sábado, 26 de setembro de 2020

GALERIA: O Corpo Expedicionário Britânico na França

Um oficial britânico da 51st Highland Infantry Division (Escocesa), no setor do 3º Exército Francês no Moselle. (Arquivo do 3e Armée)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 26 de setembro de 2020.

Em 3 de setembro de 1939, a Grã-Bretanha declarou guerra à Alemanha nazista, que acabava de atacar a Polônia. Desde os primeiros dias de setembro, uma força expedicionária britânica desembarcou na França e se posicionou a leste de Lille. Então começaram para esses homens os longos meses de espera da Drôle de Guerre (Guerra Estranha, em francês), ou Phoney War (Guerra de Mentira, para os ingleses).

A Força Expedicionária Britânica (British Expeditionary Force, BEF) era o nome do Exército Britânico na Europa Ocidental durante a Segunda Guerra Mundial de 2 de setembro de 1939, quando o Quartel-General Geral (General Headquarters, GHQ) do BEF foi formado, até 31 de maio de 1940, quando o GHQ foi encerrado. A BEF era comandanda pelo General Lord Gort.

Retrato de grupo de soldados britânicos da BEF em Villers-Outréaux, na região Norte.

Reunião de homens e cavalos da Força Expedicionária Britânica no cais de um porto francês. (Arquivo do 6e Armée)

Da esquerda para a direita: General Ironside, Winston Churchill, General Gamelin, General Gort, General Georges.

O General Lord Gort foi nomeado para o comando do BEF em 3 de setembro de 1939 e o BEF começou a se mudar para a França em 4 de setembro de 1939. O BEF se reuniu ao longo da fronteira franco-belga. O BEF assumiu seu posto à esquerda do Primeiro Exército francês sob o comando do 1º Grupo de Exército francês (1re Groupe d'Armées) da Frente Nordeste (Front du Nord-est). A maior parte do BEF passou de 3 de setembro de 1939 a 9 de maio de 1940 cavando defesas de campanha na fronteira. Quando a Batalha da França (Fall Gelb) começou em 10 de maio de 1940, a BEF constituía 10% cento das forças aliadas na Frente Ocidental.

O exército britânico tinha menos homens em 1939 do que em 1914, e a sua contribuição foi "o tamanho do Exército deveria ser ajustado ao que os franceses pensavam ser o mínimo de que precisavam e os britânicos, o máximo que podiam fazer". Inicialmente podendo fornecer apenas uma única divisão de infantaria e uma brigada de cavalaria, o War Office elevou esse número para 10 divisões, e finalmente, em 21 de abril de 1939, a decisão foi tomada para 6 divisões regulares e 26 divisões territoriais (milícia), e iniciado o serviço militar obrigatório. A 51st Highland Infantry Division (51ª Divisão de Infantaria das Terras Altas da Escócia) foi destacada para servir na Linha Maginot. 

Soldados da BEF na França marchando em coluna durante a manobra Dyle, 1940.
(Arquivo do 1er Armée)

Um motociclista da BEF pede instruções a um suboficial francês.
(Arquivo do 2e Armée)

Soldado britânico da 51st Highland Infantry Division, no setor do 3º Exército Francês em Mosela.
(Arquivo do 3e Armée)

Soldado dos Royal Welsh Fusiliers com um fuzil-metralhador Bren em um reparo anti-aéreo, Nord-Pas-de-Calais. (ECPAD)

Soldados britânicos da BEF durante uma pausa para refeição no Moselle. (Arquivo do 3e Armée)

Capitães de times de futebol antes de uma partida entre soldados franceses e britânicos na França. (Arquivo do 2e Armée)

Dois soldados da Força Expedicionária Britânica na França posam juntos. (Arquivo do 7e Armée)

Soldados escoceses do regimento Seaforth Highlanders da BEF e um soldado francês do 1º Exército. (Arquivo do 1er Armée)

Dois músicos britânicos da BEF posam ao lado dos seus instrumentos. (Arquivo do 7e Armée)

Soldados franceses e repórteres britânicos da Unidade de Cinema e Fotográfica do Exército (Army Film and Photographic Unit, AFPU) no Norte.

Partida do Rei George VI da Inglaterra, após visita à França, na presença do General Giraud em Boulogne-sur-Mer, 1939. (Arquivo da Marinha Francesa)

O duque de Windsor, irmão do rei da Inglaterra George VI, visitando o setor do 4º Exército Francês. (Arquivo do 4e Armée)

Em 10 de maio de 1940, a inatividade terminou com o exército alemão invadindo a Holanda, Bélgica e Luxemburgo. Em resposta, unidades francesas e britânicas, por sua vez, entraram na Bélgica. Em 14 de maio de 1940, o avanço dos blindados alemães na região de Sedan e Dinant levou à retirada das tropas aliadas no Escalda e nos canais do norte. A partir de 20 de maio, o adversário os cercou e apesar da forte resistência, as praças francesas caíram uma após a outra. Em 26 de maio de 1940, teve início a Operação Dynamo (Dínamo), que consistia na evacuação das forças aliadas do campo entrincheirado de Dunquerque. Em 4 de junho, mais de 300.000 soldados foram embarcados novamente para a Inglaterra sob a cobertura do exército francês em Lille e no perímetro de Dunquerque; esta operação é um sucesso inesperado que permite à Inglaterra continuar a luta.

Os repórteres de guerra da SCA fotografaram o dia a dia dos soldados britânicos em seus acantonamentos. Imagens de companhias de propaganda alemãs acompanham o avanço do exército alemão, bem como a derrota das unidades aliadas.

