domingo, 6 de setembro de 2020

Essas aquisições e atualizações podem dar à Força Aérea da Grécia uma vantagem formidável sobre a Turquia

Exemplo de um caça a jato multifuncional francês Dassault Rafale. A Grécia pode buscar adquirir esses caças em um futuro próximo.
(Clemens Vasters via Wikimedia Commons)

Por Paul IddonAerospace & Defense, 3 de setembro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 6 de setembro de 2020.

Os objetivos da Grécia de adquirir novos caças e atualizar sua força aérea existente podem fazer com que a Força Aérea Helênica (HAF) alcance uma vantagem qualitativa formidável sobre seu rival turco no final da década de 2020.

A Grécia e a Turquia estão atualmente presas em um impasse cada vez mais tenso e perigoso no Mar Egeu e no Mediterrâneo Oriental sobre os direitos de perfuração de hidrocarbonetos e a delimitação de suas fronteiras marítimas.

Em meio a essas tensões, Atenas está em negociações com sua aliada França sobre futuros negócios de armas que podem incluir a aquisição de formidáveis jatos franceses Dassault Rafale de 4,5 geração. A posse grega de tais jatos pode representar um desafio significativo para os jatos turcos sobre o Mar Egeu e o Mediterrâneo.

“Estamos em negociações com a França, e não apenas com a França, a fim de aumentar o potencial de defesa de nosso país”, disse um funcionário grego à Reuters no início de setembro, acrescentando que essas negociações incluem “a compra de aeronaves”.

A mídia grega afirmou anteriormente que os dois países já haviam fechado um acordo para a venda de 18 jatos Rafale, embora isso não seja confirmado e pareça bastante duvidoso por enquanto.

A HAL já opera uma pequena frota de Mirage 2000-5 de fabricação francesa.

É importante notar que esta não é a primeira vez neste ano em que a Grécia mostrou interesse em atualizar substancialmente sua força aérea com jatos mais modernos.

Um F-16C Block 52+ da Força Aérea Helênica em demonstração sobrevoando Tessalônica pelo Capitão Giorgos Papadakis durante o desfile militar em 28 de outubro de 2018, o "Dia do Oxi" que comemora a rejeição da Grécia ao ultimato feito pelo ditador italiano Benito Mussolini em 1940.
(Foto de Nicolas Economou / NurPhoto via Getty Images)

O ministro da Defesa grego, Nikos Panagiotopoulos, disse em janeiro, após uma visita do primeiro-ministro do país Kyriakos Mitsotakis a Washington, que a Grécia planeja adquirir pelo menos 24 caças F-35 Lightning II furtivos de quinta geração dos Estados Unidos por US$ 3 bilhões.

Panagiotopoulos espera que o longo processo de aquisição comece após 2024. O ministro da defesa foi mais longe e disse que a aquisição de caças F-35 pela Grécia ajudaria a obter "superioridade aérea sobre a Turquia" em um futuro não muito distante. Ele foi repetido pelo jornalista turco Haluk Özdalga, que chegou a dizer que os os F-35 da HAL poderiam permitir que a Grécia transformasse o Egeu em um “lago grego”.

Além disso, disse Özdalga, os F-35 gregos significariam "os equilíbrios podem ser virados de cabeça para baixo no Mediterrâneo Oriental e no Oriente Médio, incluindo o Chipre". Atenas também está em processo de atualização do estoque existente de sua força aérea.

A Grécia tem pouco mais de 150 caças F-16, enquanto a Turquia tem 245. Em dezembro, Panagiotopoulos disse que 84 caças F-16 da HAL serão atualizados para o mais moderno padrão Viper até 2027 como parte de um acordo de US$ 1,5 bilhão com a fabricante Lockheed Martin.

Concluir essa atualização sem dúvida daria a essa grande parte da frota de F-16 da Grécia uma vantagem qualitativa sobre sua contraparte turca quantitativamente superior, que opera as variantes Block 30, 40 e 50 daquele caça icônico.

De acordo com a Lockheed Martin, após a conclusão deste programa de atualização, “Os caças F-16V da HAF serão os F-16 mais avançados da Europa”. A Grécia também assinou contratos com empresas aeroespaciais francesas para atualizar sua frota menor de Mirage 2000-5 durante o mesmo período. O valor dos contratos é estimado em € 260 milhões (aproximadamente US$ 300 milhões). Tudo isso ocorre em um momento em que a Turquia está enfrentando problemas para adquirir novas aeronaves e atualizar sua frota existente.

Os Estados Unidos suspenderam a Turquia do programa F-35 Joint Strike Fighter por causa da sua aquisição de sistemas avançados de mísseis de defesa anti-aérea S-400 russos, em 2019. A Turquia provavelmente não receberá o jato a menos que remova completamente os S-400 do seu território, o que provavelmente não acontecerá. Além disso, é improvável que a Turquia consiga concluir seu caça stealth (furtivo) TAI TF-X de quinta geração até 2030 nem adquirir caças de quinta geração de outros países, como a Rússia, no mesmo período.

Um avião F-16 pertencente às Forças Aéreas Turcas é visto no céu durante o tour de imprensa do treinamento OTAN Tiger Meet 2015 no 3º Comando da Base Principal de Jatos de Konya, em Konya, na Turquia, em 12 de maio de 2015. França, Itália, OTAN, Polônia , Suíça, Holanda e as forças armadas turcas participaram do tour de imprensa do exercício OTAN Tiger Meet 2015. As Forças Aéreas Turcas participaram do exercício com seus dezesseis aviões F-16.
(Foto: Orhan Akkanat / Agência Anadolu / Imagens Getty)

A Turquia pode até achar que terá dificuldade em adquirir caças de 4,5 geração para servir como caças provisórios até que possa finalmente colocar em serviço jatos de quinta geração. E, além de tudo isso, Ancara pode muito bem descobrir que terá dificuldade para atualizar sua frota existente de caças.

Foi recentemente revelado que o Congresso bloqueou secretamente negócios de armas para a Turquia desde 2018, supostamente incluindo um contrato para a Lockheed Martin para atualizar estruturalmente 35 dos antigos caças F-16 Block 30 da Turquia para prolongar sua vida operacional. Durante o mesmo período, a Turquia começou a estocar peças sobressalentes para seus caças F-16 com medo de enfrentar uma série de sanções dos EUA por sua compra do S-400.

Consequentemente, podemos ver uma situação se desdobrar em que a Turquia acha cada vez mais difícil manter sua grande frota de caças de quarta geração, enquanto a Grécia, em contraste, atualiza e aprimora sua frota com sucesso e obtém caças mais sofisticados.

Nesse cenário, o poder aéreo turco ficaria significativamente aquém do de seu vizinho grego e Ancara pode achar cada vez mais difícil contestar militarmente suas várias disputas marítimas com Atenas.

Bibliografia recomendada:

On Spartan Wings:
The Royal Hellenic Air Force in World War Two,
John Carr.

Leitura recomendada:

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