocorreu “perto de uma área residencial” no centro do país.

De modo geral, os drones suicidas têm as vantagens de serem pequenos, manobráveis e difíceis de detectar, além de serem relativamente baratos. Mesmo uma munição vagante relativamente básica, oferecendo um sistema de controle man-in-the-loop (modelo que necessita de interação humana) seria uma arma muito útil em muitos cenários, especialmente em guerra assimétrica. Outros benefícios desse tipo de arma incluem a capacidade do operador de abortar o ataque, mesmo no último momento, ou fazer ajustes manuais para melhorar a precisão. Geralmente, os drones suicidas são muito precisos, ao mesmo tempo que fornecem meios adicionais para ajudar a evitar danos colaterais, recursos sobre os quais você pode ler com mais detalhes neste artigo anterior do War Zone.

Enquanto a munição vagante em questão parece ter sido lançada inicialmente com um motor de foguete, uma foto mostrando os drones sendo fabricados em uma oficina revela que ela também parece ter uma hélice na parte traseira, para a fase de cruzeiro de seu vôo. O drone em si tem um corpo tubular com grandes asas cruciformes no centro do corpo, além de aletas cruciformes menores na extremidade da cauda. No geral, o drone parece ser uma reminiscência de um míssil teleguiado israelense, o SPIKE-NLOS, produzido pela Rafael, embora este não use um motor de hélice.

Um tripé montado no que parece ser um link de controle para operar os drones.

Não se sabe qual sistema de orientação o drone usou. Normalmente, esses tipos de armas podem usar um sistema de controle man-in-the-loop que permite que seu operador humano veja o que o drone vê, por meio de um conjunto de câmeras de vídeo eletro-ópticas e/ou infravermelhas, durante todo o curso do seu vôo.

Os modelos mais sofisticados agora disponíveis oferecem um grau de autonomia, com a capacidade de detectar, categorizar e rastrear automaticamente vários tipos de alvos. Cada vez mais comuns são os modos de operação em que os drones podem prosseguir para atingir os alvos desejados sem qualquer necessidade adicional de intervenção humana.

Embora não esteja claro se esses métodos de orientação mais avançados estavam disponíveis para os indivíduos responsáveis pela construção desses drones ilícitos, o fato de ex-autoridades de defesa estarem envolvidos na trama sugere que eles podem ter pelo menos um conhecimento significativo dessas tecnologias.

Este laptop robusto parece ter sido usado para lançar e controlar os drones.

Israel já é notavelmente um dos principais desenvolvedores de munições vagantes, ou drones suicidas, incluindo o Harop que foi desenvolvido pela Israel Aerospace Industries (IAI). Menos de duas semanas atrás, o War Zone relatou como a versão marítima dessa arma havia recentemente garantido o que era aparentemente sua primeira encomenda, de outro país asiático não-identificado. A venda da Harop navalizada foi anunciada juntamente com um acordo com "outro cliente na Ásia" para versões padrão lançadas de terra dessa arma e uma venda da munição vagante de asa rotativa Rotem da IAI para um "país estrangeiro" diferente.

Não é exagero dizer que Israel foi essencialmente o pioneiro no conceito de munições vagantes, inspirado pelo uso inicial de drones para ajudar a destruir e confundir as defesas aéreas hostis durante a Guerra do Yom Kippur em 1973. Nos conflitos que se seguiram, Israel refinou o uso de drones para ajudar a sobrecarregar as baterias de defesa aérea, bem como para vigilância. Drones destinados a essas missões de alto risco tornaram-se cada vez mais dispensáveis, levando ao Harpy (Harpia), que se destinava a vaguear e depois localizar as frequências de radar de ameaça, destruindo os próprios sistemas de defesa aérea. Como talvez a primeira "munição vagante", o Harpy é a ancestral do Harop de hoje, e você pode ler mais sobre ele aqui.

