sábado, 26 de setembro de 2020

FOTO: Furão no Golfo

Ferret Mk 1/2 britânico, parte da Operação Granby.
(The Tank Museum/ Bovington)

Nem todo soldado britânico na Guerra do Golfo (1990-91) foi para a guerra em um Challenger ou Warrior fortemente blindado. O carro blindado Ferret Mk 1/2, usado para reconhecimento e ligação, já estava em serviço há 40 anos. A metralhadora L4 foi baseada no fuzil-metralhador Bren da Segunda Guerra Mundial.

Leitura recomendada:

O aprendizado chinês sobre a Guerra do Golfo, 9 de agosto de 2020.

FOTO: Libertação da Cidade do Kuwait, 5 de setembro de 2020.

COMENTÁRIO: 36 anos depois, a Guerra Irã-Iraque ainda é relevante24 de maio de 2020.

O Exército Britânico pode cortar tanques antigos como parte dos planos de modernização, 28 de agosto de 2020.

PERFIL: Khalid Bin Sultan Bin Abdulaziz Al Saud, príncipe Khalid bin Sultan, Arábia Saudita19 de janeiro de 2020.

Um século de propaganda do poder aéreo acaba de ser 'explodido' por um think tank da Força Aérea21 de setembro de 2020.

GALERIA: O Corpo Expedicionário Britânico na França

Um oficial britânico da 51st Highland Infantry Division (Escocesa), no setor do 3º Exército Francês no Moselle. (Arquivo do 3e Armée)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 26 de setembro de 2020.

Em 3 de setembro de 1939, a Grã-Bretanha declarou guerra à Alemanha nazista, que acabava de atacar a Polônia. Desde os primeiros dias de setembro, uma força expedicionária britânica desembarcou na França e se posicionou a leste de Lille. Então começaram para esses homens os longos meses de espera da Drôle de Guerre (Guerra Estranha, em francês), ou Phoney War (Guerra de Mentira, para os ingleses).

A Força Expedicionária Britânica (British Expeditionary Force, BEF) era o nome do Exército Britânico na Europa Ocidental durante a Segunda Guerra Mundial de 2 de setembro de 1939, quando o Quartel-General Geral (General Headquarters, GHQ) do BEF foi formado, até 31 de maio de 1940, quando o GHQ foi encerrado. A BEF era comandanda pelo General Lord Gort.

Retrato de grupo de soldados britânicos da BEF em Villers-Outréaux, na região Norte.

Reunião de homens e cavalos da Força Expedicionária Britânica no cais de um porto francês. (Arquivo do 6e Armée)

Da esquerda para a direita: General Ironside, Winston Churchill, General Gamelin, General Gort, General Georges.

O General Lord Gort foi nomeado para o comando do BEF em 3 de setembro de 1939 e o BEF começou a se mudar para a França em 4 de setembro de 1939. O BEF se reuniu ao longo da fronteira franco-belga. O BEF assumiu seu posto à esquerda do Primeiro Exército francês sob o comando do 1º Grupo de Exército francês (1re Groupe d'Armées) da Frente Nordeste (Front du Nord-est). A maior parte do BEF passou de 3 de setembro de 1939 a 9 de maio de 1940 cavando defesas de campanha na fronteira. Quando a Batalha da França (Fall Gelb) começou em 10 de maio de 1940, a BEF constituía 10% cento das forças aliadas na Frente Ocidental.

O exército britânico tinha menos homens em 1939 do que em 1914, e a sua contribuição foi "o tamanho do Exército deveria ser ajustado ao que os franceses pensavam ser o mínimo de que precisavam e os britânicos, o máximo que podiam fazer". Inicialmente podendo fornecer apenas uma única divisão de infantaria e uma brigada de cavalaria, o War Office elevou esse número para 10 divisões, e finalmente, em 21 de abril de 1939, a decisão foi tomada para 6 divisões regulares e 26 divisões territoriais (milícia), e iniciado o serviço militar obrigatório. A 51st Highland Infantry Division (51ª Divisão de Infantaria das Terras Altas da Escócia) foi destacada para servir na Linha Maginot. 

