quinta-feira, 11 de junho de 2020

Fuzis sniper chineses têm uma história conturbada


Por Charlie Gao, War is Boring, 4 de junho de 2018.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 11 de junho de 2020.

Começos difíceis estimularam melhorias.

Enquanto o Exército dos EUA se preocupa com a próxima geração de fuzis de precisão e táticas russas, a China também vem fazendo avanços significativos neste campo.


Na década de 1980, os chineses usavam praticamente o mesmo equipamento que a União Soviética. Atualmente, eles usam conjuntos de equipamentos bastante diferentes, incluindo alguns fuzis calibrados nos calibres da OTAN. O desenvolvimento divergente de fuzis de precisão chineses da mesma base é uma parábola interessante do desenvolvimento de armas portáteis sendo conduzido pela doutrina.

SVD capturado.

A União Soviética usou o SVD, um fuzil em 7,62x54R, operado a gás e de percussão curta, alimentado por um carregador de tipo cofre de 10 tiros, e com um alcance efetivo de cerca de 800 metros. A China fez seu próprio clone do SVD depois de capturar um exemplar durante a guerra sino-vietnamita chamado Tipo 79, mais tarde refinado no Tipo 85. Estes foram produzidos junto de cópias da mira soviética PSO-1 de 4x.

Aparentemente, a China tem problemas em copiar o SVD, pois suas indústrias de armas não eram muito maduras. O PSO-1 clonado não foi capaz de lidar com o recuo do cartucho 7,62x54R nas versões anteriores, e foram encontrados problemas com a metalurgia do percussor, o qual quebrava facilmente no Tipo 79. Segundo fontes da CPAF, isso foi consertado quando do Tipo 85.

Um oficial chinês com um fuzil Tipo 89.

O principal problema do Tipo 79 e do Tipo 85 era a falta de munição adequada para eles. A Rússia forneceu munição especial 7,62x54R juntamente com o SVD, com os cartuchos 7N1 e posterior 7N14. A China não desenvolveu uma tal versão e simplesmente forneceu munição de metralhadora com o Tipo 79 e o Tipo 85. Isso resultou em uma precisão inferior.

Por que a China não produziu uma munição de atirador de elite é incerto, mas talvez o uso limitado de 7,62x54R nas forças armadas chinesas, combinado com a movimentação do PLA em direção a um novo cartucho intermediário nos anos 80, tornasse o desenvolvimento de uma munição de atirador de elite adicional um fardo desnecessário.

A falta de integração de fuzis de atirador comum e de precisão também atrasou a necessidade de uma munição desse tipo. Os fuzis Tipo 79 e Tipo 85 não eram fornecidos amplamente entre as tropas regulares, apenas encontrando uso com tropas de operações especiais, unidades policiais e guardas de fronteira.

QBU-88 em configuração sniper.

Enquanto a Rússia continua a usar o SVD como o seu principal fuzil "sniper", a China desenvolveu uma substituição no QBU-88 na década de 1990, com o fuzil completando testes em 1996 e primeiro entrando em serviço com a guarnição de Hong Kong do PLA em 1997.

A verdadeira raiz do projeto estava no desenvolvimento do cartucho de 5,8 milímetros para metralhadoras. Foi desenvolvida uma munição de 5,8 milímetros que apresentava um desempenho melhor ou igual às munições de 7,62x54R existentes no inventário chinês; portanto, um fuzil especializado foi desenvolvido nesse calibre para fins de sniping.

Fuzil QBU-88/Tipo 88.

O QBU-88 ou Tipo 88 é um projeto relativamente moderno, utilizando o desenho bullpup para obter comprimento adicional do cano. Fontes chinesas afirmam que a penetração e a precisão são superiores ao Tipo 85. Técnicas modernas foram usadas para fabricar o Tipo 88, incluindo fresagem CNC e uso extensivo de polímero. Um novo processo de fosfatação foi usado para aplicar o acabamento preto ao metal.

O projeto em si tem alguns aspectos questionáveis.


O bipé é conectado diretamente ao cano, o que causa um deslocamento do ponto de impacto quando o bipé é usado. O registro de segurança também está em um local difícil de alcançar atrás do depósito do carregador, exigindo que o atirador mova sua mão de apoio sob o mesmo para ativar e desativar o registro de segurança - com um giro de 180 graus.

A maioria dos fuzis de precisão e de atirador comum ocidentais usam um gatilho de segurança de polegar ou de segurança de gatilho de alguma variedade, permitindo uma atuação mais rápida sem mover a mão da posição de tiro. Em uma atualização do aumento fixo de 4x do SVD, o QBU-88 utiliza uma luneta de aumento variável de 3-9x com um compensador de queda da bala integrado no retículo.


Embora o Tipo 88 e o Tipo 85 sejam os fuzis mais comuns em uso, também existem vários outros fuzis para tiro de precisão e propósitos especiais. Para fins anti-materiais, existem o AMR-2 e o QBU-10, sendo o AMR-2 um fuzil alimentado por um carregador de ação de ferrolho, e o QBU-10 sendo semi-automático. Também dignas de nota são as séries de fuzis CS/LR, os verdadeiros equivalentes chineses aos fuzis de precisão ocidentais, como o Remington 700 e o Steyr SSG69.

CS/LR4.

O CS/LR4 é o concorrente direto, sendo calibrado no mesmo cartucho de 7,62×51 milímetros OTAN. Ele foi desenvolvido a partir de modelos anteriores e parece ter muita influência dos fuzis ocidentais, desde a ação Mauser de trancamento frontal até à coronha com furo para o polegar. Eles não estão no mesmo padrão ou precisão dos fuzis ocidentais, com uma precisão declarada de 2,9 centímetros a 100 metros. Ele também possui um trilho Picatinny à frente da luneta, para que os usuários possam montar um dispositivo de visão noturna na frente da mira óptica.

O CS/LR3 é a mesma arma, calibrada no cartucho padrão de 5,8 milímetros usado pelas forças armadas. No entanto, os fuzis CS/LR têm sido mais utilizados em unidades policiais especiais, as quais precisam de maior precisão.

Charlie Gao estudou ciência política e da computação no Grinnell College e é um comentarista frequente em questões de defesa e segurança nacional.

Bibliografia recomendada:

Out of Nowhere:
A History of the Military Sniper,
Martin Pegler.

Leitura recomendada:




FOTO: Sniper do FORAD no CENZUB23 de janeiro de 2020.



Tiro em Cobertura Rodesiano15 de abril de 2020.


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