segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Um jihadista francês procurado por Paris foi preso pelas autoridades turcas

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 14 de dezembro de 2020.

A Turquia prendeu um terrorista identificado genericamente como "cidadão francês", o que já subentende um filho de imigrantes muçulmanos. O homem era procurado por Paris e acusado de fazer parte de um grupo jihadista francófono na Síria, disse o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, na segunda-feira de hoje, 14 de dezembro.

"Um indivíduo de nacionalidade francesa foi preso enquanto tentava atravessar ilegalmente da Síria para a Turquia", disse o ministério em um comunicado, identificando com as iniciais CG o jihadista. De acordo com o Centro de Análise de Terrorismo (CAT), um think-tank especializado com sede em Paris, este islamita de Bar-le-Duc tem 28 anos. Ele está presente no Oriente Médio desde 2017 e dizem que foi gravemente ferido lá.

Ele foi o assunto de um Aviso Vermelho da Interpol. As autoridades turcas disseram que o indivíduo fazia parte do Firqatul Ghuraba, o grupo jihadista liderado pelo francês Oumar Diaby, conhecido como Omar Omsen, suspeito de ter convencido muitos compatriotas a se juntarem à jihad na Síria durante o apogeu do autoproclamado califado do Daesh (Estado Islâmico, ou ISIS).

Oumar Diaby foi capturado em agosto na Síria pelo grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ligado à Al-Qaeda e que controla a província de Idleb (noroeste); presumi-se que ele ainda esteja preso. C.G. tentou entrar na Turquia com uma identidade falsa, disseram as autoridades turcas. Ele está atualmente detido na Delegacia Central de Polícia de Reyhanli, no sudeste da Turquia.

Um soldado curdo guarda o campo de al-Hol na Síria, 6 de fevereiro de 2020.

Nos anos que se seguiram ao início do conflito na Síria, em 2011, a Turquia foi um dos principais pontos de trânsito dos jihadistas que buscavam chegar a este país em guerra. Por muito tempo acusado de "laissez faire, laisser passer", Ancara agora anuncia regularmente a prisão de membros do Daesh e outros jihadistas procurados presentes em seu território, sob um acordo bilateral denominado "Protocolo Cazeneuve".

Em particular, o acordo prevê que Ancara alerte Paris antes de cada expulsão. Agentes franceses são então enviados à Turquia para acompanhar os franceses deportados durante a viagem. Chegados à França, os jihadistas são levados diretamente à custódia policial ou encaminhados a um juiz se um mandado de prisão for emitido contra eles.

"Falamos muito sobre a ameaça endógena, mas a ameaça projetada permanece real", disse Jean-Charles Brisard, diretor do CAT, referindo-se a cerca de 300 franceses espalhados "na natureza" (leia-se, livremente) no Levante, alguns dos quais poderiam ser tentados a voltar a atacar o território nacional. "Eles não são prejudicados pelas ofensivas da coalizão, para dizer o mínimo".

As operações da coalizão internacional na Síria foram severamente interrompidas em 2020, em particular pela retirada americana ligada às fortes tensões entre Washington e Teerã, mas também pela crise global de saúde. Enquanto isso, a França repatriou cerca de 150 adultos jihadistas e seus filhos, com 10 filhos de jihadistas sendo repatriados em junho de 2020. De acordo com o coletivo Familles unies, que reúne parentes dessas crianças na França, cerca de 300 filhos de jihadistas franceses estão detidos em barracas nos campos de Al-Hol e Roj, no nordeste da Síria.

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