Soldados da BEF na França marchando em coluna durante a manobra Dyle, 1940.
(Arquivo do 1er Armée)

Um motociclista da BEF pede instruções a um suboficial francês.
(Arquivo do 2e Armée)

Soldado britânico da 51st Highland Infantry Division, no setor do 3º Exército Francês em Mosela.
(Arquivo do 3e Armée)

Soldado dos Royal Welsh Fusiliers com um fuzil-metralhador Bren em um reparo anti-aéreo, Nord-Pas-de-Calais. (ECPAD)

Soldados britânicos da BEF durante uma pausa para refeição no Moselle. (Arquivo do 3e Armée)

Capitães de times de futebol antes de uma partida entre soldados franceses e britânicos na França. (Arquivo do 2e Armée)

Dois soldados da Força Expedicionária Britânica na França posam juntos. (Arquivo do 7e Armée)

Soldados escoceses do regimento Seaforth Highlanders da BEF e um soldado francês do 1º Exército. (Arquivo do 1er Armée)

Dois músicos britânicos da BEF posam ao lado dos seus instrumentos. (Arquivo do 7e Armée)

Soldados franceses e repórteres britânicos da Unidade de Cinema e Fotográfica do Exército (Army Film and Photographic Unit, AFPU) no Norte.

Partida do Rei George VI da Inglaterra, após visita à França, na presença do General Giraud em Boulogne-sur-Mer, 1939. (Arquivo da Marinha Francesa)

O duque de Windsor, irmão do rei da Inglaterra George VI, visitando o setor do 4º Exército Francês. (Arquivo do 4e Armée)

Em 10 de maio de 1940, a inatividade terminou com o exército alemão invadindo a Holanda, Bélgica e Luxemburgo. Em resposta, unidades francesas e britânicas, por sua vez, entraram na Bélgica. Em 14 de maio de 1940, o avanço dos blindados alemães na região de Sedan e Dinant levou à retirada das tropas aliadas no Escalda e nos canais do norte. A partir de 20 de maio, o adversário os cercou e apesar da forte resistência, as praças francesas caíram uma após a outra. Em 26 de maio de 1940, teve início a Operação Dynamo (Dínamo), que consistia na evacuação das forças aliadas do campo entrincheirado de Dunquerque. Em 4 de junho, mais de 300.000 soldados foram embarcados novamente para a Inglaterra sob a cobertura do exército francês em Lille e no perímetro de Dunquerque; esta operação é um sucesso inesperado que permite à Inglaterra continuar a luta.

Os repórteres de guerra da SCA fotografaram o dia a dia dos soldados britânicos em seus acantonamentos. Imagens de companhias de propaganda alemãs acompanham o avanço do exército alemão, bem como a derrota das unidades aliadas.

Na estrada para Winnezeele, um veículo blindado Panzer II da 6ª Divisão Blindada Alemã (6. Panzer-Division) entre as carcaças de veículos britânicos. (Arquivo alemão)

Em La Bassée (Norte), os prisioneiros dos Queen's Own Cameron Highlanders da BEF, limpam os escombros. (Arquivo alemão)

Carros de combate britânicos Matilda do 7º Regimento de Tanques Real (7th Royal Tank Regiment, 7th RTT) destruídos durante a contra-ofensiva em Arras, no Pas-de-Calais.

Tanquista britânico do 7th RTT sendo interrogado por um oficial alemão após a contra-ofensiva fracassada em Arras, no Pas-de-Calais. (Arquivo alemão)

Comboios da BEF destruídos na estrada que leva ao porto de Dunquerque, no Norte. (Arquivo alemão)

Em uma estrada ao norte, entre Hondschoote e Ghyvelde, um tanque britânico Mark VI B destruído. (Arquivo alemão)

Soldados do 2º Batalhão, Regimento Real de Norfolk, ficaram isolados da sua unidade sob o comando do Major Lisle Ryder. Eles ocuparam e defenderam uma casa de fazenda contra um ataque da 14ª Companhia da SS-Division Totenkopf na vila de Le Paradis. Depois de ficar sem munição, os defensores se renderam às tropas alemãs que então os conduziram pela estrada até uma parede onde foram assassinados por tiros de duas metralhadoras, e depois baionetados. Noventa e sete soldados britânicos foram mortos. Dois sobreviveram apesar de feridos - soldados Albert Pooley e William O'Callaghan - e se esconderam até serem capturados pelas forças alemãs, vários dias depois.