Claro, é do interesse de alguns países obscurecer os detalhes das transferências de armas de Israel, no caso de vendas legítimas. Sensibilidades políticas são frequentemente a razão para os negócios israelenses de armas com clientes internacionais serem pouco divulgados por ambas as partes, as recentes vendas dos Harop e Rotem talvez sendo um exemplo disso. Enquanto isso, no caso das munições vagantes ilícitas, há uma sugestão de que as ramificações políticas também podem ser significativas. “Fontes com conhecimento da investigação disseram que o caso era altamente delicado, pois poderia afetar as relações exteriores de Israel e levar a uma divisão entre as superpotências”, tuitou o editor da edição em inglês do Haaretz, Avi Scharf.

Um carretel de cabo estava entre os equipamentos que aparentemente foram confiscados.

Munições vagantes, em geral, têm sido um tópico de grande discussão internacional desde que o Azerbaijão usou Harops lançados do solo com efeito decisivo em seu conflito com a Armênia sobre a disputada região de Nagorno-Karabakh no ano passado. Você pode ler mais sobre essa luta e o papel que os drones desempenharam nela em nosso relatório anterior sobre esse conflito.

Neste contexto, também é importante notar que uma empresa israelense já teve problemas em relação ao seu envolvimento em um incidente em Nagorno-Karabakh em 2017. Naquele ano, a Aeronautics Limited foi acusada de fraude e violação dos controles de exportação do país para equipamento militar. Isso foi supostamente o resultado de um incidente no Azerbaijão, no qual executivos da empresa “demonstraram” as capacidades de seu drone suicida Orbiter 1K, lançando um ataque muito real contra as forças apoiadas pela Armênia em Nagorno-Karabakh. Você pode ler tudo sobre isso aqui.

O fato de que um grupo bastante pequeno de indivíduos também pode construir e testar, em segredo, uma munição vagante aparentemente funcional também deve proporcionar uma pausa para reflexão para as nações ao redor do mundo que enfrentam uma ameaça potencial de grupos de milícias ou organizações terroristas. Após seu uso no conflito no Iêmen, a proliferação desse tipo de arma nas mãos de outros atores não-estatais parece ser apenas uma questão de tempo.

Até que saibamos o cliente pretendido desses drones produzidos ilegalmente, é difícil saber exatamente em que tipo de cenário eles deveriam ser usados. No entanto, parece seguro dizer que o desempenho das munições vagantes de fabricação israelense no conflito do Nagorno-Karabakh no ano passado ajudou a tornar esse tipo de arma algo “obrigatório” entre as forças armadas em todo o mundo.

Bibliografia recomendada:


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quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Israel dá um passo "revolucionário" com drones táticos

A SpearUAV está tentando mudar a forma como os veículos aéreos não-tripulados (UAV) são usados no campo de batalha. (IDF)

Por Dave Makichuk, Asian Times, 27 de agosto de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 3 de setembro de 2020.

O SpearUAV está tentando mudar a forma como os veículos aéreos não tripulados (UAV/VANT) são usados no campo de batalha.

Drones militares táticos, também conhecidos como “munições à espreita” (loitering munitions), entraram em cena em uma encruzilhada crucial da história militar. Após décadas de guerra global contra o terrorismo, as forças armadas americanas estão mudando a estratégia de defesa para enfrentar concorrentes semelhantes, como a Rússia e a China - o que significa menos medidas de contra-insurgência e mais tecnologia. No entanto, a próxima geração de drones não será de grandes drones armados empregados pelas forças aéreas. Muito pelo contrário, na verdade. Os drones táticos serão muito menores e mais fortes, capazes de serem carregados para a batalha pela infantaria e forças especiais, e facilmente desdobrados e operados e, mais importante, descartáveis.

