quarta-feira, 3 de junho de 2020

O Exército Francês está contratando escritores de ficção científica para imaginar ameaças futuras


Por Andrew Liptak, The Verge, 24 de julho de 2019.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 3 de junho de 2020.

A "Equipe Vermelha" terá idéias que os planejadores militares podem não imaginar.

As forças armadas francesas querem descobrir o que suas forças armadas podem enfrentar no futuro. Para ajudar, estão atraindo um grupo de pessoas versadas em imaginar o futuro: escritores de ficção científica. O Telegraph do Reino Unido relata que a Agência de Inovação em Defesa da França está contratando entre quatro e cinco escritores para formar uma "Equipe Vermelha" que apresentará "cenários de ruptura", que são palavras de ordem militar para pensar-fora-da-caixa.

A França criou a Agência de Inovação em Defesa em setembro de 2018 como uma espécie de centro de incubação para encontrar tecnologias e equipamentos existentes que as forças armadas possam usar. A idéia é que as forças armadas possam encontrar e adotar tecnologias mais rapidamente do que os canais de aquisição típicos, o qual é um processo que pode levar anos.

"Conquêtes", trilogia de ficção científica francesa.

Mas saber quais tecnologias ou dispositivos usar apenas será útil se você tiver uma idéia dos problemas que poderá enfrentar no campo de batalha. Aparentemente, é aí que entram os escritores de ficção científica. Mas eles não aparecerão com histórias sobre como podemos combater civilizações alienígenas de outros planetas. O Telegraph diz que eles "tentarão antecipar como grupos terroristas ou estados hostis podem usar tecnologia avançada contra a França".

A idéia aqui não é que o grupo de autores preveja de alguma forma o futuro. Em vez disso, ao usar a ficção científica como ferramenta, eles terão idéias que estrategistas militares comuns não poderiam imaginar.


Usar ficção científica e escritores dessa maneira é uma prática que já está sendo usada em vários outros países em um campo chamado Strategic Foresight (Prospecção Estratégica). Os militares canadenses contrataram o escritor de ficção científica Karl Schroeder para escrever um romance curto chamado Crisis in Zefra (Crise em Zefra), em 2005. Esse pequeno livro expôs um cenário no qual as forças de paz canadenses podem enfrentar em um conflito próximo, incorporando como o uso de drones, celulares e acesso à Internet pode desempenhar um papel em uma zona de guerra urbana.


Os Estados Unidos também utilizaram a ajuda de escritores de ficção científica: os autores Larry Niven e Jerry Pournelle estabeleceram o Conselho Consultivo para Cidadãos em Política Espacial Nacional durante o governo Reagan, enquanto o Pentágono trouxe alguns escritores de ficção científica e diretores de cinema para pensar ameaças em potencial logo após os ataques de 11 de setembro. Mais recentemente, os autores August Cole e Peter W. Singer criaram um livro influente chamado Ghost Fleet: A Novel of the Next World War (Frota Fantasma: Um Romance sobre a Próxima Guerra Mundial), o qual se valeu do seu trabalho em think tanks para imaginar como uma terceira guerra mundial entre China, Rússia e Estados Unidos pode parecer.


As forças armadas francesas têm trabalhado recentemente para modernizar suas forças. O presidente francês Emmanuel Macron anunciou a criação de um novo comando espacial, enquanto o Comando Cibernético do país marchou nas comemorações do Dia da Bastilha do ano passado. Este ano, Franky Zapata, o inventor francês por trás do Flyboard Air, sobrevoou multidões durante o desfile militar do Dia da Bastilha deste ano carregando uma arma - algo que poderia facilmente ter surgido nas páginas de um romance de ficção científica.

Bibliografia recomendada:

Starship Troopers.
Robert A. Heinlein.

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