Como o limite entre os dois regimentos britânicos era a estrada, os homens de Ryder se renderam não à companhia contra quem estavam lutando, mas sim à unidade do SS-Hauptsturmführer Fritz Knöchlein, que estava lutando contra os Royal Scots (Escoceses Reais). Túmulos encontrados perto de Le Paradis em 2007 sugerem que cerca de 20 homens dos Royal Scots que se renderam a uma unidade da SS também podem ter sido mortos em um massacre separado. Knöchlein foi condenado por crime de guerra em 1948 e enforcado em 1949.

No setor de Maubeuge, um campo de prisioneiros onde soldados franceses, belgas e britânicos estão reunidos. (Arquivo alemão)

Prisioneiros britânicos da Força Expedicionária Britânica no setor de Arras, no Pas-de-Calais. (Arquivo alemão)

Sobre a resistência do 1º Exército francês (1er Armée), formado pelos 4º e 5º Corpos sob o Général de Corps d'Armée Jean-Baptiste Molinié, opondo 40 mil franceses a 160 mil alemães, escreveu Churchill:

"Os remanescentes do outrora formidável Primeiro Exército, ... agora sob o comando do General Molinié, resistiram ao redor de Lille até o final de 31 de maio, enfrentando sete divisões alemãs, três delas panzer, evitando assim que se juntassem ao ataque inimigo em Dunquerque. Esta valente resistência ajudou as forças anglo-francesas sitiadas em torno do porto a resistirem por mais dois a três dias e, assim, salvar pelo menos mais 100.000 soldados."

Quando o bolsão de Lille se rendeu, a Operação Dynamo já estava atuando há uma semana. Mas ainda assim, para cada sete soldados que escaparam por Dunquerque, um homem foi deixado para trás como prisioneiro-de-guerra. A maioria desses prisioneiros foi enviada em marchas forçadas para dentro da Alemanha, para cidades como Trier, a marcha durando até vinte dias. Outros foram transportados a pé para o rio Escalda e enviados de barcaça para o Ruhr. Os prisioneiros foram então enviados de trem para campos de prisioneiros de guerra na Alemanha. A maioria (aqueles abaixo da graduação de cabo) trabalhou na indústria e agricultura alemãs por cinco anos.

Um relatório de inteligência do IV Corpo de Exército alemão, que havia se engajado contra a BEF da linha Dyle até a costa, foi distribuído às divisões em treinamento para a Operação Leão Marinho (Unternehmen Seelöwe), dizendo sobre os homens da BEF:

"O soldado inglês estava em excelentes condições físicas. Ele suportou suas próprias feridas com calma estóica. As perdas de suas próprias tropas, ele discutiu com total equanimidade. Ele não reclamava de sofrimentos. Na batalha ele era duro e obstinado. Sua convicção de que a Inglaterra venceria no final era inabalável... O soldado inglês sempre se mostrou um combatente de alto valor. Certamente as divisões territoriais são inferiores às tropas regulares em treinamento, mas no que diz respeito ao moral, elas são iguais... Na defesa, o inglês aguentava qualquer punição que surgisse em seu caminho."

A BEF sofreu 66.426 baixas, 11.014 mortos em combate ou que morreram em decorrência de ferimentos, 14.074 feridos e 41.338 homens desaparecidos ou feitos prisioneiros. A força também perdeu a maior parte do seu material pesado.


Nenhuma medalha de campanha foi concedida para a Batalha da França, mas o militar que passou 180 dias na França entre 3 de setembro de 1939 e 9 de maio de 1940, ou "um único dia, ou parte dele" na França ou na Bélgica entre 10 de maio e 19 de junho de 1940, era qualificado para a medalha Star 1939-1945.

Bibliografia recomendada:


Leitura recomendada:

Tanques de exportação da ČKD: Uma oferta que você não pode recusar

Por Yuri Pasholok, WarSpot, 27 de março de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 24 de setembro de 2020.