O tubo do drone Ninox da SpearUAV pode ser carregado e disparado de um lança-granadas. (SpearUAV)

A empresa israelense SpearUAV - que fabrica drones que são desdobrados a partir de uma lata de metal ou cápsula - acredita ter a resposta. Na verdade, está tentando “revolucionar” a maneira como os veículos aéreos não-tripulados (UAV) são usados no campo de batalha, relatou Seth J. Frantzman, da National Interest.

A SpearUAV fez uma linha de UAVs, chamada Ninox, que vem em vários tamanhos, desde o que chama de Ninox 40 até Ninox 103. O que é especial nisso é que eles podem ser desdobrados a partir de um lança-granadas de 40mm ou de tanques ou veículos. Uma vez disparados de sua cápsula, os drones se desdobram automaticamente e podem realizar suas missões sob o controle das forças terrestres.

De acordo com a SpearUAV, o Ninox 40, um UAV de 250 gramas que pode voar por quarenta minutos; o Ninox 66 feito para uso com tanques e outros veículos com tempo de vôo de cinquenta minutos, e o Ninox 103 que é projetado para cargas maiores com tempo de vôo de sessenta minutos. Vários problemas estão envolvidos quando se trata de drones táticos, mas a SpearUAV parece ter resolvido esses desafios colocando seus drones em uma cápsula, informou o National Interest.

O drone Ninox da SpearUAV pode ser disparado de um lança-granadas e controlado por um usuário no solo. (SpearUAV)

Um problema é o custo. Os militares querem drones pequenos que os pelotões possam usar, mas esses tipos de drones precisam ser robustos ou descartáveis, porque a natureza das forças terrestres que caminham por montanhas ou lutam nas cidades é que seu equipamento é jogado de um lado para outro. Em segundo lugar, os pequenos drones táticos precisam ser fáceis de usar. O soldado em campo precisa usar seu fuzil e, potencialmente, pilotar um drone ao mesmo tempo, informou o National Interest.

Isso significa usar um tablet ou alguma tecnologia simples que os soldados já sabem usar na vida civil, como apontar e clicar em uma tela. A empresa prevê que o operador tenha uma tela facilmente dobrável incorporada a um colete tático.

Pense basicamente em lançar um drone de um tubo, como do tipo daquele das batatas chips Pringles. Isso tem a vantagem de que o UAV pode ser disparado para o céu como uma granada ou flare ou pode ser colocado em um tanque no lugar de uma lata de metal de fumaça, relatou o National Interest. Isso também significa que o drone pode ser facilmente embalado em campanha sem a preocupação de que possa entrar poeira, lama ou água.

O drone Ninox da SpearUAV tem um perfil muito fino, dificultando sua localização e neutralização pelas forças inimigas. (SpearUAV)

“Estamos criando uma nova dimensão para o soldado de infantaria”, diz Boaz Ben-Haim, chefe de desenvolvimento de negócios e ex-piloto.

Para o soldado de infantaria comum ou guerreiro das forças especiais, a guerra não mudou muito em termos do equipamento básico ao qual eles tiveram acesso ao longo dos anos, informou o National Interest. Dar a eles drones, especialmente drones que podem  carregar munições, o que é chamado de munição à espreita, aumentaria a sua letalidade.

“Para gerenciar o campo de batalha caótico de hoje, o soldado precisa de equipamento com preço conveniente, tamanho escalonável e uso acessível”, diz Ben-Haim.

O que isso significa é não deixar o custo desses drones subir. Em vez disso, esses UAVs encapsulados podem até ser descartáveis, o que significa que não é necessário que voltem à base e sejam reparados ou recarregados.

Bibliografia recomendada:

Military Drones.
Matt Chandler.

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sexta-feira, 19 de junho de 2020

O Exército Francês recebeu os três primeiros mini-drones Thales SMDR de reconhecimento

Mini-drone Thales SMDR Spy'Ranger.
(Ministère des Armées)

Do site Army Recognition, 16 de junho de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 19 de junho de 2020.