Na estrada para Winnezeele, um veículo blindado Panzer II da 6ª Divisão Blindada Alemã (6. Panzer-Division) entre as carcaças de veículos britânicos. (Arquivo alemão)

Em La Bassée (Norte), os prisioneiros dos Queen's Own Cameron Highlanders da BEF, limpam os escombros. (Arquivo alemão)

Carros de combate britânicos Matilda do 7º Regimento de Tanques Real (7th Royal Tank Regiment, 7th RTT) destruídos durante a contra-ofensiva em Arras, no Pas-de-Calais.

Tanquista britânico do 7th RTT sendo interrogado por um oficial alemão após a contra-ofensiva fracassada em Arras, no Pas-de-Calais. (Arquivo alemão)

Comboios da BEF destruídos na estrada que leva ao porto de Dunquerque, no Norte. (Arquivo alemão)

Em uma estrada ao norte, entre Hondschoote e Ghyvelde, um tanque britânico Mark VI B destruído. (Arquivo alemão)

Soldados do 2º Batalhão, Regimento Real de Norfolk, ficaram isolados da sua unidade sob o comando do Major Lisle Ryder. Eles ocuparam e defenderam uma casa de fazenda contra um ataque da 14ª Companhia da SS-Division Totenkopf na vila de Le Paradis. Depois de ficar sem munição, os defensores se renderam às tropas alemãs que então os conduziram pela estrada até uma parede onde foram assassinados por tiros de duas metralhadoras, e depois baionetados. Noventa e sete soldados britânicos foram mortos. Dois sobreviveram apesar de feridos - soldados Albert Pooley e William O'Callaghan - e se esconderam até serem capturados pelas forças alemãs, vários dias depois.

Como o limite entre os dois regimentos britânicos era a estrada, os homens de Ryder se renderam não à companhia contra quem estavam lutando, mas sim à unidade do SS-Hauptsturmführer Fritz Knöchlein, que estava lutando contra os Royal Scots (Escoceses Reais). Túmulos encontrados perto de Le Paradis em 2007 sugerem que cerca de 20 homens dos Royal Scots que se renderam a uma unidade da SS também podem ter sido mortos em um massacre separado. Knöchlein foi condenado por crime de guerra em 1948 e enforcado em 1949.

No setor de Maubeuge, um campo de prisioneiros onde soldados franceses, belgas e britânicos estão reunidos. (Arquivo alemão)

Prisioneiros britânicos da Força Expedicionária Britânica no setor de Arras, no Pas-de-Calais. (Arquivo alemão)

Sobre a resistência do 1º Exército francês (1er Armée), formado pelos 4º e 5º Corpos sob o Général de Corps d'Armée Jean-Baptiste Molinié, opondo 40 mil franceses a 160 mil alemães, escreveu Churchill:

"Os remanescentes do outrora formidável Primeiro Exército, ... agora sob o comando do General Molinié, resistiram ao redor de Lille até o final de 31 de maio, enfrentando sete divisões alemãs, três delas panzer, evitando assim que se juntassem ao ataque inimigo em Dunquerque. Esta valente resistência ajudou as forças anglo-francesas sitiadas em torno do porto a resistirem por mais dois a três dias e, assim, salvar pelo menos mais 100.000 soldados."

Quando o bolsão de Lille se rendeu, a Operação Dynamo já estava atuando há uma semana. Mas ainda assim, para cada sete soldados que escaparam por Dunquerque, um homem foi deixado para trás como prisioneiro-de-guerra. A maioria desses prisioneiros foi enviada em marchas forçadas para dentro da Alemanha, para cidades como Trier, a marcha durando até vinte dias. Outros foram transportados a pé para o rio Escalda e enviados de barcaça para o Ruhr. Os prisioneiros foram então enviados de trem para campos de prisioneiros de guerra na Alemanha. A maioria (aqueles abaixo da graduação de cabo) trabalhou na indústria e agricultura alemãs por cinco anos.

Um relatório de inteligência do IV Corpo de Exército alemão, que havia se engajado contra a BEF da linha Dyle até a costa, foi distribuído às divisões em treinamento para a Operação Leão Marinho (Unternehmen Seelöwe), dizendo sobre os homens da BEF:

"O soldado inglês estava em excelentes condições físicas. Ele suportou suas próprias feridas com calma estóica. As perdas de suas próprias tropas, ele discutiu com total equanimidade. Ele não reclamava de sofrimentos. Na batalha ele era duro e obstinado. Sua convicção de que a Inglaterra venceria no final era inabalável... O soldado inglês sempre se mostrou um combatente de alto valor. Certamente as divisões territoriais são inferiores às tropas regulares em treinamento, mas no que diz respeito ao moral, elas são iguais... Na defesa, o inglês aguentava qualquer punição que surgisse em seu caminho."

A BEF sofreu 66.426 baixas, 11.014 mortos em combate ou que morreram em decorrência de ferimentos, 14.074 feridos e 41.338 homens desaparecidos ou feitos prisioneiros. A força também perdeu a maior parte do seu material pesado.


Nenhuma medalha de campanha foi concedida para a Batalha da França, mas o militar que passou 180 dias na França entre 3 de setembro de 1939 e 9 de maio de 1940, ou "um único dia, ou parte dele" na França ou na Bélgica entre 10 de maio e 19 de junho de 1940, era qualificado para a medalha Star 1939-1945.

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