A fabricação de tanques na Tchecoslováquia alcançou os padrões mundiais em meados da década de 1930. O P-II, o primeiro tanque leve da ČKD e o primeiro tanque de projeto doméstico produzido em massa, estava próximo dos melhores projetos mundiais. O LT vz. 35 que venceu a licitação para um novo tanque de cavalaria alcançou o resto dos líderes mundiais. Não é surpreendente que tanques tchecoslovacos tenham sido considerados para compra em países sem um programa doméstico de projeto de tanques. Isso causou o projeto do ČKD TNH e LTP (Tanque 39); excelentes tanques que se tornaram a espinha dorsal das frotas de tanques iraniana e peruana.

Cliente além do Oriente do Médio

Um novo nome apareceu no mapa mundial em 22 de março de 1935: o Irã. Esse foi o novo nome da Pérsia, mais um passo no plano de Reza Pahlavi de modernizar seu país. O governante mudou lentamente a face do seu país, tentando torná-lo uma nação desenvolvida e industrializada. Reformas significativas também foram feitas no exército, o apoiador do seu governo.

A suspensão patenteada de Aleksei Surin, uma marca registrada característica dos tanques da ČKD.

Uma das questões mais urgentes da modernização foi a necessidade de comprar tanques. Os poucos tanques Renault FT que o exército possuía já estavam obsoletos. O Irã precisava de uma nova geração de tanques. Naquela época, a Grã-Bretanha era o principal exportador de tanques. Porém, essa opção era improvável, já que Pérsia/Irã mantinham relações muito tensas com a Grã-Bretanha, além da URSS, seu vizinho do norte. Os franceses e alemães não podiam oferecer nenhuma exportação na época.

O primeiro tanque moderno adquirido pelo Irã foi o americano Marmon-Herrington CTL-1. Esta foi efetivamente apenas uma maneira de se livrar de um modelo antigo. O CTL-1 era mais um tankette do que um tanque, de qualquer maneira.

AH-IV experimental (à direita) e TNH na fábrica, setembro de 1935.

Tal como aconteceu com a URSS em 1939, o Irã criou uma comissão para comprar amostras de nova artilharia e, se possível, veículos blindados. No início de 1935, a comissão chefiada pelo General Ismail Khan foi parar em Paris, onde conversou pela primeira vez com representantes da ČKD e da Skoda.

Naquele momento, os militares queriam 100 tankettes de três toneladas. Ambas as empresas tinham algo a oferecer. A Skoda estava procurando um comprador para seu MU-4 (S-I), e a ČKD já estava produzindo o P-I, também conhecido como Tančík vz. 33. Os iranianos também estavam interessados em outros tanques tchecoslovacos, incluindo o P-II. Emil Oplatka, agente da ČKD, participou ativamente das negociações e persuadiu os representantes iranianos a escolherem sua empresa em troca de uma porcentagem do negócio.

O mesmo protótipo TNH após a conversão, fevereiro de 1936.

Enquanto isso, os tanques da ČKD tinham desvantagens críticas, especialmente na suspensão. O escritório de projeto de Aleksey Surin começou o trabalho de emergência em veículos P-I e P-II aprimorados quase imediatamente após as negociações em Paris. O tankette retrabalhado, indexado AH-IV, merece um artigo próprio.

Já o P-II retrabalhado, recebeu o índice interno TNH. Este tanque diferia significativamente de seu antecessor. A experiência adquirida com a fabricação do tanque P-II-a foi aplicada tanto quanto possível, especialmente no compartimento do motor. A maior mudança foi o uso da suspensão de Aleksey Surin. A quantidade de rodas da lagarta foi reduzida para 4 de cada lado, mas elas aumentaram de diâmetro e tornaram-se únicas. Essa suspensão, criada para um tanque de exportação, tornou-se a marca registrada da CKD. O projeto da roda dentada e da polia também muda. A quantidade de dentes por faixa foi aumentada para dois.

O mesmo tanque visto da direita. Poucas empresas podiam oferecer algo comparável para exportação na época em que o Praha TNH entrou em cena.