“Nossa estratégia prevê o fortalecimento de funções-chave, como inteligência. Esses drones são uma de suas encarnações. Ágil, eficiente e fácil de usar, sua chegada às nossas forças armadas é uma excelente notícia e uma tradução adicional dos esforços para revigorar nossos exércitos no âmbito da Lei de Programação Militar. Feito na França pela Thales”, acolheu Florence Parly, ministra dos exércitos franceses na recepção do SMDR pela Direção Geral de Armamento (DGA).

Entregues ao Exército Francês, esses primeiros SMDRs fortalecerão significativamente seus recursos de detecção, reconhecimento e identificação o mais próximo possível da zona de contato. De acordo com a Lei de Planejamento Militar (Loi programmation militaireLPM) 2019-2025, 10 outros sistemas de mini-drones de reconhecimento devem ser entregues até o final de 2020.

Um militar francês da Operação Barkhane guardando um drone Reaper em Niamey, no Níger, em de 14 de março de 2016. (Pascal Guyot/ AFP)

Após as operações de verificação realizadas no site da Thales em Elancourt e no site da DGA Techniques, a DGA acaba de autorizar a entrega da Thales ao Exército Francês dos três primeiros mini-drones de reconhecimento designados SMDR (systèmes de mini-drones de reconnaissance/sistemas de mini-drones de reconhecimento). Com o objetivo de garantir missões de detecção, reconhecimento e identificação, eles são capacitados no sistema DRAC (drone de inteligência de contato) em serviço desde 2008. Entregue à Seção Técnica do Exército Francês (Section technique de l'Armée de terre, STAT) para ser testado pelo pessoal operacional, eles serão desdobráveis em operação até o final de 2020. Eles serão operados pelas seções de mini-drones das baterias de aquisição e vigilância dos regimentos de artilharia e pelo 61º Regimento de Artilharia (61e Régiment d'Artillerie61e RA). Duas vezes mais poderoso que seu antecessor, esse novo sistema de mini-drone permitirá ao Exército francês fortalecer sua capacidade de inteligência o mais próximo possível da zona de contato.

O SMDR consiste em três drones Spy'Ranger idênticos e uma estação terrestre. Equipado com uma bola optrônica de alta definição, trabalhando dia e noite, ele oferecerá maior desempenho de detecção, reconhecimento e identificação. Com uma envergadura de quase 4 metros e um peso de 15kg, o drone tem autonomia de cerca de 2:30h.


O sistema é desdobrado em 12 minutos por uma equipe de duas pessoas (instalação da plataforma de lançamento, montagem do drone, inicialização da estação terrestre e realização de testes antes da decolagem). Graças ao seu link de dados do estudo ELSA* a montante, o drone pode transmitir fluxos de vídeo de alta definição em tempo real, de maneira confiável e segura até 30km da estação terrestre.

*ELSA: Study and demonstration of a universal data link of autonomous air-land systems/ Estudo e demonstração de um link universal de dados de sistemas aéreos-terrestres autônomos.

O LPM 2019-2025 prevê a entrega de 10 outros sistemas de mini-drones de reconhecimento antes do final de 2020. O exército terá uma frota de 35 sistemas até 2021. Esses sistemas receberão suporte em termos de treinamento, logística e manutenção para 10 anos.

Bibliografia recomendada:


Leitura recomendada:






O Estilo de Guerra Francês12 de janeiro de 2020.


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Sahel: Tendo sofrido perdas significativas contra a Barkhane, os jihadistas procuram adquirir drones

GCP do 2e REP. (Legião Estrangeira)

Por Laurent Lagneau, Zone Militaire Opex360, 27 de fevereiro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 28 de fevereiro de 2020.

Como nas semanas anteriores, a força Barkhane manteve seu esforço contra as katibas do Estado Islâmico no Grande Saara [État islamique au grand SaharaEIGS], estabelecido na chamada área das "três fronteiras", ou seja, em uma região localizada nas fronteiras do Mali, Níger e Burkina Faso.