A comissão de compras iraniana chegou a Praga em maio de 1935. Um contrato foi assinado para 30 tankettes AH-IV e 26 tanques TNH leves como resultado desta visita. Essa visita também foi um benefício para a Skoda. Embora os canhões Bofors e Vickers tenham sido discutidos, os iranianos escolheram canhões Skoda de 37mm para seu tanque.

O contrato foi assinado antes mesmo dos protótipos serem concluídos. Este movimento estranho foi parcialmente causado pela falta de alternativas e parcialmente por causa de um presente da ČKD. A comissão saiu com um protótipo de tankette P-I.

O tanque está cruzando um declive. O tanque de exportação poderia competir com muitos veículos de sua classe em termos de manobrabilidade.

A comissão de Pahlavi escolheu corretamente. A ČKD, interessada em um cliente estrangeiro, trabalhou heroicamente em protótipos. Ambos estavam prontos para demonstração em setembro, embora ainda tivessem torres falsas.

A massa e o tamanho do THN ficaram entre aqueles do P-II e do P-II-a. O motor também era intermediário, um motor de 7L 85cv do caminhão Praha TN. Este caminhão também serviu de chassis para o carro blindado ČKD TN SPE-34, construído para os romenos. O motor era mais fraco do que no P-II-a, mas oferecia uma relação potência/peso de 10cv/ton. A blindagem do TNH era idêntica à do P-II, o que bastava para um tanque de apoio da infantaria.

Desenhos do tanque retrabalhado após os testes.

O tanque impressionou os iranianos quando mostrado a eles. Os primeiros ensaios provaram que o TNH era superior ao P-II. Sua velocidade máxima era de 32 km/h em RPM padrão e 37 em RPM aumentado. Esses resultados foram possíveis não só por causa de um motor mais potente, mas também pela nova suspensão. O tanque foi melhorado ainda mais. Uma torreta real com uma cúpula de comandante à direita do seu eixo foi eventualmente instalada. A Skoda não terminou seu protótipo a tempo, então o tanque foi testado com um modelo de canhão 37mm A4 Beta.

Enquanto os engenheiros trabalhavam no tanque, a comissão iraniana permaneceu em Praga e e aproveitaram a vida. A ČKD não se importou, já que os iranianos fizeram o que esperavam em 10 de setembro de 1935: expandir o pedido para 50 AH-IV e 50 TNH. Um suspiro coletivo de alívio ecoou por Praga. Um pedido de 100 veículos compensou pelo fracasso do P-II-a nos testes do exército.

Até mesmo os britânicos só podiam sonhar com uma ordem dessa magnitude. O sucesso dos tanques tchecoslovacos explicava-se pelo preço muito atraente, além de suas características. Cada tanque custava 3.570 reais iranianos, menos do que um Vickers Mk.E.

Era assim que se parecia um Praha TNH produzido em massa. Observe a montagem da metralhadora da torre.

Os tanques de produção em massa diferiam do protótipo. Os testes mostraram que a montagem da metralhadora da torre precisava de ajustes. No início, o TNH tinha uma nova montagem, movido para frente. Posteriormente, o projeto foi simplificado. Fendas de observação foram adicionadas às laterais do compartimento de direção. O compartimento do motor e montagem do silencioso do escapamento foram alterados.

A torre também mudou. O projeto da cúpula do comandante foi simplificado, portas de ventilação foram adicionadas nas laterais, a montagem da metralhadora coaxial alterado e o número de fendas de observação aumentou. Se necessário, uma montagem de metralhadora AAe poderia ser instalada na cúpula do comandante.

Se necessário, uma metralhadora AAe pode ser instalada na cúpula.

Devido ao atraso da parte da Skoda, um canhão de verdade apareceu no TNH apenas em agosto de 1936. Os testes mostraram que o canhão se saiu bem. Isso sinalizou que o tanque estava pronto para produção.

O arranjo era o mesmo do LT vz. 34. POLDI Hutte, de Kladno, forneceu a blindagem. A ČKD lançou suas próprias peças em Praga. A montagem também aconteceu lá. 23 tanques foram concluídos até o final de 1936, e o pedido de tanques TNH foi totalmente concluído em maio de 1937. A comissão iraniana em Praga não estava com pressa. Eles claramente gostavam da cidade e eles próprios eram populares entre as senhoras locais.

Tanque TNH da produção principal.

O exército iraniano demonstrou seus novos tanques em 22 de fevereiro de 1937, quando 11 tanques TNH rolaram pelas ruas de Teerã. A manifestação teve impacto, pois o Irã de repente se tornou dono dos tanques mais modernos da região.

O nível de satisfação com a compra pode ser determinado pelo fato de que as negociações para a compra de mais 200 tanques THN começaram na primavera de 1938. No entanto, a ČKD estava carregada com outros pedidos e as negociações terminaram na primavera de 1939, quando a República Tcheca estava ocupada pelos alemães.

Os tanques não ajudaram o Irã. Quando a operação conjunta de ocupação soviético-britânica começou em agosto de 1941, as forças do Xá quase não ofereceram resistência. O governo de Reza Pahlavi caiu e ele fugiu do país.

O Melhor Tanque da América Latina

Enquanto estava em Paris no início de 1935, Oplatka relatou que estabeleceu contato com um capitão Martinez do exército peruano. Ele chegou à Europa com o objetivo de comprar tanques médios e leves.

O Peru estava em uma posição difícil em meados da década de 1930. Uma guerra entre Peru e Colômbia em 1932-33 foi ruim para o primeiro. Naquela época, dois países da América do Sul possuíam tanques: Bolívia e Brasil. Ambos faziam fronteira com o Peru. Finalmente, uma guerra entre a Bolívia e o Paraguai pelo Chaco terminara recentemente. O Peru achou melhor manter-se seguro com vizinhos tão barulhentos.

O LTP deveria ter esta aparência, mas o A4 Beta foi substituído pelo A3.

Os peruanos estavam inclinados a comprar tanques italianos L3/33 quando a ČKD iniciou suas negociações com Martinez. Os peruanos foram atraídos por seu preço baixo, que era equivalente a apenas 200.000 coroas tchecoslovacas.

A comissão estava inicialmente interessada em tankettes AH-IV da Checoslováquia. Os peruanos expressaram o desejo de comprar 10-20 tanques após a primeira rodada de negociações em 27 de janeiro de 1936, mas não decidiram entre o AH-IV e o TNH.

Suas opiniões mudaram quando a comissão chegou a Praga em outubro de 1936. Ver o TNH pessoalmente fez com que percebessem que os tankettes não eram o que eles precisavam. De acordo com especificações do exército peruano, eles precisavam de um tanque de 5 a 6 toneladas armado com canhão de 37mm e metralhadora, com velocidade máxima de pelo menos 20 km/h e alcance de 160km. Oplatka mereceu seu salário: quase todas as informações enviadas pelos peruanos a Lima chegavam à ČKD.

LTP experimental em testes de fábrica.

Graças a Oplatka e outros agentes da ČKD, os peruanos não compraram tanques italianos. Enquanto isso, outro cliente apareceu: a Lituânia. Os lituanos também queriam um tanque de 5 a 6 toneladas, uma vez que as pontes locais não podiam carregar mais peso do que isso. As negociações começaram rapidamente, mas logo desaceleraram para um ritmo letárgico mais tradicional. Os lituanos também estavam inclinados para o Landsverk L-120 sueco e demoraram para resolver seus requisitos. Os suíços muito mais agradáveis apareceram no horizonte, para os quais os tchecoslovacos projetaram o tanque LTL-H leve.

Quanto ao tanque da Lituânia, o LTL, a obra paralisou e todos os desenhos existentes foram aplicados ao projeto peruano. No entanto, uma questão adicional surgiu no front peruano. Os franceses, especificamente a Schneider, também tinham ambições nesse mercado. A Skoda era parceira de Schneider e uma série de negociações teve de ser feita antes que os franceses recuassem.

O canhão do A4 Beta teve que ser substituído pelo antigo canhão do A3, embora tivesse características semelhantes. O LTL tinha um traçado diferente do TNH: a transmissão e as rodas dentadas ficavam na parte traseira. O tanque teve que ser seriamente alterado.

O tanque foi pintado com uma camuflagem de três cores.