Assim, na semana passada, os Mirage 2000D e os drones Reaper MQ-9 Reaper, agora capazes de portar armas, atacaram grupos armados terroristas [Groupes armés terroristesGAT] três vezes [em 19, 22 e 24 de fevereiro, nota]. Esses ataques tornaram possível destruir um plano logístico e seus campos... E "neutralizar" cerca de vinte jihadistas.

"A realização desses ataques foi baseada em um trabalho de inteligência extremamente meticuloso e rigoroso, multiplicando os sensores de inteligência e suas ações a longo prazo, o que permitiu caracterizar com precisão várias zonas de refúgio que abrigam terroristas, em uma região distante de Liptako, conhecida por ser uma zona predatória do Estado Islâmico no grande Saara", explicou o Estado-Maior Geral das Forças Armadas [État-major des arméesEMA].

No terreno, os legionários dos grupos táticos [groupement tactique désertGTD] Altor [2º REP] e Centurion [2º REI / 1º REC] não estavam ociosos...

De fato, operando por um mês no Liptako nigeriano ao lado das forças armadas nigerianas, o GTD 3 "Altor" neutralizou "vários terroristas" e apreendeu "recursos logísticos e material de guerra", disse a EMA. Mas uma dessas capturas tem o suficiente para confirmar os medos expressados há alguns meses pelo General François Lecointre, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas [État-major des arméesCEMA], sobre a disposição dos terroristas de usarem as chamadas tecnologias "nivelantes".

Em 14 de fevereiro, durante uma grande operação de busca, o GTD Altor descobriu vários campos "desocupados" pelos jihadistas. E, de acordo com o EMA, no curso dessa "varredura", material de guerra foi apreendido em grandes quantidades, incluindo munição, elementos que possibilitavam a fabricação de dispositivos explosivos improvisados [Improvised explosive devices, IED], rádios e... drones .

Jihadistas no Sahel.

Salvo engano, esta é a primeira vez que o EMA menciona a descoberta de drones em um acampamento jihadista em um de seus "pontos de situação".

No outono passado, o General Lecointre disse que temia o desdobramento de tais dispositivos por jihadistas ativos na faixa sahelo-saariana, como aqueles do Estado Islâmico [IS ou Daesh] que, no Levante, estão acostumados a usá-los em suas operações, tanto para detectar quanto para lançar ataques.

"As várias ameaças assim desdobradas são meios usando tecnologias cada vez mais" niveladoras". [...] O fato dessas tecnologias serem usadas cada vez mais freqüentemente nos leva a rever nossos meios de defesa e proteção. Além disso, a tecnologia usada hoje em um potencial conflito assimétrico […] certamente poderia ser usada amanhã pelo Daesh, pelo Estado Islâmico no Grande Saara [EIGS] ou pelo Comício para a vitória do Islã e Muçulmanos [Rassemblement pour la victoire de l’islam et des musulmans, RVIM ou GSIM] contra nossas instalações no Sahel. Isso é muito preocupante ", disse o CEMA aos deputados do comitê de Relações Exteriores.

Em uma audiência anterior, o General Lecointre havia estimado que o "fenômeno drone [é] um divisor de águas, não muito contra veículos blindados", mas "muito seriamente contra dispositivos táticos ou móveis".

No entanto, o EMA não diz se os drones encontrados pelos legionários podem carregar munição ou ficar fixos, como aqueles usados pelos jihadistas no Iraque e na Síria.

Quanto ao GTD 2 "Centurion", ele se concentrou no Malta Liptako, realizando ataques blindados, bem como ações de varredura e cordão de área. Este último permitiu a neutralização de "3 jihadistas e a apreensão de armas e recursos, principalmente gasolina e material rotineiro no campo."

Guerreiros tuaregues do povo amazigue, 2012.