Após longas negociações em Paris, um contrato foi assinado em 15 de fevereiro de 1938, para 24 tanques tchecoslovacos para o exército peruano. Eles foram chamados de LTL inicialmente, mas o nome foi alterado para LTP em abril, quando a montagem de dois protótipos começou.

De acordo com as especificações revisadas, o tanque deveria ter massa de 6,3 toneladas, atingir uma velocidade de 40 km/h e trabalhar em altitudes de até 4,5km. O último requisito foi bastante importante para o Peru, pois não faltam montanhas. Um tanque foi enviado para lá para testar seu desempenho em grandes altitudes. A fase final de construção de um protótipo na ČKD começou em junho de 1938, mas o trabalho se arrastou e só foi entregue em 11 de julho.

O LTP se mostrou móvel e bem armado, principalmente para sua classe.

Assim como os iranianos, os peruanos ficaram felizes com sua escolha. O novo tanque tinha um projeto muito interessante. Sua massa era de 7.325kg, uma tonelada acima do necessário. Essa não era sua única desvantagem.

O tanque tinha menos massa que o LT vz. 34, mas tinha o mesmo canhão e metralhadora. A espessura da blindagem era a mesma do LT vz. 35. O chassis era mais curto com apenas 4100mm, meio metro a menos que o LT vz. 34. As capacidades de combate do tanque eram iguais às do THN, mais pesado, e superiores em alguns aspectos.

O tanque usava um motor Scania-Vabis 1664 sueco de 15cv 7,75L de 6 cilindros. O mesmo motor foi usado no L-60-S, também conhecido como Strv m/38. O aparecimento de um motor tão compacto e potente tornou-se possível graças à cooperação da ČKD com a Suécia, que adquiriu tankettes AH-IV-Sv sob o índice Strv m/37. Graças a este motor sueco, o LTP tinha uma relação peso/potência impressionante de 17,1cv/tonelada.

Outra diferença entre o LTP e o LTL era um novo dispositivo de observação do motorista, que proporcionava melhor visibilidade. A montagem da metralhadora frontal também foi alterada, e a própria metralhadora foi substituída pela ZB vz. 30. A forma da torre também mudou, agora mais perto do LT vz. 34. A cúpula do comandante foi retirada do TNH e a porta de ventilação foi colocada na retaguarda.

O mesmo tanque pela retaguarda.

Após os testes iniciais, o tanque recebeu camuflagem de três cores e um nome pessoal: «Lima». No dia 4 de agosto, foi embarcado no navio a vapor «Piłsudski» em Gdansk e levado para Nova York, onde foi transferido para o navio a vapor «Frida». Em 13 de setembro chegou ao porto de Callao, no Peru.

Após a primeira inspeção e testes no arsenal de Lima, o tanque foi entregue na cidade de La Oroya, localizada em altitude. O tanque caminhou com confiança pelas estradas montanhosas dos Andes. Mesmo a 4.200 metros, pôde atingir com segurança uma velocidade de 33km/h. Em condições normais, sua velocidade máxima era de 40km/h. O tanque foi inspecionado pelo General Óscar R. Benavides, então presidente do país, que ficou satisfeito com ele. As provas no deserto também foram concluídas com sucesso. O Peru recebeu um excelente tanque.

A produção em massa do LTP começou em 23 de setembro de 1938, logo após o tanque de Lima ser testado nos Andes. Enquanto isso, a situação política quase arruinou o negócio. A ameaça de guerra entre a Alemanha e a Tchecoslováquia obrigou esta última a procurar tanques onde quer que pudessem ser encontrados. O exército concordou em comprar os LTP por 5752 libras esterlinas por tanque. No entanto, graças ao infame Acordo de Munique, a necessidade de tanques desapareceu.

Seis tanques LTP foram embarcados no navio a vapor «Patria» em Hamburgo em 4 de novembro de 1938, que chegou a Callao em 7 de dezembro. Os representantes da ČKD se reuniram com eles e organizaram cursos de treinamento para tripulações peruanas. Os 16 tanques restantes foram concluídos em novembro de 1938. Após testes de fábrica, eles também foram enviados para a América do Sul. O último lote chegou em 27 de fevereiro de 1939.

O primeiro LTP experimental recebeu o nome de "Lima". Posteriormente, todos os Tanque 39 receberam nomes.

A chegada de 24 tanques LTP, indexados Tanque 39 no Peru, alterou o equilíbrio de poder na região. O Peru de repente se tornou o dono da maior força de tanques do continente: um batalhão inteiro, formado por duas companhias. Mais tarde, chegaram ao Peru tratores e caminhões Praha T6 vindos da Tchecoslováquia.

Após a ocupação da Tchecoslováquia pela Alemanha, a maioria dos representantes da ČKD optou por permanecer no Peru e não retornar ao seu país de origem. Isso favoreceu imensamente o Peru, já que seu batalhão de tanques agora estava equipado com especialistas experientes.

O Tanque 39 e suas tripulações não ficaram parados por muito tempo. Uma guerra entre o Peru e o Equador estourou em 5 de julho de 1941. Em 23 de julho, os tanques tchecoslovacos entraram em combate pela primeira vez na América Latina. O batalhão de tanques, que continha um grande número de tchecos, atacou as forças equatorianas na direção de Puerto Bolívar. O Equador não conseguiu enfrentar um adversário digno e o sucesso foi impressionante. Os tanques desempenharam um papel fundamental nessa guerra. Como resultado do tratado de paz assinado em 29 de janeiro de 1942, o Peru obteve quase a metade do território do Equador, 278.000 quilômetros quadrados.

Tanque 39 e suas tripulações. O Peru tinha a maior força de tanques do continente.

Depois que o Peru declarou que não queria nada com os países do Eixo, os EUA entregaram 30 tanques leves M3A1 Stuart ao Peru. Teoricamente, o tanque americano superou o da Tchecoslováquia em todos os aspectos. Na verdade, os peruanos gostavam mais de seus tanques antigos e não gostavam muito dos tanques americanos. Após o fim da guerra, o General Martinez, o mesmo que assinou o contrato com a ČKD como capitão, voltou a servir como intermediário nas negociações. O exército peruano desejava comprar de 24 a 36 tanques LTP mais modernizados. Presumiu-se que esses tanques teriam canhões A7 de 37mm, couraças soldadas e motores a diesel Tatra.

O negócio nunca foi fechado. As negociações foram interrompidas em 1951 pelo governo tchecoslovaco. O Peru conseguiu comprar peças para os tanques que comprara anteriormente, o que lhes permitiu estender sua vida útil. Os tanques permaneceram em serviço pelo menos até 1988 e foram usados para operações contra-guerrilha.

Pelo menos 11 tanques sobrevivem até hoje. Um deles ainda funciona e participa de desfiles. Os veteranos de 1941 costumam sentar na torre. Recentemente, um Tanque 39 foi entregue à República Tcheca e restaurado. Ele pode ser visto no Museu Militar de Lešany.

Fontes:

- Czechoslovak Tanks 1930–1945 Photo-Album Part 2, Vladimir Francev, Karel Trojanek, Capricorn Publications, 2014.

- Export Light Tanks. Tanque 39, Pzw 39, LT-40, V. Francev, C. Kliment, MBI, 2007.

- Praga LT vz.38, V. Francev, C. Kliment, MBI, 1997.

Bibliografia recomendada:



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FOTO: 48º aniversário do GSG-9

O Coronel Ulrich Klaus Wegener e seus comandos do GSG-9 posando em 1979.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog26 de setembro de 2020.

O Coronel Ulrich Klaus Wegener (22 de agosto de 1929 – 28 de dezembro de 2017), o "Herói de Mogadíscio", com seus comandos do GSG-9 posando em 1979.

Há 48 anos, hoje - 26 de setembro de 1972 - foi fundado o GSG 9, no seio da antiga Guarda de Fronteira Federal (Bundesgrenzschutz, BGS); atual Polícia Federal alemã (Bundespolizei, BPOL).

O Coronel Wegener liderou seus homens no resgate do vôo 181 da Lufthansa, que foi sequestrado por terroristas palestinos marxistas na Grécia e internado em Mogadíscio, na Somália, em 1979.

Herzliche Glückwünsche!

Bibliografia recomendada:

Storming Flight 181:
GSG 9 and the Mogadishu Hijack 1977,
Chris McNab.

Leitura recomendada:

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