Finalmente, no Gourma do Mali, caracterizado por uma terra que contém muitos wadis, maciços rochosos e florestas que podem constituir o maior número possível de esconderijos para GATs, o GTD aerocombat [GTD-A] foi solicitado para uma operação que mobilizou todas as suas capacidades [comandos, helicópteros franceses, CH-47 Chinooks britânicos, Merlin dinamarquês, apoios de transmissão, controladores de tráfego aéreo, etc.]. "Um posto de comando tático completo também foi planejado durante esta operação para direcionar a manobra no solo", disse o EMA.

"A ação permanente e coordenada entre patrulhas de veículos terrestres e patrulhas aéreas de helicópteros, oferecendo uma reatividade muito alta em caso de evolução da situação tática, permitiu controlar uma área muito grande", sublinhou, o relatório sobre esta operação.

Bibliografia recomendada:

French Foreign Legion Paratroops.
Martin Windrow e Wayne Braby, e Kevin Lyles.

Military Drones.

Leitura recomendada:

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Snipers chineses agora estão equipados com drones para melhor atingirem seus alvos


Por Laurent Lagneau, Zone Militaire Opex360, 12 de janeiro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 16 de janeiro de 2020.

Geralmente, um sniper opera em pares, ou seja, é associado a um "spotter" [observador] cuja missão é ajudá-lo a localizar alvos e fornecer informações úteis para garantir a precisão de seus tiros. Para isso, este último é equipado com ópticos, um telêmetro a laser, uma calculadora balística e um anemômetro*.

*NT: Aparelho para medir a velocidade do vento.

Na China, a panóplia dos snipers de reconhecimento e de forças especiais do Exército Popular de Libertação (PLA) foram recentemente enriquecidos por um mini-drone quadricóptero.

Esses dispositivos devem ajudá-los a localizar e neutralizar seus alvos com maior precisão, especialmente em áreas urbanas. E isso, escreve o jornal diário Global Times, que depende do Partido Comunista Chinês (PCC), oferece aos atiradores uma "vantagem tática importante, em particular ao lhes permitir atirar nos inimigos escondidos atrás das paredes" com um fuzil anti-material, como o AMR-2, calibre 12,7x108mm.

O mini-drone, facilmente transportável, é operado pelo observador do binômio. Dependendo das imagens recebidas, ele poderá indicar ao atirador a localização precisa de uma parede na qual ele terá que atirar para eliminar um inimigo... desde que o dispositivo não seja detectado por este último. Para isso, observa o Global Times, o drone "não deve voar muito perto" de possíveis alvos.

"Essa tática é muito vantajosa no campo de batalha, especialmente nas operações de guerra urbana e contraterrorismo", disse um especialista militar nas colunas do diário chinês, enfatizando que o uso de drones levou à "assimetria da informação".

Este método operacional foi testado a priori durante o recente exercício "Semana dos Demônios", organizado no final de dezembro para o benefício das forças especiais do PLA. Em uma fotografia publicada pelo site China Military Online, podemos ver o que é suposto ser um sniper e seu observador usando um mini-drone.

Mas, de acordo com a emissora pública chinesa [CCTV], dispositivos semelhantes foram entregues aos batedores do 80° grupo de exército.

Na Rússia, fala-se em equipar unidades de infantaria [no nível do pelotão] com mini-drones do tipo quadricóptero... capazes de transportar explosivos. Esses dispositivos serão usados principalmente para reconhecimento de curto alcance em áreas urbanas, graças à sua capacidade de pairar, entrar nas instalações e manobrar em ruas estreitas.

O Exército dos EUA está trabalhando em um projeto bastante semelhante, chamado "Sistema Letal de Mísseis Aéreos em Miniatura" [Lethal Miniature Aerial Missile SystemLMAMS]. Isso é para fornecer aos soldados de infantaria uma munição "espreitando" para destruir alvos que não estão à vista, como... os snipers.

Bibliografia recomendada:

Out of Nowhere: A History of the Military Sniper.
Martin Pegler.

Leitura recomendada: